domingo, 22 de julho de 2012

"Filiado" abre o verbo contra Mendonça filho, presidente do DEM-PE

Do Terra Brasilis

Por DiAfonso

Em 2006, Jorge Bornhausen [agora, ex-filiado do DEM] vociferou: “Vamos acabar com essa raça [PT]. Vamos nos ver livres dessa raça por pelo menos 30 anos”. Seis anos se passaram e o que estamos vendo é uma "raça elitista" - aliada dos militares que promoveram um genocídio - esvair-se, letal e lentamente, rumo ao lixo da história.

Se feitiço fez, Bornhausen não seguiu "religiosamente" os rituais. Tanto é verdade que a "profecia bornhauseniana" está se voltando contra o próprio DEM.

Aqui em Pernambuco, Jarbas traiu os "DEMos" e caiu nos braços de Eduardo Campos [PSB] com o claro intuito de derrotar Lula a todo custo.

Agora, o "deputado mercador da emenda da reeleição de FHC", Mendonça Filho, vê-se às voltas com um "filiado" que, por um erro burocrático [palavras de Mendoncinha], não teve a "filiação" partidária abonada pelo próprio DEM, partido do qual Mendoncinha é presidente estadual.

Em nota, o "filiado", que concorreria às eleições pelo partido, abre o verbo e diz que Mendonça Filho e Priscila Krause - filha de Gustavo Krause - não o respeitaram e o ignoraram. Logo ele, o "filiado dileto" cujas ações gratuitas tinham como alvo a prefeitura do PT em Recife! [Leiam texto abaixo].


Também em nota [leiam abaixo], Mendoncinha tenta "passar gelo" na pancada que o rapaz recebeu, informando que se solidariza com o "filiado".

A "solidariedade" aí parece mais uma tentativa de postergar a morte de uma partido que andou de braços dados com a ditadura e, quando governou, o fez apenas para uns poucos.

Nota do presidente estadual do Democratas, Mendonça Filho, sobre o episódio envolvendo o filiado Alyson Fonseca


Recife, 22 de julho de 2012
Como presidente estadual do Democratas presto minha solidariedade a nosso filiado Alyson Fonseca, vítima de um erro burocrático de um funcionário do partido. Alyson sempre foi um dedicado militante, estando em nosso quadro de juventude há vários anos, sempre com abnegação e excelentes serviços prestados. Minha disposição é, como sempre, ajudar a quem veste a nossa camisa, e farei o que estiver a meu alcance para que esse erro seja reparado. Considero-o, repito, uma figura de extrema relevância dentro de nossa estrutura partidária e que sempre teve, e terá, de nossa parte o devido. [folhape]

Leia nota de Alyson Fonseca, na íntegra, aqui.

A "Infantaria 45" tucana ficará apenas nas bolinhas de papel?



Por DiAfonso

A equipe de campanha do PSDB vem estimulando seus jovens militantes a se portarem como soldados numa guerra. Eleição não é guerra [a não ser em sentido figurado]. 

Entretanto, o que se vê, com a nomeação do grupo de "Infantaria 45", é a perda de todo o sentido conotativo da palavra. 

O secretário nacional de Juventude do PSDB diz querer ser propositivo e "discutir soluções para a cidade" de São Paulo, mas o nome de batismo do grupo apaga qualquer possibilidade de que se pretenda discutir a eleição municipal no plano das ideias. 

Torçamos para que, neste pleito, os tucanos fiquem somente nas bolinhas de papel... Se é que me entendem.

Leiam matéria abaixo:

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Tucanos criam 'Infantaria 45' para ação na rede

A juventude do PSDB montou um grupo batizado de "Infantaria 45" para divulgar propostas de José Serra na internet. O grupo diz que pretende responder a provocações que atribui a militantes de partidos adversários.

A equipe é formada por militantes tucanos e recebe orientações de integrantes da equipe de campanha do PSDB. "Nosso objetivo não é atacar, é fazer uma campanha propositiva e discutir soluções para a cidade", afirma o secretário nacional de Juventude do partido, Wesley Goggi.

A ação da "infantaria" será voluntária, mas os militantes receberão orientações e missões diárias da equipe de campanha.

Na sexta-feira da semana passada, por exemplo, quando petistas lançaram no Twitter a campanha "13 dá sorte", em alusão ao número do PT na urna eletrônica, os tucanos passaram a difundir a expressão "13 dá azar".

Segundo o coordenador de comunicação de Fernando Haddad, vereador José Américo, a campanha descarta a hipótese de fazer uma coordenação centralizada da militância. Ele ironizou o tom bélico da "Infantaria 45" e disse que a internet não aceita esse tipo de iniciativa. "Somos contra montar brigadas ou infantarias na web ou tutelar nossos apoiadores", afirmou. "Do nosso lado, temos apenas apoios espontâneos." Um dos internautas que defende Haddad na internet é o jornalista Leandro Rodrigues, de 25 anos, criador do perfil "Somos Haddad" no Twitter e Facebook. "Quando alguém escreve uma crítica fundamentada, respondemos no mesmo tom", disse. 

PT E AS ELEIÇÕES: ELEGIBILIDADE E GOVERNABILIDADE VALEM A PENA SEM UMA MILITÂNCIA RADICAL?





