segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

OS COXINHAS -JASON BOURNE.

Jason Bourne, antes de pular no rio.

Na última sena da trilogia bourne, um matador que fora poupado por ele (Bourne)  minutos antes e que agora lhe apontava um pistola pergunta-lhe:
 " por que você não me matou lá em baixo?"
bourne responde: 
"olhe pra você.  você sequer sabe por que vai me matar."

Tanto Bourne quanto o outro matador eram vítimas de um programa do governo americano que treinava jovens para serem matadores. depois da lavagem cerebral, os jovens matavam aleatoriamente políticos, cidadãos,  não importando se eram homens, mulheres, etc.  até que Bourne, ao tentar matar um político africano, percebe que na sala estava a filha pequena dele. Bourne desiste e é alvejado, é encontrado no mar, fica com aminésia e começa sua saga para descobrir sua identidade e revelar ao público a operação na qual trabalhava. o resto só assistindo ao filme. 

O que isso tem a ver com os jovens protestantes brasileiros? assim como Bourne, a maioria dos deles que vão às ruas para quebrar, incendiar, depredar, e, em alguns casos, matar, tirando aqueles que são marginais, digamos assim, profissionais, não sabem porque estão fazendo aquilo. manipulados por interesses políticos de grupos, de partidos e da própria mídia, vão às ruas e quando você pergunta o motivo de estarem ali respondem coisas como: 
"Estou aqui para lutar contra tudo isso que está aí" "sou contra a corrupção" coisas assim. mas quando você tenta aprofundar um debate sobre aquele assunto eles não tem paciência e às vezes não tem conteúdo para esse debate. 

                                       um coxinha-jason bourne rasgando bandeira de partidos

O fato de serem, em sua maioria, jovens e a juventude se caracterizar pela impetuosidade e pela rebeldia justifica um pouco esse "não pensar" e esse "não saber" mas não justifica transformar protestos numa festa e num "point"  para se encontrar e depredar, apenas. É claro que aqui temos que nos preocupar com generalizações. há entre os jovens protestantes aqueles que tem suas concepções políticas e suas preocupações sociais e estão ali porque sabem o que querem. mas esses empunham bandeiras, pintam a cara e protestam como deve ser quando se tem uma ideologia, seja ela qual for. agora,  pessoas  que vão para as ruas protestar, dispostos a quebrar e a queimar, você pergunta por quê e elas respondem que está ali para lutar "contra isso tudo que está aí", complica. 

Não se que quer ou se espera que os protestos contra a copa ou contra qualquer outra coisa parem e que os jovens virem alienados porque estão protestando contra o governo. O que se espera é que esses jovens saibam, ou procurem saber contra o que estão protestando, troquem o “tudo que está aí” por um debate mais consistente e, isso para os que têm tendência ao vandalismo, se conscientizem que quebrar, queimar e ferir não é a melhor maneira de mostrar nossa indignação e nossa luta por um país melhor. Por enquanto o que vejo, em sua maioria,  são protestantes-Jason Bourne, ou como são chamados nas redes sociais "coxinhas",coxinhas-Jason Bourne.

