sábado, 23 de março de 2013

DILMA CRESCE; MÍDIA BUSCA UM 'CAPRILES NIETO' BRASILEIRO





A restauração conservadora fareja frestas e flancos para romper o colar de governos de centro-esquerda que, nos últimos dez anos, estendeu suas contas formando um cinturão de políticas progressistas no interior da América Latina. 

Vive-se, grosso modo, um interregno entre dois ciclos. 

Um, que parece ter se completado com a consolidação de políticas sociais e salariais, que remodelaram a dinâmica da cidadania e do consumo em largas fronteiras da América Latina. 

Em graus distintos, esse estirão foi favorecido pelo afrouxamento do gargalo externo, marcado por uma década de preços altos das commodities. 

Não há automatismos na história.

Políticas deliberadas destinaram esse impulso ao resgate parcial de uma exclusão secular, aprofundada pela hegemonia livre mercadista dos anos 90.

A história regional registra outros ciclos de valorização de produtos primários sem contrapartida social equivalente. 

O fôlego externo enfrenta agora o ar rarefeito da estagnação planetária escavada pela desordem neoliberal. 

Abre-se um descompasso entre o fluxo da história e o das receitas.

A América Latina depende de investimentos pesados, que liguem o impulso original do consumo a uma inadiável adequação da oferta e da logística à escala ampliada da demanda e dos direitos. 

O cinturão de governos progressistas debate-se para erguer os pilares dessa transição num ambiente internacional que deixou de favorecê-lo. 

A queda de braço para destravar o novo ciclo é a linguagem cifrada através da qual o aparato conservador põe a campanha na rua, enquanto busca o porta-estandarte capaz de encabeça-la.

Nessa corrida contra o tempo afloram os Enriques Peña Nieto, os Henrique Capriles, os Aécios e Eduardos Campos. 

Não são feitos da mesma argila, sublinhe-se. 

Mas se prestam como gargantas do mesmo sopro, sendo notável a semelhança entre o que dizem e o prometem. 

A saber:

a)‘Manter o que deu certo’: ninguém, nem Capriles, nega os avanços sociais da última década; explicitamente não se vocaliza a intenção de revogar políticas e programas que resgataram milhões de pessoas da pobreza e da miséria na região;

b) ‘Dá para fazer mais’: a platitude, aparentemente ingênua, interliga Capriles a Campos, por exemplo. Repita-se, não são argila do mesmo rio. Emparedados pelos inegáveis trunfos dos que pretendem substituir, porém, apresentam-se como capazes de superá-los, sem contradizê-los naquilo que se tornou quase irreversível;

c) Mais liberdade para o mercado agir: Enrique Peña Nieto, presidente mexicano recém-eleito, um misto de Collor com Aécio, com sorriso fixo dirigido permanentemente à plutocracia, como Campos, é o que explicita de forma mais assumida o projeto conservador em gestação. 

d) ‘Retomar as reformas’ : num ambiente desgastado pela incapacidade progressista de se unir em um projeto convincente para a sociedade, o engomadinho mexicano – jovem na aparência—ganha espaço para resgatar velhas bandeiras. O óbvio reiterado mais uma vez na sua ascensão: o neoliberalismo colapsado extrai sobrevida da ausência de projeto e lideranças críveis, à esquerda. 

e) ‘Um novo acordo político’: nesse interregno em que o velho nada tem a inovar, mas o novo se mostra desprovido de liderança consistente, Peña Nieto transita com desenvoltura mórbida. Empurra uma a uma as reformas regressivas na goela de uma sociedade exausta, cujo sistema político desmoralizado lhe deu carta branca para agir. 

Em que direção?

A reforma trabalhista mexicana flexibiliza direitos, legaliza contratos temporários, barateia demissões. 

A da energia tem abrangência pomposa, mas objetivo específico: privatizar a Pemex, a Petrobras mexicana. Tudo em nome da pátria –a exemplo do nacionalismo tardio de Aécio. 

O idioma dominante é a língua dos acionistas. Bolsas e bolsos estão sequiosos por um desmonte que reduza investimentos e engorde a rubrica dos lucros nos balancetes; loteie reservas de petróleo; gere mais sobras a serem distribuídas. 

Os pregões borbulham em sinal de gratidão. A mídia 'especializada' urbi et orbi sanciona a receita e com ela açoita os governantes infiéis.

O México se oferece como a meca da restauração neoliberal.

Já tivemos paradigmas em melhor situação.

