segunda-feira, 12 de julho de 2010

VALE A PENA LER O EXCELENTE TEXTO DE GILSON CARONI, NO "ONIPRESENTE"

Serra, um press release perigoso

Gilson Caroni *

 

Sem fortuna nem virtù, a candidatura Serra deve ser encarada como de fato se apresenta: uma irresponsabilidade política que busca construir sua persona a partir de clichês oratórios de desqualificação da principal oponente, a ex-ministra Dilma Rousseff. O teatro político que pretende montar, tentando se valorizar no jogo da sucessão, pode vir a se revelar o fracasso da temporada, não só pela fragilidade pessoal do ator como pela biografia do elenco de apoio. Mais dia menos dia, terá que descer a cortina, encerrando a apresentação.

Quando diz não ser “ventríloquo de marqueteiro nem de partido, nem de comitês, nem de frações, nem de todas aquelas organizações antigas de natureza bolchevique, que do bolchevismo só ficaram com a curtição pelo poder, porque utopia não ficou nenhuma", importantes perguntas se impõem. Afinal, por quem fala José Serra? Ou, melhor: quem, dissimulando o timbre natural da própria voz, fala por ele? Quem é o boneco nesse jogo mal-ajambrado?
A coligação oposicionista é uma gigantesca operação de engodo promovida pela mesma dupla (PSDB/DEM) que, entre 1994 e 2002, se superava, dia após dia, em matéria de socialização de prejuízos privados e entrega do patrimônio público. Em oito anos o país quebrou duas vezes, as dívidas, interna e externa, cresceram descontroladamente. O grau de dependência se precipitou e a desigualdade alastrou-se.
O descaso com a questão social – vista até hoje pelos tucanos como um estorvo para as contas do governo – fez com que a miséria e o aviltamento dos salários se expandissem. Dados do Banco Mundial, em 1997, apontavam 36 milhões de brasileiros com renda inferior a US$30, o que explica o número assustador de crianças que trocavam a infância e a escola pelo trabalho precoce. Enquanto isso, o governo FHC excluía o imposto sobre as grandes fortunas do seu pacote fiscal. Quebra-se o país, jamais um banco, ensinava o príncipe dos sociólogos.
Em 2001, a  mudança no fluxo de capitais agravaria o desequilíbrio externo brasileiro, com a entrada de recursos estrangeiros caindo US$ 10 bilhões em relação ao ano anterior. Para piorar a situação, cresceria a remessa de lucros e dividendos, devido à crescente internacionalização da economia ocorrida na segunda metade da década de 1990. Tudo isso levava a uma valorização excessiva do dólar.
E o que fazia FHC e seu séquito diante da crise do modelo? Segundo o Sindicato da Micro e Pequena Indústria de São Paulo (Simpi), enquanto 80% das microempresas estavam inadimplentes, o governo arquitetava, via BNDES, o socorro das grandes corporações endividadas em dólar. De fato, uma garantia ao mercado que “aquelas velhas organizações bolcheviques" jamais ousariam dar.
É o retorno de catástrofes dessa natureza que a candidatura Serra promete. O neoliberalismo, expressão recente da direita, não hesitará em fazer uso de conhecidas "reengenharias" para destruir o Estado, deixando sobreviver somente os órgãos que garantam os interesses mercantis. Serra é o ventríloquo de um grupo que está convencido de que é necessário reciclar o manual de terra arrasada. O pequeno remanejamento da aliança partidária que deu apoio ao governo de FHC não traz novidades substantivas. O que é o PPS senão o adorno de conhecidos arrivistas?
O DEM (antigo PFL) tem um histórico de hipocrisia, cinismo e empulhação. A mudança de nome, apontada por suas lideranças como primeiro passo de ajustamento necessário, não resistiu a duas primaveras.  A operação “Caixa de Pandora", apontando o governador de Brasília, José Roberto Arruda, como principal articulador de um esquema de corrupção  envolvendo integrantes do seu governo, empresa com contratos públicos e deputados distritais, revelou o DNA da “novidade”.
Das minúcias, futricas, esperneios, conselhos e advertências desse espectro político, a grande imprensa recolhe a matéria-prima para fazer seus boletins de campanha. José Serra, o acaciano retórico, produto híbrido do latifúndio com a banca, é um personagem de press release. Não deve ser levado a sério quando fala em modernidade. Seu projeto autoritário precisa da mídia com poder de Estado e do mercado como única instância de legitimação.
* É professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador do Jornal do Brasil

