sábado, 28 de maio de 2011

BRIZOLA NETO: ÉPOCA SUPERA VEJA EM IMUNDÍCIE E QUER MATAR DILMA


por Brizola Neto, no  Tijolaço
Alertado por um leitor, fui ver a capa da Época, na qual uma foto da presidenta, de olhos fechados, é usada para ilustrar uma matéria sobre uma suposta gravidade de seus problemas de saúde.
É sordidamente mórbida.
Registra que os seus médicos dizem que ela “apresenta ótimo estado de saude”, mas a partir daí tece uma teia mal-intencionada e imunda sobre os problemas que ela apresentou e os outros que tem, normais para uma mulher da sua idade.
O hipotireoidismo, por exemplo, é problema comuníssimo entre as mulheres de mais idade. É por isso que todo médico pede a eles, sempre, o exame de TSH. E o hormônio T4 – Synthroid, Puran, Levoid, Euthyrox e outros – tomado em jejum, é a mais básica terapêutica, usada por anos e anos por milhões de mulheres do mundo inteiro.
A revista publica uma lista imbecil de “medicamentos” que a presidente tomava, em sua recuperação de uma pneumonia, listando tudo, até Novalgina, Fluimicil e Atrovent (usado em inalação até por crianças), e chegando ao cúmulo de citar “bicarbonato de sódio – contra aftas”.
Diz que o toldo que abrigou Dilma de uma chuva, em Salvador, ” lembrava uma bolha de plástico”.
Meu Deus, o que esperavam que fizessem com uma mulher que se recuperava de um pricípio de pneumonia? Que lhe jogassem um balde de água gelada por cima?
Essa é a “ética” dos nossos grandes meios de comunicação. Não precisam de fatos, basta construírem versões, erguendo grandes mentiras sobre minúsculas verdades.
Esses é que pretendem ser os “fiscais do poder”.
Que imundície!
**********
Relatório médico do Hospital Sírio-Libanês sobre Dilma em resposta à Época
Por solicitação da Exma. Presidenta da República, Sra Dilma Vana Rousseff, o Hospital Sírio-Libanês emite o presente relatório médico.
No início de 2009 a Presidenta Dilma Vana Rousseff foi submetida a avaliação clínica por seu cardiologista, Professor Dr. Roberto Kalil Filho, quando foram indicados exames de rotina, incluindo uma angiotomografia de coronárias, realizada em 20 de março de 2009 no Hospital Sírio-Libanês. Neste exame foi detectado um nódulo axilar esquerdo, com 2,3 cm. de diâmetro e características suspeitas. Uma biópsia excisional deste gânglio foi realizada no dia 3 de abril de 2009, e o diagnóstico final foi de Linfoma Difuso de Grandes Células do tipo B, CD20 positivo. Exames de estadiamento incluíram PET-CT e biópsia de medula óssea, sem achados adicionais. O estadiamento final foi IA.
De abril a julho de 2009, a Sra. Presidenta recebeu tratamento específico para seu tipo de linfoma, incluindo 4 ciclos de R-CHOP (Rituximab, Ciclofosfamida, Vincristina, Doxorrubicina e Prednisona). Durante o tratamento a paciente apresentou miopatia por corticóides e neutropenia transitória. Como complementação ao tratamento quimioterápico, foi indicada e realizada radioterapia envolvendo a axila e fossa supra-clavicular esquerdas. Após o término do tratamento, a paciente foi considerada em remissão completa, passando a acompanhamento de rotina.
Em 23 de dezembro de 2009 a Presidenta Dilma veio a este hospital com sintomas de vias aéreas superiores, acompanhados de febre baixa, sendo diagnosticada com Influenza A (H1N1), por técnica de PCR no swab nasal, tendo sido tratada com Oseltamivir, com resolução completa do quadro.
Em 20 de março de 2010, a Sra. Presidenta apresentou um edema na região cervical. Nesta mesma data, optou-se pela retirada do cateter venoso central (port-a-cath) com resolução quadro clinico.
Na noite de 30 de abril de 2011, a Sra. Presidenta deu entrada no Hospital Sírio-Libanês com sintomas de tosse, febre e mal-estar geral. Foram realizados exames completos que incluíram sorologias, hemoculturas, exames gerais e tomografia de tórax. O diagnóstico final foi de uma broncopneumonia. A Sra. Presidenta foi tratada com os antibióticos Ceftriaxona e Azitromicina, com resolução completa dos sintomas. Os exames sorológicos específicos e culturas não identificaram o agente etiológico. Na mesma data, foram realizados exames de imagem e de sangue para controle do linfoma, todos com resultados negativos. A Presidenta Dilma continua em remissão completa do linfoma, e não há nenhuma evidência de deficiências imunológicas, associadas ou não ao tratamento do linfoma realizado em 2009.
Em 21 de maio de 2011 a Sra. Presidenta realizou tomografia de tórax de controle, mostrando resolução completa do quadro de pneumonia detectado no mês anterior.
Do ponto de vista médico, neste momento a Sra. Presidenta apresenta ótimo estado de saúde.
As equipes que assistem a Sra. Presidenta são coordenadas pelos Profs. Drs. Roberto Kalil Filho, Paulo Hoff, Yana Novis, David Uip, Raul Cutait, Carlos Carvalho e Milberto Scaff, Julio Cesar Marino.
Antônio Carlos Onofre de Lira, diretor técnico do Hospital Sírio-Libanês
Paulo Ayroza Galvão, diretor clínico do Hospital Sírio-Libanês
Fonte:  Vi o Mundo

