segunda-feira, 7 de março de 2011

PERNAMBUCO ESTÁ BOMBANDO. MAS O SALÁRIO DE SEUS PROFESSORES É O PIOR DO BRASIL


    Abaixo o título original da postagem de Paulo Henrique Amorim.




    Folha e Maurício de Nassau descobrem 

    Pernambuco


    Quando a banda passar, a elite separatista não vai perceber


    Num domingo de Carnaval, para que ninguém perceba, a Folha (*) incorpora Mauricio de Nassau e descobre que “Pernambuco vive sua revolução industrial”, na pág. B1.

    “Com um pacote de R$ 46 bi de investimentos, Estado (de Pernambuco) vira locomotiva do Nordeste; PIB cresceu 16% em 2010”

    Os retirantes começam a voltar.

    Em Suape, o complexo industrial e portuário, há cento e vinte empresas já instaladas, outras 30 em construção.

    E mais 20 surgirão até 2014.

    Entre elas a Fiat, que fugiu da Minas do Aécio e de São Paulo do Padim Pade Cerra, para investir ali R$ 3 bilhões.

    Em Suape fica o maior estaleiro do hemisfério sul, o Atlântico Sul, que tem R$ 8 bi de encomendas em carteira (já batizou o João Cândido, da Petrobrás.

    (Note bem: nos tempos da Petrobrax, o Brasil importava navio de Cingapura. Durante a campanha, o Padim Pade Cerra defendeu essa polítia de criar empregos em Cingapura numa entrevista a uma rádio de Recife. Um jenio. Em Recife !)

    A Refinaria Abreu e Lima (R$ 22 bi de investimentos) se associa à Petroquímica Suape (R$ 3,7 bi de investimentos). 

    Daqui a pouco, isso vai explodir com a conclusão de duas pequenas (pequenas, se comparadas com o “cano” do Cerra, que ia de Sergipe ao Ceará) obras: a ferrovia Transnordestina, que vai ligar o interior do Piauí a Suape e ao porto de Pecém, no Ceará; e a transposição das águas do São Francisco.

    A renda per capita de Pernambuco é de quase R$ 10 mil, maior do que a de todo o Nordeste (R$ 7 mil) e ainda inferior à do Brasil (R$ 16 mil).

    Mauricio de Nassau descobriu a Pernambuco de Eduardo Campos antes da Folha (*).

    Quando a elite paulista (separatista, por definição) abrir os olhos, verá que a banda (de pífaros de Caruaru) passou.

    Este ansioso blogueiro, porém, não se deixa surpreender pela Folha (nem ele nem Mauricio de Nassau).


    Saravá !

    RACISMO NO BRASIL. A HISTORIA DE UMA FOTO


    No post “Em três assassinados 2 são negros. Não, não somos  racistas”, o Claudio fez o seguinte comentário: 
    4 de março de 2011
    Caro PHA, você não deu o devido crédito à fotografia que usa para ilustrar o seu comentário. Não por questão de direitos autorais, mas pela história dessa foto.
    A foto “Todos Negros” foi tirada pelo fotógrafo Luiz Mourier em 1982, no Rio de Janeiro. http://ahistoriabemnafoto05.blogspot.com/2007/09/depoimento-5.html
    TERÇA-FEIRA, 18 DE SETEMBRO DE 2007

    Luiz Morier > Todos Negros

    Quando eu fiz esta foto, eu estava passando pela Grajaú-Jacarepaguá, e, passando pela estrada, percebi que havia uma blitz. Parei e fotografei a blitz. E me deparei com esta cena, os negros todos amarrados pelo pescoço. E até dei o título da foto de “Todos Negros”. E logo em seguida eu fui embora, e mais abaixo tinha uma manifestação dos moradores, eu continuei fazendo a seqüência e tal, e fui embora.

    E essa me trouxe meu primeiro prêmio Esso na minha carreira. A sensação que eu tive foi de humilhação. Senti uma cena humilhante. As pessoas humilhadas, pessoas com carteira de trabalho na mão, dava para perceber que não eram bandidos, porque bandidos não usam um tipo de veste assim. É claro que eles se vestem bem melhor que isso. Eram pessoas simples, humildes, todos negros. Senti que era um ato de humilhação. Estavam sendo humilhados ali, carregados pelo pescoço como escravos.

