domingo, 5 de outubro de 2014

PETROBRÁS COBIÇADA: AGÊNCIAS INTERNACIONAIS DISCORDAM DA OPOSIÇÃO E MÍDIAS BRASILEIRAS


COM RECORDES HISTÓRICOS, A PETROBRÁS COMPLETA 61 ANOS

"Avaliada em US$ 15 bilhões em 2002, a Petrobras chegou em 2014 ao valor estimado em US$ 96,3 bilhões, crescimento de 640% ao longo dos governos Lula e Dilma. Em 12 anos, a empresa se tornou um dos maiores orgulhos do povo brasileiro e deu um salto de produção, deixando o engessamento que vivenciou na década de 1990 [nos governos FHC/PSDB, como preparativo para vendê-la, sob pressão do governo dos EUA, FMI e petroleiras norte-americanas, como foi feito para a maior parte das estatais "privatizadas" (estrangeirizadas)]. 

A empresa brasileira nasceu no dia 3 de outubro de 1953, quando o então presidente Getúlio Vargas assinou a Lei 2.004 que criou a Petrobras. Com a criação da Petrobras, o governo soube investir na matéria-prima da nascente indústria: o petróleo. Produto fundamental para o fomento da industrialização do Brasil, que já ensaiava seus primeiros passos com a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN).

Em declaração à imprensa, a presidenta Dilma Rousseff externou sua felicidade e enviou merecidos elogios aos funcionários da empresa. “Quero dar parabéns a todos os funcionários da Petrobras. A força da Petrobras são seus funcionários, capacitados, dignos, com grande capacidade tecnológica para explorar as reservas de petróleo descobertas por eles”, parabenizou Dilma.

Em artigo publicado no portal "Vermelho", Haroldo Lima, ex-diretor geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis e membro do Comitê Central e da Comissão Política Nacional do PCdoB, lembrou que a estatal nasce da luta pela defesa do petróleo nacional, que foi encabeçada pelo movimento popular e ficou conhecida como a campanha “O Petróleo é nosso!”, iniciada em 1946.

A Petrobras surgiu no bojo de um grande movimento nacionalista, em que a esquerda e os comunistas tiveram enorme importância, num tempo em que o setor de petróleo no mundo era dominado por algumas grandes companhias, destacadamente um grupo chamado de “sete irmãs”, há 60 anos".

Segundo ele, atualmente essas sete irmãs são quatro e as sete maiores empresas do mundo são todas estatais. “Para se ver como as coisas mudam. Mas, naquela época, se não fosse o monopólio estatal do petróleo, a Petrobras não sobreviveria. O povo brasileiro pagou caro, e pagou certo, para ter uma grande companhia do petróleo. Deu a essa empresa o seu território e o seu mercado de combustíveis. Cobrou-lhe baixos royalties e não cobrava royalties no mar. Tudo isso para que a empresa se pusesse de pé. E ela se pôs”.

Maior participação no PIB

Com a retomada de investimentos em 2007, a empresa descobriu a camada de petróleo do Pré-sal, a maior camada inexplorada de petróleo do mundo, localizada a cinco mil metros de profundidade, que colocou o Brasil no circuito global do petróleo, como um dos maiores produtores do mundo.

De 2000 a 2014, a participação do segmento de petróleo e gás natural no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil aumentou de 3% para 13%. Antes de Lula e Dilma, a Petrobras vivenciou [no governo FHC/PSDB] a quebra do monopólio estatal, demissões e a precarização dos trabalhadores, com profunda terceirização de mão-de-obra.

A privatização de alguns setores e unidades inteiras estagnou investimentos em exploração, produção e refino, e protagonizou alguns dos maiores acidentes ambientais do País, como o afundamento da plataforma P-36, que vitimou 11 trabalhadores e levou para o fundo do mar US$ 430 milhões em investimentos.

Os governos Lula e Dilma transformaram aquela Petrobras de 46 mil trabalhadores em 2002 em uma nova empresa, com 81,6 mil funcionários em 2014. Enquanto a produção em 2002 estava em 1,5 milhão barris de petróleo por dia, em 2014 a companhia bate seguidamente recordes de produção, no patamar de 2,9 milhões de barris por dia.

Ofensiva da oposição

Mesmo com uma saúde de causar inveja, a Petrobras é atacada diariamente pela oposição. Na opinião do jornalista José Carlos Ruy, a realidade é outra. “Na contramão dessas advertências catastróficas, os investidores preferiram ouvir outras fontes. As agências internacionais (tão defendidas pela mídia conservadora) avaliam a estatal com a nota mais alta (“strong”, forte) para a gestão da Petrobras (as outras são “satisfactory”, satisfatória; “fair”, moderada”, e “weak”, fraca).

O Pré-sal transforma o Brasil

A exploração do Pré-sal está no centro de uma nova estratégia de desenvolvimento do Brasil, que já está beneficiando o povo brasileiro. A indústria naval, que estava praticamente falida nos anos 90 [FHC/PSDB], voltou a receber investimentos nos governos Lula e Dilma e se tornou a quarta maior do mundo graças à criação da "Política de Conteúdo Nacional", que determinou que o Brasil deveria assumir a construção de tudo o que tivesse condições de construir.

