quarta-feira, 19 de setembro de 2012

SEGREDOS DE CIVITA, PARTE 3: 'FOI SERRA QUEM ME OBRIGOU A FAZER A REPORTAGEM DO VALÉRIO ACUSANDO LULA'




Sanguessugado do Mello
Se você não leu as partes I e II, clique aqui e confira Os segredos do tucanoduto. Civita acusa: 'Serra me usou como um boy de luxo. Mas agora vai todo mundo para o ralo' Os Segredos de Civita, parte 2. Os planos da quadrilha incluíam Serra no Planalto e Demóstenes no STF. Ou então, prossiga:
Dos tempos em que gozava das intimidades do poder em Brasília, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, Roberto Civita diz guardar muitas lembranças. Algumas revelam a desenvoltura com que personagens centrais do tucanoduto transitavam no coração do governo FHC, antes da eclosão do maior escândalo de corrupção da história política do país – a privataria tucana. Civita lembra das vezes em que José Serra, seu interlocutor frequente até a descoberta do esquema, participava de animados encontros à noite no Palácio da Alvorada, que não raro lhe servia de pernoite. "O Serra dormia (se é que se pode usar a palavra em relação a ele) no Alvorada. Ele e a mulher dele iam jogar baralho com FHC à noite. Alguma vez isso ficou registrado lá dentro? Quando você quer encontrar (alguém), você encontra, e sem registro." Civita deixa transparecer que ele próprio foi a uma dessas reuniões noturnas no Alvorada.
Sobre sua aproximação com Serra, Civita conta que, diferentemente do que os petistas dizem, ele conheceu Serra durante a campanha de 2002. Já o conhecia anteriormente, mas só a partir de sua campanha à presidência tornaram-se mais íntimos. FHC lhe disse que Serra precisava de uma imprensa que repercutisse o que os agentes da PF a serviço de Serra conseguiam sobre os adversários. "Ele precisava da Veja para publicar o escândalo. Depois a Globo repercutia e o Nove Dedos caía nas pesquisas”.
Só que isso não aconteceu e Lula foi eleito. Manteve-se o esquema, mas agora com o objetivo de derrubar o Nove Dedos e trazer os tucanos de volta ao poder. A parceria deu certo e desaguou no chamado mensalão do PT, uma parceria entre os arapongas de Serra e um bicheiro de Goiás, que hoje todos conhecem como Carlinhos Cachoeira.
Mas, nem isso, nem a provável condenação de todos os petistas pelo STF, parece servir de alguma coisa para José Serra. Por isso, Civita não se assustou quando recebeu uma vista, às três da madrugada, do candidato tucano à prefeitura de São Paulo. Com a “sutileza” que o caracteriza, Serra ordenou a Civita que a Veja ligasse diretamente Lula ao mensalão, para que ele não pudesse mais fazer campanha para Haddad. Tinha que ser uma matéria agressiva, definitiva. “Você tem que dizer que Marcos Valério declarou à Veja que Lula sabia de tudo e era o chefe do mensalão”.
Civita providenciou a reportagem e a enviou na terça-feira, para aprovação. "Foi Serra quem me obrigou a fazer a reportagem do Valério acusando Lula" - disse a amigos. Serra aprovou, mas fez uma ressalva: “Tem que por aspas, tem que colocar como se Valério estivesse afirmando aquilo”. Civita quis argumentar que aquilo queimaria a revista. Mas Serra foi intransigente: “Quem não pode se queimar sou eu. Se eu não me eleger, vocês perdem tudo da prefeitura e vão entregar o governo de São Paulo para o PT daqui a dois anos. Adeus, livros didáticos. Adeus, assinaturas das revistas. Adeus, parcerias. Nada de trololó. Bota aspas e depois se virem para dizer que ele declarou tudo aquilo. Vocês são especialistas nisso”.