Cerca de 2/3 dos 2.500 municípios mexicanos estão dominados por gangues sanguinárias do circuito drogas/crimes.

É a herança mais ilustrativa de décadas de governantes e políticas das quais Peña Nieto é um protagonista agressivo, mas equipado com sorriso 24 horas e cabelos impecavelmente lustrados à mousse.

O golpe mais flamejante desse manequim do neoliberalismo recosturado reúne ingredientes ao gosto dos savonarolas . 

A prisão de uma liderança sindical corrupta, decana do professorado mexicano, franqueou-lhe os atabaques da mídia para sapatear sobre as organizações dos trabalhadores. Leia-se: afastar a influência sindical e dos movimentos populares na formulação das políticas setoriais.

A desfrutável sofreguidão com que protagonistas desse mesmo enredo se oferecem à mídia e à plutocracia no caso brasileiro não deve levar a erros de avaliação.

A temporada de caça à Dilma, insista-se, não reflete apenas apetites menores.

As respostas às arremetidas conservadoras terão pouca eficácia se ficarem restritas a aspectos do caráter de seus portadores. 

Um ciclo econômico envia sinais de exaustão. 

O novo que pede para nascer dificilmente vingará se depender exclusivamente da compreensão dos mercados e da grandeza patriótica dos investidores privados.

Cortejado, o dinheiro graúdo inaugurou a temporada do 'vamos ver quem dá mais'. 

A campanha conservadora instalou seu pé de palanque ostensivo no noticiário econômico.

Dia sim, dia não, ele aciona o bordão: o capital privado "não sente mais segurança" para investir no país , tantas são as medidas do governo (a maioria, diga-se, de incentivo ao próprio).

Pesquisas divulgadas nesta 3ª feira mostram recorde de aprovação ao governo. A leitura do aparato conservador será apertar ainda mais as turquesas.

Não cabe ilusão, eles vão radicalizar. 

Cozinha-se o governo Dilma, por enquanto, no banho-maria do desgaste capcioso.

Ademais dos esforços para atrair investidores aos projetos prioritários, o governo e seu lastro de forças progressistas só renovarão a confiança da sociedade na sua liderança em 2014 se, de fato, se mostrarem capazes de exercê-la.

O dinheiro de que o país necessita para investir existe. Fundos de investimentos estocam mais de R$ 500 bilhões, para citar uma das gavetas do cofre forte.

A poupança deve servir à sociedade.

Cabe ao Estado induzir a migração do dinheiro ocioso em investimento produtivo, o que requer uma estratégia firme, ancorada no indispensável lastro político. (Leia nesta pág. a reportagem 'Os ultramultimilionários')

Se hesitar ou se acanhar, se renunciar, enfim, ao papel indutor, deixará aberto o espaço para aqueles que deveriam ser conduzidos conduzirem. E escolherem um porta-voz.

Diferentes versões de ‘Capriles Nietos’ já se posicionam sorridentes na gondola pré-eleitoral. Ofertam-se à degustação de um 'Brasil melhor' 

É só escolher e colocar no carrinho. 

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*Obs: nota atualizada dia 19/03, às 13h30.

Postado por Saul Leblon às 20:58

Fonte:  Carta Maior

DILMA LANÇA PACOTE CONTRA A SECA



Entre as medidas estão a desburocratização da aplicação e liberação de recursos, a distribuição e o transporte de ração para áreas de maior dificuldade de chegada dos produtos, a liberação de crédito para o produtor e de verba para a limpeza de barreiras e de barragens, além da perfuração de novos poços artesianos; anúncio, além do caráter administrativo, tem um componente eleitoral: é uma forma de neutralizar Eduardo Campos, que vê no Nordeste a chance de se torna competitivo para as eleições presidenciais de 2014
23 DE MARÇO DE 2013 ÀS 13:34