the teacher.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

QUEM DEVERIA ESTAR NA PAPUDA É JOAQUIM BARBOSA


por Miguel do Rosário

Acabo de ver a seguinte notícia no site do Estadão:
(…) Sete dias após sua criação, o site feito para obter doações ao ex-deputado José Genoino, condenado no processo do mensalão, já arrecadou, até a manhã desta quinta-feira, 16, mais de R$ 450 mil. As informações são do coordenador do Núcleo Jurídico do PT, Marco Aurélio Carvalho. O valor corresponde a mais de 67% do total da multa imposta ao petista pela, no valor de R$ 667,5 mil. O ex-presidente tem até o próximo dia 20 para pagar a multa.
A notícia tem vários significados. O principal deles nem é se Genoíno terá tempo de juntar o montante necessário para pagar a dívida em dia. Possivelmente, terá. Mas o principal é que há um número crescente de pessoas que acreditam na inocência de Genoíno e, por tabela, consideram que o Judiciário cometeu um erro gravíssimo ao condená-lo.
Essas pessoas estão dispostas a lutar pela verdade. Não ganham nada ao defender Genoíno ao não ser insultos. São ridicularizadas, insultadas, sabotadas. É cruel se posicionar na contramão de um linchamento midiático. É assim mesmo. É muito fácil defender uma pessoa que o senso comun defende. Tipo a Princesa Diana. Difícil mesmo é nadar contra a corrente.
Entretanto, há gente inclusive querendo se candidatar este ano a vaga de deputado federal tendo comos bandeiras os erros do Supremo Tribunal Federal no julgamento da Ação Penal 470, e este novo conservadorismo midiático do judiciário. Eu mesmo conheço um quadro importante, de um partido grande, uma figura respeitada no meio jurídico, que vem levantando essas bandeiras e está disposto a levá-las à luta política.
Com a solidariedade de seus admiradores, eleitores, amigos, Genoíno vai conseguir pagar a sua multa. Mas a maior luta será limpar seu nome. A anulação da Ação Penal 470 será uma das batalhas políticas mais importantes da década, ou mesmo do século. Mais importante ainda porque não deverá contar com ajuda do governo, que é constrangido, pelas circunstâncias, a aceitar as decisões do Judiciário.
Os cidadãos, não. Numa democracia, os cidadãos são livres para contestar tudo, inclusive uma decisão judicial. São obrigados a cumpri-la, mas não são obrigados a se resignar ao que consideram injusto. A liberdade é um valor democrático que não se ajoelha a nenhum magistrado de capa preta. A própria ideia de justiça, quanto uma utopia humana, não deve ser confundida com a justiça burocrática do Estado.
Pascal, em seus Pensamentos, nos lembra que “nada é tão falível como essas leis que reparam as faltas: quem lhes obedece, porque são justas, obedece à justiça que imagina, mas não à essência da lei, que está encerrada em si: é lei e nada mais”.
Ou seja, quando obedecemos a uma decisão judicial, sequer estamos nos curvando à lei em si, quanto mais à justiça; estamos tão somente nos submetendo a uma interpretação empírica e circunstancial da lei, feita por um magistrado propenso, como qualquer ser humano, ao erro. Nenhum juiz detêm a verdade sobre a lei, e nada é mais absurdo do que a pretensão napoleônica de alguns ministros do STF de acharem que detêm a verdade última sobre a Constituição.
Genoíno é inocente, e tem uma longa história de luta em prol da justiça social. Joaquim Barbosa não é inocente, e está escrevendo uma história de parceria espúria com os setores mais reacionários da sociedade.
No tribunal da minha consciência, que é a instância judicial que mais valorizo, quem deveria estar na Papuda é Joaquim Barbosa. José Genoíno deveria estar em liberdade, trabalhando em prol da sociedade, para o bem do Brasil.
jose-genoino
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segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

GENOÍNO NÃO ESTÁ SOZINHO!!!

Nem bem terminou o TERCEIRO DIA DA CAMPANHA e já ARRECADAMOS


mais de 200.000,00

VIVA O POVO BRASILEIRO, VIVA JOSÉ GENOÍNO!!




