terça-feira, 5 de outubro de 2010

MARINA NÃO VAI PARA DILMA. ELA SABIA DOS ATAQUES E SE BENEFICIOU DELES.

Marina Silva  sabia da covarde campanha contra Dilma Rousseff na Internet. Como cristã fervorosa que diz ser, deveria ter se manifestado contra. Como política ética que diz ser, deveria ter combatido nas vezes em que teve oportunidade. Como mulher, deveria ter vindo a público para, ainda que de forma velada, manifestar sua indignação contra os ataques que ela mesma, Marina, poderia e pode também sofrer.  Mas calou-se. Calou-se porque lhe era conviniente o silêncio. A política falou mais alto do que a cristã. a evangélica, a pentecostal. Nós, simples cidadãos sempre soubemos dos ataques na internet, da calúnia e da difamação. Imaginem Marina! com todo marketing politico a apoiá-la. E mais, Marina e sua equipe sabiam que jamais chegariam ao segundo turno, mas provocariam um. A lógica é simples: Se Serra que tinha ao redor de 30% não alcançaria, como não alcançou, Dilma com 50%, como Marina ultrapassaria Serra se na semana antes da eleição ela ostentava 10%? Estou arredondando os números para maior clareza. Esta linha de raciocínio é apenas para esclarecer que Marina Silva não se encaminhará para Dilma. Não, porque ela sempre soube que o seu partido estava sendo usado como linha auxiliar para Serra. Não porque ela sempre soube que o PV no que tange à integridade moral de alguns de seus integrantes não está muito distante daquilo que ela condenou no PT. E finalmente, não, porque acho, e aqui estou supondo, claro, que para ela tem um gostinho de vingança ver Dilma, que foi uma das responsáveis pela sua saída do governo e do PT, sofrer um pouco. Deus queira que eu esteja errado, se estiver certo vai ser triste ver a grande seringueira, discípula de Chico Mendes, tentando, porque não vai conseguir, jogar o país e os brasileiros nas garras da direita.

by the teacher.

AGORA É O SEGUINTE: QUEM ESTÁ AO LADO E QUEM ESTÁ CONTRA LULA




Este é o lema político do segundo turno de 2010

O segundo turno da eleição presidencial de 2010 será a prova dos nove acerca do lulismo de resultados. Pessoalmente, o presidente Lula alcança cerca de 82% de popularidade no País. É um feito inédito, considerando a nossa história recente e menos recente. Somente dois outros presidentes da República tiveram tantos demonstrativos de estima e admiração dos brasileiros: Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek de Oliveira. Não por acaso, dois líderes reformadores que modificaram o país e projetaram-no a patamares de desenvolvimento institucional, social, político e econômico que até hoje são lembrados como definidores de traços da nossa identidade nacional. Também não é por acaso que estes dois brasileiros foram os que sofreram os maiores ataques dos seus adversários de então. Um, foi levado ao suicídio como arma política que prorrogou o golpe que afinal se abateu dez anos depois, em 1964. O outro, foi morto em circunstâncias até hoje não esclarecidas. Objeto de suspeitas sobre uma possível eliminação de adversários dos governos militares do Cone Sul, sob a sanha da chamada Operação Condor.