Com a exploração do Pré-Sal, já foram encomendadas 20 novas plataformas e 28 sondas de perfuração. A determinação de Dilma para garantir que 60% dos equipamentos e serviços usados no Pré-Sal sejam produzidos no Brasil está desenvolvendo ainda mais a cadeia produtiva do setor naval, que emprega hoje cerca de 70 mil trabalhadores, muita acima dos 2 mil empregos gerados pelo setor no fim dos anos 90.

Mais recordes

A estimativa de pico da produção do Campo de Libra, leiloado em outubro de 2013 sob o regime de partilha, é de 1,4 milhão de barris por dia e 40 milhões de metros cúbicos de gás natural, que representará 67% de toda a produção do Brasil.

Além de Libra, o governo Dilma contratou a Petrobras para a exploração de quatro novos campos do Pré-Sal: Búzios, Florim, Iara e Nordeste de Tupi. Somados ao campo de Libra, a produção do Brasil vai saltar entre 18 e 26 bilhões de barris, consolidando o Brasil um dos maiores produtores de petróleo do mundo".

FONTE: da Redação do portal "Vermelho" com informações do Portal da Dilma  (http://www.vermelho.org.br/noticia/250709-1). [Título e trechos entre colchetes acrescentados por este blog 'democracia&política'].

UMA IMAGEM, MIL PALAVRAS


BOM DILMA, COMPANHEIROS. NÃO PODERIA COMEÇAR ESSE DIA A NÃO SER COM ESSA IMAGEM 


5 de outubro de 2014 | 04:10 Autor: Miguel do Rosário



quinta-feira, 25 de setembro de 2014

O DIA QUE CHOREI DUAS VEZES







Por Stanley Burburinho

Enviado por Castor Filho , via e-mail

Na sexta-feira passada, eu e mais quatro amigos que nos conhecemos desde os tempos da ditadura -- e que fomos para Cuba fazer treinamento e lutamos juntos na Guerrilha do Araguaia -- fomos até à favela da Rocinha ver o Lula e apoiá-lo.

Dias antes do evento, avisamos que iríamos e pedimos para que as seguranças do Lula e das demais autoridades fossem avisadas de que, apesar das aparências (com tatuagens nos braços; rabos-de-cavalo; barbas; cabeças totalmente carecas, etc) éramos amigos. Estávamos trajando bermudas, tênis ou camisa pólo ou camiseta ou t-shirt e demos os nossos nomes e números das nossas identidades.

Um rapaz se aproximou da gente e perguntou o que estávamos fazendo ali. Pedimos a identificação dele e nos identificamos. Ele era da Abin. Disse a ele que estávamos autorizados a ficar naquele ponto. Ele perguntou quem deu a autorização e eu disse o nome da pessoa que, aliás, já estava no palanque onde haveria o discurso do Lula. Ele pegou as nossas identidades e entrou em contato por um rádio com algum superior informando os nossos nomes para ver se conferia com uma lista que esperávamos que os nossos nomes estivessem nela. 

Enquanto conversávamos, chegaram mais alguns policias (acredito) à paisana.Enquanto o rapaz da Abin aguardava o retorno do seu superior confirmando ou não os nossos nomes, me lembrei que conheci há muito tempo atrás uma pessoa que tinha o mesmo sobrenome -- que não era um sobrenome comum -- do rapaz da Abin. 

Enquanto o superior dele não retornava, perguntei se ele conhecia a tal pessoa com o mesmo sobrenome dele. Ele arregalou os olhos e me disse assustado: 

"-- Mas, é o nome do meu pai!" 

Aí, eu disse: "-- Quer dizer que você é filho do (eu disse o apelido que o pai dele tinha durante a ditadura para não ser identificado)?" 

Ele respondeu:" -- Sim, sou! Caramba, você conhece o meu pai?" 

Respondi: "-- Nós cinco conhecemos o seu pai muito bem. Fomos juntos para Cuba." 

O rapaz ainda meio atordoado, afastou-se do grupo e fez uma ligação. Depois de trocar algumas palavras com a pessoa para a qual ele ligou, mesmo afastado do grupo ele gritou:

" -- Qual era o seu apelido?" Eu respondi e ele retomou a conversa ao telefone. Alguns segundos depois ele se reaproximou do grupo, com um sorriso no rosto e me disse: 

"-- Fala aqui com o meu pai." 

Eu peguei o telefone e disse: "-- Fala, viadinho!! Tudo bom? Quanto tempo né? Sabe quem está aqui comigo? Seu filho tá dando uma dura na gente." 

E eu disse os apelidos dos meus quatro amigos que estavam comigo.O pai do rapaz da Abin ficou alguns segundo sem falar nada. Percebi que ele estava chorando e quando eu olhei para o lado, onde estavam os meus amigos, todos eles, também, estavam chorando. 

O rapaz da Abin também começou a chorar e os policiais à paisana, assustados com o que viam, não sabiam o que fazer. Eu não resisti e comecei a chorar também. Todos chorando. As pessoas que passavam não entendiam nada.Depois de alguns minutos de conversa ao telefone, entre nós cinco com o pai do rapaz da Abin, marcamos de nos encontrar aqui no Rio porque pai do rapaz da Abin mora em Brasília. O rapaz da Abin devolveu nossas identidades e pediu desculpas e disse que levou do pai uma "chupada" (bronca) por ele ter "dado uma dura na gente". Deixou o número do telefone particular e da residência e celular do pai. 

