segunda-feira, 22 de outubro de 2012

MÍDIA NÃO VIU? ISLÂNDIA NACIONALIZA BANCOS, MANTÉM DIREITOS E SAI DA CRISE



A Islândia, desaparecida do noticiário sobre a crise na imprensa internacional, crescerá 2,6% segundo previsão do FMI, depois de ter crescido os mesmos 2,6% em 2011. Apesar de ter sido o primeiro país europeu a entrar em crise logo após o colapso dos bancos americanos em 2008.

Não se tem falado muito sobre o que fez a Islândia sair da crise e recuperar o crescimento econômico, mas lembremos o que escreveu em junho de 2011 no New York Times o Nobel Paul Krugman: “Enquanto os demais resgataram banqueiros e fizeram o povo pagar o preço, a Islândia deixou que os bancos quebrassem e expandiu sua rede de proteção social. Enquanto os demais ficaram obcecados em aplacar a ânsia dos investidores internacionais a Islândia impôs controles temporários aos movimentos de capitais para abrir um espaço de manobra. A Islândia deve sua recuperação a sua moeda nacional, a Coroa, esta recuperação econômica demonstra as vantagens de estar fora do euro”.

O desemprego na Islândia que chegou a atingir quase 10% da população em junho deste ano tinha já baixado para 4,8% da população ativa.



Mas não se chegou a esses resultados sem que o país se mobilizasse. Em 2008 logo que se iniciou a crise o governo da época chegou a propor que para socorrer os bancos a dívida fosse dividida pelo número de habitantes e a população pagasse por 15 anos com juros de 5,5% ao ano a dívida (3,5 bilhões ) que os bancos na Islândia tinham com os bancos da Inglaterra e da Holanda.

O povo ocupou as ruas rejeitando tamanho sacrifício e exigindo que o governo fizesse um inquérito policial para apurar os responsáveis pela crise para que fossem para a cadeia. O Presidente apoiou e encaminhou a proposta, e nacionalizou os três principais bancos do país o Kaupthing, o Landsbanki e o Glitnir. As atividades na bolsa foram suspensas e o FMI fez um empréstimo de dois bilhões e 100 milhões de dólares, mais dois bilhões e meio de dólares foram emprestados por países nórdicos.

Em 2009, com a economia em situação ainda precária - fechou o ano com uma queda de 7% do PIB - o povo nas ruas derrubou o Primeiro Ministro e todo o governo foi demitido pelo Presidente da República que convocou eleições parlamentares nas quais os conservadores e apoiadores de bancos foram derrotados perdendo a eleição e o governo.

Em 2010, com o país ainda em crise, mas se recuperando, vários banqueiros e ex-membros do governo começaram a fugir do país. Um acordo com a Interpol permitiu que vários fossem presos em Londres e outros lugares e enviados de volta ao país. Muitos continuam presos. Muitos ainda respondem a processos judiciais.

Em março de 2010 em um referendo sobre o acordo para pagamento da dívida proposto pelo Presidente da República, 93% da população vota contra. Diante disso os credores concordaram em baixar os juros para 3% e prolongar o prazo para pagamento da dívida de 15 para 37 anos.

Em meio a essa crise elegeu-se uma assembleia para elaborar uma nova proposta de Constituição do país a ser referendada posteriormente, pois a que existia era cópia da constituição da Dinamarca. 522 cidadãos islandeses apresentaram sua candidatura, para isso precisavam apenas ser maior de idade e ter 30 apoiadores. Foram eleitos 25 cidadãos que trabalham na nova proposta de Constituição com base nos ensinamentos da crise.

O FMI vem pressionando o governo do país a parar com o controle de capitais e entrar no bloco dos países que utilizam o euro como moeda, entretanto mais da metade do parlamento islandês (39 de 63 deputados) é contra que o país entre para a zona do euro.

Em junho de 2012 aconteceram as eleições presidenciais e Olafur Ragnar, 16 anos exercendo a presidência, foi novamente reeleito com 53% dos sufrágios para cumprir seu quinto mandato presidencial.

O que há de objetivo e que demonstra o caso da Islândia é que os líderes islandeses souberam ouvir a voz das ruas e que é possível que o povo não pague pela dívida dos bancos.