domingo, 22 de maio de 2011

AMANDA GURGEL E A SECA NO NORDESTE


                           
                                         


                        os dois motivos de comoção nacional  e de hipocrisia coletiva


Eu era um pouco mais jovem mas lembro-me bem de ter visto na tv uma reportagem em que uma jornalista (não me lembro bem seu nome, mas acho que ficou famosa depois) estava entrevistando uma família em pleno auge da seca no Nordeste. Na casa, de taipa, uma senhora magérrima, apresentando mais idade do que realmente tinha,  mostrava o prato daquele dia: um pouco de feijão sendo cozido em uma água escura, enquanto algumas crianças, igualmente magras, seminuas e sujas esperavam. Lá pelas tantas, a reporter não suportando o quadro de miséria que se lhe apresentava desatou em prantos em plena reportagem, não sei se ao vivo. Pronto. Foi o suficiente. Tomado de grande comoção, o país começou uma grande campanha de doações. Foram milhares de toneladas de alimentos, roupas, políticos dando entrevistas, governadores e presidente falando com voz embargada, a reporter voltando ao local para entregar os alimentos à família melhor apresentada. Foi uma festa. Passada a febre, a seca e a fome continuou a dizimar famílias como aquela ao longo de décadas e os mesmos deputados se reelegendo, os mesmos senadores contruindo currais eleitorais e os mesmos governadores querendo ser presidentes. Nada de concreto foi feito para resolver a situação da seca no Nordeste. O presidente Lula fez a sua parte tirando a dependência dos pobres com relação aos políticos com o Bolsa Família, com geração de empregos e com algumas obras estruturadoras no Nordeste, como a transposição do São Francisco, que divide opiniões, mas que pelos menos gera empregos
Mas por que estou contando esta história? Por causa do depoimento da professora Amanda Gurgel na AL do Rio Grande do Norte, que está bombando na internet. Depois disso já assisti a uma entrevista da professora no RN TV (acho que é a rede globo de lá) e uma chamada para o Domingão do Faustão. O depoimento da professora apesar de sincero, verdadeiro e espontâneo é a reporter chorando. O País será tomado de grande comoção e eu não preciso dizer o que virá a seguir, basta ler o parágrafo anterior. Mas tal como o desfecho naquela ocasião, quando a febre passar esquece-se tudo e a professora Amanda voltará a pegar seus inúmeros ônibus e a comer o seu cuzcuz alegado.  Estou a vinte anos na educação e a quatorze na rede pública de Pernambuco. Conheço bem a angústia da professora Amanda porque ela é minha e de milhares de colegas aqui neste estado e no Brasil. Nada tem sido feito para mudar a caótica situação da educaçao no país e nada será feito. No meu estado enquanto o governo vai a televisão propagandear que é o estado que mais cresce no país, se nega a dar aumento de salário e se resume a pagar o Piso Nacional, embora atrasado, pois o novo valor está em vigor desde janeiro e o governo diz que pagará, se pagar, em junho. O que está acontecendo agora será bom apenas  para a colega Amanda, que através da sua indignação e de sua ótima oratória conquistará, por tabela,  os seus merecidos minutos de fama.

