sexta-feira, 12 de abril de 2013

O FADO FÚNEBRE QUE ENSURDECE O BRASIL


A ortodoxia está matando nações na Europa. 

O desemprego passa de 17 milhões de pessoas. 

Na Espanha, 26% da infância encontra-se enredada na teia da pobreza, que recobre a 4ª maior economia do euro. 

A cada 15 minutos uma família é despejada em Madrid, Barcelona ou em algum outro ponto do país. 

Dizer Estado mínimo é eufemismo. 

O que restará depois dos sucessivos e inalcançáveis ajustes serão talvez protetorados, enclaves, colônias. 

Resíduos de nações expropriadas pelos mercados. 

O que é uma Nação sem o patrimônio comum que a unifica? 

O uso de viaturas em muitas repartições portuguesas passou a depender da vaquinha dos funcionários para a gasolina. 

Papel higiênico deve ser trazido de casa (leia a coluna de Flávio Aguiar). 

Tatcher, o símbolo disso tudo, será enterrada dia 17 próximo. 

A lógica que encarnou enfrenta o seu crepúsculo, mas usa as próprias cinzas para tornar irrespirável a vida em sociedade. 

No Brasil, lamenta-se que Dilma não seja a ‘ladra do copo de leite', a exemplo da ‘Dama de Ferro', que subtraiu a merenda da escola pública inglesa.

O governo se recusa a trazer a crise para dentro do país. 

O rentismo inconsolável exige o ‘laissez-passer' para legitimar a ‘purga' que inveja na Europa. 

Desdenha-se do ‘efeito provisório' das linhas de passagem erguidas para atravessar o cerco que se aperta.

Como se o estado de exceção da desordem neoliberal pudesse ser enfrentado com as ferramentas da rotina.

De cada três palavras difundidas pelo noticiário uma é juro. 

Colunistas se ressentem de demissões frescas. 

Implora-se por números azedos para servir no café da manhã. 

É preciso abrir espaços à incerteza no jantar. 

Professores-banqueiros e candidatos à Presidência tem um prazo de validade contratado. 

A crise deve aportar antes que o PAC, a reindustrialização do pré-sal e a indução do investimento surtam efeito. 

Um centímetro de chão sólido atrapalharia tudo. 

Abengalados ora no quilo do tomate, ora na novena pervertida em prol da seca, seu futuro pressupõe que o emprego, a casa, a comida, o salário e o crédito sejam tragados em uma gigantesca restauração rentista, que solde a economia ao comboio do abismo. 

Do governo o que se exige é que engrosse o fado fúnebre, a adestrar o país para ser um imenso Portugal.

Postado por Saul Leblon às 19:29

Fonte:  Carta Maior

A BBC NÃO SABE O QUE FAZER COM A MÚSICA MAIS VENDIDA DA INGLATERRA


sexta-feira, 12 de abril de 2013


Ativistas anti-Thatcher levaram ‘A Bruxa Morreu’ ao número 1, 
e a BBC sofre pressão para não tocá-la na tradicional parada 
de domingo.


alegria, alegria

Liberdade de expressão é uma coisa realmente complicada: é mais fácil falar dela do que praticá-la.
Um episódio mostra isso exatamente neste momento, no país que supostamente é o berço da liberdade de expressão.
No meio de uma controvérsia que se espalhou toda a mídia britânica, está a venerada BBC.
O que aconteceu: ativistas deflagraram uma campanha para comprar uma música anti-Thatcher para levá-la ao topo das paradas.
A música é do Mágico de Oz, e se chama “Ding Dong The Witch is Dead!”. (Dim Dom A Bruxa Morreu!”
Objetivo alcançado.
Neste momento em que escrevo, é a número 1 na Inglaterra.  E é aí que entra a BBC com seu excruciante dilema.
Tradicionalmente, aos domingos, a principal rádio da BBC, a 1, toca as músicas mais vendidas, a conhecida parada de sucessos.
A questão que se ergueu barulhentamente: a BBC deveria tocar o hino anti-Thatcher, a três dias de seu funeral?
Os comentaristas conservadores da mídia saíram gritando que não. Que isso seria desrespeito com uma pessoa que sequer foi enterrada.
Mas um momento: isso é censura, ou não?
É o entendimento da chamada voz rouca das ruas. Numa enquete no Guardian, quase 90% das pessoas disseram que sim, a rádio tinha que tocar a canção.
E a BBC, que fez?
Encontrou uma solução que foi a seguinte: subiu no muro. Não vai censurar a música, ao contrário do clamor conservador.
Mas tampouco vai tocá-la inteira: decidiu dar, na parada de domingo,  um fragmento de 4 ou 5 segundos.
O que parece claro, passados alguns dias da morte de Thatcher, é que a elite política e jornalística inglesa não tinha a menor ideia de quanto a Dama de Ferro era detestada.
É uma demonstração espetacular de miopia e de desconexão com as pessoas.
A Inglaterra vive hoje não apenas uma crise econômica que não cede há anos, mas uma situação dramática de desigualdade que levou aos célebres riots – quebra-quebras — de Londres há pouco mais de um ano.
Qual a origem da crise e da desigualdade?
Thatcher, é claro.
O real legado de um governante se vê depois que ele se foi. As desregulamentações, as privatizações e os cortes em gastos sociais de Thatcher, passados 30 anos, resultaram num país em que as pessoas têm um padrão de vida inferior ao que tiveram.
Como imaginar que as pessoas ficariam tristes com sua morte?

Para mais um pouco das "benesses" da Dama de Ferro, idolatrada porHélio Gaspari e pelo em PIG mundial, clique aqui.

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