REPUBLICO ÓTIMO POST ENCONTRADO NO "APOSENTADO INVOCADO", COM OS PARABÉNS E OS DEVIDOS CRÉDITOS AO AUTOR

PARABÉNS AO AUTOR DO TEXTO ! (http://www.jblog.com.br/rioacima.php)

Apesar dessa onda toda, Bruno vai sair da cadeia

O goleiro Bruno Souza deixou ontem a prisão onde cumpriu parte da pena pela participação no assassinato de sua ex-amante Eliza Samudio, desaparecida em 8 de junho de 2010. O jogador teve direito a liberdade condicional por ter cumprido um terço da pena com bom comportamento. Agora, Bruno afirma que quer voltar ao futebol.

Não tenha dúvidas, você ainda vai ler esta notícia. Afinal, estamos no Brasil, onde a vida humana vale muito pouco, e a de uma mulher, menos ainda. Não temos tradição de punir exemplarmente assassinos de esposas, amantes, namoradas ou simples desconhecidas. Talvez haja mais homens presos por não pagarem pensão alimentícia do que por assassinar uma mulher.

Se não for um maníaco do parque, um típico serial killer, o matador costuma deixar a cadeia após seis ou sete anos, como aconteceu com o ex-ator condenado pela morte de Daniela Perez. Se tiver dinheiro para pagar advogados influentes, que conhecem as idiossincrasias e os meandros da Justiça, não cumprirá nem um minuto da pena.

Foi o caso do jornalista Pimenta Neves. Em 20 de agosto de 2000, ele matou sua colega de profissão e ex-namorada Sandra Gomide com dois tiros à queima-roupa, diante de uma testemunha. Condenado a 18 anos de prisão, levantou-se do banco dos réus ao fim do julgamento e foi para casa, amparado pela Justiça. No despacho que anulou o veredito, a subprocuradora-geral da República entendeu que a defesa de Pimenta foi cerceada. E Sandra, teve defesa ao ser emboscada por seu algoz?

Toda esta onda da imprensa em torno da morte de Eliza Samudio faz parte do show. Orgias, bebê abandonado, ossos da vítima dados aos cachorros, cervejinha para comemorar a execução... não se engane. A indignação popular hoje é efêmera.

Se Bruno for condenado, pode, como muitos felizardos, sair antes do fim da pena. Seis, sete anos de prisão, é quando vale a vida de uma mulher hoje em dia no Brasil. Não vai fazer a menor diferença se ele mandou ou não dar a carne da mãe de seu filho a um cão rottweiler. Ninguém na opinião pública vai protestar. Nossos deputados e senadores não sofrerão qualquer pressão para mudar um Código Penal que, para quem tem dinheiro, abre mais brechas que a defesa da seleção de Honduras.

Amanhã, ou depois, Bruno não será mais manchete de jornal. Ficará esquecido por um tempo até voltar a ser notícia, quando ganhar a liberdade. Primeiro, provisória; depois, definitiva. Como Pimenta, talvez diga que agiu “sob forte emoção”. Tem também aquele papo, usado _ não no caso dele, mas em muitos outros _ de "legítima defesa da honra".

Eliza, a única pessoa que certamente se indignaria com a progressão de pena do goleiro, não está mais aqui. Outro crime hediondo ocupará o alto das páginas e os noticiários da TV. Um novo criminoso será pregado na cruz midiática. E, quatro ou cinco anos depois, estará solto também.

"O BRASIL ESTÁ BOMBANDO" É ASSUNTO EM OUTROS BLOGS. ISSO É BOM.

O BLOG DA DILMA TAMBÉM REPERCUTE AQUI MATÉRIA DO "THE INDEPENDENT" JORNAL BRITÂNICO RELATANDO SOBRE O CRESCIMENTO ECONÔMICO E A PARTILHA DESTE CRESCIMENTO COM A SOCIEDADE BRASILEIRA, PRINCIPALMENTE A PARCELA MAIS CARENTE. O TEXTO DO "INDEPENDENT" NÓS JÁ TÍNHAMOS POSTADO  ONTEM,   AQUI, EM INGLÊS. É ISSO AÍ. A IMPRENSA INTERNACIOAL FALA PARA O MUNDO,  O PIG SE CALA MAS NÓS GRITAMOS PARA O BRASIL.
BY "THE TEACHER."
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