quinta-feira, 22 de março de 2012

MARIA INÊS NASSIF: DILMA ENFRENTA CHANTAGEM NO CONGRESSO


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O Conversa Afiada reproduz texto da Carta Maior:

O carimbo de Dilma Rousseff nas negociações políticas

Há uma aposta clara em que, ao escolher seus próprios interlocutores na base aliada, a presidenta conterá os movimentos de chantagem que têm sucedido de forma permanente a troca dos ministros vitimados por denúncias. E que existe espaço na agenda para correr esse risco.


Maria Inês Nassif


Não parece aleatória a estratégia política assumida pela presidenta Dilma Rousseff (PT), desde que iniciou uma reforma ministerial em capítulos. A leitura que deve ser feita da ação de Dilma junto à base aliada (aí incluídas as escolhas ministeriais e de lideranças no Congresso politicamente mais afinadas com o perfil que quer dar às relações entre Executivo e Legislativo) é a de que ela bancou o risco de desarranjar uma coalizão montada pelo governo anterior, que também deu sustentação à sua candidatura, para fugir ao permanente impasse de demitir auxiliares indicados pelos partidos a cada denúncia de corrupção, e em seguida ser obrigada a se submeter à chantagem dos mesmos partidos para manter as pastas nas mãos dos grupos hegemônicos nas legendas. E, se correu o risco, é porque o governo avaliou que há espaço para tentar arranjos na base partidária, já que não existem questões urgentes a serem decididas pelo Congresso – a única, o Código Florestal, prescinde de uma enorme base de apoio, já que as posições individuais dos parlamentares estão muito consolidadas e a bancada ruralista é muito forte. Mantendo ou não os instrumentos tradicionais de negociação com a base aliada, o Executivo não teria nenhuma garantia de lealdade nessa questão.


Daqui para o final do ano, a gestão do Orçamento, com toda a flexibilidade que a lei dá ao governo, e as medidas para neutralizar os efeitos da crise financeira internacional sobre a economia têm mais relevância do que as matérias que tramitam no Congresso. O que é importante de fato esbarra em questões que transcendem acordos partidários – caso não apenas do Código Florestal, mas também da Reforma Política, onde uma decisão partidária não consegue se sobrepor aos interesses individuais dos parlamentares. Apenas o PT consegue fechar questão sobre o assunto.


Foram 11 os ministros substituídos até agora, mais dois líderes do governo – parte deles por baixa produtividade, outra parte vitimada por denúncias. Nesse último caso, a presidenta está tentando inverter a mão. Como a hegemonia dos grupos internos, nos partidos tradicionais, é definida pelo poder de troca desses grupos com o governo federal, está apostando que, ao subtrair influência desses líderes sobre a máquina administrativa e transferi-los a outros que estão hoje à margem das decisões partidárias, desequilibrará o poder interno a favor de pessoas mais comprometidas com o seu governo.


Ao substituir o senador Romero Jucá (PMDB-RR) por Eduardo Braga (PMDB-AM) na liderança do governo no Senado, ela não preteriu o maior partido da base de sustentação do governo, mas grupos internos que detinham há nove anos o monopólio das relações com o governo, especialmente os ligados a José Sarney (AP) e Renan Calheiros (AL). É uma aposta de que, se a interlocução com o Executivo define a hegemonia interna do PMDB, a presidenta pode ter o poder de renovar internamente o partido, ao optar por outros interlocutores.


O mesmo comportamento teve antes, em relação aos ministros escolhidos. Dilma tem alterado a lógica tradicional de que é preciso simplesmente se submeter às indicações dos aliados, mesmo que elas custem alimentar, ao longo de toda a gestão do indicado, a cota de poder de quem indicou – e, em consequência, os instrumentos de pressão sobre o próprio governo. Até agora, Dilma tem nomeado alguém do partido do ministro demitido, mas com compromissos de lealdade com o governo, não com os grupos dominantes de sua agremiação. Esta foi a origem da revolta do PR, que anunciou a saída do governo: o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, que é do PR, porém não faz parte do grupo dominante do partido, não é aceito pelos líderes da legenda como cota partidária, e sim como cota pessoal de Dilma.