Minutos depois o rapaz da Abin se antecipou ao seu superior que ainda não havia retornado a ligação confirmando nossas identidades, dizendo que estava tudo bem e que não havia necessidade de se confirmar os nossos nomes.O rapaz da Abin, cheio de formalidade, apertou nossas mãos e nos abraçou, pediu desculpas e nos agradeceu pelo nosso passado. 

Eu disse: " – Fulano, pára com isso! Seu pai é um grande amigo nosso." E disse para o rapaz, de sacanagem -- devido à intimidade que nós tínhamos com o pai dele – todas as manias que o pai dele tinha na época da clandestinidade. Ele riu muito e disse que gozaria do pai dele. E ele e os policiais à paisana, que também apertaram as nossas mãos, foram embora.

O Lula chegou. Tumulto geral. O povo num desespero sem igual, avançava para cima da segurança na esperança de tocar ou, ao menos, ver o Lula. Durante todo o tempo que o Lula estava na Rocinha, o povo não parava de gritar: " -- Lula, Lula." Ou " – Ão, ão, ão, o Lula é nosso irmão!".

Pensei comigo e falei para os meus amigos: 

" – Em mais de 500 anos de Brasil eu nunca tinha ouvido falar que um presidente tinha entrado em uma favela no Rio de Janeiro ou em qualquer outro estado do Brasil." Todos concordaram. 

E eu disse mais: " – Vocês conseguem imaginar o FHC entrando em uma favela para fazer algum discurso?"

Minutos antes de terminar o discurso, alguém sinalizou para a segurança que o Lula desceria do palanque para ir embora. A movimentação repentina da segurança denunciou para o público presente que o Lula estava de saída. Nossa Senhora! Nunca vi desespero tão grande do povo para se aproximar do Lula. A segurança estava desesperada. Corria de um lado para o outro. 

O povo cercou o Lula que, sempre com um sorriso no rosto, abraçou, beijou, pegou crianças no colo e, o mais impressionante, toda uma multidão de pessoas que estava mais próxima do Lula chorava.Eu me esforçava para não chorar novamente. Quando olho para os meus amigos, todos estavam chorando. Aí, chorei também. 

Mais uma vez. E eu disse: " – É galera, tão vendo aí, a nossa luta não foi em vão." 

Pronto. Foi só eu dizer isso para aumentar mais ainda a choradeira.

Antes de entrar no carro, o Lula olhou para onde estávamos e, com os braços erguidos com uma mão apertando a outra, como se estivesse erguendo um troféu, balançou os braços. 

E eu articulando os lábios, sem emitir qualquer som, disse olhando para ele e ele olhando para mim: " – 

NINGUÉM SEGURA O BARBA!"


Lembrando o apelido dele desde a época da ditadura. Ele sorriu, deu tchau e entrou no carro. Não vimos o nosso amigo Comprido apelido do Franklin Martins.Fomos embora. Fomos para o bar Bracarense depois para o Jobí e depois para a Pizzaria Guanabara para comemorar e jantar. Num mesmo dia, num curto espaço de tempo, chorei duas vezes. De felicidade. 

Valeu Abraços em todos.
Stanley Burburinho.

*****

Do bloguinho para o Castor e Stanley:
Castor,
Obrigado pelo e-mail.
Chorei muito!
Fazia tempo que eu não chorava, estava até com medo da minha insensibilidade.
Vida longa a você!
Vida longa ao Stanley Burburinho e seus amigos!
Vida longa ao Barba!
Abraços,
Itárcio.