By the teacher.

sábado, 21 de maio de 2011

PALOCCI E AS ESCOLHAS DE DILMA


O MINISTRO CONSULTOR
A denúncia contra Palocci parece consistente. Ah, mas a “Folha” quer desgastar a Dilma… E daí? O fato ocorreu ou não?
Ah, mas a denúncia foi vazada por “ruralistas” interessados em enfraquecer o ministro. E daí, de novo? É só quando os poderosos divergem que essas coisas vêm à tona…
Sim, Palocci (contradição do mundo real?!) cumpria nesse caso um papel positivo: negociava duramente com os ruralistas da base governista, para que aceitassem um Código Florestal menos retrógrado do que o proposto por Aldo Rebelo.
Por isso, criticar Palocci agora – dizem alguns apoiadores de Dilma – é fazer “o jogo da direita”. Será?
Aliás, se o caso surgiu como “fogo amigo” de dentro da base governista, por conta da votação do Código Florestal, a essa altura parece ter ganho dinâmica própria. Os jornais já relacionam o enriquecimento de Palocci à campanha de Dilma. Vale a pena manter um ministro que traz esse grau de instabilidade ao governo?
Quem acompanhou os bastidores da campanha eleitoral de 2010 sabe qual foi a opção de Dilma e do núcleo dirigente do PT no primeiro turno: tentaram ganhar a eleição só com o programa de TV e a popularidade do Lula. A idéia era ganhar sem fazer política. No primeiro turno, foi assim: campanha controlada pelo marqueteiro e pelos 3 porquinhos (Palocci, Dutra e Zé Eduardo).
Quem fez política foi o Serra. Politizou pela direita: trouxe aborto e religião para a campanha. Com isso, empurrou milhões de votos pra Marina, e levou a eleição pro segundo turno. Aí, a ficha no PT caiu. Dilma e o núcleo da campanha finalmente compreenderam o que já estávamos vendo na internet há semanas: o terrorismo conservador. Dilma deixou os conselhos do marqueteiro de lado, teve coragem de ir pra cima no debate da “Band” (primeiro domingo do segundo turno): pendurou no pescoço do Serra a história do aborto (a mulher de Serra tinha dito que Dilma gostava de “matar crancinhas”), falou em Paulo Preto, reanimou a militância.
Se Dilma tivesse insistido no figurino do primeiro turno, poderia ter perdido a eleição. Pesquisas internas, pouco antes do debate da Band, davam apenas 4 pontos de diferença sobre Serra no início do segundo turno. Foi a realidade que levou Dilma a mudar de figurino.
Pois bem. Passada a eleição, Dilma montou o ministério e começou a governar. Como? Com o figurino idêntico ao usado no primeiro turno da eleição:  sem política, longe dos movimentos sociais, procurando agradar o “mercado” e a “velha mídia”. Foi uma escolha.
Palocci tem a ver com isso. Coordenou a campanha. Ele quer um governo moderadíssimo, que não assuste a turma a quem dá “consultoria”.
Logo no início do governo, estava claro que Dilma procurava ocupar um espaço mais ao centro. Lula tinha (e tem) apoio da esquerda tradicional, dos movimentos sociais, do povão que saiu da miséria. Dilma foi em direção à classe média que lê a “Veja”. Com Palocci à frente. Palocci é amigo da “Veja” e da “Globo”. Palocci é blindado na “Globo”. Perguntem ao Azenha o que aconteceu na Globo quando ele tentou fazer uma reportagem sobre o irmão do Palocci, 5 anos atrás…
Renato Rovai publicou em seu blog um texto que mostra a repercussão desastrosa – para o governo – do caso Palocci nas redes sociais. Como aconteceu na eleição, com o aborto e a onda consevadora: primeiro os temas batem na internet, depois chegam às ruas.
Assim como ocorreu na eleição, Dilma talvez perceba que o figurino palocciano não garantirá estabilidade ao governo. Com quem ela vai contar quando enfrentar crise séria? Com a família Marinho? Com os banqueiros?
Dilma segue com popularidade alta. Mas o caso Palocci mostra os limites do governo. E os riscos que ela corre diante da primeira crise mais grave. Pode faltar base social…
Mas, seja qual for a escolha de Dilma (ela a essa altura parece mais próxima de optar por um acerto “por cima”, com os que mandam nas finanças e nas comunicações do Brasil), é inaceitável que o governo vote o novo Código Florestal sob chantagem dos ruralistas.
O governo está sob pressão dos ruralistas, que dizem nos bastidores: “a oposição pode maneirar com o Palocci, desde que passe o Código Florestal que nós queremos!”
O texto vai a votação na terça.
Hoje, o governo Dilma corre o seguinte risco: aceitar a chantagem dos ruralistas pra salvar Palocci e… não conseguir salvar Palocci. Seria um desastre.
Dilma precisa fazer uma escolha agora. Semelhante à que ela fez naquele debate na “Band”, no início do segundo turno. A quem ela pretende agradar? À turma do Palocci, ou à turma que foi à rua e garantiu a vitória dela enfrentando a onda conservadora que Serra trouxe para o debate?
A oposição está enfraquecida. O lulismo é forte e dominante no país. Mas o governo Dilma parece frágil. Equação estranha. É preciso aproximar o governo Dilma do lulismo. Dilma ganhou por causa disso. Vai governar, de verdade, se estiver alinhada ao lulismo.
Leia outros textos de Palavra Minha
Fonte:  Escrevinhador

