segunda-feira, 12 de setembro de 2011

AOS MESTRES, SEM CARINHO


Leio na internet que professores da rede pública estadual mineira se acorrentaram a um monumento em uma praça de Belo Horizonte e ali fazem greve de fome para exigir que o governo do Estado (PSDB) lhes pague o piso nacional determinado por lei federal.
Há não muito tempo, em São Paulo, os mestres foram à rua aos milhares protestar por salários decentes. O governo do Estado (PSDB) atirou sua polícia hidrófoba contra manifestantes que foram espancados sem dó nem piedade, como se fossem criminosos.
O salário que o governo mineiro não quer pagar a esses professores revoltosos é de pouco mais de mil reais – não é brincadeira, o valor é esse mesmo!
Repito aqui, portanto, uma história que já contei, mas que precisa ser contada tanto quanto possível na esperança de que sirva para indicar aos professores um caminho, já que os pais dos alunos da escola pública vivem no mundo da lua.
À época da última paralisação de professores paulistas, uma de minhas filhas hospedava uma amiga francesa, professora universitária que veio ao Brasil em intercâmbio com a USP. Quando a moça soube que haveria manifestação ali perto (minha filha mora perto da avenida Paulista), quis ir ver.
Quanto ao tamanho da manifestação, achou extremamente pequena para um país deste tamanho, apesar de ter reunido dezenas de milhares de docentes. Mas o que mais a espantou foi não ter visto os pais dos alunos e os próprios unidos aos mestres no protesto.
Celine, a jovem docente francesa, comentava que se os professores da rede pública de seu país fossem mal pagos como os do nosso, os pais dos alunos quebrariam tudo e paralisariam o país, pois lá quase todo mundo estuda em escola pública, como aqui.
Paulistas, mineiros, enfim, o povo de todas as unidades da federação não se revolta contra os governos estaduais e municipais. A mídia, que no Brasil é toda de direita, não estimula os pais dos alunos a apoiarem os professores porque eles são sindicalizados e a direita odeia sindicatos.
Em vez de os professores saírem sozinhos à rua enquanto a mídia entrevista madames motorizadas e revoltadas com os manifestantes porque pararam o tráfego – obviamente porque têm seus filhos na rede privada de ensino –, deveriam conscientizar os pais dos alunos.
Uma paralisação das redes públicas estaduais e municipais que reunisse professores, alunos e mestres obrigaria esses governos irresponsáveis a investirem de verdade em Educação, porque dinheiro há. Mas é mais fácil contarem com a mídia para demonizar os professores.
A imprensa fica ao lado de governadores corruptos e irresponsáveis como os de São Paulo e Minas Gerais porque compram publicidade oficial ou assinaturas da Veja, do Estadão, da Folha, do Estado de Minas etc. E o futuro do país que se dane.
Não adianta professores se acorrentarem a monumentos e fazerem greve de fome para ganhar pouco mais de mil reais. Têm que começar a preparar paralisação que conte com pais dos alunos. Aí quero ver o Alckmin ou o Anastasia mandarem suas polícias agredi-los.
Se você quer combater a mídia que ajuda a manter a Educação brasileira nesse estado, adira ao ato público que o Movimento dos Sem Mídia fará no Masp, em São Paulo, no próximo sábado, às 14 horas.
*
Veja, abaixo, o vídeo que mostra situação dos docentes mineiros e o transe em que vive uma população que trata sem o menor carinho aqueles que espera que se dediquem aos seus filhos.

SE FOSSE NO BRASIL SERIA O PT QUERENDO CENSURAR A IMPRENSA.


 No texto abaixo, cujo titulo,  numa tradução livre seria: "Agarre a chance para reformar a mídia", Martin Wolf um dos jornalistas mais conceituados da Inglaterra e do  famosíssimo Financial Times, considera intolerável o poder que tinha Rupert Murdoch, diz que o populismo de direita da Fox faz mal aos Estados Unidos e sugere que se aproveite a chance gerada pelos crimes cometidos pelos repórteres e editores do "News of The World" para reformar a mídia no Reino Unido. Se fosse no Brasil com certeza este jornalista estaria escrevendo em um blog, pois não teria emprego em nenhuma mídia tradicional e seria tachado de "petista" tentando amordaçar a imprensa livre.  


by the teacher.









Seize the chance for media reform

Intimidated children rounding on the playground bully – that is the spectacle in the UK since the News of the World phone-hacking scandal exploded. As one who has long believed that the influence of Rupert Murdoch on UK public life was quite intolerable, I am delighted to see this reversal of fortune. But rage is not enough. The UK must seize this chance to reconsider the structure and regulation of its media.