OUTRO MOTIM NA FOLHA! COLUNISTA DIZ QUE STF PREPARA GOLPE BRANCO


Enviado por  on 13/01/2014 – 6:24 am
A gente tem falado isso há anos. O STF tem usurpado poder e tem se portado de maneira descaradamente golpista. Finalmente, alguém com espaço na grande mídia, premido pelos fatos, começa a levantar essa bola. É uma situação de alerta vermelho para a democracia brasileira.
O artigo de Ricardo Mello, por estar onde está, é uma bomba atômica tão grande quanto a entrevista de Ives Gandra e tem um significado. A ficha está caindo em setores da classe média que mantém a independência de alguns neurônios; não os terceirizaram para os hidrófobos da mídia. A onda que nasceu na blogosfera está começando a bater também em alguns quartos da Casa Grande, embora ainda na forma de manifestações esparsas, isoladas. Na verdade, temos apenas dois nomes na mídia velha que reverberam as preocupações que a blogosfera vem externando há anos: Jânio de Freitas e agora Ricardo Mello. Já é um começo, de qualquer forma.
É isso ou então Ricardo Mello está com os dias contados na Folha.
*
Mello: STF ensaia “golpe branco” no Brasil
Por Fernando Brito, no Tijolaço.
O colunista Ricardo Mello, da Folha, publica hoje um artigo corajoso, onde aponta um “ensaio de golpe branco” pela Justiça brasileira, com o Supremo Tribunal Federal à frente.
“A coisa chegou ao ponto de pura esculhambação”, diz Mello, ao descrever o comportamento do presidente do STF, Joaquim Barbosa, no episódio deprimente da decretação “apressada” da prisão do deputado João Paulo Cunha e da saída do magistrado, mais apressada ainda, de férias, sem assinar as ordens que lhe competiam para a detenção do parlamentar.
O (mau) exemplo do STF contagiou todas as esferas judiciárias e até as não-judiciais, agora, se arrogam o direito de dizer o que mandatários eleitos pelo povo (o que eles não são) devem ou não fazer em matéria de leis e ações administrativas.
Um deformação que encontra em Joaquim Barbosa seu maior símbolo: segundo Mello, ele “se acha” a própria Justiça: “ manda prender, soltar, demitir, chafurdar, cassar, legislar -sabe-se lá onde isto vai parar, se é que vai parar.”
*
O ensaio de golpe branco do STF
Ricardo Mello, na Folha
Sem ser nova na política, a expressão golpe branco tem sido atualizada constantemente. Designa artifícios que, com aura de legalidade, usurpam o poder de quem de fato deveria exercê-lo. Para ficar apenas em acontecimentos recentes: a deposição do presidente Zelaya, em Honduras (2009), e o impeachment do presidente Lugo, no Paraguai (2011). Nos dois casos, invocaram-se “preceitos constitucionais” para fulminar adversários.
O Brasil já teve momentos de golpe branco –a adoção do parlamentarismo em 1961, por exemplo. A intenção era esvaziar “constitucionalmente” João Goulart, enfiando um primeiro-ministro goela abaixo do povo. O plano ruiu temporariamente com o plebiscito de 1962, pró-presidencialismo. A partir de 1964, os escrúpulos foram mandados às favas muito antes do AI-5. Os militares trocaram a caneta pelos fuzis e o resto da história é (quase) sabido.
Hoje a situação não é igual, ainda bem. Mas é inegável que a democracia brasileira vem sendo fustigada pela hipertrofia do papel do Judiciário, em especial do Supremo Tribunal Federal. Há quem chame isto de judicialização da política. Ou quem sabe ensaio de golpe branco em vários níveis da administração.
Tome-se o ocorrido em São Paulo. A Câmara Municipal, que mal ou bem foi eleita, decidiu aumentar o IPTU. Sem entrar no mérito, o fato é que a proposta contou com os votos inclusive do PMDB -partido ao qual pertence o presidente da Fiesp, garoto propaganda da campanha contra o reajuste. O que fizeram os derrotados? Mobilizaram os eleitores?
Nem pensar. Recorreram a um punhado de desembargadores para derrubar a medida. Até o Tribunal de Contas do Município, que de Judiciário não tem nada, surfou na onda para barrar… corredores de ônibus! Tivesse o TCM a mesma agilidade para eliminar seus próprios descalabros e sinecuras, quando não a si mesmo, a população ganharia muito mais.
A decantada independência de poderes virou, de fato, sinônimo de interferência do Poder Judiciário. Tudo soa mais grave quando a expressão máxima deste, o Supremo Tribunal Federal, comporta-se como biruta de aeroporto. Muda de ideia ao sabor de ventos (mais de alguns do que de outros), e não do Direito. Ao mesmo tempo, deixa em plano secundário assuntos eminentemente da competência judiciária –como o quadro de calamidade nos presídios brasileiros.
Os casos do mensalão e assemelhados retratam os desequilíbrios. O mais recente: enquanto o processo dos petistas foi direto ao Supremo, o do cartel tucano, ao que tudo indica, será dividido entre instâncias diferentes. Outro exemplo, entre outros tantos, é a descarada assimetria de tratamento em relação a José Genoino e Roberto Jefferson.
A coisa chegou ao ponto de pura esculhambação. O presidente do STF, Joaquim Barbosa, vetou recursos do ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha. Com a empáfia habitual, decretou a prisão imediata do réu, mas não assinou a papelada. E daí? Lá se foi Barbosa de férias, exibindo desprezo absoluto por trâmites pelos quais ele deveria ser o primeiro a zelar. Resultado: o condenado, com prisão decretada, está solto. Mas se era para ficar solto, por que decretar a prisão do modo que foi feito? Já ações como a AP 477, que pede cadeia para o deputado Paulo Maluf, dormitam desde 2011 nos escaninhos do tribunal.
A destemperança seria apenas folclore não implicasse riscos institucionais presentes e futuros. Reconheça-se que muitas vezes vale tampar o nariz diante deste Congresso, mas entre ele e nenhum parlamento a segunda alternativa é infinitamente pior. Na vida cotidiana, as pessoas costumam se referir a chefes e autoridades como aqueles que “mandam prender e mandam soltar”.
No Brasil, se quiser prender alguém, o presidente da República precisa antes providenciar um mandado judicial –sorte nossa! Barbosa dispensa esta etapa: como ele “se acha” a Justiça, manda prender, soltar, demitir, chafurdar, cassar, legislar -sabe-se lá onde isto vai parar, se é que vai parar.
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Fonte:  O Cafezinho