ME DIGA AÍ: QUE FALTA PALOCCI FEZ AO GOVERNO LULA?

    Reproduzo postagem do site Conversa Afiada, para efeito de reflexão de todos nós que apoiamos o governo Dilma Rousseff. Não estou nem aí pro Palocci. Ele que trate de explicar como em quatro anos de mandato como deputado federal faturou vinte milhões de reais e comprou imóveis no valor de 6 milhões e meio. Se foi tudo lícito não tem problema algum: ele prove e continue a sua vida. Se não tem como explicar esse milagre da multiplicação, que saia do cargo imediatamente. Ninguém é inocente aqui. Sabemos que o velho PIG, assim como fez com Lula, fará tudo para transformar o governo Dilma em um escândalo a cada dia. Agora, nós votamos nela para que ela continue a grande obra do governo Lula e o governo Lula assumiu nova cara e ganhou o seu caráter desenvolvimentista coincidentemente depois da saída de Palocci e de Dirceu. Então, presidenta,  pense no país e na obra que tem a fazer e mande palocci para casa para explicar seu patrimônio. Se ele conseguir depois volta, de preferência no Ministério da Pesca. Outra coisa: como explicar que em um governo como o de lula que pautou seu trabalho na geração do emprego e da renda e assim combateu a grave crise que foi criada e alimentada pelo "mercado", Palocci seja o queridinho desse mesmo "mercado"?




Maierovitch: Palocci cheira a “prevaricação”.
E aí, Dr Gurgel, defensor da sociedade ?



Gurgel e Pertence não sentem o cheiro


O Conversa Afiada reproduz e-mail que recebeu de Wálter Maierovitch, que foi desembargador e hoje escreve na Carta Capital e no Terra Magazine.


Este Conversa Afiada se associa à perplexidade do Wálter: por que o Procurador Geral da República, o Defensor da Sociedade, não a defende ?





Caro Paulo Henrique, segue minha opinião sobre o caso Palocci.

E tem mais, no lvro “La Democracia in trenta lezioni” (casa editrici Mondadori, edizione 2008), o constitucionalista Giovanni Satori ensina que um dos pilares do estado democrático de Direito é a transparência.

Abraço.

Wálter Fanganiello Maierovitch




Blindagem de Palocci tem ordor de crime de prevaricação.




Na edição de hoje, o jornal Folha de S. Paulo informa que a empresa Projeto, da qual o ministro Antonio Palocci detém 99% do capital social, faturou R$20 milhões, isto no ano eleitoral de 2010.


Ainda segundo o jornal, o faturamento da Projeto a coloca em segundo lugar no elenco das maiores empresas do setor de consultoria econômica.


A primeira do setor, LCA-Consultores, faturou pouco mais de R$20 milhões. Em outras palavras, quase o mesmo que a de Palocci. E a de Palocci, em 2006, faturou mirrados R$160 mil.


Para tal fatura, a LCA-Consultores contou, consoante destacado na Folha de S. Paulo, com mais de cem profissionais e atendeu cerca de cem empresas. Palocci com meia-dúzia de gatos pingados faturou R$20 milhões e se nega a revelar o nome dos clientes.


A propósito, Palocci, que já conta com currículo para, como consultor, integrar o atual e maculado Conselho de Ético do Senado, tem o dever de informar sobre os seus clientes.


Isto para se saber se não violou a Constituição, que estabelece proibições para contratações com parlamentares (inclua-se os que tentam burlar a proibição escondendo- se atrás de rótulo de pessoas jurídicas. Palocci detém 99% de participação na Projeto).


