terça-feira, 28 de setembro de 2010

BRIZOLA NETO MOSTRA A MALANDRAGEM DO DATA FALHA NO ARREDONDAMENTO

A escolinha do Professor Tavinho

 
Qualquer aluno do ensino médio ou até dos últimos anos do ensino fundamental conhece as regras de arredondamento de casas decimais.
 
É tão claro que até o Manual de Redação da Folha diz : “para arredondar, siga estas duas regras práticas: a) Concentre-se na casa seguinte à que se pretende manter;b) Arredonde para cima os algarismos 5, 6, 7, 8 e 9; os restantes (1, 2, 3 e 4), para baixo”
 
Mas parece que o manual da Folha não serve para pesquisas eleitorais.
 
Na pesquisa apresentada hoje no jornal, Dilma aparece com 46% na pesquisa estimulada, Serra com 28% e Marina com 14%. Brancos, nulos, indecisos ou não sabem/não responderam são 11%.
 
Portanto o universo de votos válidos é de 89% do total, considerando a fração dos demais candidatos que não chega a 1%, mas que é voto válido. É simples fazer as contas. 46 sobre 89 (100% dos válidos, portanto) dá51, 685%. Na regra de arredondamento, 52%. Mas a Folha “arredonda” para baixo: 51%.
 
Serra, com 28% de respostas estimuladas tem sobre os mesmo 89%, 31,46% do total de votos válidos. No arredondamento de qualquer estudante, 31%. Mas, na Escolinha do Professor Tavinho Frias, vira 32%.
Com Marina não erra: os seus alegados 14% representam 15,73% dos válidos e é correto arredondá-los para 16%.
 
Com esta “pequena regrinha especial”, a comparação entre Dilma e a soma de Serra e Marina fica em 3 pontos.
 
Se usados os números exatos, dá 4,495%
 
E com a regra de arredondamento estabelecida pelo manual, 5% (52, contra 31 de Serra e 16 % de Marina, ou 52 menos 47%)
 
A Folha, agora, usa as regras da conveniência, não as do seu manual.
A matemática da Folha anda igual à sua “imparcialidade”.
 
Portanto, eu coloquei estes quadrinhos da historinha “Pedro e seus amigos” para ajudar o pessoal da Barão de Limeira a fazer contas “certinho”