No PDT, o movimento é semelhante. Após a demissão de Carlos Lupi (RJ) do Ministério do Trabalho, o político retomou o lugar de presidente da legenda, acirrando uma divisão interna que se prolonga quase desde a morte do fundador do partido, Leonel Brizola. O deputado Brizola Neto (RJ) está na contramão do grupo de Lupi: tem formação política que permite uma aderência mais orgânica ao governo, isto é, suas posições são muito mais próximas de um governo de esquerda do que as de Lupi. O ex-ministro manteve o PDT nos moldes deixados por Brizola avô (poder concentrado na Presidência e pouca seletividade na escolha de quadros) sem ter o carisma do velho caudilho. O poder de Lupi no PDT também depende do seu poder de interlocução com o governo. A escolha de Brizola Neto para o Trabalho, se for confirmada, dará mais consistência ideológica a uma pasta que, num governo petista, com tradicionais ligações com o sindicalismo, tem que servir como contraponto a outros ministérios destinados à direita governista. A lealdade do deputado, sem que se exija dele abrir mão de suas convicções políticas, será naturalmente maior a Dilma do que ao PDT representado por Lupi.


A reação dos partidos aliados ao ajuste pretendido por Dilma na representação dessas legendas em seu governo já seria grande, pois esses movimentos ameaçam o status quo das lideranças que detém o comando dos partidos de formação tradicional. Torna-se maior no período pré-eleitoral porque aí entram novos elementos de possível barganha. O pré-candidato do PT à prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, está pagando a fatura pelo jogo duro de Dilma. Como a vitória na capital paulista é fundamental na definição do jogo político depois das eleições, os partidos aliados ao governo nacionalmente passaram a usar a eleição local para reverter o quadro. Com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda afastado das lides eleitorais, a aposta dos aliados do governo federal é a de que o poder de barganha eleitoral reate as relações de poder dos grupos alijados da convivência com Dilma, por conta das mudanças na correlação de forças no Congresso.


É uma aposta que não pode ser traduzida por falta de orientação política do atual governo, mas por uma estratégia política diferente da gestão anterior. Se a área gerencial da atual administração já trouxe do governo Lula o perfil de Dilma, que foi sua principal colaboradora, no campo político o novo governo ainda não tinha uma cara própria. A presidenta, mesmo obrigada a apelar para a intermediacão do ex-presidente Lula de vez em quando, assumiu correr um risco. Mas ela não tinha alternativa a não ser a de imprimir o seu próprio estilo também nas relações políticas mantidas com o Congresso. Sem traquejo de negociação, conhecimento dos atores envolvidos na permanente barganha do poder e carisma de Lula, obrigatoriamente teria que impor padrões de relacionamento com seus alidos, sob pena de ficar refém da política tradicional.


quarta-feira, 21 de março de 2012

O ASSUNTO É RACISMO


Eliminar a discriminação contra negros


Eloi Ferreira de Araujo


Cotas, lei do ensino da história afro-brasileira nas escolas e o reconhecimento de quilombos foram vitórias, mas o racismo ainda impede a igualdade


Há 52 anos, em 21 de março de 1960, cerca de vinte mil negros protestavam contra a lei do passe na cidade de Joanesburgo, na África do Sul. Lutavam contra um sistema que os obrigava a portar cartões de identificação que especificava os locais por onde podiam circular. Era uma das lutas contra o apartheid.


No bairro negro de Shaperville, os manifestantes se defrontaram com tropas de segurança daquele sistema odioso. O que era para ser uma manifestação pacífica se transformou em uma tragédia. As forças de segurança atiraram sobre a multidão, deixando 186 feridos e 69 mortos. Esse episódio ficou conhecido como o massacre de Shaperville.


Em memória às vítimas do massacre, em 1976, a ONU (Organização das Nações Unidas) instituiu o dia 21 de março como o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial.


Destacar esse acontecimento é importante para que nunca esqueçamos dessa face cruel do racismo, que não hesita em atirar em pessoas indefesas. Assim, há 36 anos, o dia 21 de março é um marco para a comunidade negra na luta contra o racismo e as discriminações. Ainda hoje, a influência do racismo impede que negros vivam em condições de igualdade com os não negros.