  Fonte:   Claudicando

quarta-feira, 25 de junho de 2014

PELO REGIME DE PARTILHA, PETROBRÁS "GANHA" CAMPO MAIOR QUE LIBRA




Em plena Copa, uma notícia passa sem o impacto que deveria ter na mídia.
Talvez porque seja uma das melhores notícias que se pudesse dar.
Como este blog havia informado em novembro do ano passado, o Governo entregou à Petrobrás, como estava autorizado pelas leis que aprovaram o regime de partilha, aprovadas no final do Governo Lula, quatro das seis áreas de cessão onerosa utilizadas como garantia no processo de capitalização da empresa.
Concentradas no campo de Franco, agora chamado de Búzios, tem entre 10 e 14 bilhões de barris de petróleo recuperáveis, quase o mesmo que as reservas provadas do nosso país.  Algo como 25% mais do que Libra, o maior campo de petróleo descoberto no mundo neste milênio.
Além de Búzios, foram entregues as áreas do entorno de Iara, Florim e Nordeste de Tupi, que provavelmente serão  unitizados (reunidos, em linguagem do setor) em uma só área de exploração.
Fora as receitas de impostos, só de lucro líquido para o país – que fica com três quartos do lucro, cabendo um quarto à Petrobras – o campo renderá à educação é a saúde brasileiras algo como 700 bilhões de reais, a preços de hoje.
É uma área capaz de, ao longo de 30 anos de produção, permitir uma extração média de 1,3 milhão de barris diários, ou metade do que tudo o que é produzido hoje no país.
E, curiosamente, a reação do mercado, na negociação das ações da Petrobras, derrubou o valor dos papéis da empresa.
É que isso irá, nos próximos anos, fazer a Petrobras ter de investir – e quase tudo dentro do Brasil – cerca de R$ 500 bilhões.
Ou, para os que gostam de comparações, 20 vezes tudo o que se chama de “gastos” com a Copa. Ou 120 vezes o valor dos empréstimos do BNDES para a construção de estádios.
São pelo menos 20 navios-plataforma, dezenas de sondas, centenas de barcos de apoio e instalações em terra.
Uma imensa máquina de distribuir receita, impostos, indústrias e serviços da cadeia de suprimento necessária.
Aos que estranharam a posição deste blog quando se tratou de leiloar o campo de Libra, à procura de parceiros capazes de injetar capital na exploração do campo de Libra, aí está a resposta do porque.
Era preciso “guardar” a capacidade da Petrobras de explorar estes campos ainda maiores.
E fazê-lo de forma a proteger o patrimônio nacional das tentativas, que não terminam, de entregar essa riqueza ao capital estrangeiro.
No final de 2016, início de 2017, Búzios produzirá seu primeiro óleo comercial e, nos dois anos seguintes, sua produção vai começar a pagar parte deste volume de investimentos.
Em um período de sete ou oito anos depois disso, a extração alcançará o limite de 5 bilhões de barris contratados, em condições mais favoráveis à Petrobras, pois passam a vigir as regras mais pesadas acertadas hoje com o Governo.
Até lá, este dinheiro vai remunerar o crescimento da participação governamental no aumento de capital da empresa, o que tornou possível recuperar parte do pedaço da Petrobras entregue por Fernando Henrique Cardoso, ao vender suas ações na bolsa de Nova York.
Hoje, este assunto se resumirá em pequenas e ácidas matérias nas páginas de economia dos jornais.
Em 20 anos, talvez, meus netos aprendam nos livros de escola sobre esta segunda independência – a econômica – do Brasil.

2014, O ANO EM QUE GALVÃO SAIU DE FÉRIAS PARA NÃO MAIS VOLTAR

Diário do Centro do Mundo 

"Você está vendo o jogo do Brasil com Camarões acompanhado de amigos. Tudo nos conformes, fora uma ou outra escorregada ufanista do locutor do canal pago.

Até que alguém — o mineiro TT — tem a ideia de mudar para a Globo. “Vamos ver o Galvão para dar umas risadas”, é a sugestão. Um ou outro protesto na sala, a vitória já garantida, a atenção diluída, a cerveja… Ok, por que não?
Voltar ao Galvão é uma viagem no tempo. É como ver fotos do Natal de 86. Mas, se alguém esperava nostalgia, o que vem é a imagem daquele tio de terceiro grau inconveniente. Ao mesmo tempo, o alívio de que esse monopólio nos mundiais terminou.

Nas duas últimas Copas, a Globo perdeu quase metade da audiência. A abertura da Alemanha 2006 bateu 65,7 pontos. Na África do Sul, em 2010, caiu para 45,2 pontos. Brasil e Croácia marcou 37,5 pontos.

O mundo mudou, mas Galvão e Globo não. No terreno do folclore, continuam lá o bullying em Casagrande e Arnaldo e as gafes. Neymar foi chamado de Romário e um oriental na plateia pode ser “nissei, ele pode ser sansei. Ele pode nem ser brasileiro”. Houve leitura labial, também.

Junto com a histeria — e você precisa ser muito ingênuo para esperar o contrário –, o que temos é a velha arrogância combinada com uma incapacidade de adaptação aos dias de hoje. O que você faz quando não precisam mais de você?

No momento do gol de Fred (“Don Fredón”), o tira-teima da Fifa colocou o atacante em impedimento. Estava errado, embora a transmissão, diga-se, esteja sendo um show, superior, tecnicamente, a tudo o se apresentou por aqui.

Galvão ficou inconformado num grau absurdo. “A própria Fifa já admitiu que não funciona”, disse. Não era só patriotada. Começou uma diatribe sobre como a Globo não é autorizada a mostrar imagens durante a partida. “Não podemos mostrar durante a transmissão por questões contratuais”, afirmou. Eles não perdiam por esperar.

Fred não estava impedido, mas o chilique desproporcional de Galvão era uma espécie de aviso: “Eu já sabia!”, ele poderia ter dito. “Quem mandou a Fifa não ter o padrão Globo?” Faltava sacudir no ar o crachá, gritando “não é assim que se faz, não é assim que se faz, seus trouxas incompetentes!”.

Em 2010, havia 7,5 telespectadores das TVs abertas para cada um das por assinatura. Quatro anos depois, a proporção está em 6,8 por um. Vai diminuir.

Uma foto dos atletas na concentração sintonizados na Band teria deixado a direção da emissora chateada com a CBF. Tudo conspira contra. Até Datena, que a rigor é um Galvão por outros meios. Ele já anunciou que 2014 é sua última Copa. É o Sarney da TV, a lembrança de que o Natal de 86 foi triste e de que dias melhores virão."