Fonte: tijolaço

A união de Marina Serra e José Silva

Uma mão lava a outra na dança dos oportunista
Marina Serra é a bala de prata que a mídia e seus institutos de pesquisa disparam faltando seis dias para as eleições. A missão deles? Levar José Silva ao segundo turno.
A missão de seus eleitores? Inconscientes ou inconsequentes, são o capital eleitoral para o futuro. Futuro de quem? De todos, menos do Brasil. A ex-ministra do Meio Ambiente de Lula perdeu o rumo no último debate, na Record, quando provocou e levou o troco de Dilma que trouxe à tona os escândalos de corrupção dos madeireiros que cercaram seu mandato enquanto esteve no governo. O fato é que depois de sua saída, nos últimos dois anos, reduziu-se pela metade o desmatamento no Brasil. Mas isso não muda a opinião dos seus eleitores “verdes-laranja”. Ou, provavelmente, por serem PIG-dependentes de informação, estas estatísticas não lhes tenham sido reveladas (veja aqui).
O romântico eleitor da “terceira via” descobriu que pode votar em Marina Serra sem que isso lhe pese na consciência. Lava as mãos como se a derrota de sua candidata não o fizesse cúmplice da vitória de um dos outros. Se agarra a este voto como se fosse a última tábua de salvação moral num mar de lama que o PIG usou para encobrir todos os méritos do governo Lula e Dilma. Acredita que ser ecológico é votar num “símbolo” que o liberta da obrigação de praticar ecologia. Assim, delega ao partido verde a tarefa de limpar a sujeira ambiental que ele mesmo produz – apenas isso. Marina Serra é Mary Poppins descendo de guarda chuva dos céus para absolvê-lo na Terra. E flutua em sua consciência como uma fada virginal cantando canções angelicais e redentoras.
Mas a realidade mundana é bem mais cruel para este eleitor. Longe de ser a escolhida para o embate de um eventual segundo turno, Marina Serra está pouco se lixando para o resultado das eleições e os rumos que o país pode seguir dependendo de quem for eleito presidente. Cabeça feita por gente como Gabeira e outros oportunistas do PV, chutou seus ideais para o alto e entrou no jogo político carreirista que consiste em acumular horas de exposição na mídia em campanhas eleitorais ou evidenciar-se ao máximo em conspirações contra o governo federal. Exatamente o que fazem profissionais experientes como Geraldo Alckmin, Sérgio Guerra, Álvaro Dias, Agripino Maia, Heráclito Fortes etc.
Ao que tudo indica, tampouco os eleitores de Marina Serra estão interessados no que pode ocorrer neste processo. Alguns querem acreditar no argumento hipócrita de José Silva quando afirma que num segundo turno haveria mais espaço para aprofundar a discussões e propostas e para que o eleitor conheça mais a “fundo” cada um dos candidatos. Este, é um argumento maquiavélico: fazem dois anos que as propostas estão explicitadas para a sociedade. E as opções mais do que focadas. O que realmente querem o PIG e seu candidato é TEMPO para desenvolverem novos factoides que permitam caluniar e destruir a candidatura Dilma Rousseff. Por isso são conhecidos como golpistas desde a época do golpe militar que instalou 20 anos de ditadura sangrenta neste país. Como demonstraram nos últimos meses, seu jogo é sujo e parte dele acontece nos subterrâneos da legalidade moral, onde mercenários spammers atacam a candidata petista das formas mais baixas; onde criminosos travestidos de jornalistas estampam manchetes com toda sorte de acusações sem provas, especulações e distorções tendenciosas; onde a hipocrisia e a mentira são prática comum. Este é o jogo no qual José Silva e Marina Serra estão afinados. Mesmo que a candidata verde-laranja não admita ou, na melhor hipótese, não perceba.
José Silva e seu PIG agora são “verdes” desde criancinhas. Até conquistarem o segundo turno, tentarão nos vender a idéia de que o verde é uma opção ou postura política. Mas ser ecologicamente correto independe de ideologias. Tanto a direita quanto a esquerda, radicais ou não, podem incorporar ações e regulamentações que visam a preservação do meio ambiente. Ou será que alguma corrente política é a favor da extinção das espécies para que sua oposição seja contra? Querer transformar a questão do meio ambiente em um partido político é oportunismo altamente poluidor de corações e mentes.
Originalmente do blog O que será que me dá.  Importado do Terra Brasilis

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

JURISTAS DEFENDEM O DIREITO DE LULA SE EXPRESSAR

Segunda-feira, Setembro 27, 201


Carta ao Povo Brasileiro

Em uma democracia, todo poder emana do povo, que o exerce diretamente ou pela mediação de seus representantes eleitos por um processo eleitoral justo e representativo. Em uma democracia, a manifestação dopensamento é livre. Em uma democracia as decisões populares são preservadas por instituições republicanas e isentas como o Judiciário, o Ministério Público, a imprensa livre, os movimentos populares, asorganizações da sociedade civil, os sindicatos, dentre outras.

Estes valores democráticos, consagrados na Constituição da República de 1988, foram preservados e consolidados pelo atual governo.

Governo que jamais transigiu com o autoritarismo. Governo que não se deixou seduzir pela popularidade a ponto de macular as instituições democráticas. Governo cujo Presidente deixa seu cargo com 80% de aprovação popular sem tentar alterar casuisticamente a Constituição para buscar um novo mandato. Governo que sempre escolheu para Chefe do Ministério Público Federal o primeiro de uma lista tríplice elaborada pelacategoria e não alguém de seu convívio ou conveniência. Governo que estruturou a polícia federal, a Defensoria Pública, que apoiou a criação do Conselho Nacional de Justiça e a ampliação da democratização das instituições judiciais.