As ações afirmativas de cotas na universidade para os jovens negros, o Prouni, o programa de saúde para a população negra, o reconhecimento das terras dos remanescentes de quilombos, o combate à intolerância religiosa em face das religiões de matriz africana, entre outras ações, trazem para ordem do dia um pouco dos desafios que ainda temos de enfrentar para construir uma sociedade mais igualitária.


Contudo, podemos nos orgulhar pelos avanços dados nos últimos anos. Um deles foi a lei 10.639/2003, que torna obrigatório o ensino sobre história e cultura afro-brasileira nos ensinos fundamental e médio das escolas pública e particular de todo o país.


Outro foi a lei 12.288, que dispõe sobre o Estatuto da Igualdade Racial. Essa é a primeira lei desde a abolição da escravidão que reúne inúmeras possibilidades para que o Estado brasileiro repare, de uma vez por todas, as desigualdades que são resquícios da escravidão.


A Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu 2011 como o ano internacional dos povos afrodescendentes. Buscou com isso que os Estados independentes concentrassem ações para reparar as desigualdades raciais.


Visto que foi insuficiente aquele período de tempo, instituiu a década dos afrodescendentes, que será lançada em dezembro de 2012.


É a hora do fortalecimento das ações pela igualdade em todos os países que tenham tido mão de obra escrava como base de seu desenvolvimento capitalista, algo que originou desigualdades raciais de natureza histórica.


O mundo é melhor com as diferenças e diversidades. Vamos continuar avançando na construção da cidadania e do acesso igualitário aos bens econômicos e culturais para negros, indígenas, ciganos e todos os segmentos minoritários da sociedade.


O massacre dos jovens negros de Shaperville será lembrado para sempre. A luta deles nos inspira a caminhar pela igualdade de oportunidades e por sociedades livres do racismo e do preconceito.


ELOI FERREIRA ARAÚJO, 52, é presidente da Fundação Cultural Palmares, órgão vinculado ao ministério da Cultura

Navalha 

   NAVALHA

A reprodução deste artigo é uma singela homenagem a Ali Kamel, poderoso diretor de jornalismo da Globo, autor de um best seller “Não somos racistas”, e seu subordinado, Heraldo Pereira, que processa este ansioso blogueiro por … era só o que faltava ! … por … racismo !
Clique aqui para ler “Gilmar, Kamel e Heraldo, como PHA se defendeu”.
Este ansioso blog publica uma Antologia da Treva.
É uma seleta de artigos de Ali Kamel que se contrapõe à intenção da Globo de aproximar-se da Classe C. Porque Kamel, além de explicar por que não somos racistas, nem negros nem brancos, é contra o Bolsa Família, gostaria de fechar o SUS e o invejado sistema de saúde pública do Canadá, diz que o FHC fez o Apagão da energia para salvar criancinhas, é a favor da remoção de favelas, ou seja, 1, 2 3 mil Pinheirinhos, e chega a defender a Globo do que a Globo não se defende: a omissão diante da Campanha das Diretas Já.
Como se sabe, Ali Kamel, inimigo das cotas, é o mais poderoso diretor de jornalismo da História da Globo.
Este ansioso sabe o que diz, porque trabalhou com os outros três.
A Globo é o Kamel !

Fonte:  


sábado, 17 de março de 2012

Walter Feldman comete ato falho: Serra é um déspota

Por DiAfonso

Walter Feldman bem que tentou justificar o abandono da prefeitura de São Paulo por José Serra [PSDB-SP], em 2006.

Como é sabido, Serra é candidato, novamente, à mesma prefeitura que abandonara, apesar de ter, à época, firmado compromisso em cartório de que cumpriria a gestão até o fim do mandato... Isso não aconteceu. Os eleitores foram traídos.

Abaixo, o ato falho de Feldman que aponta para o perfil absolutista e despótico do ex-candidato à presidência derrotado por Lula e Dilma Rousseff:

Fotomontagem*: Terra Brasilis


"Cogovernança"? Como assim?!?!
Kassab é "laranja"?!?!