Com base em seu mercado interno, em sua moeda e nos investimentos governamentais internos e graças à mobilização popular a Islândia é hoje um dos países que mais solidamente cresce na Europa sem renunciar ao Estado de bem estar socia
Não se tem falado muito sobre o que fez a Islândia sair da crise e recuperar o crescimento econômico, mas lembremos o que escreveu em junho de 2011 no New York Times o Nobel Paul Krugman: “Enquanto os demais resgataram banqueiros e fizeram o povo pagar o preço, a Islândia deixou que os bancos quebrassem e expandiu sua rede de proteção social. Enquanto os demais ficaram obcecados em aplacar a ânsia dos investidores internacionais a Islândia impôs controles temporários aos movimentos de capitais para abrir um espaço de manobra. A Islândia deve sua recuperação a sua moeda nacional, a Coroa, esta recuperação econômica demonstra as vantagens de estar fora do euro”.
O desemprego na Islândia que chegou a atingir quase 10% da população em junho deste ano tinha já baixado para 4,8% da população ativa.
Mas não se chegou a esses resultados sem que o país se mobilizasse. Em 2008 logo que se iniciou a crise o governo da época chegou a propor que para socorrer os bancos a dívida fosse dividida pelo número de habitantes e a população pagasse por 15 anos com juros de 5,5% ao ano a dívida (3,5 bilhões ) que os bancos na Islândia tinham com os bancos da Inglaterra e da Holanda.
O povo ocupou as ruas rejeitando tamanho sacrifício e exigindo que o governo fizesse um inquérito policial para apurar os responsáveis pela crise para que fossem para a cadeia. O Presidente apoiou e encaminhou a proposta, e nacionalizou os três principais bancos do país o Kaupthing, o Landsbanki e o Glitnir. As atividades na bolsa foram suspensas e o FMI fez um empréstimo de dois bilhões e 100 milhões de dólares, mais dois bilhões e meio de dólares foram emprestados por países nórdicos.
Em 2009, com a economia em situação ainda precária - fechou o ano com uma queda de 7% do PIB - o povo nas ruas derrubou o Primeiro Ministro e todo o governo foi demitido pelo Presidente da República que convocou eleições parlamentares nas quais os conservadores e apoiadores de bancos foram derrotados perdendo a eleição e o governo.
Em 2010, com o país ainda em crise, mas se recuperando, vários banqueiros e ex-membros do governo começaram a fugir do país. Um acordo com a Interpol permitiu que vários fossem presos em Londres e outros lugares e enviados de volta ao país. Muitos continuam presos. Muitos ainda respondem a processos judiciais.
Em março de 2010 em um referendo sobre o acordo para pagamento da dívida proposto pelo Presidente da República, 93% da população vota contra. Diante disso os credores concordaram em baixar os juros para 3% e prolongar o prazo para pagamento da dívida de 15 para 37 anos.
Em meio a essa crise elegeu-se uma assembleia para elaborar uma nova proposta de Constituição do país a ser referendada posteriormente, pois a que existia era cópia da constituição da Dinamarca. 522 cidadãos islandeses apresentaram sua candidatura, para isso precisavam apenas ser maior de idade e ter 30 apoiadores. Foram eleitos 25 cidadãos que trabalham na nova proposta de Constituição com base nos ensinamentos da crise.
O FMI vem pressionando o governo do país a parar com o controle de capitais e entrar no bloco dos países que utilizam o euro como moeda, entretanto mais da metade do parlamento islandês (39 de 63 deputados) é contra que o país entre para a zona do euro.
Em junho de 2012 aconteceram as eleições presidenciais e Olafur Ragnar, 16 anos exercendo a presidência, foi novamente reeleito com 53% dos sufrágios para cumprir seu quinto mandato presidencial.
O que há de objetivo e que demonstra o caso da Islândia é que os líderes islandeses souberam ouvir a voz das ruas e que é possível que o povo não pague pela dívida dos bancos.
Com base em seu mercado interno, em sua moeda e nos investimentos governamentais internos e graças à mobilização popular a Islândia é hoje um dos países que mais solidamente cresce na Europa sem renunciar ao Estado de bem estar social.