Nos últimos anos, com vigor, a liberdade de manifestação de idéias fluiu no País. Não houve um ato sequer do governo que limitasse a expressão do pensamento em sua plenitude.

Não se pode cunhar de autoritário um governo por fazer criticas a setores da imprensa ou a seus adversários, já que a própria crítica é direito de qualquer cidadão, inclusive do Presidente da República.

Estamos às vésperas das eleições para Presidente da República, dentre outros cargos. Eleições que concretizam os preceitos da democracia, sendo salutar que o processo eleitoral conte com a participação de todos.

Mas é lamentável que se queira negar ao Presidente da República o direito de, como cidadão, opinar, apoiar, manifestar-se sobre as próximas eleições. O direito de expressão é sagrado para todos – imprensa, oposição, equalquer cidadão. O Presidente da República, como qualquer cidadão, possui o direito de participar do processo político-eleitoral e, igualmente como qualquer cidadão, encontra-se submetido à jurisdição eleitoral. Não se vêem atentados à Constituição, tampouco às instituições, que exercem com liberdade a plenitude de suas atribuições.

Como disse Goffredo em sua célebre Carta: “Ao povo é que compete tomar a decisão política fundamental, que irá determinar os lineamentos da paisagem jurídica que se deseja viver”. Deixemos, pois, o povo tomar a decisão dentro de um processo eleitoral legítimo, dentro de um civilizado embate de idéias, semdesqualificações açodadas e superficiais, e com a participação de todos osbrasileiros.

