segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

A "ESCRITORA" VERA FISHER X DILMA ROUSSEFF

Mônica Bergamo
bergamo@folhasp.com.br

Luciana Whitaker/Folhapress
A atriz Vera Fisher, que lança o romance 'Serena', em seu apartamento no Rio

EU NÃO ESCREVO PRA POBRE

Vera Fischer lança, no dia 20, o romance "Serena", o primeiro de uma série de dez, todos com nome de mulher. Ela falou à coluna:



Folha - Como é o romance?
Vera Fischer - Não queria que meus livros fossem açucarados, mas sim vibrantes, para o público começar a ler e não parar mais. Já tenho dez livros escritos. E não queria títulos como "Um Amor e a Traição", "O Barco e a Saudade". Falei: vou botar nome de mulher, "Serena", depois "Donatela", "Valentina", "Pietra"... É a marca Vera Fischer. Fica mais chique.

Dez livros?
Fiz um atrás do outro, durante um ano. Como tenho muita imaginação, vou criando personagens. Tem uma situação ou duas pelas quais eu passei. Mas ninguém pode saber, é "segredíssimo". Eu descrevo os personagens, o perfume, as roupas, se é Ungaro ou Valentino. Meus personagens não são nunca pobres, são sempre ricos (gargalhada).

Por quê?
Porque eu não gosto, eu não sei escrever pra gente pobre. Eu detesto.

O universo dos ricos é mais interessante?
É mais interessante. Cada livro tem pelo menos uma viagem ao exterior. O "Serena" tem Marrocos e St. Barths, no Caribe.

Os que você chama de pobres podem comprar seus livros.
Podem. Porque eles não custam caro. Eles vão se identificar e adorar. Coisa bonita sempre é melhor.

Qual é o seu estilo?
Ah, esse negócio de descrever uma folhinha caindo da árvore em quatro páginas, ninguém tem mais saco pra ler isso, não. As coisas são rápidas nos meus livros.

Tem até um sequestro.
Achei que o livro tava acabando e aí falei: tem que inventar coisa interessante pra acontecer. Vamos botar um sequestro! É ação.

Tem também sexo oral.
Os meus livros têm sexo de todo tipo. Têm gays fazendo sexo -eu não sei como é, mas invento. Tem de tudo. Não tenho pudor. O mundo dos escritores é assim.

Em 2009 você disse: "Estou há dois anos sem sexo". E agora?
Ah, de vez em quando tem um sexozinho assim rápido.

O que você achou de uma mulher ser eleita presidente?
Eu achei que podia uma mulher ser eleita presidente, mas não esta (Dilma Rousseff). Porque essa não dá, né? O PT não dá mais.

A DIFERENÇA DO PT , PARA VERA FISHER APRENDER

Previdência
Sem proteção social
A maioria dos trabalhadores no mundo não tem direito a benefícios, como seguro-desemprego. Bolsa Família diferencia o Brasil
Vânia Cristino

Apenas uma em cada cinco pessoas no mundo conta com uma proteção social em patamares dignos e apropriados. As demais ou não têm qualquer tipo de cobertura ou ela é insuficiente para garantir os níveis mínimos, listados pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) na Convenção 102. Embora a fotografia do globo em termos de proteção social ainda seja desalentadora, é possível gastar relativamente pouco — entre 3% e 5% do Produto Interno Bruto de cada país — e tirar contingentes significativos da população da condição de desamparo total e miséria.

“É possível estender a cobertura mesmo em países com dificuldades econômicas e fiscais”, afirmou o especialista em seguridade social para as Américas da OIT, Helmut Schwarzer, convidado a participar da I Conferência Mundial sobre o Desenvolvimento de Sistemas Universais de Seguridade Social, promovida pelo governo brasileiro. O Brasil, aliás, é frequentemente citado internacionalmente como um exemplo a ser seguido, porque tem destinado parcela significativa do seu orçamento a gastos sociais e conseguindo diminuir a pobreza.

QualificaçãoA coqueluche internacional é o Bolsa Família. Assim como o Oportunidades, do México, o programa brasileiro é focado em famílias pobres, com crianças. Mediante a transferência monetária, mais a obrigatoriedade dos pequenos estarem na escola e a assistência à saúde — combinadas ainda com outras políticas públicas, como a qualificação profissional — tenta-se romper a transmissão da pobreza entre as gerações. O programa brasileiro já atinge 13 milhões de famílias. A meta da presidente eleita, Dilma Rousseff, é eliminar a pobreza extrema no país até 2014.

“É preciso primeiro pensar na universalização da cobertura para, depois, se introduzir melhorias nos programas”, defendeu Schwarzer. Desde a crise financeira internacional de 2008, as Nações Unidas vêm defendendo a criação de um piso de proteção social, como ferramenta que os países podem utilizar para garantir um patamar mínimo de proteção para seus cidadãos. Além de evitar o aprofundamento da pobreza, a saída da crise foi mais rápida e menos traumática nos países que contam com esse tipo de benefício.

ProgramasPela Convenção 102 da OIT a cobertura social completa abrange oito programas distintos, como acesso universal à saúde, pensão por morte, salário-maternidade e família, proteção contra o desemprego, além de aposentadoria por idade, por invalidez e por acidente de trabalho. Na América Latina e no Caribe, apenas cinco países, entre eles o Brasil e a Argentina, possuem os oito ramos da seguridade. A maioria conta com entre seis e sete programas e o Haiti, o mais pobre de todos, com apenas quatro. Os benefícios que geralmente faltam são o salário-família e o seguro-desemprego.

Mesmo os países que contam com todos os programas estão longe de protegerem toda a população- alvo. O seguro-desemprego, por exemplo, geralmente é voltado ao mercado formal, o que deixa trabalhadores pobres de baixa renda desprotegidos. A saúde pública básica, acessível a todos, já é uma realidade em muitas nações, mas, muitas vezes, a sua qualidade deixa a desejar. A pensão assistencial para os idosos, por exemplo, só recentemente foi universalizada na Bolívia.

No retrato das boas práticas em seguridade social, a melhor nota fica para os países ricos, membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que possuem um contingente expressivo de suas populações protegidas. Nos países da América Latina e do Caribe, a proteção social gira em torno de 1/3 da população. Na África e nos países do sul da Ásia, a situação é ainda mais crítica.
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