segunda-feira, 25 de julho de 2011

TEIXEIRA E A GLOBO SÃO OS MURDOCH DO BRASIL. E NÃO DURAM MUITO




Nenhum político inglês ousava contrariar Murdoch.

Ele escolhia os primeiros ministros e decidia a política externa que melhor servia a seus interesses comerciais, ou seja, aos Estados Unidos.

Foi o que ele fez ao pressionar o primeiro ministro Tony Blair a se conformar ao papel de George Bush no Iraque.

Murdoch controlava uma paixão nacional inglesa: as revelações dos tablóides inescrupulosos.

A imprensa “séria” não tocava em Murdoch.

O  Judiciário fazia vistas grossas.

Murdoch e a Metropolitan Police, a Scotland Yard, serviam um ao outro.

Até que …

Barack Obama se recusou a dar entrevista à Fox News de Murdoch: não era uma rede de televisão, mas instrumento político do Partido Republicano.

O repórter Nick Davies do jornal inglês The Guardian entrou na sala do editor chefe, Alan Rusbridger e perguntou se ele se interessava pela informação de que o filho de Murdoch, James, tinha feito um acordo secreto para pagar um milhão de dólares e abafar provas de comportamento criminoso dentro da empresa.

(Leia na revista Época, pág. 62.)

A apuração de Nick tambem interessou o New York Times, que passara a enfrentar Murdoch diretamente no mercado americano, com a compra – e a subsequente degradação – do Wall Street Journal.

Rusbriger resume o desfecho provisório da denúncia contra o ex-todo poderoso Murdoch:

o fechamento de um jornal lucrativo, o News of the World;

o fracasso da compra de uma empresa de teve a cabo e uma espécie de CNN européia;

a desmoralização da Scotland Yard;

a classe política foi obrigada a desnudar-se diante de uma opinião pública perplexa;

e repulsa generalizada a um Al Capone que edita jornais como se contrabandeasse uísque falso do Canadá.

Além do desmantelamento da Ley de Medios inglesa, que se mostrou incapaz de coibir o generalizado e criminoso sistema de grampos e a cumplicidade da Polícia em abastecer a imprensa de esgoto de Murdoch.

Nenhum político brasileiro ousa enfrentar a Globo.

(Com três exceções: Leonel Brizola, Garotinho e Roberto Requião.)

A Globo parece imbatível – como Murdoch.

A Globo controla uma paixão nacional: o futebol.

O Campeonato Nacional e a Seleção Nacional.

Ela ganha dinheiro com isso, como Murdoch com a vida íntima da família real, tal qual exposta nos tablóides.

A Globo derruba o técnico, escala os jogadores, decide onde jogam a seleção e os clubes, e a que horas.

Porque a Globo tem um parceiro poderosíssimo – e que pode ser a corda com que ela se enforcará.

É Ricardo Teixeira.

Como Murdoch e a Globo, nenhum político ousa enfrentar Teixeira.

A mídia “séria”, aqui chamada de PiG (*), poupa Teixeira.

O Ministro dos Esportes trata Teixeira como um Chefe de Estado.

A Justiça ignora Teixeira.

O Ministério Público foge mais do Teixeira do que do Daniel Dantas.

Uma CPI que incriminou Teixeira 11 vezes teve o efeito desastroso de aguar (um pouco) o chopp que ele servia num restaurante no Jockey Club do Rio.

Teixeira move a Globo e por ela é movido.

É o veículo flex da política nacional.

Ainda mais que vem aí a Copa.

E quem ousaria enfrentar a Gloteixeira ?

É aí que reside o perigo.

Um outro repórter inglês, Andrew Jennings, a serviço da BBC, escreveu o livro “Jogo Sujo” e, num documentário , fez a pergunta que retirou a primeira pedra da monumental arquitetura: Mr. Teixeira, did you accept the bribe ?

A Justiça da Suíça apura se Teixeira aceitou a propina e, depois, como o sogro, Havelange, teve que devolver para abafar o caso.

Se o Ministro dos Esportes, Orlando Silva,  e o do Exterior, Antônio Patriota, quisessem proteger a biografia, apresentavam o Brasil à Justiça da Suíça como interessado em acompanhar o processo e descobrir se Mr. Teixeira accepted the bribe.

O dono da Copa se dá a receber – e devolver – propinas ?

Não basta perder quatro pênaltis  ?

Murdoch despiu a Inglaterra.

É um desses escândalos que magoam a alma de uma Nação e expõem as vísceras.

O povo inglês se viu num óleo de Lucien Freud e se envergonhou do que viu.

A imprensa de Murdoch instalou a Inglaterra e os Estados Unidos num reality show.

Como o reality show da Globo e Teixeira: onde ganha o mais malandro, o esperrrto, que faz o que quer, numa boa.

E se alguém percebe fica por isso mesmo.

Quem ousaria punir ou contestar o dono do circo.

De todos os circos ?

Só que é na frente de todo mundo.

Num futebol de quinta categoria.

Numa seleção que não vai para a semifinal.

E a Globo e Teixeira ganham um monte de dinheiro.

Trinta milhões para organizar festa de uma noite só !

A Globo e Teixeira, juntos, estão acima do certo e do errado.

É uma aliança que escreve a sua própria Ética, o próprio código de conduta.

Como Murdoch.  