* Foto original: Janete Longo/AE

O ENGANO DE ÉLIO GASPARI


Um legítimo Pernambucano

Dentro de poucos meses estará navegando nos oceanos ao redor do mundo o petroleiro João Cândido, fabricado no Estaleiro Atlântico Sul, em Suape, município de Ipojuca, situado 30 km ao sul do Recife. Até alguns anos atrás o local do estaleiro era um grande areal, na região da Mata Sul de Pernambuco, cuja economia era baseada na tradicional cultura da cana-de-açúcar, e em tempos recentes também no turismo, por conta das belas praias tropicais de águas mornas.

Em 2003, por orientação do Presidente Lula, a Petrobras anunciou que passaria a comprar petroleiros, plataformas e navios de transportes fabricados no Brasil. Os empresários interessados em fabricar navios poderiam receber financiamentos do Fundo de Marinha Mercante e do BNDES. Logo vários grupos empresariais se formaram para criar estaleiros em Suape (PE), no Rio Grande (RS), e para soerguer os antigos estaleiros sucateados no Rio de Janeiro. Eles participaram das licitações da Transpetro, o braço naval da Petrobras, assinaram contratos de encomendas e começaram a construir suas instalações, treinar e selecionar pessoal para fabricar navios.

Na região da Mata Sul de Pernambuco houve uma verdadeira revolução. Até então a maioria dos homens só tinha emprego na época da safra de cana, grande parte como bóias-frias. Ou então como funcionários dos hotéis. As mulheres tinham poucas opções além de serem donas de casa. Milhares de pessoas se inscreveram para fazer cursos de soldador, ferramenteiro, torneiro, eletricista, muitos oferecidos pelo SENAI com apoio do Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás, o PROMIMP. Foi o governo que tomou a decisão de recuperar e dinamizar a indústria naval brasileira. O empresariado nacional enxergou novas oportunidades e respondeu aos desafios.

Processo semelhante ocorre em todos países que se industrializaram. Os governos formulam políticas industriais e criam instrumentos de apoio, contratando empresas para desenvolver produtos com recursos não-reembolsáveis, financiando e concedendo incentivos fiscais para a produção, assegurando a compra dos produtos, e também protegendo seus mercados contra a importação de produtos similares. Os empresários entram com coragem, capacidade de gestão, com ambição e, as vezes, com recursos próprios.

Casos emblemáticos são o da indústria de micro-eletrônica, da qual o mundo hoje tanto depende, que foi criada nos Estados Unidos com forte apoio do programa espacial da NASA, e da indústria aero-espacial, estimulada e mantida pelas encomendas das forças armadas. Exemplo recente do protecionismo está no cancelamento pelo governo americano do contrato de compra de aviões da Embraer, que tinha vencido licitação da Força Aérea dos EUA.

Em 2007 começou a ser construído o petroleiro João Cândido, formado por milhares de chapas de aço, soldadas manualmente uma a uma, como são feitos os navios em todo o mundo. A estrutura e a carcaça do navio foram construídas dentro do dique seco. Em 2010, com a estrutura e a parte externa do navio concluídas, as comportas do dique foram abertas, ele foi inundado, o navio flutuou e foi lançado ao mar. Desde então trabalha-se na construção do recheio do navio, instalações, máquinas e equipamentos, com o navio flutuando ancorado no cais do estaleiro, deixando o dique seco para a montagem de outro navio.

Por isso o João Cândido foi lançado ao mar em 2010 e ainda não está em operação. É o primeiro navio construído em Pernambuco. É verdade que houve atrasos na fabricação de suas instalações. Certamente houve erros. Mas não erra quem não faz. E não se aprende sem errar. O Estaleiro Atlântico Sul emprega hoje cerca de 5 mil pessoas e gera cerca de 25 mil empregos indiretos. Os estaleiros em operação no Brasil empregam diretamente mais de 50 mil pessoas. A grande maioria estaria sem emprego se o Governo Lula não tivesse decidido revitalizar nossa indústria naval.

