domingo, 20 de março de 2011

O OBAMA QUE NOS VISITA É O DO 'TRABALHO INTERNO'


O Mino Carta já tinha chamado a atenção para o papel desmoralizador do documentário “Trabalho Interno”.

Desmoraliza jornalistas brasileiros, que praticam o pior jornalismo do Grupo dos 20 (fora a China e  Rússia, duas ditaduras).

E vem Charles Ferguson e faz uma investigação impecável, irrefutável sobre a bandalheira que resultou no tsunami de 2008 (aquele que a urubóloga disse que ia afundar o Governo do Nunca Dantes).

O filme descreve como a indústria dos bancos desmontou a regulação criada por Roosevelt, na crise de 29.

A leniência dos governos republicanos – Reagan e Bush, pai – e, especialmente do Bill Clinton, aquele que desmoralizou o Farol de Alexandria em público e ele não se defendeu nem o Brasil.

Clinton, governador do Arkansas, foi almoçar no restaurante Club 21, em Nova York, com Roberto Rubin (*), do Citibank e seus pares.

Os banqueiros propuseram a Clinton: derruba a regulação do Roosevelt e nós te faremos presidente.

Fair deal.

Clinton revogou Roosevelt e instalou o livre-mercado no sistema financeiro mundial.

Transformou-o num aquário de tubarões.

Teve alguns cúmplices.

Um deles, o mais despudorado, Alan Greenspan, que afogou o “conflito de interesse” na ortodoxia neoliberal.

Ganhava dinheiro das empresas de caderneta de poupança quebradas, dizia que eram umas maravilhas, enquanto se “elegia” eterno presidente do Banco Central, como legítimo representante do “mercado”.

Ele impediu a regulação, sempre em nome da ideologia neoliberal: o mercado de derivativos é de uma indústria tecnicamente sofisticada que saberá,  para se preservar, evitar  uma crise sistêmica.

Ou seja, mercado livre se auto-regula.

Não precisa do Roosevelt.

Greenspan teve o apoio de Larry Summers, que, depois de Rubin, foi ser Secretário da Fazenda de Clinton.

Greenspan e Summers fulminaram todos os que alertavam para a iminência de uma catástrofe.

Jogaram o radar no lixo.

No Governo do Bush filho, Summers enriqueceu quando era reitor de Harvar (é isso mesmo, revisor, Harvar): dava expediente no conselho de administração de instituições financeiras mundialmente desreguladas.

O desastre caiu no colo do anão do neoliberalismo, Bush, filho.

Aquele que, de todos os antecessores, mais se aproximou do neo-Fascismo.

(Convém assistir também a “Jogo do Poder”, sobre o papel sórdido do Governo Bush, filho, na campanha das armas de destruição de massa do Iraque.)

Bush filho montou um plano neoliberalmente perfeito para sair da crise:

Salvar os bancos, os banqueiros e o povo que se lixe.

E encheu Wall Street de dinheiro – para os banqueiros e os bancos.

Os maestros dessa operação sem precedentes foram o Secretário do Tesouro de Bush, Paulson, que pode saber ganhar dinheiro, mas, ao falar, lembra um primata; e Timothy Garthner, que está no Brasil, na delegação de Obama.

Garthner era o presidente do Banco Central, seção Nova York, e fez vários Proeres – para salvar o “mercado”:  entregou bancos em crise a bancos menos em crise.

Por um punhado de dólares.

Garthner é o Secretário o Tesouro do Obama.

Garthner levou para o Governo Obama todos os amigos que trabalharam com ele na administração do “Trabalho Interno”.

Estão todos lá.

Outro que Obama levou para o Governo foi quem ?

Quem, amigo navegante ?

O Summers.

Para ser uma espécie de Grã-Vizir da Economia.

O que Obama mudou no Plano Bush para Salvar Bancos e Banqueiros ?

Nada.

Nadinha.

Os banqueiros continuaram – DEPOIS DA CRISE – a receber os bônus na casa das centenas de milhões de dólares.

Regulação ?

Regu – o quê ?

Que regulação, qual nada !

Obama mandou o Ministério da Justiça processar criminalmente algum banqueiro ?

Como ?

Pro – o quê ?

Estão todos soltos e dão gargalhadas quando olham para a fila de desempregados à base 10% da força de trabalho.

Os Estados Unidos têm a maior concentração de renda dos países ricos.

O aumento da renda dos últimos anos se concentrou no 1% mais rico da população.

O neoliberalismo realizou a sua obra: transformou uma República numa Oligarquia.

Os EUA têm o mercado financeiro menos regulado do Grupo dos 7 – é o paraíso dos neoliberais.

Obama mudou alguma coisa ?

Como, amigo navegante ?

Mudar o quê ?