Valter Lima, do Sergipe 247 – A presidente Dilma Rousseff (PT) anunciará nesta segunda-feira (25) um pacote de medidas para ajudar as vítimas da seca, que assola toda a região Nordeste e parte do Estado de Minas Gerais. A ação, além do caráter emergencial diante dos problemas causados pela longa estiagem, também tem um componente eleitoral. Será uma das formas da presidente neutralizar as investidas do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, presidenciável do PSB, na região. Não é sem razão que o anúncio das medidas ocorrerá no Estado do possível adversário de Dilma em 2014.
Entre as ações estão a desburocratização da aplicação e liberação de recursos, a distribuição e o transporte de ração para áreas de maior dificuldade de chegada dos produtos, a liberação de crédito para o produtor e de verba para a limpeza de barreiras e de barragens, além da perfuração de novos poços artesianos. 
De acordo com o deputado federal Rogério Carvalho (PT/SE), em conversa com o Sergipe 247, as medidas são acertadas, pois irão ao encontro das necessidades mais urgentes dos sertanejos. “A desburocratização da aplicação dos recursos é extremamente importante, pois estamos numa situação de anormalidade, de escassez de chuva e de sofrimento humano por causa da dizimação do rebanho, das pastagens e das lavouras. Portanto, não dá para tratar como se tivesse na normalidade, com muita burocracia”, afirmou.
O parlamentar também explicou que a liberação de crédito para o pequeno produtor servirá para que ele possa manter seu rebanho e a perspectiva da sua atividade econômica. Rogério ainda ressaltou que a vinda da ministra Ideli Salvatti a Sergipe na terça-feira (26), para o encontro com prefeitos, também tem a ver com este assunto.
O pacote de ações da presidente para os brasileiros prejudicados pela longa estiagem foi destacado neste sábado (23), na coluna “Painel”, assinada pela jornalista Vera Magalhães, na Folha de S. Paulo. O jornal diz que o anúncio “será um contraponto a medidas adotadas por Eduardo Campos (PSB), potencial adversário de Dilma em 2014, que liberou recursos para 186 cidades”. Completa a publicação: “O Planalto teme ser responsabilizado pelos prejuízos da estiagem. A ministra Ideli Salvatti foi escalada para tranquilizar prefeitos sobre a celeridade dos repasses”.

Inicialmente prevista para durar a segunda-feira inteira, a visita de Dilma foi encurtada, porque ela participará na tarde do mesmo dia da missa na Catedral de Petrópolis, no Rio de Janeiro, em memória às vítimas das chuvas na serra fluminense. Por isto, a agenda em Pernambuco que inicialmente previa compromissos em Recife e Serra Talhada, foi reduzida à apenas a inauguração do Sistema Adutor Pajeú, em Serra Talhada. Não há previsão de encontro reservado entre Dilma e Campos.
Na última vinda ao Nordeste, em 12 de março, quando visitou obras em Alagoas, Dilma já havia dito da necessidade de criação de medidas emergenciais para minimizar os efeitos da seca. À época, a presidente afirmou que sua equipe estava estudando uma forma de recuperar os rebanhos de animais, muitas vezes, dizimados durante a seca, e disse que insistiria na manutenção de um programa de distribuição de sementes.
Ao Sergipe 247, o deputado federal Rogério Carvalho disse que “essa é uma preocupação hoje que deve ocupar a mente de todos os homens públicos do Brasil”. “A situação é muito grave, o sofrimento dos produtores é muito grande. Estamos tendo já a falta de forragem e de ração, inclusive, para garantir o sustento dos animais. Em algumas áreas do semiárido nordestino já não tem fonte de água a se recorrer, tendo falta até para o consumo humano”, alertou.

Brasil 247

DISCURSOS VERSUS NOVA REALIDADE


José  Dirceu
JOSÉ DIRCEU

A pesquisa CNI sobre o governo Dilma é um banho de água gelada naqueles que, dia a dia, empenham-se em manipular os fatos, na tentativa de vender a falsa ideia de que o Brasil vai mal