Em matérias anteriores, a Folha mostrou ter Palocci, quando exercia o munus de deputado federal, comprado um apartamento por R$6 milhões (2010) e um escritório, sede da empresa Projeto, por R$882 mil.


Claro está que Palocci tornou-se um dos homens públicos mais ricos do Brasil.


Só que essa riqueza está sob suspeita. No ar, existe indicativo de ilicitudes pelo gigantesco faturamento em curto espaço de tempo. Também por Palocci haver amealhado esse pantagruélico faturamento enquanto exercia função pública.


Não se trata, como alegam assessores de Palocci (estão em cargo público e fazem a defesa de atividade privada do ministro) de contratos garantidos pelo sigiloso, na base da confiabilidade.


No mundo moderno, diante dos fenômenos da lavagem de capital sujo e da reciclagem em atividades formalmente lícitas, o segredo cai no interesse público. Nem mais o segredo bancário é absoluto.


A empresa Projeto, no caso, confundia-se com a pessoa do deputado Palocci: basta verificar os 99,9% de participação.


Assim, quem contratou com a Projeto-Palocci sabia muito bem que o deputado em questão tinha o poder-dever de revelar que as suas atividades extra-mandato eram legais. Que não estava a burlar as proibições relacionadas no artigo 55 da Constituição e nem fazia tráfico de influências.


Até agora existem elementos, com lastro de suficiência,  a autorizar a abertura de uma investigação criminal.


E não pegou bem o escapismo do Procurador Geral da República, que é o chefe do Ministério Público e tem a missão constitucional de defender a sociedade. Agora, com a nova matéria da Folha espera-se que determine apurações.


Os interessados em blindar Palocci deveriam atentar para o código penal.


O código penal tipifica como crime a prevaricação: “Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal” (rt319).


–Wálter Fanganiello Maierovitch–





Em tempo: este Conversa Afiada também não entende como uma suposta “Comissão de Ética” do Governo, sob a liderança do notável jurisconsulto Sepúlveda Pertence, também se recusa a sentir esse odor a que o Walter se refere. Viva o Brasil !


Paulo Henrique Amorim

quinta-feira, 19 de maio de 2011

O ADEUS DE BRESSER-PEREIRA AO PSDB



luisnassif, qua, 18/05/2011 - 11:10

Folha de S.Paulo - TENDÊNCIAS/DEBATES
Luiz Carlos Bresser-Pereira: Adeus à política partidária - 18/05/2011

TENDÊNCIAS/DEBATES
Adeus à política partidária 
LUIZ CARLOS BRESSER-PEREIRA

Nos últimos dez anos, eu mudei, e o partido político que ajudei a criar, o PSDB, também mudou; chegou a hora de dizer adeus à política partidária

A vida é uma soma de compromissos e de identidades. Comprometemo-nos com nossa família, com nossos amigos, com nossos colegas de trabalho, com nossos companheiros de luta política, com nosso país, e, cada vez mais, com nossa humanidade.
Mas nossa identidade não é produto apenas da nossa liberdade; é também resultado da imagem que nos é atribuída pelos outros, porque é a fidelidade a ela que nos torna previsíveis e confiáveis.
Entretanto, o mundo em nossa volta muda constantemente, o que nos obriga a estar sempre prontos a nos repensarmos, ao mesmo tempo em que repensamos o mundo em transformação.
Nesses últimos dez anos, eu mudei, e o partido político que eu ajudei a criar, o PSDB, também mudou. A mudança foi tão grande que chegou a hora de dizer adeus a esse partido, e, mais amplamente, à política partidária. Nunca fui um político "stricto sensu", porque nunca me candidatei a cargo eletivo. Mas aceitei convites e ocupei cargos importantes, sempre identificado com uma centro-esquerda social-democrática e nacionalista.
Nos debates que precederam a fundação do PSDB, a decisão de denominá-lo um partido social-democrático deixava claro o compromisso de centro-esquerda do partido.
Entretanto, enquanto assinava a ata de fundação, estava claro para mim o risco que o novo partido corria. Se o PT, que naquela época se considerava um partido socialista revolucionário, chegasse ao poder, poderia acontecer aqui no país o que aconteceu com os partidos socialistas na Europa; o PT poderia se transformar em um partido social-democrático, e o PSDB seria empurrado para a centro-direita.
Foi isso o que aconteceu, com um agravante: o partido também não se identificou com um nacionalismo econômico essencial para que o Brasil alcance os níveis de bem-estar dos países ricos.
Em 1993, tentei, em conjunto com Oded Grajew, uma aproximação entre o PSDB e o PT, mas não havia espaço nos dois partidos para isso. Em 2002, em associação com Yoshiaki Nakano, fizemos uma proposta de política de crescimento com estabilidade para o PSDB, mas ela não chegou a ser discutida.
Enquanto isso ocorria, eu, que desde 1999 me dedico apenas às atividades acadêmicas, também mudei. Reforcei minha posição de centro-esquerda e retomei meu nacionalismo econômico, que se define por uma simples e dupla convicção: que é dever primeiro do governo defender os interesses do trabalho, do capital e do conhecimento nacionais, e que essa defesa deve ser feita pelos brasileiros seguindo sua própria cabeça, já que os países ricos são nossos competidores.
O nacionalismo econômico foi fundamental para que o Brasil crescesse aceleradamente entre 1930 e 1980, mas depois, no quadro da hegemonia neoliberal, foi abandonado. Ora, no contexto da globalização, o desenvolvimento de um país depende da existência de estratégia nacional de desenvolvimento ou de competição internacional.
Na medida em que as mudanças ocorriam em direções opostas, eu me distanciava cada vez mais do PSDB. Por isso, decidi desligar-me dele. Ainda nestas últimas eleições votei em José Serra nos dois turnos.
Quis, assim, honrar compromissos antigos com ele e com Fernando Henrique -um notável homem público e um amigo- e a memória de dois estadistas do partido: Mario Covas e Franco Montoro.
A partir daqui, fico livre de compromissos partidários, como é mais adequado para alguém como eu, que decidiu não mais exercer cargos públicos, mas ser um intelectual público independente, identificado, na medida do meu possível, com o Brasil e com seu povo. 