Mas, Ricardo Teixeira e a Globo correm o risco de, eles mesmos, serem lançados numa sala fechada, envidraçada , com as luzes acesas.

E lá fora, uma Nação indignada.

Furiosa.

Quem manda  manipular a paixão de um povo ?


Paulo Henrique Amorim

Fonte:   Conversa Afiada

PARA ENTENDER A ESTRATÉGIA LULA-DILMA


Por LuisNnassif

Apesar de surpreender a gregos e troianos, a estratégia política de Lula-Dilma Rousseff é relativamente fácil de desvendar.

A primeira peça do jogo é não imaginar Dilma dissociada de Lula. Não existe hipótese para ciumeiras, rompimentos. A diferença de estilo entre ambos não é semente para futuras disputas, mas peça essencial na sua estratégia.

Primeiro, vamos às afinidades políticas e à continuidade de ambos os governos.
 1.Ambos são sociais-democratas. Não se exija perfil revolucionário, nem mesmo estatizante, embora estejam longe de se constituir em neoliberais.
 2.São políticos focados em resultados sociais, como peça central de legitimação política, Dilma dando mais atenção à gestão, Lula à política (mesmo porque tinha Dilma para cuidar da gerência).
 3.Na política econômica, a prioridade absoluta é o controle da inflação. Câmbio, desindustrialização, juros, é resto. E resto é resto. Embora Dilma tenha formação desenvolvimentista, a realpolitik se sobrepôs às demais prioridades. Se a crise internacional piorar, pode criar vulnerabilidades nessa parte da estratégia.
 4.No plano político, a lógica não é do confronto, mas da soma. Dilma aprendeu com Lula a dividir os contrários em dois grupos: os adversários e os inimigos. O primeiro grupo é para ser cativado ou cooptado.

Diferenças periféricas

As diferenças de estilo entre Lula e o Dilma são periféricas, embora importantes na montagem da estratégia política. No plano econômico e ideológico, são governos de continuidade.

Muitos analistas – à direita e à esquerda – tomam a nuvem por Juno, as diferenças periféricas pelas essenciais. E acabam se confundindo na análise do governo Dilma e de sua estratégia política.

Os fatores utilizados pela velha mídia para desgastar Lula (fazendo muito barulho, embora influenciando apenas 5% do eleitorado) são desimportantes e nada tem a ver com as peças centrais de sua política.

No plano político, nos últimos anos  desenterrou fantasmas da guerra fria que se supunham extintos desde os anos 60. Na diplomacia, a questão iraniana. Na política interna, o pesado véu de preconceito contra Lula e o enfrentamento nos últimos anos. As críticas contra as políticas sociais foram devidamente enterradas pelos fatos.

Ao assumir, sem comprometer os pontos centrais de sua política, Dilma definiu um estilo diferente de Lula na forma, embora muito similar no conteúdo – inclusive surpreendendo os que supunham que partiria para um confronto direto com adversários.

Colocou a questão dos direitos humanos como foco da diplomacia, deu atenção a FHC, compareceu ao aniversário da Folha, nos últimos dias convidou jornalistas brasilienses para conversas no Palácio, respondeu rapidamente às denúncias consistentes.

Completa-se assim a estratégia.

Dilma se incumbe do establishment, que rejeita Lula. No plano midiático, blogosfera para ela é como a Telebrás – serve apenas para ajudar a regular a mídia. O mesmo ocorre com movimentos sociais e sindicatos.

Já Lula garante os movimentos populares, o sindicalismo, a blogosfera e a ala esquerda. E estende sua sombra sobre os adversários. Se endurecerem muito com Dilma, entra na briga. Se Dilma não se sair bem no governo, ele volta.

Perto dessa estratégia, a oposição só tem perna de pau: um guru que ensarilhou as armas – FHC -, um político esperto mas sem ideias – Aécio Neves – e um desatinado – José Serra.

Cumprir-se-á o vaticínio do sábio José Sarney, de que a nova oposição sairá das entranhas do governo.

Linhas programáticas

Em relação à continuidade, é importante não confundir algumas linhas de ação que permanecem as mesmas desde o governo Lula – mas que têm dado margem a confusões..

A primeira, o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL). Criou-se a ideia de que, com Lula, a Telebrás assumiria todo o trabalho de levar a banda larga até a última milha (a casa do ccidadão). Nunca foi essa a ideia. A Telebrás foi ressuscitada com o objetivo de levar linhas de transmissão ligando cidades, atendendo provedores independentes, fortalecendo as linhas de transmissão, mas sem a pretensão de atuar no varejo. A possibilidade de atuar no varejo foi acenada apenas para demover as resistências das operadoras em aderir ao plano.

Não significa que seja um bom plano. 300 mb de tráfego por mês a 35 reais é brincadeira. Tem que se aprimorar a negociação. Mas a estratégia de amarrar as teles a compromissos de universalização é correta.

O segundo ponto é a chamada "lei dos meios". Criou-se a ideia de que o projeto de Franklin Martins imporia limites aos abusos da mídia. A radicalização de Franklin foi muito mais no discurso do que propriamente nas propostas. A não ser a questão limitada da propriedade cruzada, o projeto era muito mais uma defesa dos grupos nacionais contra as grandes corporações internacionais e as teles.

A cegueira da velha mídia a impediu de entender a lógica do plano.

Fonte:  Blog da Dilma
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