domingo, 20 de março de 2011

DUAS OPINIÕES SOBRE O "NÃO" DO CARA AO ENCONTRO COM OBAMA, A DECEPÇÃO.

EM DOIS TEXTO, OPINIÕES DIFERENTES SOBRE A AUSÊNCIA DE LULA NO ENCONTRO COM OBAMA, A DECEPÇÃO. NO PRIMEIRO, EDUARDO GUIMARÃES DEFENDE QUE LULA DEVERIA TER IDO E EXPÕES AS RAZÕES; NO SEGUNDO, PAULO HENRIQUE AMORIM DIZ PORQUE LULA NÃO FOI E DEFENDE ESTA DECISÃO;  TIRE SUAS PRÓPRIAS CONCLUSÕES.


Aqui o texto de Eduardo Guimarães.

Sobre Lula recusar encontro com Obama

É comum e compreensível que em momentos simbólicos na política as pessoas tentem adivinhar o que provocou este ou aquele comportamento para além do que os fatos autorizam supor. E isso acontece quer se queira, quer não. Por exemplo: a visita de um chefe de Estado simboliza apoio e deferência ao anfitrião. Ninguém visita quem desaprova.
Por outro lado, a ausência de um ícone político como Lula em um encontro entre chefes de Estado, como acontece quando o ex-presidente abre mão de se encontrar com Obama no âmbito da agenda diplomática para a visita do presidente norte-americano, pode de ter mil significados.
A política, no entanto, é feita de simbolismos. A presença ou a ausência de políticos em eventos está entre os mais evidentes. A ausência de Lula no almoço com Obama, para o qual foi convidado pelo cerimonial juntamente a outros ex-presidentes, certamente será vista como “desfeita”.
A menos que houvesse explicação oficial mais convincente do que ir a festa de aniversário de um familiar. Como não houve outra explicação, a que foi dada soa como desculpa. É meramente lógico, portanto, extraírem desaprovação da hipótese, ainda por se confirmar, de Lula vir a ser o único ex-presidente a não se encontrar com Obama durante a sua visita ao país.
A hipótese de o ex-presidente não querer ofuscar Dilma, não cola. Apesar de ser mais popular do que os outros ex-presidentes, seria grosseria de Lula se diferenciar dos colegas achando que sua presença, diferentemente das dos outros, seria a única a ofuscar a anfitriã oficial. Por mais que essa seja a verdade.
Mesmo que exista alguma razão insuspeita, que não a de Lula desaprovar Obama ou a maior aproximação comercial do Brasil com os Estados Unidos, se a razão que não se imagina não for explicada, o simbolismo da ausência ilustre permitirá ao cidadão comum inferir desaprovação do gesto do ex-presidente.
A possibilidade de desaprovação de Lula é muito séria e sobre ela não pode pairar dúvida. Se existisse, denotaria um abalo nas relações com a sucessora – que parece pouco provável, no âmbito das conjecturas. Ou que deveria ser pouco provável…
Urge, pois, que seja oferecida ao público uma explicação convincente para Lula ter sido o único ex-presidente do período pós-redemocratização a não se reunir com o presidente dos Estados Unidos. Isso se realmente for o único, se todos outros comparecerem mesmo.
Este não é um juízo de valor, é uma constatação. Não importa o que pensa o blogueiro. Importa o que a ausência de Lula parecerá. Parece-me pouco provável que ele não saiba disso ou que ao menos alguém em seu entorno não lhe tenha dito. A menos que não contassem com a mídia ressaltar tanto o fato.
Seja como for, repito que agora há um fato inescapável com o qual haverá que lidar: a ausência de Lula, devido à publicidade que tal ausência está recebendo da mídia, deixa a impressão de que há uma desaprovação do ex-presidente não só ao visitante ilustre – ou ao que ele representa –, mas à decisão de recebê-lo daquela que governa o país.
Só para que se tenha uma idéia, o porteiro do prédio, o frentista do posto e uma enfermeira relataram que acham que Lula não gosta de Obama e que estaria “puto” com Dilma por recebê-lo. Se não foi essa a mensagem que se quis passar, a versão terá que ser desmentida e a mídia terá que repercutir.

E aqui o texto de Paulo Henrique Amorim.
        PORQUE OBAMA NÃO VAI VER O NUNCA DANTES. POR CAUSA DO IRÃ.


O Nunca Dantes disse que não ia.

Deu a desculpa de abrir espaço para a Presidenta.

Desculpa.

O Nunca Dantes não foi ao almoço do Obama, porque o Brasil e a Turquia convenceram o Irã a fazer um acordo sem precedentes em torno do programa nuclear, já que Obama tinha mandado uma carta que apoiava a negociação.

Clique aqui para ir ao site Vermelho e ver o que diz o grande chanceler Celso Amorim: EUA querem resolver tudo com “atitude de caubói”.

Na hora “H”, o Irã concorda.

O Brasil e a Turquia se instalaram de forma irreversível no centro do novo arranjo internacional.

Brasil e Turquia são atores proeminentes no mundo pós-EUA, à espera do mundo chinês.

Estão lá e ninguém – nem o PiG (*) – tira eles de lá.

Aí, Obama recua.

Recua, como recuou no programa de recuperação da economia e referendou a estratégia de Bush: salvou os banqueiros e deu uma banana para os americanos.

Recuou, quando desistiu de replicar o modelo canadense de saúde pública e contentou-se com uma solução tímida – ainda que muito melhor do que o sistema selvagem que prevalecia, antes.

Recuou, como recuou no Egito.

Segurou o Mubarak até minutos antes de Mubarak fugir para um resort – e as contas em paraísos fiscais.

Obama recuou e boicotou o acordo que o Brasil e a Turquia tinham negociado com sangue, suor e lágrimas com o Irã.

Venceu a Hillary, a face falcão do Obama, que aprovou sanções da ONU tão inúteis quanto desgastantes.

Deu-se que os sunitas estão em fuga no Oriente Médio e os xiitas do Irã estão mais fortes do que nunca.

E o Irã continua com seu programa nuclear, inabalável.

As sanções da ONU incomodam o Irã quanto os ratos que rugem. 

O Nunca Dantes é de outra estirpe do Farol de Alexandria.

O Farol aceitou o convite, pressuroso.

Ele sempre sonha em reproduzir a relação – subserviente – que manteve com Bill Clinton.

Foi Clinton quem empurrou um acordo para salvar o Brasil pela goela abaixo do FMI – e salvar a re-eleição do Farol.

O que não impediu que Clinton desmoralizasse o Farol em público, enquanto FHC estava na Presidência.

E o Farol foi incapaz de se defender – ou defender o Brasil.

O Nunca Dantes vai entrar para a História do Brasil num outro capítulo.

O da altivez.


P.S:  Os textos foram copiados dos respectivos blogs de seus autores:  Blog da Cidadania e Conversa Afiada.

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