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

QUEM VAI FAZER O SERVIÇO

A sedimentação da agenda conservadora para 2014 envolve a adesão de um pedaço da esquerda e o silencio desfrutável de outro. O padrão é o cerco ao IPTU em SP.

por: Saul Leblon 





Quem vai fazer o serviço?

A sedimentação da agenda conservadora para 2014 envolve a adesão de um pedaço da esquerda e o silencio desfrutável de outro.

O padrão foi testado e bem sucedido no cerco ao reajuste do IPTU em São Paulo. 

Os interesses atingidos só tiveram sucesso em sabotar  a medida graças à omissão dos que sabiam o que estava em jogo, mas preferiram silenciar.

É essa capacitação ao exercício da cumplicidade que a emissão conservadora  opera de forma explícita nos dias que correm.

Colunistas e editores espetam sinais  para ordenar o fluxo na direção almejada: a seringa do piquete onde se conta o rebanho.

Quantas cabeças  teremos para oferecer aos mercados?

Nas manchetes e fotos, mais que nos textos, espetam-se os ferros com as iniciais do dono.

O ponto de encontro tem data e local  definidos: 12 de junho de 2014, 17 hs, estádio do Itaquerão, onde o Brasil abre a Copa do Mundo diante da Croácia.

Durante um mês, até 13 de julho, novas oportunidades  se abrem: há jogos distribuídos nas principais  capitais do país.

Alguém duvida que a tabela será explorada na emissão conservadora como ponto de encontro de gente ansiosa para mostrar o seu valor a fotógrafos e cinegrafistas generosos?

Textos gordurosos como os autores, tortuosos como seus valores,  arregimentam as adversativas do léxico para  assegurar  o verniz ‘jornalístico’ à panfletagem.

Não importa o  tema da coluna.

O objetivo predefinido é dar suporte a logos,  títulos e manchetes que disseminem  ordem unida.

‘Em 2014, vem prá rua você também’, convocava-se na Folha no dia de Natal;  ou o soberbo, ‘Não vai ter Copa’, abraçado neste domingo por um vulgarizador do mercadismo  no mesmo  veículo.

À falta de projeto defensável à luz do dia – arrochar 70% do país para lubrificar  30% só rende votos em saraus elegantes--  escava-se o vazio em busca de chão firme.

De joelhos e com as unhas, se preciso for para satisfazer os sinais vindos das  direções de redação.

O tesouro cobiçado  é tanger multidões  à frente única em curso para enfrentar Dilma em outubro próximo. 

Procura-se, em suma, alguém que  faça o serviço que os cabedais do conservadorismo, sozinhos, são incapazes de entregar.

É esse vazio adicionado de urgência que reduz  colunistas à função rastaquera de insuflar a indignação sem explicar a fórmula do elixir  que vai contemplá-la.