LUIZ CARLOS BRESSER-PEREIRA, 76, professor emérito da FGV-SP, é colunista da Folha . Foi ministro da Ciência e Tecnologia e da Administração Federal e Reforma do Estado (governo FHC), além de ministro da Fazenda (governo Sarney). É autor de, entre outras obras, "Desenvolvimento e Crise no Brasil" (Editora 34).

Reblogado do Blog do Amoral Nato

quarta-feira, 18 de maio de 2011

NÓS ROUBEMO AS PALAVRA DE OUTRO BLOG.

 De todas as análises sobre a polêmica do livro didático esta foi a melhor.


"Por uma vida melhor": por que abolir os conceitos de “certo” e “errado”

Por Daniela Jakubaszko*, do blog Mulheres de Fibra
.
A polêmica que se criou em torno do livro Por uma vida melhor, da coleção Viver, aprender, adotado pelo MEC, é inútil e representa um retrocesso para a Educação.
Como lingüista e professora de português defendo ardorosamente a utilização do livro. Vou explicar, mas antes faço alguns esclarecimentos:
1. A escola é o lugar por excelência da norma culta, é lá que devemos aprender a utilizá-la, isso ninguém discute, é fato.
2. O livro NÃO está propondo que o aluno escreva “nós pega” – como estão divulgando por aí - ele está apenas constatando a existência da expressão no registro “popular”. Do ponto de vista cotidiano, a expressão é válida porque dá conta de comunicar o que se propõe. E ela é mais que comum e, sejamos sinceros, é a linguagem que o leitor dessa obra usa e entende. Será que é intenção da escola se comunicar com ele de verdade? Se for, ela tem que usar um livro que consiga fazer isso. Uma gramática cheia de exemplos eruditos e termos que o aluno não consegue nem memorizar, com certeza, não vai conseguir.
3. O que o livro está propondo é trocar as noções de “certo” e “errado” por “adequado” e “inadequado”. E isso é mais que certo. Vou explicar a seguir.
4. A questão é: como ensinar a norma culta num país de tradição oral, e no qual existe um abismo entre a língua oral e a língua escrita? Como fazer isso com jovens adultos – que já apresentam um histórico de “fracasso” em seu processo formal de educação e, muito provavelmente, na aquisição dos termos da gramática e seus significados. Se esse jovem não assimilou até o momento em que procurou o EJA (Educação de Jovens e Adultos) a “concordância de número”, como o professor vai fazê-lo usar a crase? Isso para mencionar apenas um dos tópicos mais fáceis da gramática e que a maioria das pessoas, inclusive as “mais cultas e graduadas”, algumas até mesmo com doutorado, ainda não sabem explicar quando ela é necessária.
Por que abolir os conceitos de “certo” e “errado”?
Vou mencionar apenas 3 razões, para não cansar demais o leitor, mas existem muitas outras, quem se interessar pode perguntar que eu passo a bibliografia.
1. Primeiro, por uma questão de honestidade com o aluno. A língua é viva, assim como a cultura, e não pode ser dirigida, por mais que tentem. Por isso, não existe nem “certo” nem “errado”: as regras são convenções e são alteradas de tempos em tempos por um acordo entre países falantes de uma mesma língua. O que era “errado” há alguns anos, hoje pode ser “certo”. Agora é correto escrever lingüística sem trema - o que discordo - e ideia sem acento. Assim, o que existe é o “adequado à norma culta” e o “inadequado à norma culta”. E essa norma é uma convenção, não uma lei natural e imutável. Além disso, por mais que a escola seja representante da norma culta, isto não significa que ela deva ficar “surda” diante dos demais níveis de fala. A língua portuguesa – ou qualquer língua – não pode ser reduzida à sua variante padrão. Tão pouco as aulas de português devem ficar. Afinal, se numa narrativa aparece um personagem, por exemplo, pescador e analfabeto, como o aluno deverá escrever uma fala (verossímil) para ele? Escrever de forma inverossímil é certo? Aliás, o que seria dos poetas e escritores se não fosse o registro popular da língua? Acho que Guimarães Rosa nem existiria.
