segunda-feira, 12 de julho de 2010

REPUBLICO ÓTIMO POST ENCONTRADO NO "APOSENTADO INVOCADO", COM OS PARABÉNS E OS DEVIDOS CRÉDITOS AO AUTOR

PARABÉNS AO AUTOR DO TEXTO ! (http://www.jblog.com.br/rioacima.php)

Apesar dessa onda toda, Bruno vai sair da cadeia

O goleiro Bruno Souza deixou ontem a prisão onde cumpriu parte da pena pela participação no assassinato de sua ex-amante Eliza Samudio, desaparecida em 8 de junho de 2010. O jogador teve direito a liberdade condicional por ter cumprido um terço da pena com bom comportamento. Agora, Bruno afirma que quer voltar ao futebol.

Não tenha dúvidas, você ainda vai ler esta notícia. Afinal, estamos no Brasil, onde a vida humana vale muito pouco, e a de uma mulher, menos ainda. Não temos tradição de punir exemplarmente assassinos de esposas, amantes, namoradas ou simples desconhecidas. Talvez haja mais homens presos por não pagarem pensão alimentícia do que por assassinar uma mulher.

Se não for um maníaco do parque, um típico serial killer, o matador costuma deixar a cadeia após seis ou sete anos, como aconteceu com o ex-ator condenado pela morte de Daniela Perez. Se tiver dinheiro para pagar advogados influentes, que conhecem as idiossincrasias e os meandros da Justiça, não cumprirá nem um minuto da pena.

Foi o caso do jornalista Pimenta Neves. Em 20 de agosto de 2000, ele matou sua colega de profissão e ex-namorada Sandra Gomide com dois tiros à queima-roupa, diante de uma testemunha. Condenado a 18 anos de prisão, levantou-se do banco dos réus ao fim do julgamento e foi para casa, amparado pela Justiça. No despacho que anulou o veredito, a subprocuradora-geral da República entendeu que a defesa de Pimenta foi cerceada. E Sandra, teve defesa ao ser emboscada por seu algoz?

Toda esta onda da imprensa em torno da morte de Eliza Samudio faz parte do show. Orgias, bebê abandonado, ossos da vítima dados aos cachorros, cervejinha para comemorar a execução... não se engane. A indignação popular hoje é efêmera.

Se Bruno for condenado, pode, como muitos felizardos, sair antes do fim da pena. Seis, sete anos de prisão, é quando vale a vida de uma mulher hoje em dia no Brasil. Não vai fazer a menor diferença se ele mandou ou não dar a carne da mãe de seu filho a um cão rottweiler. Ninguém na opinião pública vai protestar. Nossos deputados e senadores não sofrerão qualquer pressão para mudar um Código Penal que, para quem tem dinheiro, abre mais brechas que a defesa da seleção de Honduras.

Amanhã, ou depois, Bruno não será mais manchete de jornal. Ficará esquecido por um tempo até voltar a ser notícia, quando ganhar a liberdade. Primeiro, provisória; depois, definitiva. Como Pimenta, talvez diga que agiu “sob forte emoção”. Tem também aquele papo, usado _ não no caso dele, mas em muitos outros _ de "legítima defesa da honra".

Eliza, a única pessoa que certamente se indignaria com a progressão de pena do goleiro, não está mais aqui. Outro crime hediondo ocupará o alto das páginas e os noticiários da TV. Um novo criminoso será pregado na cruz midiática. E, quatro ou cinco anos depois, estará solto também.

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