sábado, 30 de julho de 2011

EUA: A MISÉRIA BATE À PORTA



Mais de 5 milhões de lares perderam toda a riqueza desde 2005 nos EUA
5,6 milhões de lares, ou 15 milhões de pessoas, tiveram toda sua riqueza completamente destruída durante a primeira parte da queda econômica
Por Andre Damon, na Revista Fórum
Tradução de Idelber Avelar

O lar típico dos EUA perdeu 28% de sua riqueza durante a crise econômica, com um terço tendo sido completamente destruído, de acordo com uma recente análise de números do Census Bureau realizada pelo Centro de Pesquisas Pew, intitulada “A diferença de riqueza entre brancos, negros e hispânicos sobe a um nível recorde”.

O estudo focaliza as disparidades raciais, mas as descobertas mais assustadoras dizem respeito ao empobrecimento geral de todos os setores da população. A porcentagem de lares dos EUA que tem ativos de zero dólares ou abaixo—ou seja, que têm mais dívidas que posses—subiu de 15% em 2005 para 20% em 2009. Isso significa que 5,6 milhões de lares, ou 15 milhões de pessoas, tiveram toda sua riqueza completamente destruída durante a primeira parte da queda econômica. Estes números vêm de uma pesquisa do Census Bureau para 2005 e 2009.

O estudo mostrou que, depois de ajustes de inflação, a riqueza média dos lares dos EUA caiu de US$96.894 em 2005 para US$70.000 em 2009, uma queda de 28%. A maior parte disso é atribuível à queda vertiginosa no valor dos imóveis, que foi da ordem de 30% entre 2006 e 2009 e até maior desde então.

A queda no valor das casas se combinou com a queda nos salários. Entre 2005 e 2009, a média recebida pelos trabalhadores por hora caiu 5%, depois de ajustada a inflação, de acordo com o Ministério do Trabalho.

O endividamento tem crescido de forma tão rápida como a riqueza tem caído. Entre 2005 e 2009, as dívidas não asseguradas cresceram 33% para a população como um todo, mostrou o estudo. Enquanto isso, a parcela da riqueza em mãos dos 10% mais ricos cresceu de 49% em 2005 para 56% em 2009.

As minorias raciais receberam um golpe particularmente duro, incluindo-se aí a queda no valor das casas. A riqueza líquida do lar hispânico caiu 56%, de US$12.124 em 2005 a US$5.677 em 2009. O valor líquido dos lares negros também desabou, 53%. Entre os hispânicos, as dívidas não asseguradas subiram 47%.

O nível de desigualdade entre brancos, negros e hispânicos é hoje o maior dos últimos 25 anos, e sem dúvida é mais alto do que antes desses 25 anos. A diferenciação racial é parcialmente atribuível à geografia. Enquanto que os brancos viram o valor de suas casas cair 18% e os negros, 23%, o valor das casas dos hispânicos caiu em mais de 50%.

Como nota o relatório, “em 2005, mais de dois em cada cinco lares hispânicos ou asiáticos se encontrava no Arizona, Califórnia, Flórida, Michigan ou Nevada, os cinco estados com declínios mais agudos nos preços das casas”. Para os hispânicos que moram nesses estados, nota o relatório, os ativos médios caíram de US$51.464 em 2005 para US$6.375 em 2009, uma queda de 88%.

Essas divergências raciais, no entanto, mascaram o aumento mais fundamental da desigualdade entre as classes trabalhadoras e os ricos de todas as raças. O relatório nota que os 10% dos negros mais ricos controlam 67% de toda a riqueza daquele grupo, comparado com 59% antes da crise. Para os hispânicos, da mesma forma, os 10% mais ricos controlam 72% da riqueza em 2009, por oposição a 59% em 2005.

O número de desempregados, enquanto isso, subiu de 7,9 milhões para 15,2 milhões entre 2005 e 2009. O crescimento do desemprego também afetou as minorias desproporcionalmente. O desemprego tem afetado negros e hispânicos de forma desproporcional, com a taxa atualmente em 16,5% para os negros e 11,6% para os hispânicos.

A tremenda queda na riqueza tem tido um efeito transformador na sociedade estadunidense, contribuindo para milhões de execuções de hipotecas e falências pessoais. De acordo com os números da Realtytrac.com, houve 10 milhões de execuções de hipotecas entre 2005 e 2009.

Abaixo o original em inglês e aqui a sua fonte.

More than 5 million households had their wealth wiped out since 2005

By Andre Damon 
28 July 2011
The typical US household lost 28 percent of its wealth during the economic crisis, with one third of these being totally wiped out, according to a recent analysis of Census Bureau data carried out by the Pew Research Center, “Wealth Gaps Rise to Record Highs Between Whites, Blacks and Hispanics”.
While the study headlines racial disparities, the most striking findings concern the general impoverishment of all sections of the population. The percent of US households who have a net worth of zero dollars or below—meaning they have more debts than assets—grew from 15 percent in 2005, to 20 percent in 2009. This means that 5.6 million households, or about 15 million people, had their wealth totally wiped out during the first part of the economic downturn. These figures come from an analysis of Census Bureau survey data for 2005 and 2009.
The study found that, after adjusting for inflation, the median wealth of US households fell from $96,894 in 2005 to $70,000 in 2009, a drop of 28 percent. The majority of this is attributable to the precipitous fall in real estate values, by about 30 percent between 2006 and 2009 and even more since.
The fall in home values has been compounded by falling wages. Between 2005 and 2009, workers’ average hourly earnings fell, on an inflation-adjusted basis, by 5 percent, according to the Labor Department.
Indebtedness has grown as rapidly as wealth has fallen. Between 2005 and 2009, unsecured liabilities grew 33 percent for the population as a whole, the study found.
Meanwhile, the share of household wealth held by the wealthiest ten percent of households grew from 49 percent in 2005 to 56 percent in 2009.
Racial minorities have been particularly hard hit, including by the fall in housing values. The net worth of Hispanic households fell by a staggering 66 percent, from $12,124 in 2005 to $5,677 in 2009. The net worth of black households has likewise tumbled 53 percent. Among Hispanics, unsecured debt grew by 47 percent.
The level of inequality between whites, blacks, and Hispanics is now at the highest level in 25 years, and no doubt longer. The racial differentiation is partly attributable to geography. While whites saw the values of their own homes fall by 18 percent and blacks by 23 percent, the home values of Hispanics fell by more than half.
As the report notes, “In 2005, more than two-in-five of the nation’s Hispanic and Asian households resided in Arizona, California, Florida, Michigan and Nevada, the five states with the steepest declines in home prices.” For Hispanics living in these states, the report noted, “median net worth tumbled from $51,464 in 2005 to $6,375 in 2009, a loss of 88 percent.”
These racial divergences, however, mask the more fundamental growth of inequality between the working class and the wealthy of all races. The report notes that the wealthiest 10 percent of blacks now controls 67 percent of the wealth for that group, compared to 59 percent before the downturn. For Hispanics, likewise, the wealthiest 10 percent controlled 72 percent of wealth in 2009, up from 59 percent in 2005.
The number of unemployed, meanwhile, grew from 7.9 million to 15.2 million between 2005 and 2009. Rising unemployment, too, has disproportionately affected minorities. Unemployment has affected blacks and hispanics disproportionately, with the unemployment rate for blacks currently at 16.5 percent and 11.6 percent for hispanics.
The staggering fall in wealth has had an transformative effect on American society, contributing to the millions of foreclosures and personal bankruptcies. According to figures from Realtytrac.com, there were 10 million foreclosures between 2005 and 2009, the years covered by the survey.


via  O Esquerdopata

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...