A mais recente pesquisa realizada pelo CNI-Ibope sobre a percepção dos brasileiros sobre o governo e a própria figura da presidenta, Dilma Rousseff, mais do que um banho de água fria nos que se antecipam à sua sucessão, é um banho de água gelada naqueles que, dia a dia, empenham-se em manipular os fatos, na tentativa de vender a falsa ideia de que o Brasil vai mal.
O governo Dilma, segundo o levantamento, tem 79% de aprovação, um novo recorde, e apenas 17% de desaprovação. A porcentagem de brasileiros que confia na presidenta é de 75%, e a dos que se mostram otimistas em relação ao restante de seu mandato é de 65%. São números de orgulhar qualquer chefe de Estado comprometido com um projeto de desenvolvimento, cujo objetivo maior é promover a melhoria da qualidade de vida de toda a população.
Mais do que isso, a avaliação muito positiva dos brasileiros em relação à presidenta comprova o quanto a oposição, os já pré-candidatos à Presidência e a própria imprensa estão descolados da realidade do nosso país, alheios ao sentimento popular e nacional. Aliás, a pesquisa nem bem saiu do forno e o desânimo tomou conta desses segmentos. Incomodados com a alta popularidade da nossa presidenta e com o que tal fato significa —o apoio dos brasileiros às reformas promovidas pelo PT nos últimos dez anos—, apressaram-se a tentar explicar o fenômeno com argumentos que variam da mesquinharia à hilaridade.
O senador mineiro Aécio Neves avaliou que o resultado da pesquisa "tem muito a ver com o sentimento momentâneo" e com a "propaganda do governo". E chega ao cúmulo de dizer que essa aprovação é reflexo das conquistas que o governo Fernando Henrique Cardoso alcançou. Aliás, o mesmo roteiro já seguido em anos anteriores por seus colegas de PSDB, a demonstrar que o partido ainda não se encontrou com a realidade nacional.
Procurando minimizar os resultados da pesquisa, especialmente no Nordeste, região onde mais cresceu o número de pessoas que considera o governo da presidenta "ótimo" ou "bom" —de 68% em dezembro para 72% agora—, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, disse que "a pesquisa dá exatamente o resultado que vinha dando" e que "não há alteração".
Estão em seu direito de interpretar da forma como quiserem. Como diz o ditado popular, pior cego é aquele que não quer ver. Além do mais, a pesquisa deve ter caído como uma bomba sobre suas intenções presidenciais, pois reforça que terão uma concorrente que, a despeito do bombardeio midiático contrário, fortalece-se cada vez mais.
Articulistas e colunistas da grande imprensa também se dedicaram a analisar os resultados do levantamento, mas só conseguiram chegar à absurda teoria de que a presidenta Dilma estaria sendo favorecida por suas constantes aparições no noticiário —o que chamam de "mídia espontânea". Isso porque, de acordo com a pesquisa, subiu de 24%, em dezembro, para 38% o número de entrevistados que diz acreditar que o tal noticiário é favorável à presidenta.
Sem desmerecer a impressão dos entrevistados, revelada na pesquisa, não há como não apontar o cinismo dos "analistas" que se valem da percepção popular para procurar escamotear o óbvio: apesar do esforço ferrenho da grande mídia para desconstruir o governo da presidenta Dilma, os brasileiros têm visão e percepção diferente das profundas transformações socioeconômicas realizadas na última década.
Mesmo divulgando inverdades e manipulando as informações para levar a crer, por exemplo, que a inflação está fora de controle, que o país está à beira de um apagão de energia, que as administrações do PT arruinaram a Petrobras, ou que o governo não conseguirá preparar o país para a Copa do Mundo de 2014, os brasileiros percebem concretamente, no cotidiano, as mudanças que estão melhorando a vida do povo: mais emprego, mais renda, conta de luz e cesta básica mais baratas, mais crédito, melhor infraestrutura em diversas áreas como Saneamento e Habitação —além da redução histórica das desigualdades e da luta contra a fome. Aliás, o combate à fome e à pobreza foi apontada na mesma pesquisa como a ação que tem maior aprovação da população (64%), seguida por meio ambiente (57%) e combate ao desemprego (57%).
A estratégia da grande imprensa e da oposição não está funcionando porque o povo brasileiro não é massa de manobra e, fortalecido na garantia de seus direitos, a partir dos governos Lula e Dilma, hoje são protagonistas de um processo de mudanças que está transformando o Brasil em um país mais justo e menos desigual.
Como bem lembrou o senador Lindberg Farias (PT-RJ), em resposta ao discurso do ex-governador Aécio Neves sobre os "fracassos do PT" —mas que vale para toda a oposição—, não é mais possível construir um "discurso competitivo" sem usar os termos "povo", "emprego", "inclusão social".
Nosso país mudou, mas ainda há muito por fazer. Porém, o respaldo à presidenta Dilma em todas as classes sociais e regiões do Brasil renova a confiança de que o país está no rumo certo, enfrentando, um a um, os entraves ao seu pleno desenvolvimento. Resta à oposição, se quiser ser de fato uma alternativa ao projeto que está em curso, apresentar suas ideias, suas propostas, dizer aos brasileiros como pretende enfrentar os problemas que ainda persistem. Afinal, querem governar para ser governo ou para melhorar a vida do nosso povo? O que fariam de diferente daquilo que os governos do PT vêm fazendo e que direção dariam ao nosso país? Essas são perguntas até agora sem respostas, mas que certamente interessam ao conjunto da população.
Fonte:  Brasil 247
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