The media are businesses. But they are not just any businesses. They not only reflect, but also mould, public opinion and so wield immense political influence. That is why dictators seek to control the media and democratic politicians to use them. A person with control over a substantial portion of the press and television exerts huge unaccountable influence over public life. That is (or at least was) the position of Mr Murdoch’s News International.

Some would argue that, even so, it is best to leave ownership to the market and content to rights of free expression, subject only to law on libel and on intrusion into private life. But ownership does matter. The media have an intimate relationship with the functioning of the democratic polity or, in different words, the ability of the people to play an effective role as citizens.We are both consumers and citizens, individuals pursuing our private lives and participants in public life. Classical liberals, who start by assuming that the role of the state should be very narrowly circumscribed, view the media as no more than an arena for commercial gladiators. But, in Aristotle’s words, man is a “political animal”. We need to make many decisions together. In the west we do this via a law-governed state responsible to the governed. This then is government by permanent discussion. The media are the forum for democratic politics. This is why they matter.Diverse media require diverse ownership. But economic forces may generate a degree of concentration incompatible with desirable diversity. Politicians will then find themselves grovelling before proprietors who control their communications with the public. At worst, the proprietor may so twist and distort this needed communication as to transform public life. I would argue that the Fox network’s rightwing populism has done just that in the US. This should not happen in the UK.

Yet, paradoxically, a powerful proprietor, such as Mr Murdoch, may also promote diversity. The Times – a decent newspaper – exists today because of subventions from News International. This need for support partly reflects the economics of the newspaper business, as the internet devastates traditional advertising-based business models.




While viewing the media as we would the business of grocers is a grave error, it is no less misleading to ignore the economics of these businesses. Media must be funded. If funds are not to come from the market, they must come from somewhere else. That, too, creates dangers, not least of domination by the state. Each country will have to strike its own balance, aware of the dilemmas, particularly in our era of profound technological change

What is now needed is a comprehensive re-examination of the role and regulation of the media in the UK. Moreover, any conclusions of such a review must explicitly include a commitment to further review in future, to take account of ongoing changes in technology and the business environment. Such a comprehensive review would look at: the law on privacy and libel; regulation of the press; the concentration of ownership within and across media; the role of public service broadcasting; and the public funding of media, more generally, and particularly of the news.     My preliminary views are that: the privacy of the powerless needs more protection and the wrong-doing of the powerful far less; redress against malicious coverage needs to be tougher, while preserving freedom of expression; rules on cross-ownership of media should be far tighter, with the mooted position of News International in both newspapers and television ruled out, a priori; the country should continue to support the BBC through stable funding, because it defines the notion of a public weal; and we should consider whether the public good of high-quality news gathering and analysis deserves public support.

These are remarkable times. But they are also, so far, largely an outburst of rage by those whom the Murdoch press has humiliated. The prime minister’s planned two-part inquiry into the hacking scandal and related issues covers much, albeit not all, of the required ground.

It is not enough to settle scores with the playground bully even though his misbehaviour has been so egregious. It is essential to design a structure of regulation that preserves freedom for the media, while curbing abuse, including concentrations of unaccountable power. The media are too important to be left to the mercies of politicians or judges. But they are also too important to be left to dominant proprietors. The UK has a golden opportunity to strike a new balance. If it does so, this scandal might yet bear rich fruit.



Texto acessado através do link na postagem "A reforma da mídia na Inglaterra pode ser boa para o Brasil." do blog  Diário do Centro do Mundo

"TÔ BRINCANDO CONTIGO!"..., "TO BRINCANDO CONTIGO!"..., "TÔ BRINCANDO CONTIGO!"...