No último domingo milhares de leitores leram em diversos jornais do Brasil a celebrada coluna do Élio Gaspari, escritor e jornalista do maior respeito, de quem sou admirador e leitor assíduo. Intitulado “Reapareceu o mico da construção naval”, o artigo critica o que chama de anabolização da indústria naval brasileira pelo Governo Lula. Ele afirma que “de cada 10 operários, 8 trabalham para encomendas da Petrobras. Tudo bem, mas um navio que custa US$ 60 milhões em Pindorama sai por US$ 35 milhões em outros países. A Vale, que não é boba, contrata navios na China.”

Não pude deixar de lembrar o editorial de um grande jornal brasileiro do dia 8 de outubro de 1953, poucos dias após o Congresso Nacional aprovar a criação da Petrobras. “A atitude do governo federal em relação ao problema do petróleo denuncia absoluta irresponsabilidade em face dos interesses nacionais. Quanto à urgente necessidade de tudo se fazer com o objetivo de prospectar e explorar as riquezas pretrolíferas que o nosso subsolo porventura encerre, a solução encontrada foi criação da Petrobras, que onerará excessivamente os contribuintes, a ponto de prejudicar a economia nacional, sem nos trazer a menor esperança de resultados positivos. A Petrobrás significará um considerável desperdício de dinheiro e de tempo, atestando nossa incapacidade de resolver um dos mais urgentes problemas econômicos nacionais.”

O grande jornal estava a serviço das classes mais conservadoras do Brasil, com seus preconceitos e grandes interesses. O Gaspari certamente não está a serviço das mesmas classes. Mas nem por isso deixa de servir certos interesses, quando usa de sua autoridade e seu prestígio para escrever artigo com tamanho engano.

Ele aponta erros na fabricação de navios no Brasil, mas não relembra que há poucos meses atrás, um navio importado pela Vale não suportou a carga de minério num porto do Maranhão e quase causou um grande desastre ambiental. E ao comparar o preço do navio fabricado no Brasil com o do importado, ele não considera o enorme valor da geração de milhares de empregos no Brasil. E não leva em conta que a industrialização do País não pode ser feita ao bel prazer das empresas estrangeiras que aqui se instalam, atraídas por nosso grande mercado. O País não está condenado a ser eterno exportador de matérias primas e importador de máquinas e equipamentos.

Sergio Machado Rezende é doutor pelo Massachusetts Institute of Technology, é Professor Titular de Física na Universidade Federal de Pernambuco e foi Ministro da Ciência e Tecnologia de 2005 a 2010 no Governo Lula