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

OS COXINHAS -JASON BOURNE.

Jason Bourne, antes de pular no rio.

Na última sena da trilogia bourne, um matador que fora poupado por ele (Bourne)  minutos antes e que agora lhe apontava um pistola pergunta-lhe:
 " por que você não me matou lá em baixo?"
bourne responde: 
"olhe pra você.  você sequer sabe por que vai me matar."

Tanto Bourne quanto o outro matador eram vítimas de um programa do governo americano que treinava jovens para serem matadores. depois da lavagem cerebral, os jovens matavam aleatoriamente políticos, cidadãos,  não importando se eram homens, mulheres, etc.  até que Bourne, ao tentar matar um político africano, percebe que na sala estava a filha pequena dele. Bourne desiste e é alvejado, é encontrado no mar, fica com aminésia e começa sua saga para descobrir sua identidade e revelar ao público a operação na qual trabalhava. o resto só assistindo ao filme. 

O que isso tem a ver com os jovens protestantes brasileiros? assim como Bourne, a maioria dos deles que vão às ruas para quebrar, incendiar, depredar, e, em alguns casos, matar, tirando aqueles que são marginais, digamos assim, profissionais, não sabem porque estão fazendo aquilo. manipulados por interesses políticos de grupos, de partidos e da própria mídia, vão às ruas e quando você pergunta o motivo de estarem ali respondem coisas como: 
"Estou aqui para lutar contra tudo isso que está aí" "sou contra a corrupção" coisas assim. mas quando você tenta aprofundar um debate sobre aquele assunto eles não tem paciência e às vezes não tem conteúdo para esse debate. 

                                       um coxinha-jason bourne rasgando bandeira de partidos

O fato de serem, em sua maioria, jovens e a juventude se caracterizar pela impetuosidade e pela rebeldia justifica um pouco esse "não pensar" e esse "não saber" mas não justifica transformar protestos numa festa e num "point"  para se encontrar e depredar, apenas. É claro que aqui temos que nos preocupar com generalizações. há entre os jovens protestantes aqueles que tem suas concepções políticas e suas preocupações sociais e estão ali porque sabem o que querem. mas esses empunham bandeiras, pintam a cara e protestam como deve ser quando se tem uma ideologia, seja ela qual for. agora,  pessoas  que vão para as ruas protestar, dispostos a quebrar e a queimar, você pergunta por quê e elas respondem que está ali para lutar "contra isso tudo que está aí", complica. 

Não se que quer ou se espera que os protestos contra a copa ou contra qualquer outra coisa parem e que os jovens virem alienados porque estão protestando contra o governo. O que se espera é que esses jovens saibam, ou procurem saber contra o que estão protestando, troquem o “tudo que está aí” por um debate mais consistente e, isso para os que têm tendência ao vandalismo, se conscientizem que quebrar, queimar e ferir não é a melhor maneira de mostrar nossa indignação e nossa luta por um país melhor. Por enquanto o que vejo, em sua maioria,  são protestantes-Jason Bourne, ou como são chamados nas redes sociais "coxinhas",coxinhas-Jason Bourne.

the teacher.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

QUEM DEVERIA ESTAR NA PAPUDA É JOAQUIM BARBOSA


por Miguel do Rosário

Acabo de ver a seguinte notícia no site do Estadão:
(…) Sete dias após sua criação, o site feito para obter doações ao ex-deputado José Genoino, condenado no processo do mensalão, já arrecadou, até a manhã desta quinta-feira, 16, mais de R$ 450 mil. As informações são do coordenador do Núcleo Jurídico do PT, Marco Aurélio Carvalho. O valor corresponde a mais de 67% do total da multa imposta ao petista pela, no valor de R$ 667,5 mil. O ex-presidente tem até o próximo dia 20 para pagar a multa.
A notícia tem vários significados. O principal deles nem é se Genoíno terá tempo de juntar o montante necessário para pagar a dívida em dia. Possivelmente, terá. Mas o principal é que há um número crescente de pessoas que acreditam na inocência de Genoíno e, por tabela, consideram que o Judiciário cometeu um erro gravíssimo ao condená-lo.
Essas pessoas estão dispostas a lutar pela verdade. Não ganham nada ao defender Genoíno ao não ser insultos. São ridicularizadas, insultadas, sabotadas. É cruel se posicionar na contramão de um linchamento midiático. É assim mesmo. É muito fácil defender uma pessoa que o senso comun defende. Tipo a Princesa Diana. Difícil mesmo é nadar contra a corrente.
Entretanto, há gente inclusive querendo se candidatar este ano a vaga de deputado federal tendo comos bandeiras os erros do Supremo Tribunal Federal no julgamento da Ação Penal 470, e este novo conservadorismo midiático do judiciário. Eu mesmo conheço um quadro importante, de um partido grande, uma figura respeitada no meio jurídico, que vem levantando essas bandeiras e está disposto a levá-las à luta política.
Com a solidariedade de seus admiradores, eleitores, amigos, Genoíno vai conseguir pagar a sua multa. Mas a maior luta será limpar seu nome. A anulação da Ação Penal 470 será uma das batalhas políticas mais importantes da década, ou mesmo do século. Mais importante ainda porque não deverá contar com ajuda do governo, que é constrangido, pelas circunstâncias, a aceitar as decisões do Judiciário.
Os cidadãos, não. Numa democracia, os cidadãos são livres para contestar tudo, inclusive uma decisão judicial. São obrigados a cumpri-la, mas não são obrigados a se resignar ao que consideram injusto. A liberdade é um valor democrático que não se ajoelha a nenhum magistrado de capa preta. A própria ideia de justiça, quanto uma utopia humana, não deve ser confundida com a justiça burocrática do Estado.
Pascal, em seus Pensamentos, nos lembra que “nada é tão falível como essas leis que reparam as faltas: quem lhes obedece, porque são justas, obedece à justiça que imagina, mas não à essência da lei, que está encerrada em si: é lei e nada mais”.
Ou seja, quando obedecemos a uma decisão judicial, sequer estamos nos curvando à lei em si, quanto mais à justiça; estamos tão somente nos submetendo a uma interpretação empírica e circunstancial da lei, feita por um magistrado propenso, como qualquer ser humano, ao erro. Nenhum juiz detêm a verdade sobre a lei, e nada é mais absurdo do que a pretensão napoleônica de alguns ministros do STF de acharem que detêm a verdade última sobre a Constituição.
Genoíno é inocente, e tem uma longa história de luta em prol da justiça social. Joaquim Barbosa não é inocente, e está escrevendo uma história de parceria espúria com os setores mais reacionários da sociedade.
No tribunal da minha consciência, que é a instância judicial que mais valorizo, quem deveria estar na Papuda é Joaquim Barbosa. José Genoíno deveria estar em liberdade, trabalhando em prol da sociedade, para o bem do Brasil.
jose-genoino
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segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