Se quiser,  o público alvo –as organizações com capacidade de mobilização - tem elementos para confrontar  o aceno dos charlatães com os ingredientes da gororoba historicamente  despejada por eles na goela do país – não raro com funil e camisa e força. 

A sedimentação golpista de uma parte da opinião pública brasileira não ocorreu por acaso nos últimos anos.

Trata-se de obra deliberada de gente bem paga --e eficiente, diga-se, na arte de popularizar generais redentores, santificar consensos neoliberais, incensar  janios, collors, demóstenes , carlinhos cachoeira, joaquins, serras  e assemelhados.

O florescimento desse acervo não prosperaria sem o trabalho prestimoso dos que esculpem o seu busto em bronze de credibilidade e veneração.

É um equívoco  dissolver  essa assinatura numa edulcorada predisposição da sociedade ou de parte dela para ser canalha ou 'egoísta'.

Ainda que exista a receptividade estrutural em certas camadas, é  indispensável o fermento que transforme o instinto em história.

Incensar  os joaquins e  Demóstenes; satanizar os lulas e respectivas agendas é uma parte do bicarbonato  requerido  na receita. 

Sem ele a  massa não cresce.

Antecedentes  referenciais  testemunham o notável  desempenho da emissão conservadora  na tarefa de sovar a massa.

Escondidas até agora nos arquivos da Unicamp, para onde foram exiladas pelo próprio Ibope,  pesquisas de opinião feitas às vésperas do golpe de 1964 mostram, todavia, que o labor midiático sozinho não leva a receita ao ponto.

Os dados dissecadas em entrevista recente do pesquisador Luiz Antônio Dias à revista Carta Capital, transcrita no blog de Luis Nassif ,  detalham o paradoxo:

- em junho de 1963, Jango tinha 66% de aprovação em SP;

- em março de 1964, caso fosse candidato no ano seguinte, ele teria mais da metade das intenções de voto na maioria das capitais;

- o apoio  à reforma agrária, então satanizada pelas elites, era superior a 70% em algumas capitais;

- na semana anterior ao golpe, as pesquisas mostravam que Jango tinha 72% de aprovação popular  –entre os mais pobres, o índice chegava a 86%.

O mesmo conservadorismo que  hoje torce por  protestos na Copa colocaria então milhares de pessoas  nas ruas de São Paulo, em 19 de março de 1964,  na Marcha da Família Com Deus pela Liberdade.

O movimento  ecoado na mídia como a evidência cabal do isolamento (inexistente) do governo  não saltou espontaneamente das páginas da imprensa para o asfalto.

Foi preciso organizá-lo meticulosamente.

A mídia cumpriu a sua parte, como o faz hoje, legitimando a ‘revolta da sociedade e da família contra o desgverno’.

Mas coube a Igreja e às ligas de senhoras católicas, com forte participação de esposas de empresários, botar a mão na massa.

Senhoras da elite  usaram sua ascendência para intimar  famílias operárias, sobretudo as mulheres, a integrarem  e divulgar o movimento.

Quase 50 anos depois, a regressão conservadora não dispõe mais da estrutura capilar de mobilização de que lançou mão às vésperas do golpe de Estado que prendeu, torturou, matou, decretou a censura à imprensa e às artes e colocou os partidos e sindicatos  na ilegalidade.

Escribas do jornalismo isento sugerem que podem superar as mais dilatadas expectativas no esforço para reeditar o mutirão cinquentenário na presente  intersecção entre a Copa do Mundo e as eleições presidenciais de outubro.

Para que ele signifique alguma coisa de equivalente ao papel legitimador desempenhado pela Marcha da Família, quando  Jango  tinha  mais da metade das intenções de votos –como Dilma as tem-- alguém terá que puxar o cordão.

A coalizão conservadora espera que cada um cumpra o seu dever.

Ou seja, que um pedaço dos setores progressistas  insatisfeitos com o governo  acenda o forno a 180º  e reforce a levedura na massa.

Uma vez pronto o bolo, vá para casa, e deixe a coisa com quem entende de comer o Brasil.

A ver.

Fonte:  Carta Maior
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