Fonte:  O Cachete

quarta-feira, 14 de março de 2012

MILITÂNCIA DEMO-TUCANA ARRUÍNA IMAGEM DA OPOSIÇÃO

Eles são jornalistas de grande visibilidade na mídia, são empresários, são aposentados, são estudantes, são madames desocupadas, são profissionais liberais e são, até, trabalhadores de classe social mais “baixa”, ainda que, neste segmento, existam poucos militantes do PSDB e do DEM.
Seja no mundo físico ou no virtual, os militantes desses partidos, em maioria, adotam discurso que pode ser o verdadeiro responsável por uma débâcle da oposição ao governo federal que se aprofundou após a derrota de José Serra para Dilma Rousseff, a despeito de que tal processo de desmoralização oposicionista venha se aprofundando desde 2006, quando a centro-direita demo-tucana perdeu a segunda eleição presidencial consecutiva para a centro-esquerda petista.
Entre o povão mesmo, restam cada vez menos simpatizantes da oposição conservadora ao governo petista. A centro-direita vai se mantendo viva – ainda que cada vez mais debilitada – graças a meia dúzia de impérios de comunicação que ainda conseguem fazer a cabeça de setores de classe média alta que mantêm alguma ascendência sobre setores populares das regiões Sul e Sudeste.
A ideia-força de que o PSDB e o DEM são partidos identificados com a elite branca dessas regiões, porém, não deveria vingar se dependesse do discurso desses partidos e dos seus candidatos nas três últimas eleições presidenciais. Tanto José Serra (2002 e 2010) quanto Geraldo Alckmin (2006) se apresentaram com discursos progressistas.
Na campanha eleitoral de 2010, Serra bem que tentou se inserir no coração da população mais humilde, entre essa classe C emergente que já é maioria do eleitorado brasileiro e que foi a responsável pelas três vitórias consecutivas do PT em eleições presidenciais. Mas enquanto ele fazia força para se mostrar progressista, o discurso da militância demo-tucana o desmentia.
Todos sabem que os eleitores do PSDB e do DEM mais afeitos à política – e que, portanto, falam do assunto amiúde –  são declaradamente contra todas as políticas públicas que incluíram milhões na sociedade de consumo de massas que o PT construiu de 2003 para cá.
Senão, vejamos:
– A maioria esmagadora da população brasileira, que é afrodescendente, apóia as cotas étnicas em universidades, e a militância demo-tucana esbofeteia esse setor chamando de “racista” política pública que deve produzir, nos próximos anos, a primeira leva considerável de médicos negros na história da República.
– Enquanto Serra e Alckmin – bem como seus partidos – trataram, durante a década passada, de garantir que não acabariam com o Bolsa Família, a militância demo-tucana, na internet ou no mundo físico, ataca com força a política pública, que ainda chama de “bolsa-esmola” para “vagabundos”.
– Por mais que o PSDB e o DEM garantam que não reeditariam a privataria tucana, a militância desses partidos, tanto nas ruas quanto na imprensa, tece loas às privatizações, cometendo o desatino de atribuir a elas o êxito atual do país quando se sabe que a grande maioria dos brasileiros nutre profunda rejeição a tudo que foi privatizado, pois telefonia, energia elétrica etc. são hoje um inferno que tortura o consumidor.
– Por mais que a oposição negue que é um grupo político que representa exclusivamente o Sul e o Sudeste, sua militância nessas regiões adota um discurso racista e xenófobo, do que é exemplo a turba que atacou duramente os nordestinos nas redes sociais na noite da vitória de Dilma sobre Serra, em 2010, por considerar que foram os responsáveis pela derrota tucana.
– Por mais que demos e tucanos garantam que querem manter a inclusão das classes populares no mercado de consumo, vemos jornalistas de oposição ao governo petista e militantes desse grupo político nas redes sociais e até no mundo físico tecendo diatribes contra as políticas que permitiram aos pobres terem carros, tevês de plasma etc.
– Enquanto as massas deliram com o prazer e o conforto inédito de poderem se deslocar pelo país de avião, a militância demo-tucana está sempre reclamando de que, “agora, os aeroportos parecem rodoviárias nordestinas”…
Preciso dizer mais?
O que ainda sustenta a oposição, além da mídia, são grupos religiosos radicais que políticos demo-tucanos seduzem ao criminalizarem o aborto e ao caricaturarem os homossexuais. E, mesmo assim, são só alguns setores das igrejas evangélicas e da católica que se deixam seduzir pela direita apesar de serem beneficiários das políticas da centro-esquerda.
Falta à oposição (tanto à de direita quanto à de esquerda) e à mídia uma compreensão exata do fenômeno que levou a centro-esquerda ao poder. Nesse aspecto, comentário de um leitor, em post recente deste blog, explica o que esses grupos político-ideológicos, regionais e sociais não conseguem captar:
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Eduardo, boa tarde.
Posso citar como exemplo minha história de vida, nada trágica, mas também nada fácil. Fui morador do Bairro dos Pimentas, periferia de Guarulhos, de 1978 até 2002, quando me casei.
Por sinal, o último ano de FHC como presidente. Minha esposa, na época, era moradora da Brasilândia, periferia de São Paulo. Passou por momentos muito difíceis com sua família, chegando a morar em cortiço.
Casamo-nos no final do ano de 2002 e iniciamos vida nova em 2003, primeiro ano do governo Lula.
Em resumo: devido às políticas adotadas pelo governo, pude ter acesso a condições melhores para formar a minha família.
Duas delas foram crédito imobiliário farto, que me possibilitou a compra de apartamento em bairro de classe média em condições bastante favoráveis e o sonho do meu pai que consegui realizar ingressando na universidade através do PROUNI, via ENEM.
Hoje, estou no terceiro de Administração na FECAP, uma das melhores do país na área. Por conta da faculdade, já consegui uma ótima promoção no meu trabalho.
Em Guarulhos, cidade onde morava, o PT chegou ao poder em 2000 com Elói Pietá, com voto em peso do povo da periferia. E essa região, sempre desassistida, passou a receber investimentos maciços, com a construção de escolas, CEUs, hospitais e Terminais de Passageiros, fora outras benfeitorias.
Por tudo isso, não tenho motivo nenhum, pelo menos por enquanto, de deixar de votar no PT em favor do PSDB. Não sou louco de pôr em risco todas essas conquistas.
Abraços
Marcos Marques de Sousa Trindade
Enviado em 12/03/2012 às 15:41
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Marcos não é um militante, é um cidadão comum da nova classe C. Politizado, antenado, horroriza-se com o que vê a militância demo-tucana verter na internet, no trabalho, na vizinhança…
Enquanto os políticos do PSDB e do DEM e a mídia esforçam-se para apresentar Serra como um progressista que quer “ampliar” conquistas sociais, a militância desses partidos desmascara o tucano dizendo o que tenta negar reiteradamente, que ele e os partidos que o apoiam reverteriam a mobilidade social que os governos petistas inauguraram no Brasil.
Em outra escala e por outro viés, mas de forma análoga, a militância da oposição à esquerda, da qual o PSOL é o expoente máximo, também trata de fazer propaganda negativa do partido e de seus congêneres ao negar avanços que todos sentem. Apesar de prometer o paraíso para a nova classe média, a esquerda oposicionista erra ao tentar vender que não houve avanços.
Sempre fui um crítico desses partidos mais à esquerda, mas revi minha posição porque sei que abrigam políticos respeitáveis como o deputado do PSOL Jean Wyllys, um progressista que fez corar muito petista ao detectar o oportunismo das marchas demo-tucanas “contra a corrupção” e ao acusar a malandragem que gerou aquele movimento.
Para o bem do Brasil, PSOL, PSTU e PCO precisam se atualizar e enxergar quanto este povo ganhou com o PT no poder. E, a partir daí, precisam produzir um projeto viável que não produzem por falta de quadros com conhecimento da dinâmica política, econômica e social do país.
A oposição ao governo Dilma vai se desidratando devido a um fenômeno que há anos sintetizo com uma frase: ninguém precisa bater na direita porque ela se espanca sozinha a cada vez que abre a boca com sinceridade. E, como se sabe, a característica das militâncias é, justamente, a sinceridade.