GENOÍNO NÃO ESTÁ SOZINHO!!!

Nem bem terminou o TERCEIRO DIA DA CAMPANHA e já ARRECADAMOS


mais de 200.000,00

VIVA O POVO BRASILEIRO, VIVA JOSÉ GENOÍNO!!




OUTRO MOTIM NA FOLHA! COLUNISTA DIZ QUE STF PREPARA GOLPE BRANCO


Enviado por  on 13/01/2014 – 6:24 am
A gente tem falado isso há anos. O STF tem usurpado poder e tem se portado de maneira descaradamente golpista. Finalmente, alguém com espaço na grande mídia, premido pelos fatos, começa a levantar essa bola. É uma situação de alerta vermelho para a democracia brasileira.
O artigo de Ricardo Mello, por estar onde está, é uma bomba atômica tão grande quanto a entrevista de Ives Gandra e tem um significado. A ficha está caindo em setores da classe média que mantém a independência de alguns neurônios; não os terceirizaram para os hidrófobos da mídia. A onda que nasceu na blogosfera está começando a bater também em alguns quartos da Casa Grande, embora ainda na forma de manifestações esparsas, isoladas. Na verdade, temos apenas dois nomes na mídia velha que reverberam as preocupações que a blogosfera vem externando há anos: Jânio de Freitas e agora Ricardo Mello. Já é um começo, de qualquer forma.
É isso ou então Ricardo Mello está com os dias contados na Folha.
*
Mello: STF ensaia “golpe branco” no Brasil
Por Fernando Brito, no Tijolaço.
O colunista Ricardo Mello, da Folha, publica hoje um artigo corajoso, onde aponta um “ensaio de golpe branco” pela Justiça brasileira, com o Supremo Tribunal Federal à frente.
“A coisa chegou ao ponto de pura esculhambação”, diz Mello, ao descrever o comportamento do presidente do STF, Joaquim Barbosa, no episódio deprimente da decretação “apressada” da prisão do deputado João Paulo Cunha e da saída do magistrado, mais apressada ainda, de férias, sem assinar as ordens que lhe competiam para a detenção do parlamentar.
O (mau) exemplo do STF contagiou todas as esferas judiciárias e até as não-judiciais, agora, se arrogam o direito de dizer o que mandatários eleitos pelo povo (o que eles não são) devem ou não fazer em matéria de leis e ações administrativas.
Um deformação que encontra em Joaquim Barbosa seu maior símbolo: segundo Mello, ele “se acha” a própria Justiça: “ manda prender, soltar, demitir, chafurdar, cassar, legislar -sabe-se lá onde isto vai parar, se é que vai parar.”
*
O ensaio de golpe branco do STF
Ricardo Mello, na Folha
Sem ser nova na política, a expressão golpe branco tem sido atualizada constantemente. Designa artifícios que, com aura de legalidade, usurpam o poder de quem de fato deveria exercê-lo. Para ficar apenas em acontecimentos recentes: a deposição do presidente Zelaya, em Honduras (2009), e o impeachment do presidente Lugo, no Paraguai (2011). Nos dois casos, invocaram-se “preceitos constitucionais” para fulminar adversários.
O Brasil já teve momentos de golpe branco –a adoção do parlamentarismo em 1961, por exemplo. A intenção era esvaziar “constitucionalmente” João Goulart, enfiando um primeiro-ministro goela abaixo do povo. O plano ruiu temporariamente com o plebiscito de 1962, pró-presidencialismo. A partir de 1964, os escrúpulos foram mandados às favas muito antes do AI-5. Os militares trocaram a caneta pelos fuzis e o resto da história é (quase) sabido.
Hoje a situação não é igual, ainda bem. Mas é inegável que a democracia brasileira vem sendo fustigada pela hipertrofia do papel do Judiciário, em especial do Supremo Tribunal Federal. Há quem chame isto de judicialização da política. Ou quem sabe ensaio de golpe branco em vários níveis da administração.
Tome-se o ocorrido em São Paulo. A Câmara Municipal, que mal ou bem foi eleita, decidiu aumentar o IPTU. Sem entrar no mérito, o fato é que a proposta contou com os votos inclusive do PMDB -partido ao qual pertence o presidente da Fiesp, garoto propaganda da campanha contra o reajuste. O que fizeram os derrotados? Mobilizaram os eleitores?