Aí entram os economistas no “Trabalho Interno”.

(A tradução é um desastre. Mata o sentido pejorativo, criminoso do titulo do americano. Melhor seria se fosse “A História da Crise”, ou os  “Os Gangsters de Wall Street”.)

O filme conclui que a Economia  – como diz um entrevistado – é inútil.

Já os economistas são muito útei$$$ !

Eles criaram a ideologia da desregulamentação.

Eles deram à roubalheira a justificação ideológica, quase teológica.

Rouba, mas faz !

O livre mercado é Deus !

Isso dito naquela linguagem bizantina, anglofilizada, inalcançável.

Eles disseram que a Islândia era uma maravilha – e a economia da Islândia se espatifou.

Eles deram cobertura teórica e matemática – como se sabe, na mão de um economista, a matemática serve para tudo, como o Óleo de Fígado de Bacalhau – aos produtos que a neoliberalidade concebeu e a desregulamentação permitiu.

CDOs, swaps, colateralização, derivativos, sub-prime, securitização, junk bonds, empréstimo predatório. AAA …

São todos a mesma coisa: tomar dinheiro dos trouxas e embolsar a grana.

A melhor coisa do  mundo é “o dinheiro dos outros” – “other’s people money”.

(Depois, claro, de pagar a prostituta com dinheiro da firma, no expense account, como se faz muito para agradar os clientes de um “Trabalho Interno”.)

E os economistas lá: firmes.

Isso é uma maravilha !

É a modernidade !

É o “avanço”, como costuma dizer o Farol de Alexandria ! 

E bota a grana no bolso.

Harvar (é isso mesmo, revisor, Harvar) e Columbia se sobressaem nesse papel recompensador: justificar o assalto e botar uma parte no bolso.

Os economistas – sem falar nas agências de risco, mas isso é a corrupção óbvia, visível a olho nu – são aquelas testemunhas do Poderoso Chefão que vêem da Sicília depor na CPI sobre a máfia e se calam.

É uma pequena variação.

Os economistas dizem o que os bancos precisam que eles digam.

São os “especialistas” do PiG(**).

São os colonistas (***) do PiG.

E o Obama ?

O Obama, amigo navegante ?

Bom, o Obama, segundo um entrevistado do filme, acha que a crise é passageira.

Quando passar, tudo volta ao que era.

Tomar dinheiro dos trouxas e botar no bolso.

E os economistas, lá, firmes: isso é a liberdade, o mercado, Adam Smith, a inovação financeira, o avanço …


Paulo Henrique Amorim


Fonte:  Conversa Afiada

DUAS OPINIÕES SOBRE O "NÃO" DO CARA AO ENCONTRO COM OBAMA, A DECEPÇÃO.

EM DOIS TEXTO, OPINIÕES DIFERENTES SOBRE A AUSÊNCIA DE LULA NO ENCONTRO COM OBAMA, A DECEPÇÃO. NO PRIMEIRO, EDUARDO GUIMARÃES DEFENDE QUE LULA DEVERIA TER IDO E EXPÕES AS RAZÕES; NO SEGUNDO, PAULO HENRIQUE AMORIM DIZ PORQUE LULA NÃO FOI E DEFENDE ESTA DECISÃO;  TIRE SUAS PRÓPRIAS CONCLUSÕES.


Aqui o texto de Eduardo Guimarães.