O JORNALISMO, A CORRUPÇÃO E O PT

Uma narrativa recorrente em certos ambientes, e reproduzida à exaustão em não poucos veículos de comunicação, aponta a ascensão do Partido dos Trabalhadores a cargos de mando no país como o ponto inicial da corrupção no país. Tudo se passa como se tivéssemos vivido, até 2002, em uma ilha de administradores probos e políticos campeões da moralidade pública.
O estabelecimento de uma relação direta entre a ascensão do PT a postos de governos e a entronização da corrupção como pauta primeira da preocupação nacional é mais do que uma embromação histórica. E é também algo mais do que mera luta política, como apreendem, equivocadamente, os petistas. No curto prazo, é a única forma de garantir visibilidade pública para quem já não tem como garanti-la através da elaboração de alternativas políticas e econômicas para o país. Mas, e aí tocamos no que é fundamental: o apelo moralista contra a corrupção supostamente desencadeada pelo petismo (antes, por suposto, essa era uma prática inexistente no país) é a trilha mais fácil a ser seguida por setores jornalísticos que perderam a condição de mediadores culturais privilegiados no país.
O jornal Folha de São Paulo é a melhor expressão dessa derrocada cultural da imprensa brasileira. Antes, ponto de apoio para um jornalismo que expressava uma reflexão criativa da vida política nacional, o jornal paulista foi se deixando encurralar nesse triste e patético lugar social de um jornalismo que, sob a decoração modernosa, não se diferencia muito das "críticas" moralistas proferidas em programas popularescos de TV. Não fossem as referências esparsas a um ou outro pensador legitimado no mundo acadêmico, que distância existiria entre alguns dos textos produzidos pelos colunistas do jornal e os discursos do Pastor Malafaia?
Ora, não é o petismo o responsável pela sua ascensão da corrupção ao topo da pauta do jornalismo pátrio. Uma de suas causas está na própria configuração atual da atividade política. Dado que a midiatização da atividade é a via quase única para o resgate de alguma legitimidade, os políticos se tornaram prisioneiros da "imprensa". Tanto é assim que não poucos dentre eles atuam e se pensam como celebridades. Que todos os principais legislativos tenham criado as suas próprias emissoras de rádio e tv, essa outra expressão da irresistível força da visibilidade midiática sobre a atividade política.
Paradoxalmente, maior visibilidade e pouca diferenciação no que diz respeito a propostas substantivas contribuíram para que a busca da distinção tivesse como referentes quase exclusivos a moral e a estética. Some-se a isso o cansaço geral para com as tarefas necessárias para o fermento da esfera pública e o que emerge? Uma forma de se "fazer política" (e jornalismo diário) que tem na denúncia do governo de plantão a sua única razão de ser.
Se um ator com veleidades de patrocinador de reformas sociais e econômicas ocupa um posto de governo, aí então estão dadas as condições para o cerco moralista ao "poder". Não há muita novidade nisso, é bom que se frise. Repete-se no Brasil nestes últimos anos, com todas as tinturas de mais uma farsa tropical, o que ocorreu na Espanha na segunda metade da década de 1980. Quando da primeira ascensão do PSOE ao governo. Naquele tempo, determinado jornal espanhol conseguiu pespegar no partido do então Primeiro-Ministro Felipe Gonzalez a marca da corrupção. Com isso, pavimentou o caminho para a ascensão do direitista PP. Lá, como cá, a direita encontrou no moralismo a forma de aparecer na vida política. Que setores supostamente críticos tenham incorporado essa pauta nestas plagas, eis aí uma confirmação da assertiva definitiva de Lévi-Strauss: "os trópicos são menos exóticos do que démodés".
Exemplar do que apontei mais acima é uma coluna de autoria do jornalista Fernando Barros e Silva, publicada no sábado passado no jornal Folha de São Paulo. Encimada pelo título "Toninho do PT, 10 anos depois", a coluna consegue ser surpreendente, mas não exatamente pela argúcia analítica. Poucas vezes se leu em um grande jornal algo tão irresponsável e leviano. Tendo o assassinato de Toninho, então Prefeito de Campinas pelo PT, em 2001, como mote do texto, o jornalista lança insinuações sobre quem seria o verdadeiro responsável pela morte do saudoso político campineiro. E conclui atirando no seu alvo preferido: "Não sabemos ainda a resposta. Mas sabemos quem matou a honestidade quando chegou no poder em Campinas, em Santo André, no país".
Parafraseemos o colunista. Qual o futuro de um jornalismo que, desacreditado no seu papel de mediador cultural, vai se reduzindo à condição de pregador moralista? Também não sabemos a resposta. Mas sabemos quem matou a objetividade analítica no jornalismo paulista.
Edmilson Lopes Júnior é professor de sociologia na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). 
No 
Terra Magazine

Fonte:     Com Texto Livre


INÊS: LULA É LULA, DILMA É DILMA! CHORA, PIG, CHORA!



O talento de Luiz Inácio Lula da Silva para lidar com as multidões; sua expertise em diálogo, adquirida nas mesas de negociação com os patrões como sindicalista; a ascendência sobre o PT, por ter sido, desde a criação do partido, a ligação entre os quadros de esquerda e as massas; e até um tendência ao pragmatismo acabaram concentrando todos os elementos de governabilidade em suas mãos, nos seus dois mandatos (2002-2010).

O carisma e o talento político, e algumas apostas bem sucedidas - que permitiram a inclusão de grandes contingentes pobres à sociedade de consumo - se sobrepuseram a condições extremamente desfavoráveis do seu mandato. Lula lidava com uma elite política rachada ao meio: na base de apoio, tinha que lidar com a política de clientela de partidos tradicionais, à direita ou ao centro; na oposição, com um udenismo que tinha grande potencial de instabilização do regime. Sem fazer o governo dos sonhos da esquerda de seu partido ou dos movimentos sociais, a guinada à direita do PSDB e o "lulismo" das bases acabaram limitando a ação dos grupos mais radicais. Seu vínculo com a CUT também neutralizou o movimento sindical.