ADRIANO PILATTI - Professor da PUC-Rio
AIRTON SEELAENDER - Professor da UFSC
ALESSANDRO OCTAVIANI - Professor da USP
ALEXANDRE DA MAIA - Professor da UFPE
ALYSSON LEANDRO MASCARO - Professor da USP
ARTUR STAMFORD - Professor da UFPE
CELSO ANTONIO BANDEIRA DE MELLO - Professor Emérito da PUC-SP
CEZAR BRITTO - Advogado e ex-Presidente do Conselho Federal da OAB
CELSO SANCHEZ VILARDI - Advogado
CLÁUDIO PEREIRA DE SOUZA NETO - Advogado, Conselheiro Federal da OAB e Professor da UFF
DALMO DE ABREU DALLARI - Professor Emérito da USP
DAVI DE PAIVA COSTA TANGERINO - Professor da UFRJ
DIOGO R. COUTINHO - Professor da USP
ENZO BELLO - Professor da UFF
FÁBIO LEITE - Professor da PUC-Rio
FELIPE SANTA CRUZ - Advogado e Presidente da CAARJ
FERNANDO FACURY SCAFF - Professor da UFPA e da USP
FLÁVIO CROCCE CAETANO - Professor da PUC-SP
FRANCISCO GUIMARAENS - Professor da PUC-Rio
GILBERTO BERCOVICI - Professor Titular da USP
GISELE CITTADINO - Professora da PUC-Rio
GUSTAVO FERREIRA SANTOS - Professor da UFPE e da Universidade Católica de Pernambuco
GUSTAVO JUST - Professor da UFPE
HENRIQUE MAUES - Advogado e ex-Presidente do IAB
HOMERO JUNGER MAFRA - Advogado e Presidente da OAB-ES
IGOR TAMASAUSKAS - Advogado
JARBAS VASCONCELOS - Advogado e Presidente da OAB-PA
JAYME BENVENUTO - Professor e Diretor do Centro de Ciências Jurídicas da Universidade Católica de Pernambuco
JOÃO MAURÍCIO ADEODATO - Professor Titular da UFPE
4
JOÃO PAULO ALLAIN TEIXEIRA - Professor da UFPE e da Universidade Católica de Pernambuco
JOSÉ DIOGO BASTOS NETO - Advogado e ex-Presidente da Associação dos Advogados de São Paulo
JOSÉ FRANCISCO SIQUEIRA NETO - Professor Titular do Mackenzie
LENIO LUIZ STRECK - Professor Titular da UNISINOS
LUCIANA GRASSANO - Professora e Diretora da Faculdade de Direito da UFPE
LUÍS FERNANDO MASSONETTO - Professor da USP
LUÍS GUILHERME VIEIRA - Advogado
LUIZ ARMANDO BADIN - Advogado, Doutor pela USP e ex-Secretário de Assuntos
Legislativos do Ministério da Justiça
LUIZ EDSON FACHIN - Professor Titular da UFPR
MARCELLO OLIVEIRA - Professor da PUC-Rio
MARCELO CATTONI - Professor da UFMG
MARCELO LABANCA - Professor da Universidade Católica de Pernambuco
MÁRCIA NINA BERNARDES - Professora da PUC-Rio
MARCIO THOMAZ BASTOS - Advogado
MARCIO VASCONCELLOS DINIZ - Professor e Vice-Diretor da Faculdade de Direito da UFC
MARCOS CHIAPARINI - Advogado
MARIO DE ANDRADE MACIEIRA - Advogado e Presidente da OAB-MA
MÁRIO G. SCHAPIRO - Mestre e Doutor pela USP e Professor Universitário
MARTONIO MONT'ALVERNE BARRETO LIMA - Procurador-Geral do Município de
Fortaleza e Professor da UNIFOR
MILTON JORDÃO - Advogado e Conselheiro do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária
NEWTON DE MENEZES ALBUQUERQUE - Professor da UFC e da UNIFOR
PAULO DE MENEZES ALBUQUERQUE - Professor da UFC e da UNIFOR
PIERPAOLO CRUZ BOTTINI - Professor da USP
RAYMUNDO JULIANO FEITOSA - Professor da UFPE
REGINA COELI SOARES - Professora da PUC-Rio
RICARDO MARCELO FONSECA - Professor e Diretor da Faculdade de Direito da UFPR
RICARDO PEREIRA LIRA - Professor Emérito da UERJ
ROBERTO CALDAS - Advogado
ROGÉRIO FAVRETO - ex-Secretário da Reforma do Judiciário do Ministério da Justiça
RONALDO CRAMER - Professor da PUC-Rio
SERGIO RENAULT - Advogado e ex-Secretário da Reforma do Judiciário do Ministério da Justiça
SÉRGIO SALOMÃO SHECAIRA - Professor Titular da USP
THULA RAFAELLA PIRES - Professora da PUC-Rio
WADIH NEMER DAMOUS FILHO - Advogado e Presidente da OAB-RJ
WALBER MOURA AGRA - Professor da Universidade Católica de Pernambuco

DILMA, O PT E OS DEBATES

                                       também! com Nosferatus por perto...