    - Do material que você fez nesse dia, você tinha certeza de que esta foto tinha destaque em relação às outras?

    Não, não tinha certeza, não. Porque a gente… Eu, pelo menos, sempre… Você faz uma foto na hora, aí você só vai ter uma idéia depois que ela foi revelada. Quando eu estava revelando, sim. Aí, que eu vi a foto revelada, eu falei: “pô, essa vai dar o que falar!…” Que isso não é coisa que possa acontecer com o ser humano nos dias de hoje. Ou na época, na década de 80. Mas, até hoje a gente vê humilhação por aí…

    Percebi que houve uma reação grande de todos que viram a foto. Até hoje, até hoje…

    Quem ainda não viu e vê a foto… Já foi usada por várias faculdades, já foi tema… Inclusive foi, até, em 1988, quando a escravidão… Fez cem anos da Lei Áurea, ela foi bem revista e colocada para todos verem que cem anos depois ainda havia esse tipo de cena. (…)

    Eu percebi que tinha uma blitz, mas eu parei porque tinha um camburão parado na pista. Eu fui lá dentro do mato fazer esta foto aqui. Então, eles estavam praticamente escondidos. Quer dizer, eu cacei!… Não estavam expostos assim, na rua. Você pode ver que tem mato lá no fundo, estavam lá no meio do mato, um caminhozinho no meio do mato. Então, quer dizer, era mais escondido, de uma forma… Eles faziam as mutretas, faziam tudo que tinham que fazer, mas, mais escondidos, para que a imprensa não visse mesmo. Agora, eles não estão nem aí… Agora, é tiro pra cá, é tiro pra lá, caiu ali, se tiver fotografa, se não tiver…

    - Nessa foto aí, os PMs tiveram alguma reação de não deixarem você fotografar?

    Ah, a reação foi imediata!… O tenente falou: “recolhe, recolhe, recolhe!”. Quando ele percebeu que eu estava fotografando, ele mandou recolher. Só que quando ele mandou recolher, ele não percebeu que eu… O guarda não percebeu que eu estava fazendo uma foto dele. Eu estava com um grande angular, ele achou que eu estivesse fazendo só os presos. E, no entanto, ele estava enquadrado na foto. (…)

    Tem a importância que tem hoje porque mostra uma autoridade, ali, que devia usar algemas, no mínimo, e usou uma corda, e amarrada no pescoço. Não foi nem nas mãos, foi no pescoço. Quer dizer, um ato escravo mesmo! (…)

    Sim, agora é. Para mim, ela é uma foto histórica. E vai estar sempre no primeiro lugar, pra mim, porque é uma foto que marcou muito esse meu tempo de trabalho.

    Luiz Morier > Diz que foi no Jornal Tribuna da Imprensa que tudo começou. Aos seis anos, acompanhava o pai, Max Morier, repórter esportivo já falecido, e meio que um fundador da Tribuna. Morier começou a carreira de repórter-fotográfico no extinto jornal Última Hora, em 1977. Também teve passagens pelo Globo e trabalhou como freelancer no Estadão. No Jornal do Brasil trabalhou mais de 25 anos. Nos últimos anos tem frilado para várias empresas.


    Em tempo: este ansioso blogueiro teve a honra de dar a foto do Mourier na primeira página do Jornal do Brasil, quando era seu editor.

    Este post é uma singela homenagem a Ali Kamel, autor do livro “Nós não somos racistas”.

    Clique aqui para ler “Secretário de Justiça da Bahia associa livro de Ali Kamel a racismo”.





    Fonte:    Conversa Afiada

    ELIANA TRANCHESI (DO TEMPLO DASLU E DA "MASSA CHEIROSA"): "NUNCA TINHA CONVIVIDO COM ESSE LADO OBSCURO"

    Engraçado como os "áulicos da elite cheirosa" -  quando se veem espremidos no meio da massa fedida [cheiro de povo, para essa elite, deve ser deveras repugnante!] - se espantam com a real situação dos que se comprimem no "andar de baixo" [no dizer de Elio Gaspari]. 