Com certeza a crítica ao livro parte de setores conservadores e normativos. Eu, como lingüista e professora, não apoio a retirada dos livros porque não acho justo falar para o aluno que o jeito que ele fala é errado, até porque não é, só não está de acordo com a norma culta, o que é muito diferente. Depois que você explica isso para o aluno é que ele entende o que está fazendo naquela aula. Essa troca faz toda a diferença.
2. Segundo, porque quando você diz para um aluno sucessivas vezes que o que ele fez está “errado” você passa por cima da subjetividade dele e acaba com toda a naturalidade dessa pessoa. Daí, ela não fala “certo” e também não sabe quando fala “errado”. Assim, quando na presença de pessoas que ela julga mais letradas que ela própria, não tenha dúvida, vai ficar muda. A formação da identidade do sujeito passa obrigatoriamente pela aquisição da linguagem, viver apontando os erros é desconsiderar a experiência de vida daquela pessoa, é diminuí-la porque ela não teve estudo. E não se engane: ela pode se tornar até uma profissional mais desejada pelo mercado por usar melhor a norma culta, mas não necessariamente vai se tornar uma pessoa melhor.
3. Em terceiro, porque é urgente trocar o ponto de vista normativo pelo científico. A lingüística reconhece que a língua tem seu curso e muda conforme o uso e a cultura: já foi muito errado falar (e escrever) "você", por exemplo. A lingüística também reconhece que a língua é instrumento de poder, por isso, nada mais importante do que desmistificar a gramática normativa. Isto não significa deixá-la de lado, mas precisamos exercitar uma visão mais crítica. Esse aluno sente na pele a discriminação social devido ao seu nível de fala, nada mais natural que ele rejeite a norma culta e considere pedante a pessoa que fala segundo a norma padrão. É compreensível, ainda, que ele não entenda grande parte do que se diz em sala de aula. O que não é compreensível é o professor, ou melhor, “a Escola”, não entender a razão de isso acontecer.
Em nenhum momento foi dito que a professora e autora do livro em questão não iria corrigir ou ensinar a norma culta aos alunos, só ficou validado o registro oral. Os alunos precisam entrar em contato com o distanciamento científico. E os lingüistas não saem por aí corrigindo ninguém, eles observam, e você, leitor, bem sabe como funciona a ciência - e um aluno de pelo menos 15 anos já precisa começar a ouvir falar do pensamento científico. Além disso, é muito bom que eles percebam se o nível de fala que usam tem prestígio ou não, e o porquê.
Por que ignorar o estudo da língua oral em sala de aula? Eu fazia um trabalho nesse sentido com os meus alunos e só depois de transcrever entrevistas orais eles conseguiam ouvir a si mesmos e tomar consciência de seu registro lingüístico: “nossa como eu falo gíria! Eu nem percebia!”. Aí sim eles entendem que, com o amigo, com os pais, eles podem dizer "os peixe", mas que na prova é preciso escrever "os peixes", no seminário é preciso dizer “os peixes”, mas ele precisa estar à vontade para fazer isso. A realidade em sala de aula é que os alunos não entendem onde estão errando. Quando você explica o conceito de norma culta eles entendem. Cria-se um parâmetro e não uma tábua de salvação inatingível. É aceitando o registro desse interlocutor e apresentando mais uma possibilidade de uso da língua para ele que vai surgir o esforço para aprender. Se você insistir no “certo” e no “errado” ele vai ficar com raiva e rejeitar o novo. Quer apostar?