Durante todo o dia li muitas opiniões sobre a participação de Dilma no debate da Record. A maioria elogiou. O blog Os Amidos do Presidente Lula até colocou um vídeo com os melhores momentos da candidata. Já no  Blog da Cidadania apesar do título da postagem ser "Dilma passa o rodo em Serra",  reclamou-se de um "engessamento" e de uma "robotização" da petista. Bom, dito isto,  aqui vai a minha opinião: Não tenho gostado da atuação de  Dilma nos debates. Não tenho dúvida alguma de sua inteligência, poder de articulação e mesmo de retórica. Nas vezes    em que tive oportunidade de ouvi-la falar tranquilamente em entrevistas pude constatar o seu discurso fluente e sua cultura. Porém, ou ela está muito mal acessorada nos debates ou ainda não conseguiu relaxar completamente neles. Perguntas que, tenho certeza, em outras circunstâncias ela responderia de forma direta e nocautearia seu interlocutor,  nos debates nós esperamos que ela o faça e isto não acontece. Por exemplo a pergunta sobre se ela iria controlar o PT ou não foi uma ótima oportunidade para que ela dissesse - eu tenho usado esta linha para defender o Partido dos trabalhadores-  que não tem por que segurar o PT. É preciso segurar o PSDB, que teve um governador (Cassio Cunha Lima) cassado, uma governadora (Yeda Crusius) envolvida até o pescoço na corrupçao do Rio Grande do Sul, um deputado tucano (Ary Rigo) flagrado recebendo propina no Mato Grosso do Sul recentemente. ( aqui) Só para ficar por aqui. É preciso segurar o Dem, que  fez tudo o que se sabe  em Brasilia. Há  que se cuidar do PPS, cujo Presidente ganha graúdo salário em São Paulo sem aparecer lá. Depois das denúncias do mensalão em 2005 já houve eleições para presidente e governador senador e deputado (2006) e prefeito e vereador 2008. Quantos parlamentares, prefeitos ou governadores do PT foram denunciados por corrupção, prevaricação, uso indevido do dinheiro público de lá até aqui? Quantos foram pegos na Lei da Ficha Limpa? Se algum foi não tive conhecimento (aceito correções neste ponto). Dilma e o PT têm que sair das cordas neste assunto da corrupçao. Uma defesa mais veemente e segura precisa ser feita. Não se pode deixar que um falsário de marca maior com Serra, envolvido até a alma em transações erradas (Daniel Dantas, super faturamento de ambulâncias, confecção de dossiês contra adversários, contrato milionário com a veja, e todos os outros orgãos do PIG, com o dinheiro do contribuinte de São Paulo) fale mal do PT e sua representante nas eleições, que lidera as intenções de votos para a Presidência da República fique na defensiva.Não se pode deixar de reconhecer que para quem nunca disputou uma eleição, principalmente desta envergadura, consequentemente,  nunca participou deste tipo de experiência (os debates) Dilma até que tem se saído bem. Mas que poderia ser melhor, poderia. 
P.S:  Antes que alguém me lembre, a lapada que ela deu na Santinha do pau oco,  Marina, a respeito da corrupção no Ministério do Meio Ambiente foi um momento de brilho. É preciso mais iguais àquele.

by the teacher. 

