quarta-feira, 25 de junho de 2014

PELO REGIME DE PARTILHA, PETROBRÁS "GANHA" CAMPO MAIOR QUE LIBRA




Em plena Copa, uma notícia passa sem o impacto que deveria ter na mídia.
Talvez porque seja uma das melhores notícias que se pudesse dar.
Como este blog havia informado em novembro do ano passado, o Governo entregou à Petrobrás, como estava autorizado pelas leis que aprovaram o regime de partilha, aprovadas no final do Governo Lula, quatro das seis áreas de cessão onerosa utilizadas como garantia no processo de capitalização da empresa.
Concentradas no campo de Franco, agora chamado de Búzios, tem entre 10 e 14 bilhões de barris de petróleo recuperáveis, quase o mesmo que as reservas provadas do nosso país.  Algo como 25% mais do que Libra, o maior campo de petróleo descoberto no mundo neste milênio.
Além de Búzios, foram entregues as áreas do entorno de Iara, Florim e Nordeste de Tupi, que provavelmente serão  unitizados (reunidos, em linguagem do setor) em uma só área de exploração.
Fora as receitas de impostos, só de lucro líquido para o país – que fica com três quartos do lucro, cabendo um quarto à Petrobras – o campo renderá à educação é a saúde brasileiras algo como 700 bilhões de reais, a preços de hoje.
É uma área capaz de, ao longo de 30 anos de produção, permitir uma extração média de 1,3 milhão de barris diários, ou metade do que tudo o que é produzido hoje no país.
E, curiosamente, a reação do mercado, na negociação das ações da Petrobras, derrubou o valor dos papéis da empresa.
É que isso irá, nos próximos anos, fazer a Petrobras ter de investir – e quase tudo dentro do Brasil – cerca de R$ 500 bilhões.
Ou, para os que gostam de comparações, 20 vezes tudo o que se chama de “gastos” com a Copa. Ou 120 vezes o valor dos empréstimos do BNDES para a construção de estádios.
São pelo menos 20 navios-plataforma, dezenas de sondas, centenas de barcos de apoio e instalações em terra.
Uma imensa máquina de distribuir receita, impostos, indústrias e serviços da cadeia de suprimento necessária.
Aos que estranharam a posição deste blog quando se tratou de leiloar o campo de Libra, à procura de parceiros capazes de injetar capital na exploração do campo de Libra, aí está a resposta do porque.
Era preciso “guardar” a capacidade da Petrobras de explorar estes campos ainda maiores.
E fazê-lo de forma a proteger o patrimônio nacional das tentativas, que não terminam, de entregar essa riqueza ao capital estrangeiro.
No final de 2016, início de 2017, Búzios produzirá seu primeiro óleo comercial e, nos dois anos seguintes, sua produção vai começar a pagar parte deste volume de investimentos.
Em um período de sete ou oito anos depois disso, a extração alcançará o limite de 5 bilhões de barris contratados, em condições mais favoráveis à Petrobras, pois passam a vigir as regras mais pesadas acertadas hoje com o Governo.
Até lá, este dinheiro vai remunerar o crescimento da participação governamental no aumento de capital da empresa, o que tornou possível recuperar parte do pedaço da Petrobras entregue por Fernando Henrique Cardoso, ao vender suas ações na bolsa de Nova York.
Hoje, este assunto se resumirá em pequenas e ácidas matérias nas páginas de economia dos jornais.
Em 20 anos, talvez, meus netos aprendam nos livros de escola sobre esta segunda independência – a econômica – do Brasil.

2014, O ANO EM QUE GALVÃO SAIU DE FÉRIAS PARA NÃO MAIS VOLTAR

Diário do Centro do Mundo 

"Você está vendo o jogo do Brasil com Camarões acompanhado de amigos. Tudo nos conformes, fora uma ou outra escorregada ufanista do locutor do canal pago.

Até que alguém — o mineiro TT — tem a ideia de mudar para a Globo. “Vamos ver o Galvão para dar umas risadas”, é a sugestão. Um ou outro protesto na sala, a vitória já garantida, a atenção diluída, a cerveja… Ok, por que não?
Voltar ao Galvão é uma viagem no tempo. É como ver fotos do Natal de 86. Mas, se alguém esperava nostalgia, o que vem é a imagem daquele tio de terceiro grau inconveniente. Ao mesmo tempo, o alívio de que esse monopólio nos mundiais terminou.

Nas duas últimas Copas, a Globo perdeu quase metade da audiência. A abertura da Alemanha 2006 bateu 65,7 pontos. Na África do Sul, em 2010, caiu para 45,2 pontos. Brasil e Croácia marcou 37,5 pontos.

O mundo mudou, mas Galvão e Globo não. No terreno do folclore, continuam lá o bullying em Casagrande e Arnaldo e as gafes. Neymar foi chamado de Romário e um oriental na plateia pode ser “nissei, ele pode ser sansei. Ele pode nem ser brasileiro”. Houve leitura labial, também.

Junto com a histeria — e você precisa ser muito ingênuo para esperar o contrário –, o que temos é a velha arrogância combinada com uma incapacidade de adaptação aos dias de hoje. O que você faz quando não precisam mais de você?

No momento do gol de Fred (“Don Fredón”), o tira-teima da Fifa colocou o atacante em impedimento. Estava errado, embora a transmissão, diga-se, esteja sendo um show, superior, tecnicamente, a tudo o se apresentou por aqui.

Galvão ficou inconformado num grau absurdo. “A própria Fifa já admitiu que não funciona”, disse. Não era só patriotada. Começou uma diatribe sobre como a Globo não é autorizada a mostrar imagens durante a partida. “Não podemos mostrar durante a transmissão por questões contratuais”, afirmou. Eles não perdiam por esperar.

Fred não estava impedido, mas o chilique desproporcional de Galvão era uma espécie de aviso: “Eu já sabia!”, ele poderia ter dito. “Quem mandou a Fifa não ter o padrão Globo?” Faltava sacudir no ar o crachá, gritando “não é assim que se faz, não é assim que se faz, seus trouxas incompetentes!”.

Em 2010, havia 7,5 telespectadores das TVs abertas para cada um das por assinatura. Quatro anos depois, a proporção está em 6,8 por um. Vai diminuir.

Uma foto dos atletas na concentração sintonizados na Band teria deixado a direção da emissora chateada com a CBF. Tudo conspira contra. Até Datena, que a rigor é um Galvão por outros meios. Ele já anunciou que 2014 é sua última Copa. É o Sarney da TV, a lembrança de que o Natal de 86 foi triste e de que dias melhores virão."

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