Todo o temor dos setores de centro-esquerda nas eleições do ano passado residia no fato de a candidata ungida por Lula, Dilma Rousseff, não ter as mesmas qualidades. A presidenta eleita não tem vínculos históricos com o PT ou com os movimentos sociais, não tem prática de negociação - nem no movimento sindical, nem com os partidos políticos - e não é uma líder popular. Os primeiros nove meses de governo, todavia, mostram que, em alguns casos, ela transformou suas desvantagens em vantagens. Depois de oito anos de governo de um líder político como Lula, era obrigatória a reautonomização dos partidos e dos movimentos sociais.


A crise política e a radicalização à direita do PSDB e do PFL juntaram esses atores em torno de Lula. O governo Dilma acena para uma certa organização da vida institucional, pelo menos no que se refere às forças que deram apoio orgânico à sua candidatura. A disputa política tende a ser menor no cenário institucional e se desloca para a sociedade. Governo vira governo, partido vira partido, movimento sindical vira movimento sindical e movimentos sociais viram movimentos sociais.

O Congresso do PT, realizado no início de junho, é um exemplo. O partido saiu da toca e construiu sua própria agenda política, com itens que o governo não necessariamente assumirá, como a regulamentação da mídia. A reforma política, se comove governo e partido, está nas mãos do partido: a opinião pública precisa estar convencida disso e a luta se dá no Legislativo, entre os partidos políticos. A CUT reassumiu a bandeira da redução da jornada de trabalho sem o correspodente corte em salários. O MST aproveitou uma evidente preferência do governo por medidas destinadas ao incentivo da produção na propriedade familiar, tem sido ouvido nas suas reivindicações por crédito e tecnologia para assentados e deve colocar a reforma agrária no campo de luta social (até hoje não foi feita nenhuma desapropriação para fins de reforma agrária no governo Dilma).

Sem grandes vínculos com o partido e com os movimentos sociais historicamente ligados a Lula, Dilma tem gasto mais tempo com eles do que seu antecessor. O ex-presidente entendia esses setores como uma extensão de seu mandato. E tinha o "lulismo" como amortecedor de demandas mais radicais. Desde o episódio dos "aloprados" - em 2006, a Polícia Federal deu flagrante em petistas que tentavam comprar um dossiê contra o candidato ao governo pelo PSD, José Serra - , Lula botou a direção do PT na geladeira. O deputado Ricardo Berzoini, então presidente do partido, amargou o desgaste do episódio junto ao governo até o fim de seu mandato na presidência do PT. Quando José Eduardo Dutra, quadro da confiança de Lula, assumiu a presidência petista, a campanha eleitoral já estava em andamento. O PT se concentrou nas eleições; Lula, no governo e nas eleições.

Com uma composição muito elástica da base parlamentar, Lula evitou conversar diretamente com os movimentos sociais. O que garantiu um certo controle sobre os movimentos mais radicais foi a radicalização à direita da oposição. Não havia interesse desses setores me enfraquecer o governo, depois de terem sofrido um período negro de criminalização nos governos tucanos. A CUT também perdeu o poder de ação, embora os trabalhadores do setor público tenham mantido alguma militância.

Dilma devolveu poder à direção do PT, ao abrir um contato direto com o atual presidente da agremiação, Rui Falcão. Abriu sua agenda para políticos. E, além de ter conversado pessoalmente com líderes de movimentos sociais, manteve o canal aberto com esses setores via Gilberto Carvalho, nomeado secretário-geral, que tem um diálogo inquestionável com eles.

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racha do DEM, o PSD, também foi um grande presente para a presidenta. Com uma base parlamentar muito grande, os pequenos partidos de direita tendem a ser neutralizados com os novos integrantes da base. O governo também pode se dar ao luxo de abrir mão de parte dos votos do PMDB para aprovar matérias de seu interesse. Tanto é assim que a presidenta tem feito as mudanças no Ministério a cada escândalo, devolvendo aos partidos da base o ônus pelo desgaste dos malfeitos dos titulares das pastas por eles indicados.

É certo que muita água vai correr debaixo da ponte até terminar o primeiro mandato de Dilma - e mais água ainda se ela conseguir a reeleição. Mas o fato é que os primeiros meses de seu governo mostram que Dilma é Dilma e Lula é Lula. Cada um lida com as dificuldades de governo com as qualidades que possui.

Com título do Conversa Afiada e texto importado do DoLáDoDeLá

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