MARCOS COIMBRA NO "GLOBO": "FIZERAM TUDO PARA DERROTAR LULA E O PT"



“Termina no próximo domingo a eleição municipal de 2012. Em 50 cidades, os eleitores voltam às urnas para votar em um dos candidatos a prefeito que disputam o segundo turno.


Entre essas, na maior cidade brasileira e outras 16 capitais estaduais.

Foram as eleições mais conturbadas desde a redemocratização. Por [estranhíssima] decisão sem fundamento técnico, o Supremo Tribunal Federal (STF) “resolveu” fazer o julgamento do “mensalão” exatamente no meio do período eleitoral.

O ápice dessa “coincidência” ocorre ao longo desta semana, que os ministros consideram “adequada” para terminá-lo.

Para não atrapalhar a viagem ao exterior do Relator” - certamente de importância fundamental para o País -, vão deliberar a respeito das penas aos condenados nas vésperas da eleição. Em tempo de preparar as manchetes [antiPT] dos últimos dias.

E ainda há quem se preocupe em silenciar os carros de som nessa hora, para que não perturbem os eleitores enquanto refletem sobre sua decisão final!

Parece que o Judiciário não se incomoda que o julgamento interfira na eleição. Como disse o Procurador-Geral da República em inacreditável pronunciamento, acha até “salutar”.

Os principais veículos da indústria de comunicação dedicaram ao julgamento uma cobertura privilegiada. Na televisão, no rádio, na internet, nos jornais e revistas, foi, seguramente, maior que aquela que a eleição recebeu.

Só os muito ingênuos acreditariam que a grande imprensa foi movida por “objetivos morais”, que estava “genuinamente preocupada com as questões éticas” suscitadas pelo “mensalão”. Basta conhecê-la minimamente, saber quem são seus proprietários, articulistas e comentaristas, para não ter essa ilusão.

E lembrar seu comportamento no passado, quando fatos tão graves quanto os de agora - ou mais – [como os dos governos FHC/PSDB/DEM/PPS] aconteceram sob seu olhar complacente.

Como mostra nossa história moderna - desde o ciclo Vargas aos dias de hoje, passando pelo golpe militar de 1964 e a ditadura -, a grande imprensa brasileira escolhe lado e não hesita em defendê-lo. Tem amigos e adversários.

A uns agrada, aos outros ataca.

No julgamento do “mensalão”, a discussão ética sempre foi, para ela, secundária. O que interessava era seu potencial de utilização política.

Seria engraçado imaginar uma situação inversa, na qual os denunciados não fossem “lulopetistas” e sim representantes dos partidos que hoje estão na oposição. Se o STF fizesse como faz agora, não mereceria o coro de elogios que ouve, não seria tratado como “bastião da moralidade”.

Seus ministros, ao invés de receber tratamento de “heróis”, estariam sendo achincalhados.

Especialmente os indicados por Lula e Dilma. Pobres deles! Cada voto que emitissem contra um oposicionista seria suspeito (o que ajuda a entender porque, no caso concreto, exatamente esses se sintam no “dever” de ser “punitivos ao máximo”).

Nunca foi tão apropriada a teoria de que a eleição municipal é a antessala da presidencial. Não para a maioria do eleitorado, que não pensa assim. Mas para a oposição - nos partidos políticos, na mídia, no Judiciário, na sociedade.

Fizeram tudo que podiam para transformar as eleições em uma derrota para Lula e o PT. Imaginaram que os dois sairiam delas menores, derrotados nos principais embates. E que, assim, chegariam à eleição que interessa, a presidencial de 2014, enfraquecidos.

Não foi isso que ocorreu nos confrontos que terminaram no dia 7 de outubro. Pelo contrário. Se as pesquisas de agora forem confirmadas, não é isso que ocorrerá no próximo domingo.

Goste-se ou não do ex-presidente e de seu partido, é um fato. E contra fatos, não há argumentos.”

FONTE: escrito por Marcos Coimbra, sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi. Publicado no jornal “O Globo” e no blog do Noblat  (http://oglobo.globo.com/pais/noblat/post.asp?cod_post=471318&ch=n). [Imagem do Google , aspas e trechos entre colchetes adicionados por este blog ‘democracia&política’].

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