Sem alternativa, Civita concordou. Pensou em ir falar com Policarpo, seu diretor em Brasília, especialista nesse tipo de manobra. Mas se conteve. Teria de falar com ele pessoalmente, pois o telefone poderia estar grampeado. Mas guarda ainda fresca na memória a surpresa que teve ao fazer uma visita inesperada ao diretor. Ao entrar na sala, encontrou Policarpo sentado na cadeira, calça e cueca abaixadas até o tornozelo, com um homem quase careca ajoelhado à sua frente, aparentemente... A palavra que lhe veio à cabeça foi "fellaccio"... Quem era o careca? (continua amanhã) 
(O Blog diz que as afirmações foram feitas a diversos interlocutores. Procurado por nossa equipe, que atravessou a Dutra numa Kombi comprada com o Bolsa-Twitter, Civita não foi encontrado, não quis dar entrevista, mas não desmentiu nada. A maior parte desta reportagem foi copiada da própria Veja, trocando apenas os nomes das pessoas para dar veracidade às informações. Tentamos também contacto através de nosso celular. Mas nosso plano Infinity da Tim não permitiu que nenhuma ligação se completasse.Por isso não conseguimos entrevista com Civita, Serra ou FHC, mas, frisamos, nenhum deles desmentiu nada. E, por favor, ministro Paulo Bernardo e Anatel, vamos dar um jeito nessa pouca vergonha das operadoras, ou aumente a nossa Bolsa-Twitter)

MEU NOME TAMBÉM É LULA




Estando em pleno gozo de todos os direitos políticos e de todas as demais garantias individuais concernentes à cidadania brasileira, diante da campanha hedionda de difamação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ora promovida por seus adversários políticos (declarados e enrustidos), venho fazer uma declaração.
Acompanho a trajetória de vida do ex-presidente desde a campanha eleitoral de 1989. Dá quase um quarto de século. A cada dia desses 23 anos, com intervalo de nem uma centenas de dias, se tanto, vi e ouvi todo tipo de acusação contra ele. Todo tipo que se possa imaginar.
Naquele 1989, os mesmos grandes meios de comunicação que hoje, após tanto tempo, continuam lançando acusações análogas às de outrora contra o ex-operário, chegaram a convencer o Brasil de que ele era mais rico do que o adversário Fernando Collor por morar em uma casa emprestada por um empresário.
Acompanhei a vida de Lula, desde então. Como tantos sabem, sobretudo seus inimigos, ele não enriqueceu com a política. Muito pelo contrário, seu patrimônio – sobre o qual seus adversários construíram tantas farsas – não é tão maior do que era quando disputou a primeira eleição presidencial, há 23 anos.
Lula poderia ter tirado quanto quisesse da política, se quisesse…
Ele nunca se desviou do caminho que aquele que acompanhou a sua vida sabe que era o que verdadeiramente perseguia, o de dar ao filho do “peão” oportunidades menos inferiores às dos filhos dos janotas empertigados que se julgam melhores do que o resto por terem um sobrenome de origem européia e um canudo de papel outorgado por uma universidade.
Esse homem, com sua instrução rudimentar, ainda na minha juventude fez com que eu, que estudei nas melhores escolas de São Paulo, pudesse entender que um país injusto como o Brasil não é bom para ninguém, e que só com a igualdade de oportunidades é que poderia fazer jus ao conceito fundamental de nação.
É inevitável fazer a analogia entre a luta de Lula contra legítimos impérios empresariais e as mais poderosas forças políticas – começando por uma ditadura – e o conto bíblico da vitória do jovem e franzino David sobre o poderoso gigante Golias. Afinal, Lula venceu um gigante monstruoso. E venceu três vezes.
Dirão que construí, para mim, uma imagem romanceada de um político como qualquer outro. Mais uma vez provo que estão errados. Tenho todas as justificativas racionais do universo para dizer que Luiz Inácio Lula da Silva jamais traiu a minha confiança. O poder não o mudou e ele cumpriu todas as promessas que me fez ao fazê-las a todos os cidadãos.
Lula fez seu povo – como ele mesmo diz, os feios, os desprezados, os pobres e desesperançados – melhorarem de vida como jamais ocorrera e alçou o Brasil a uma era de ouro. E o principal: devolveu a auto-estima aos brasileiros.
Agora, querem se vingar das derrotas acachapantes que Lula lhes impôs. Querem macular seu legado com acusações farsescas, irresponsáveis, criminosas. Querem, se possível, vê-lo encarcerado, pois foi sempre isso que fizeram com adversários políticos desde que atiraram o país em uma ditadura sangrenta.
Pois se essa afronta prosperar, dividirei, orgulhosamente, o banco dos réus com o ex-presidente. E serei acompanhado por milhões. Mas como só posso falar por mim, juro que, se Lula for a um tribunal, estarei ao seu lado. E quando lhe perguntarem o nome, levantar-me-ei e direi que o meu também é Lula.
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