domingo, 26 de setembro de 2010

GILSON CARONI: MARINA, A SEGUNDA MORTE DE CHICO MENDES

Marina Silva e as novas florestas

por Gilson Caroni
O verdadeiro mestre não é somente o professor que sabe dar a aula com a lição na ponta da língua – é, sobretudo, aquele que sabe fazer discípulos. Quanto ao discípulo, é este mais do que o aluno que aproveita a lição na sala de aula. Na verdade, corresponde ao prolongamento do mestre, retendo-lhe o fascínio pelo resto da vida, como se o saber do professor continuasse a acompanhá-lo além do curso, alongando-lhe a presença.
Cortejada pela grande imprensa como possibilidade de levar a eleição para o segundo turno, Marina parece bailar nas decisões hamletianas: faz que vai e volta do meio para trás como cantilena do Grande Sertão. Já não convida mais seu coração para dar batalha. Quando está madura a oportunidade de colocar o Brasil na trilha das aspirações populares, a “cabocla de tantas malárias e alergias” coloca-se como linha auxiliar de uma elite desprovida de projeto de consenso para o país.
Rifando sua biografia, tergiversa sobre questões caras ao campo democrático-popular do qual, até bem pouco tempo, foi militante expressiva. A mulher que apostava na organização do povo como único agente capaz de resolver seus próprios problemas, elegendo suas prioridades e lutando para atingi-las, deu lugar a uma “celebridade” que, pretextando buscar um novo espaço político, reproduz o discurso dos editoriais reacionários. Deixou de dar valor ao partido político, ao sindicato, aos movimentos populacionais, às ações associativas. Esqueceu que são essas as instâncias capazes de superar um modo de vida que não corresponde às expectativas reais dos seres humanos de verdade.
Sua candidatura busca cobrir um vazio que não existe. Hoje, todos reconhecem que o crescimento econômico deve ser visto como condição necessária, mas não suficiente, do desenvolvimento social. O governo petista criou as condições políticas para o surgimento de uma nação que efetivamente combate a miséria e a pobreza extremas, implementando princípios econômicos que aumentaram a oferta de emprego e a remuneração condigna de trabalho.
Há oito anos, a visão progressista contempla valores ambientais imprescindíveis à saúde e ao bem-estar do ser humano, não isentando, como muitos querem crer, as elites regiamente capitalizadas nos tempos do consórcio demo-tucano. Sendo assim, onde estaria a novidade, e até mesmo a necessidade da agenda de Marina Silva?
Equilíbrio ambiental e desenvolvimento sustentável são elementos indispensáveis ao futuro do país. Exigem do movimento ecológico uma reformulação radical que o torne matriz de uma nova esquerda. A Amazônia é um exemplo. Seu desmatamento é obra conjunta de latifundiários, grandes empresários e empresas mineradoras. São os inimigos a serem confrontados prontamente. É essa a perspectiva da “doce” Marina e seus aliados recentes?
Quando em entrevista a uma revista semanal, a ex-ministra do Meio Ambiente disse: “tenho um sentimento que mistura gratidão e perda em relação ao PT. Sair do partido foi, para mim, um processo muito doloroso. Perdi quase 3 quilos. Foi difícil explicar até para meus filhos. No álbum de fotografias, cada um deles está sempre com uma estrelinha do partido. É como se eu tivesse dividido uma casa por muito tempo com um grupo de pessoas que me deram muitas alegrias e alguns constrangimentos. Mudei de casa, mas continuo na mesma rua, na mesma vizinhança“. Marina  mistura oportunismo e desorientação espacial.
A senadora do PV sabe que, uma vez derrubada, a floresta não se recompõe. Que tipo de “empates” se propõe travar com as alianças escolhidas? O partido que a convidou para bailar sobrevive de parcerias antagônicas a sua antiga história de combatividade, coerência e superação. Como nas matas degradadas, a política tem fios de navalha onde tudo perde a cor e dificilmente se refaz. A rua e a vizinhança são decorrências geográficas de escolhas caras. No caso de Marina, tudo mudou.
Chico Mendes reafirmava que “se descesse um enviado dos Céus e me garantisse que minha morte iria fortalecer nossa luta, até que valeria a pena. Mas a experiência nos ensina o contrário. Então eu quero viver”.
Por sua discípula isso está cada vez mais improvável.
Este texto foi importado pelo Brasil's news do Vi o Mundo