Segunda, dia 09 de julho, começou a campanha eleitoral. Na rua, encontrei em esquinas várias pessoas balançando as bandeiras vermelhas com a estrela do PT, e chorei. Nos rostos desses "bandeirolos” não havia emoção, não eram militantes, eram trabalhadores. A militância mudou nesses 32 anos, a política mudou, o PT mudou e mudamos nós militantes e petistas. Chorei de saudade do tempo em que ser militante era sentir pulsar o peito no compasso dos sonhos, da utopia de construir um mundo diferente, um novo país, livre, justo, igualitário, ético, essas coisas que motivaram tantos/as pessoas nos anos 1970/80. Minha primeira experiência de militante foi no dia 19 de maio de 1977, Dia Nacional de Luta contra a Ditadura Militar. Uma multidão de mais de 8 mil estudantes em Salvador, confrontaram-se com o Batalhão de Choque da Polícia Militar, com policiais montados, outros com cachorros e outros com escudos e muita bomba de gás lacrimogêneo. Nesse dia eu realmente confirmei que estava no lugar que tinha que estar, lutando por liberdade e pelo direito de sonhar e fazer a história. Nunca mais parei de procurar o que pode e deve mudar na minha vida e na vida social.

Fiz parte daqueles/as que foram às ruas e subiram em ônibus arrecadando dinheiro para mandar ao comando de greve dos metalúrgicos do ABC, em 1979. Greves que mudaram o Brasil e a esquerda. Como membros de base da Ação Popular no movimento estudantil, confrontamos as lideranças nacionais, muitos ex-exilados e anistiados que não concordavam com a proposta de um partido dos trabalhadores "por que era um partido de massas e não um partido revolucionário”. A proposta do PT não se enquadrava no esquema marxista-leninista clássico e instalou-se um intenso debate sobre teorias revolucionárias, marxismo, leninismo, maoismo, trotskismo, stalinismo, gramicismo, eurocomunismo e muitos ismos. Essa discussão levou a rachas no PC do B e na AP, e os dissidentes se jogaram nas ruas para discutir a proposta desse partido com a população em geral. Em Salvador, fomos às favelas e assim filiamos e legalizamos o PT, criando os Núcleos de Base. Fomos acusados de igrejeiros e de liquidacionistas, pela esquerda ortodoxa, muitos dos quais depois entraram no partido e o transformaram numa "frente de tendências”.

Da legalização para as eleições foi outro percurso difícil. Definir candidatos, fazer doações de nosso bolso para imprimir material de propaganda. Realizar a mínima coisa era experimentado como uma grande vitória: fazer uma camisa, uma faixa, os "santinhos”, cartazes. O comício, então, era uma apoteose, delirávamos de emoção sacudindo as bandeiras e cantando os refrãos. Foi assim até a primeira eleição de Lula. Não sabíamos o quanto nos custaria a elegibilidade e a governabilidade. As negociações e as alianças foram mais compreensíveis para mim do que a cooptação de "companheiros/as” pelos esquemas do velho poder. Inserir-se numa estrutura burocrática e corrompida de gestão privada do espaço público, absorveu muita gente em esquemas e comportamentos que foram naturalizados por uma elite perversa e predatória, sem compromisso cívico, que tinham montado um jeito de governar para manter uma estrutura social excludente e desigual como poucas no mundo.

Não é possível negar que muita coisa mudou no aparelho estatal e na forma de gestão pública. Mas muito do Estado autoritário e patrimonialista permanece e continua estabelecendo a lógica de governar. A maneira como o governo da Bahia está tratando os professores estaduais em greve é inadmissível, inclusive para um governador que foi líder sindical. E o tratamento do Ministério da Educação a essa greve das federais, ameaçando cortar ponto é pior do que os militares ousaram fazer com a violência da repressão política, porque ameaça a estabilidade da sobrevivência das famílias. A governabilidade coloca em primeiro lugar a estabilidade do Estado e não o interesse da nação. A nação não é o aparelho do Estado e nem as corporações financeiras empresariais, mas é todo o povo que constitui uma nacionalidade. O momento é crucial: o país adquiriu estabilidade política e econômica, estabeleceu as bases para uma distribuição de renda, instituiu marcos legais e políticos para a ampliação da cidadania, agora precisa repensar a relação do Estado com a sociedade civil, não a partir da pressão da mídia e do setor econômico, mas da população e das organizações civis.

O exercício do poder nas condições de um Estado que se quer democrático na civilização do capital vai requerer bater de frente ou com o povo ou com as elites. A consciência de cidadania da população avançou e não tem volta, os confrontos estão apenas se anunciando. Ter o consentimento e aprovação das elites para governar e utilizar os seus instrumentos pode ter sido até inevitável para consolidar outro projeto de governo, mas a conjuntura mudou. Pagar militantes para fazer uma campanha não pode substituir a participação de uma militância motivada por paixão, emoção e desejo de construir o sonho de um mundo melhor. Pode ter sido necessário sujar as mãos, abdicar de alguns sonhos, eu reconheço certa grandeza nessa opção, necessária em circunstâncias vividas, embora eu não me disponha a isso, prefiro estar do lado de cá, criando utopias e percebendo as outras possibilidades que a realidade pode ter. Aprendi que não basta saber ou viver o que a realidade é, mas é preciso perceber como ela poderia ser. Ser realista não pode substituir ser radical, por que ser radical não é ser irrealista, mas ir até a raiz do limite do que pode ser transformado.

Que venham as eleições sem destruir nossos sonhos e nossa ética revolucionária, sem elas ficaremos cada vez mais distantes do tempo da militância convicta. Nada paga a emoção de realizar juntos os sonhos sonhados. Pois como cantou Raul: "sonho que se sonha junto é realidade”.

Maria Dolores de Brito Mota, professora Associada da Universidade Federal do Ceará. Instituto de Cultura e Arte
Fonte:  Blog do Saraiva
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