domingo, 11 de março de 2012

PISO DOS PROFESSORES: MÉDICO INCOMPETENTE, MELHOR MATAR O DOENTE.

no Brasil,  protege-se o médico, o monstro e mata-se o doente

Conforme post este neste blog, até a CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação) já admite "sentar" com o congresso para estudar um índice alternativo para recomposição anual do piso salarial dos professores, que hoje é pelo mesmo percentual do custo aluno e os prefeitos e governadores querem que seja pelo INPC. Pois isto, para imitar um preconceituoso apresentador de telejornal, "é uma vergonha"!
O Ministério Público de Pernambuco, esta semana, anunciou que vai obrigar os prefeitos do estado a pagarem o piso. O governo federal já anunciou que há o dinheiro para a complementação no caso de o estado ou a prefeitura não poder arcar com toda a despesa do piso. O que está havendo é que as prefeituras e os estados não estão empregando os 25% obrigatórios em educação e não estão prestando conta de seus gastos. Logo, quando batem na porta do ministério pedindo o dinheiro, são barrados. Então, se existe recurso para que os governos estaduais e municipais paguem o piso e esse dinheiro não é liberado por incompetência dos prefeitos e governadores, não deveria ser criada uma comissão para rever o índice de reajuste! Deveria ser criada uma comissão para investigar por que os administradores municipais e estaduais não estão investindo a verba do Fundeb como deveriam e, o mais grave, não estão prestando conta de seus gastos. 
Qualquer coisa fora disso é, ao invés de demitir o médico incompetente, mandar matar o doente.

the teacher.

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