POR QUE NÃO ELA? ENTRE DILMA E MARINA

Marina, candidata pelo Partido Verde (PV), nasceu no Acre em 1958, de pais pobres oriundos do Nordeste. Moradora da floresta, começou ao estudar apenas quando já tinha a idade de 16 anos e em dez anos é graduada em história. Em 1984, junto com Chico Mendes, ajudou a fundar a CUT no Acre e foi eleita vereadora pelo PT em 1988. Deputada estadual em 1990, eleita senadora em 1994 e sendo reeleita em 2002. Conhecida e respeitada pelo movimento ambientalista, em 2003 foi convidada a ser ministra do Meio Ambiente pelo presidente Lula onde trabalhou por seis anos.
Dilma, candidata pelo Partido dos Trabalhadores (PT), nasceu em Belo Horizonte, no ano de 1947. Filha  de imigrante búlgaro com uma professora mineira. Aos 16 anos ela já estaria se juntando a organizações clandestinas de esquerda. Em 1970, é presa e torturada por três anos pelo regime militar. Em 1981, ajuda a fundar o PDT do Rio Grande do Sul. Em 1986 é nomeada secretaria da Fazenda de Porto Alegre, assumindo depois a Secretaria Estadual de Minas, Energia e Comunicação do Rio Grande do Sul. Em 1999, filia-se ao PT, e em 2003, é convidada por Lula para ser ministra de Minas e Energia. Em 2005, torna-se ministra chefe da Casa Civil.
São duas mulheres interessantes, íntegras, inteligentes e com uma biografia de compromisso com as causas sociais. Mas com estas duas opções feminas a pergunta para esta eleição é: Por que uma e não a outra? E o objetivo deste texto é explicar a minha opção.
Dilma e Marina, duas mulheres com estórias de engajamento social e político parecidas, que até recentemente fizeram parte do mesmo governo progressista do PT, mas que agora representam projetos distintos. A forma como eu percebo essa distinção é que teoricamente Marina representa um projeto de desenvolvimento guiado pelo movimento ambientalista (desenvolvimento sustentável). Dilma representa um projeto de desenvolvimento guiado pelo movimento de inclusão social (desenvolvimento com distribuição de renda). Pode-se dizer que esses dois projetos não são antagônicos nem tampouco auto-excludentes. Tanto a Marina quanto a Dilma, de forma variada, defendem o desenvolvimento sustentável e o crescimento com inclusão social. A distinção pode ser feita observando o princípio norteador de cada projeto político. Enquanto o projeto da Dilma tem sido apontado como representando a melhoria do capitalismo dando-lhe uma face mais humana e social (capitalismo social), o projeto da Marina tem sido apresentado como um projeto que de economia verde que visa tornar o meio ambiente parte do capital (eco-capitalismo).
A crítica de fundo que deve ser feita é que em primeiro lugar a ideologia de uma economia verde adotada pelo projeto da Marina se implementado beneficiaria as nações afluentes e que estão no topo da hierarquia do capitalismo global. Essas nações estão mais preparadas e são certamente mais competitivas dentro do contexto do capitalismo verde. Na verdade, esses países afluentes conseguiram criar um verdadeiro nicho de mercado ambientalista, e tem usado as tecnologias limpas (verdes) como estratégia para beneficiar os produtos delas e impedir o acesso de produtos de outros países. Além de serem elas próprias produtoras e exportadoras de produtos criados por e para esse novo mercado. O Brasil pode e deve adotar tecnologias limpas mas com o devido cuidado de não cair no jogo de cartas marcadas do mercado global. Essa tecnologia verde deve atender aos objetivos de incluir ainda mais os seres humanos e o habitat deles (o planeta terra). Se para alguns o projeto da Dilma parece privilegiar o ser humano em detrimento do meio ambiente, para outros o projeto da Marina parece privilegiar o meio ambiente em detrimento do ser humano. Na realidade, um não existe sem o outro. Qual seria o sentido do cosmo para os seres humanos se ele se torna inabitável?
Por que não ela!
A forma de interação do ser humano com o meio ambiente deve ser levado em conta por qualquer projeto de desenvolvimento, sem perder de vista que essa relação deve ser negociada pelos atores humanos. Então o estado tem um papel fundamental nisso. E foi nesse aspecto que a Marina falhou enquanto ministra do Meio Ambiente. Infelizmente ela não demonstrou aptidão e paciência para negociar com todos os atores envolvidos. Atores com agendas e interesses conflitantes mas que precisam ser ouvidos e de certa forma atendidos pelos agentes do estado, ou mais precisamente, por quem está no governo. Nisso o presidente Lula se mostrou muito bem sucedido, negociando intensamente com os mais diversos atores. É claro que isso implicou concessões e perdas, mas feitas com o objetivo de avançar de forma mais ampla naquilo que beneficia a todos os brasileiros, a terra Brasil e mesmo outros povos. Isso demonstrou uma visão paciente e de longo alcance do governo Lula.