Nem pensar. Recorreram a um punhado de desembargadores para derrubar a medida. Até o Tribunal de Contas do Município, que de Judiciário não tem nada, surfou na onda para barrar… corredores de ônibus! Tivesse o TCM a mesma agilidade para eliminar seus próprios descalabros e sinecuras, quando não a si mesmo, a população ganharia muito mais.
A decantada independência de poderes virou, de fato, sinônimo de interferência do Poder Judiciário. Tudo soa mais grave quando a expressão máxima deste, o Supremo Tribunal Federal, comporta-se como biruta de aeroporto. Muda de ideia ao sabor de ventos (mais de alguns do que de outros), e não do Direito. Ao mesmo tempo, deixa em plano secundário assuntos eminentemente da competência judiciária –como o quadro de calamidade nos presídios brasileiros.
Os casos do mensalão e assemelhados retratam os desequilíbrios. O mais recente: enquanto o processo dos petistas foi direto ao Supremo, o do cartel tucano, ao que tudo indica, será dividido entre instâncias diferentes. Outro exemplo, entre outros tantos, é a descarada assimetria de tratamento em relação a José Genoino e Roberto Jefferson.
A coisa chegou ao ponto de pura esculhambação. O presidente do STF, Joaquim Barbosa, vetou recursos do ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha. Com a empáfia habitual, decretou a prisão imediata do réu, mas não assinou a papelada. E daí? Lá se foi Barbosa de férias, exibindo desprezo absoluto por trâmites pelos quais ele deveria ser o primeiro a zelar. Resultado: o condenado, com prisão decretada, está solto. Mas se era para ficar solto, por que decretar a prisão do modo que foi feito? Já ações como a AP 477, que pede cadeia para o deputado Paulo Maluf, dormitam desde 2011 nos escaninhos do tribunal.
A destemperança seria apenas folclore não implicasse riscos institucionais presentes e futuros. Reconheça-se que muitas vezes vale tampar o nariz diante deste Congresso, mas entre ele e nenhum parlamento a segunda alternativa é infinitamente pior. Na vida cotidiana, as pessoas costumam se referir a chefes e autoridades como aqueles que “mandam prender e mandam soltar”.
No Brasil, se quiser prender alguém, o presidente da República precisa antes providenciar um mandado judicial –sorte nossa! Barbosa dispensa esta etapa: como ele “se acha” a Justiça, manda prender, soltar, demitir, chafurdar, cassar, legislar -sabe-se lá onde isto vai parar, se é que vai parar.
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Fonte:  O Cafezinho

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

QUEM VAI FAZER O SERVIÇO

A sedimentação da agenda conservadora para 2014 envolve a adesão de um pedaço da esquerda e o silencio desfrutável de outro. O padrão é o cerco ao IPTU em SP.

por: Saul Leblon 





Quem vai fazer o serviço?

A sedimentação da agenda conservadora para 2014 envolve a adesão de um pedaço da esquerda e o silencio desfrutável de outro.

O padrão foi testado e bem sucedido no cerco ao reajuste do IPTU em São Paulo. 

Os interesses atingidos só tiveram sucesso em sabotar  a medida graças à omissão dos que sabiam o que estava em jogo, mas preferiram silenciar.

É essa capacitação ao exercício da cumplicidade que a emissão conservadora  opera de forma explícita nos dias que correm.

Colunistas e editores espetam sinais  para ordenar o fluxo na direção almejada: a seringa do piquete onde se conta o rebanho.

Quantas cabeças  teremos para oferecer aos mercados?

Nas manchetes e fotos, mais que nos textos, espetam-se os ferros com as iniciais do dono.

O ponto de encontro tem data e local  definidos: 12 de junho de 2014, 17 hs, estádio do Itaquerão, onde o Brasil abre a Copa do Mundo diante da Croácia.

Durante um mês, até 13 de julho, novas oportunidades  se abrem: há jogos distribuídos nas principais  capitais do país.

Alguém duvida que a tabela será explorada na emissão conservadora como ponto de encontro de gente ansiosa para mostrar o seu valor a fotógrafos e cinegrafistas generosos?

Textos gordurosos como os autores, tortuosos como seus valores,  arregimentam as adversativas do léxico para  assegurar  o verniz ‘jornalístico’ à panfletagem.