    Enquanto a vida escancara um sorriso de benesses e os mantém nas sacadas de palácios erigidos com o resultado de uma longa política de exclusão social e uma má distribuição de renda, os personagens  "cheirosos" sequer imaginam haver famílias que, em situação de miséria, vão sobrevivendo em meio ao charco que lhes resta. 

    Os "cheirosinhos" vivem tão distantes da crua realidade da ralé [no dizer do "cheirosinho" Reinaldo Azevedo, o "Tio Rei"] que, do alto de suas varandas, não enxergam o transitar cambaleante do "cidadão-comum". Nem mesmo parecem acreditar na existência, por exemplo, de presídios apinhados de "marginais" que trilharam o caminho do crime por uma dessas "peças" pregadas pela vida ou, como querem alguns do "andar de cima", por "exclusivo, pessoal e intransferível" livre-arbírtrio.

    Na cabeça dos que defecam bolo e urinam guaraná - daí, porque fazerem parte da "massa cheirosa" -, não há sistema prisional e muito menos as dificuldades por que passam detentos e detentas que cumprem pena por seus delitos [Sobre as falhas na aplicação da Lei de Execução Penal, leiaaqui.]

    Não, não há sistema penitenciário degradante. Não para os da "massa cheirosa", pois, imunizados contra toda e qualquer possibilidade de respirarem o ar fétido das prisões, os  "cidadãos-vip-cheirosos" repousam suas cabeças em travesseiros confortáveis e sem o fedor de baba. No sono dos "justos" [porque cheirosos], não há  roncos ensurdecedores e, muito menos, os pesadelos das prisões pelo Brasil afora.  Ainda que crimes tenham cometido, esses abastados não têm o que temer. Até que o poder público, com homens públicos de verdade, resolva agir.

    E assim se deu. "De repente, não mais que de repente" [no dizer do saudoso Vinícius de Moraes] a "casa caiu" [no dizer da "massa fedida"] para Eliana Piva de Albuquerque Tranchesi.

    A "cheirosinha" Eliana Tranchesi, dona da Daslu [Templo do consumo de luxo em moda], foi presa sob acusação de ter cometido crimes de formação de quadrilha, falsidade material e ideológica e lesão à ordem tributária [leia mais aqui].

    Condenada a 94 anos e seis meses de prisão, ela foi para a cadeia [sendo libertada logo, logo] e, lá, descobriu que existe um sistema prisional. Mais que isso: sentiu na pele o que a ralé [os do "andar de baixo"] sente na carceragem. 
    "[...] aquilo não serve para ninguém. O sistema penitenciário tem que ser revisto", disse ela, em entrevista a ISTOÉ [leia fragmento abaixo].

    Como assim?! Agora, existe sistema prisional injusto e desumano. Agora, o tal sistema tem que ser revisto. Ora, senhora Eliana Tranchesi! Menos, menos. Menos pelas razões que passo a expor abaxo:

    Primeiro - Enquanto a senhora deslizava em tapetes suntuosos no TemploDaslu, essa discussão nunca esteve na ordem do dia.

    Segundo - Os que ali estão cometeram algum crime por razões diversas [nunca por ter muito dinheiro, pois são da ralé], mas a senhora! A senhora,Eliana Tranchesi, não tinha motivo algum para, juntamente com sua quadrilha, cometer crimes financeiros de forma habitual e recorrente, segundo a Justiça.

    Afirmar, como a senhora o fez, que 
    "Tinha tentado a minha vida inteira ser justa. Se você é desonesto e vive na clandestinidade está no risco. Não era o meu caso." parece piada de malíssimo gosto. Então quer dizer que a senhora era honesta, mas vivia fraudando importações e falsificando documentos - à luz do dia [não na clandestinidade] - sem correr riscos e crendo que tudo estava certo? Que conceito de honestidade é esse, senhora Eliana Tranchesi?

    _________________________

    Fragmentos da entrevista concedida a ISTOÉ e comentários da editoria-geral do 
    Terra Brasilis:
     



    Acha que cometeu crimes e lesou pessoas? 