O teólogo Leonardo Boff, notabilizado pela intolerância do cardeal Ratzinger, depois papa da Igreja católica, tem sobre os seus ombros uma tarefa político-eleitoral de enorme significado. Me explico: Boff foi um dos pioneiros a fomentar a candidatura de Marina Silva à presidência da República. Temos informações confiáveis sobre esse fato. Depois de verificar a importância cada vez mais estratégica do tema ambiental, ainda que numa chave não-convergente com o pensamento hegemônico, Boff estimulou a vaidade da ex-seringueira acreana a ponto de fazê-la aceitar o desafio. Não podia ser dentro do PT, petreamente hegemonizado pelo lulismo. Acabaram achando uma sigla prostituída e sem nenhum caráter, a não ser a coloração Verde, sugerindo vagamente o compromisso ambiental, mesmo que em vigésimo lugar na sua interna hierarquia pseudo-programática. Mas faltava a chama essencial, a credibilidade de padrinhos políticos reconhecidos pelo establishment midiático nacional. É quando entram em cena os dois pajens de armas de Marina, a saber: Fernando Henrique Cardoso e Fernando Nagle Gabeira. FHC viu logo em Marina a possibilidade de promover uma fissura no lulismo e ao mesmo tempo anular o inegável caráter plebiscitário da eleição de 2010. Agora, Marina Silva deixava de ser tanto um projeto de vaidade pessoal da acreana, quanto um vago discurso rousseauniano em favor da sustentabilidade do planeta, para se constituir em potente vetor eleitoral - polido de Verde - de desconstituição do lulismo de resultados. Como se vê uma engenhosa arquitetura eleitoral de montagem de uma importante linha auxiliar da direita. Os fatos das últimas horas estão a evidenciar o acerto, ainda que provisório, do empreendimento antilulista. O diacho é que não se vence corrida eleitoral somente com descontrução e negatividade. Mais que isso, é precisar apontar para o futuro com dedos, olhos e mãos propositivas, com os braços carregados de esperanças e repletos de afirmações positivas. Eleição é sobretudo positividade, mesmo que seja apenas retórica, como acontece na maioria dos casos. Você pode e deve negar, mas simultaneamente deve propor ações objetivas e esperanças coletivas.






Isto posto, José Serra é um candidato improvável. Nos últimos sessenta dias experimentou uma dezena depersonas, máscaras, discursos e retóricas de ocasião. Tentou ser lulista. Tentou ser denuncista. Tentou ser escandaloso. Tentou ser vítima. Tentou usar de forma instrumental a própria filha. Tentou ser experiente. Tentou ser líder. Tentou ser popular. Tentou ser religioso. Tentou ser crente. Só não tentou ser José Serra, filiado ao PSDB, companheiro do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, afetado, vaidoso, impopular e descrente de si próprio (renunciou ao seu legado intelectual) e do Brasil.





No laboratório mesmo, Leonardo Boff viu o monstrinho que acabara de dar vida política. Desde então tratou de se reconciliar com o lulismo, apoiando a candidata de Lula à presidência da República, expresso em diversos artigos publicados nas últimas semanas. Mas falta mais. Falta puxar a acreana do fundo do seu poço de vaidade e mostrar a ela a trajetória do seu descaminho. Mostrar que os seus 20% de votos são compostos por pedaços da própria vaidade, por pedaços de circunstâncias irrepetíveis, pelo fortuito e pela acidentalidade dos fatos. Marina Silva é a quintessência da casualidade e do conjuntural. Nela, quase tudo é falso e improvisado. Sua formação religiosa católica - chegou a ser noviça conventual - ficou subsumida a um credo evangélico flou e de ocasião. Suas sinceras convicções ambientalistas ficaram dependentes e subordinados a um projeto econômico liberal que se quer sustentável apenas na retórica e no manejo astucioso da palavra. Sua liderança episódica não se sustentará sobre a base insólita de um partido desfigurado e prostituído. 





Assim, o segundo turno se afigura - agora, em definitivo - como um grande plebiscito: os que estão contra Lula e os que estão a favor de Lula. A eleição acabou retornando ao leito natural dos fatos e acontecimentos positivos dos últimos anos, quando quase 60 milhões de brasileiros tiveram graduação no seu status social, o país saiu da estagnação econômica das últimas três décadas, e o Brasil se projetou no plano internacional com força, identidade própria e soberania. Há, claro, muitas lacunas, falhas e omissões imperdoáveis mas é o que se conseguiu em oito breves anos, depois de uma espera de frustrações, golpes militares, derrotas e acertos pelo alto de quase meio século. 




Dilma Rousseff é o indivíduo fio-condutor de um longo processo de afirmação da modernidade burguesa no Brasil. Arrisco a dizer que ela representa os ideais republicanos e modernizantes do castilhismo, ainda na rústica vertente pré-democrática, do getulismo, do juscelinismo, como aspiração das classes médias urbanas, do nacionalismo que pende para a esquerda (inclusive com raízes militares) e finalmente da esquerda não-stalinista, bem como da cidadania sincera (como dizia Basbaum), republicana e que aposta na Utopia. 



Então decidamos: quem está com Lula, fica com Dilma. Quem está contra Lula e contra as últimas conquistas do Brasil e dos brasileiros, que fique com José Serra, essa improbabilidade ativa. Este é o ponto e a pauta do qual Dilma não pode se afastar.
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