Não importa o  tema da coluna.

O objetivo predefinido é dar suporte a logos,  títulos e manchetes que disseminem  ordem unida.

‘Em 2014, vem prá rua você também’, convocava-se na Folha no dia de Natal;  ou o soberbo, ‘Não vai ter Copa’, abraçado neste domingo por um vulgarizador do mercadismo  no mesmo  veículo.

À falta de projeto defensável à luz do dia – arrochar 70% do país para lubrificar  30% só rende votos em saraus elegantes--  escava-se o vazio em busca de chão firme.

De joelhos e com as unhas, se preciso for para satisfazer os sinais vindos das  direções de redação.

O tesouro cobiçado  é tanger multidões  à frente única em curso para enfrentar Dilma em outubro próximo. 

Procura-se, em suma, alguém que  faça o serviço que os cabedais do conservadorismo, sozinhos, são incapazes de entregar.

É esse vazio adicionado de urgência que reduz  colunistas à função rastaquera de insuflar a indignação sem explicar a fórmula do elixir  que vai contemplá-la.

Se quiser,  o público alvo –as organizações com capacidade de mobilização - tem elementos para confrontar  o aceno dos charlatães com os ingredientes da gororoba historicamente  despejada por eles na goela do país – não raro com funil e camisa e força. 

A sedimentação golpista de uma parte da opinião pública brasileira não ocorreu por acaso nos últimos anos.

Trata-se de obra deliberada de gente bem paga --e eficiente, diga-se, na arte de popularizar generais redentores, santificar consensos neoliberais, incensar  janios, collors, demóstenes , carlinhos cachoeira, joaquins, serras  e assemelhados.

O florescimento desse acervo não prosperaria sem o trabalho prestimoso dos que esculpem o seu busto em bronze de credibilidade e veneração.

É um equívoco  dissolver  essa assinatura numa edulcorada predisposição da sociedade ou de parte dela para ser canalha ou 'egoísta'.

Ainda que exista a receptividade estrutural em certas camadas, é  indispensável o fermento que transforme o instinto em história.

Incensar  os joaquins e  Demóstenes; satanizar os lulas e respectivas agendas é uma parte do bicarbonato  requerido  na receita. 

Sem ele a  massa não cresce.

Antecedentes  referenciais  testemunham o notável  desempenho da emissão conservadora  na tarefa de sovar a massa.

Escondidas até agora nos arquivos da Unicamp, para onde foram exiladas pelo próprio Ibope,  pesquisas de opinião feitas às vésperas do golpe de 1964 mostram, todavia, que o labor midiático sozinho não leva a receita ao ponto.

Os dados dissecadas em entrevista recente do pesquisador Luiz Antônio Dias à revista Carta Capital, transcrita no blog de Luis Nassif ,  detalham o paradoxo:

- em junho de 1963, Jango tinha 66% de aprovação em SP;

- em março de 1964, caso fosse candidato no ano seguinte, ele teria mais da metade das intenções de voto na maioria das capitais;

- o apoio  à reforma agrária, então satanizada pelas elites, era superior a 70% em algumas capitais;

- na semana anterior ao golpe, as pesquisas mostravam que Jango tinha 72% de aprovação popular  –entre os mais pobres, o índice chegava a 86%.

O mesmo conservadorismo que  hoje torce por  protestos na Copa colocaria então milhares de pessoas  nas ruas de São Paulo, em 19 de março de 1964,  na Marcha da Família Com Deus pela Liberdade.

O movimento  ecoado na mídia como a evidência cabal do isolamento (inexistente) do governo  não saltou espontaneamente das páginas da imprensa para o asfalto.

Foi preciso organizá-lo meticulosamente.

A mídia cumpriu a sua parte, como o faz hoje, legitimando a ‘revolta da sociedade e da família contra o desgverno’.

Mas coube a Igreja e às ligas de senhoras católicas, com forte participação de esposas de empresários, botar a mão na massa.

Senhoras da elite  usaram sua ascendência para intimar  famílias operárias, sobretudo as mulheres, a integrarem  e divulgar o movimento.

Quase 50 anos depois, a regressão conservadora não dispõe mais da estrutura capilar de mobilização de que lançou mão às vésperas do golpe de Estado que prendeu, torturou, matou, decretou a censura à imprensa e às artes e colocou os partidos e sindicatos  na ilegalidade.

Escribas do jornalismo isento sugerem que podem superar as mais dilatadas expectativas no esforço para reeditar o mutirão cinquentenário na presente  intersecção entre a Copa do Mundo e as eleições presidenciais de outubro.

Para que ele signifique alguma coisa de equivalente ao papel legitimador desempenhado pela Marcha da Família, quando  Jango  tinha  mais da metade das intenções de votos –como Dilma as tem-- alguém terá que puxar o cordão.

A coalizão conservadora espera que cada um cumpra o seu dever.

Ou seja, que um pedaço dos setores progressistas  insatisfeitos com o governo  acenda o forno a 180º  e reforce a levedura na massa.

Uma vez pronto o bolo, vá para casa, e deixe a coisa com quem entende de comer o Brasil.

A ver.

Fonte:  Carta Maior
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