    Se você soubesse como foi a minha vida, nem me faria essa pergunta. Fui muito correta a minha vida inteira. Mas não adianta falar isso. Não adianta falar o que fiz para os outros. Tenho orgulho do que fiz ao longo de 32 anos de trabalho. Erros todo mundo comete.  
    [Nisso a senhora tem toda a razão] Acho difícil uma pessoa ter uma empresa e não ter cometido erros. [Por que é tão difícil andar de acordo com a lei, senhora Tranchesi?]Acho impossível, principalmente no Brasil, onde as legislações são complicadas e dúbias.  [Complicadas? A lei é para ser cumprida e não burlada por uma suposta "dubiedade", senhora Tranchesi!] Agora a pena realmente é alta demais.

    Mas você não sabia que a sua empresa sonegava impostos? 


    Eu não gostaria de tocar nos pontos do processo. Estou sendo julgada pela Justiça. É a minha vida. Mas todos sabem que o meu envolvimento sempre foi muito maior com a criação e o marketing. Não é que eu não sou dos números. O meu teste vocacional era para matemática. Mas ter me envolvido nessa história toda, isso pode acontecer com qualquer pessoa. 
    [sem comentários]

    O que aprendeu com a experiência na prisão?
       
    Aprendi muito. Outro dia olhava aqui em casa os porta-retratos. Fui feliz em todas as fases da minha vida. É diferente quando você acredita que a sua vida está entregue a Deus. 
    [Agora, parece que Deus surgiu em sua vida. Respeito essa repentina conversão.] Tudo o que me aconteceu serviu para eu crescer.[Que bom! Cresça e aprenda que existe um mundo difícil e injusto aqui no "andar de baixo".] Fui uma menina criada sem dificuldades, casei com o homem que eu amava, tive vida de princesa. [É uma pena a ralé ver isso apenas nos contos de fada.] Estudei fora antes de casar, tive três filhos maravilhosos. Sempre fui rígida comigo e justa com as pessoas. Pensei outro dia: imagina se eu tivesse perdido a memória por 30 anos, abrisse o jornal e visse: “Eliana Tranchesi presa, condenada a 94 anos.” Eu ia falar: isso não pode ter acontecido, devem ter me dopado, me obrigado a fazer alguma coisa que eu jamais faria. Nunca faria algo tão mau que tivesse que ficar 94 anos presa. No entanto, tudo isso aconteceu. Pode imaginar o que foi para mim ser colocada para o Brasil como alguém que fez uma coisa tão errada a ponto de ser condenada a 94 anos de prisão? Tinha tentado a minha vida inteira ser justa. Se você é desonesto e vive na clandestinidade está no risco. Não era o meu caso.

    E o que foi pior na prisão? 
       
    Ver aquele lugar e sentir que aquilo não serve para ninguém. O sistema penitenciário tem que ser revisto. Aquelas vidas todas não estão lá perdidas, sem sentido. 
    [Isso! Elas estão lá para serem ressocializadas, mas isso parece não ocorrer, como a senhora mesma constatou.] Ali você sente um peso de pessoas que não estão sendo amadas. [Que ruim, não é?!? Terrível!!!] O pouquinho que fiquei, li a “Bíblia” com as meninas. Elas tinham televisão nas celas. Então todo mundo queria vir me ver. Uma delas me emprestou uma televisão. Eu agradeci e disse: Eu não quero televisão para ficar me vendo nos noticiários. Que programa pode ser pior? Fiz amizade com elas. Senti que fui importante nas cartas que elas me escreveram depois.

    Manteve contato com algumas delas?
    Mantive. Ajudei uma delas. Minha advogada [Que alívio ter advogado e poder pagar pelos serviços dele, não é senhora Eliana Tranchesi?!] ficou sensibilizada com uma das meninas que estavam comigo, que tinha 23 anos, da África do sul, condenada por tráfico de drogas. Essa menina me contou tudo. E aí você entende por que uma menina de 18 anos faz uma burrada dessas. Ser mula. Mas ela foi abandonada pela mãe com quatro anos. Você começa a entender a vida de cada um. Minha advogada ajudou e ela está em liberdade condicional. Ela está em um abrigo no Butantã. A gente foi criado em redoma mesmo. Nunca tinha convivido com esse lado obscuro. Fiquei muito impressionada. [Pois é... O mundo longe do Templo Daslu é difícil... Muito difícil, senhora Eliana Tranchesi... Sobretudo quando temos que aturar o cinismo e a arrogância dos que habitam o "andar de cima".]


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