Sobre Lula recusar encontro com Obama

É comum e compreensível que em momentos simbólicos na política as pessoas tentem adivinhar o que provocou este ou aquele comportamento para além do que os fatos autorizam supor. E isso acontece quer se queira, quer não. Por exemplo: a visita de um chefe de Estado simboliza apoio e deferência ao anfitrião. Ninguém visita quem desaprova.
Por outro lado, a ausência de um ícone político como Lula em um encontro entre chefes de Estado, como acontece quando o ex-presidente abre mão de se encontrar com Obama no âmbito da agenda diplomática para a visita do presidente norte-americano, pode de ter mil significados.
A política, no entanto, é feita de simbolismos. A presença ou a ausência de políticos em eventos está entre os mais evidentes. A ausência de Lula no almoço com Obama, para o qual foi convidado pelo cerimonial juntamente a outros ex-presidentes, certamente será vista como “desfeita”.
A menos que houvesse explicação oficial mais convincente do que ir a festa de aniversário de um familiar. Como não houve outra explicação, a que foi dada soa como desculpa. É meramente lógico, portanto, extraírem desaprovação da hipótese, ainda por se confirmar, de Lula vir a ser o único ex-presidente a não se encontrar com Obama durante a sua visita ao país.
A hipótese de o ex-presidente não querer ofuscar Dilma, não cola. Apesar de ser mais popular do que os outros ex-presidentes, seria grosseria de Lula se diferenciar dos colegas achando que sua presença, diferentemente das dos outros, seria a única a ofuscar a anfitriã oficial. Por mais que essa seja a verdade.
Mesmo que exista alguma razão insuspeita, que não a de Lula desaprovar Obama ou a maior aproximação comercial do Brasil com os Estados Unidos, se a razão que não se imagina não for explicada, o simbolismo da ausência ilustre permitirá ao cidadão comum inferir desaprovação do gesto do ex-presidente.
A possibilidade de desaprovação de Lula é muito séria e sobre ela não pode pairar dúvida. Se existisse, denotaria um abalo nas relações com a sucessora – que parece pouco provável, no âmbito das conjecturas. Ou que deveria ser pouco provável…
Urge, pois, que seja oferecida ao público uma explicação convincente para Lula ter sido o único ex-presidente do período pós-redemocratização a não se reunir com o presidente dos Estados Unidos. Isso se realmente for o único, se todos outros comparecerem mesmo.
Este não é um juízo de valor, é uma constatação. Não importa o que pensa o blogueiro. Importa o que a ausência de Lula parecerá. Parece-me pouco provável que ele não saiba disso ou que ao menos alguém em seu entorno não lhe tenha dito. A menos que não contassem com a mídia ressaltar tanto o fato.
Seja como for, repito que agora há um fato inescapável com o qual haverá que lidar: a ausência de Lula, devido à publicidade que tal ausência está recebendo da mídia, deixa a impressão de que há uma desaprovação do ex-presidente não só ao visitante ilustre – ou ao que ele representa –, mas à decisão de recebê-lo daquela que governa o país.
Só para que se tenha uma idéia, o porteiro do prédio, o frentista do posto e uma enfermeira relataram que acham que Lula não gosta de Obama e que estaria “puto” com Dilma por recebê-lo. Se não foi essa a mensagem que se quis passar, a versão terá que ser desmentida e a mídia terá que repercutir.

E aqui o texto de Paulo Henrique Amorim.
        PORQUE OBAMA NÃO VAI VER O NUNCA DANTES. POR CAUSA DO IRÃ.


O Nunca Dantes disse que não ia.

Deu a desculpa de abrir espaço para a Presidenta.

Desculpa.

O Nunca Dantes não foi ao almoço do Obama, porque o Brasil e a Turquia convenceram o Irã a fazer um acordo sem precedentes em torno do programa nuclear, já que Obama tinha mandado uma carta que apoiava a negociação.

Clique aqui para ir ao site Vermelho e ver o que diz o grande chanceler Celso Amorim: EUA querem resolver tudo com “atitude de caubói”.

Na hora “H”, o Irã concorda.

O Brasil e a Turquia se instalaram de forma irreversível no centro do novo arranjo internacional.

Brasil e Turquia são atores proeminentes no mundo pós-EUA, à espera do mundo chinês.

Estão lá e ninguém – nem o PiG (*) – tira eles de lá.

Aí, Obama recua.

Recua, como recuou no programa de recuperação da economia e referendou a estratégia de Bush: salvou os banqueiros e deu uma banana para os americanos.

Recuou, quando desistiu de replicar o modelo canadense de saúde pública e contentou-se com uma solução tímida – ainda que muito melhor do que o sistema selvagem que prevalecia, antes.

Recuou, como recuou no Egito.

Segurou o Mubarak até minutos antes de Mubarak fugir para um resort – e as contas em paraísos fiscais.

Obama recuou e boicotou o acordo que o Brasil e a Turquia tinham negociado com sangue, suor e lágrimas com o Irã.

Venceu a Hillary, a face falcão do Obama, que aprovou sanções da ONU tão inúteis quanto desgastantes.

Deu-se que os sunitas estão em fuga no Oriente Médio e os xiitas do Irã estão mais fortes do que nunca.

E o Irã continua com seu programa nuclear, inabalável.

As sanções da ONU incomodam o Irã quanto os ratos que rugem. 

O Nunca Dantes é de outra estirpe do Farol de Alexandria.

O Farol aceitou o convite, pressuroso.

Ele sempre sonha em reproduzir a relação – subserviente – que manteve com Bill Clinton.

Foi Clinton quem empurrou um acordo para salvar o Brasil pela goela abaixo do FMI – e salvar a re-eleição do Farol.

O que não impediu que Clinton desmoralizasse o Farol em público, enquanto FHC estava na Presidência.

E o Farol foi incapaz de se defender – ou defender o Brasil.

O Nunca Dantes vai entrar para a História do Brasil num outro capítulo.

O da altivez.


P.S:  Os textos foram copiados dos respectivos blogs de seus autores:  Blog da Cidadania e Conversa Afiada.
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