Ter uma boa comunicação não é sinônimo de usar bem as regras da gramática. Para ensinar os conceitos de "gramática natural" e "gramática normativa" temos de dar esses exemplos. Os conservadores se arrepiam porque eles partem do princípio que você nunca pode escrever ou falar nada errado na frente do aluno. Para mim isso é hipocrisia: o aluno tem direito de saber que o registro que ele usa em casa é diferente daquele que ele usa na rua, no estádio de futebol, na escola, no trabalho, em frente ao juiz. E tem o direito de saber que o “correto” se define por aquele que tem mais prestígio social. Essas são só as primeiras noções de sociolingüística, para quem quiser abrir a cabeça e saber. Ou será que a língua portuguesa se aprende descolada da realidade? É isso que se está tentando mudar. É tão difícil assim perceber isso?
Quando me perguntam qual é a função do professor de português na escola, eu respondo: oferecer ao aluno um grau cada vez mais elevado de consciência lingüística; oferecer instrumentos para que ele possa transitar conscientemente entre os diversos níveis de linguagem. Só depois de realizada essa operação o aluno vai conseguir escrever conforme as regras da norma culta. E falar a norma padrão com naturalidade. Ou, ainda, escolher falar conforme o ambiente em que cresceu e formou a sua subjetividade (Lula que o diga, comunica-se muito bem, sem camuflar as suas origens). É bom ficar claro que a função do professor não se reduz a "corrigir" o aluno. Isso, o google, até o word, pode fazer. Ajudar o aluno a ter consciência de seu nível de fala é outra história...
O problema não é uma pessoa dizer “nós pega”, o problema é ela não entender que esse uso não é adequado em determinados contextos, o problema é não saber dizer “nós pegamos”. Ou sequer compreender porque não pode falar “nós pega”... É, leitor, tem muito aluno que não entende porque precisa aprender uma lista de nomes difíceis que nada significam para ele e que ele não enxerga a relação direta entre uso da norma culta e como esta vai ajudá-lo a melhorar de vida.
Conheço quilos, ou toneladas, de gente formada, pós-graduada, que fala “seje” e não tem consciência de que está falando assim, e ainda critica quem fala “menas”. Ouvir a si mesmo é uma das coisas mais difíceis de fazer. E como ajudar o aluno a fazer isso?
O primeiro passo é, sem dúvida, abolir o “certo” e o “errado”. Enquanto o professor for detentor da caneta vermelha, o aluno vai tremer diante dele e nada do que ele disser vai entrar na cabeça dessa pessoa preocupada em acertar uma coisa que não entende, tem vergonha de dizer que não entende, então não pergunta, faz que entendeu, erra na prova e o resultado é ela se achar cada vez mais burra e desistir de estudar. Ufa... Puxa, ninguém estuda mais psicologia da educação? Isso é básico!
E então, leitor, o que é mais honesto com esse aluno que chega no EJA com a autoestima lá em baixo? Começar falando a língua dele e depois trazê-lo para a norma padrão ou começar de cara a humilhá-lo com uma língua que ele não entende?
É muito sério quando pessoas leigas começam a emitir, levianamente, juízos de valor sobre assuntos que não dominam. Alguns jornalistas, blogueiros e “opineiros” de plantão, por exemplo, sem conhecimento dos conceitos e técnicas de ensino em lingüística, sem a menor noção do que está acontecendo nas salas de aula desse país, começam a querer dizer para os professores o que eles têm de fazer, como eles têm de ensinar! Isto sim, é nivelar por baixo! É detonar, mais ainda, a autoridade do professor, já tão desprezada no país. Ah, e ainda fazem isso sem perceber que freqüentemente cometem erros crassos; eu estou cansada de lê-los em blogs, jornais e revistas, e ouvi-los na televisão. Não que precisem, ou usamos com eles os mesmos critérios que defendem?
E então, qual é mesmo o tipo de educação que o Brasil precisa?
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* Daniela Jakubaszko é bacharel em lingüística e português pela FFLCH-USP

Fonte:  Cloaca News
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