Porém o Ministério do Meio Ambiente, sob a liderança da Marina, não parecia acompanhar essa mesma dinâmica de dialogicidade com grupos de interesses diferentes. Marina também parece não ter demonstrado grande capacidade de coordenação e articulação dentro da própria pasta dela. Havia muita queixa quanto a lentidão na expedição de licenças ambientais, o que significava o travamento de projetos importantes para o desenvolvimento do país. Por estar presa ao lobby verde ela não conseguia entender a ansiedade dos grupos empresariais e nem mesmo de grupos desenvolvimentistas. Marina renuncia em 2008 expressando frustração, mas com a chegada do geógrafo e ambientalista Carlos Minc, o Ministério do Meio Ambiente adquire uma outra dinâmica e parece realmente avançar onde antes se mostrava emperrado. Isso demonstrou que a causa dos problemas estava na ministra e não no ministério.
Marina continua no PT, onde ela sempre demonstrou se sentir em casa, mas em julho de 2009 representantes do PV a abordam, e em reunião com ela, apresentam uma pesquisa de opinião que mostrava que se fosse candidata a presidente da república ela já começaria com 14% da intenção de votos. Marina cai no canto da sereia. Até mesmo a direita anti-verdista vibra e concede a ela a projeção em revistas e jornais de grande circulação.  É evidente que Marina não deixa o PT por questões de divergências ideológicas ou de projeto. Ela deixa o PT para assumir um projeto pessoal em um partido pequeno que precisava de alguém que pudesse fazer o partido crescer nacionalmente. Foi uma cartada inteligente do PV e tem na verdade mostrado resultado. Como candidata do PV, a Marina se apresenta como a candidata da terceira via (ou via media) tentando unir o irreconciliável. Diz que se eleita, ela governará com ambos PSDB e PT, o que demonstra uma certa ingenuidade política de uma pessoa experiente na política brasileira. Ela não perde tempo em afagar e defender o governo do Fernando Henrique Cardoso e de uma forma que nem mesmo o candidato do PSDB faz. Defender o indefensável, no caso aqui  FHC, é parte de uma estratégia eleitoral, pois se fosse para o segundo com a Dilma, a Marina sabe que iria contar com o apoio do PSDB.
Na verdade, quando o quadro eleitoral ainda não estava claro, Marina jogava com ambas as possibilidades, ou seja a de disputar um possível segundo turno com Serra ou Dilma. Agora que há uma certa clareza (de acordo com as pesquisas) sobre quem já está no segundo turno, Marina tenta tirar votos de ambos Serra e Dilma para ser a segunda colocada. S echegar a disputar o segundo turno contra Dilma ela formará uma coligação com o DEM e PSDB.  Então, se eleita, ela muito provavelmente não governará com o PT.
O fato de Marina agora não fazer parte de coligação alguma mostra a fragilidade da candidatura dela e do risco que será um governo liderado pelo PV. Ela ficará refém dos setores mais atrasados e reacionários da sociedade brasileira. O maior problema será que a agenda verde que ela defende não terá espaço a não ser para ser discutida e continuar como um ideal. E quando ela diz que é positivo não ter coligações pois isso reforça o compromisso dela com o eleitor, isso soa como meramente uma forma de compensar a ausência de uma composição política que dê substância ao projeto político dela. Na verdade, aqui reside uma profunda contradição no discurso da Marina. Os partidos políticos são importantes, e em uma democracia nenhum governante pode prescindir deles. Então não existe isso de compromisso com eleitor sem respeitar ou considerar o mandato dos partidos políticos dados pelo eleitor. Mais, se a Marina teve dificuldades de negociar com setores desenvolvimentistas dentro do governo, como ela conseguirá lidar com os setores que representam os interesses dos ruralistas e das grandes corporações que inevitavelmente, através do PSDB e DEM, farão parte do governo dela? Infelizmente as recentes declarações feitas por ela, como disse o Emir Sader, a fez “cair no colo da direita e cancelam qualquer traço progressista que sua candidatura poderia ter até agora. Quem estiver ainda com ela, está fazendo o jogo da direita golpista, não há mais mal entendidos possíveis” (Revista Carta Maior, 03/09/2010).
Por que Ela!
Enquanto a Marina se enrolava no Ministério do Meio Ambiente, a Dilma continuava crescendo dentro do governo mostrando elevada competência na condução do Ministério das Minas e Energia. Isso se dá a tal ponto de impressionar o presidente Lula que a convida a assumir o ministério da Casa de Civil. É nesse ministério que ela demonstra uma grande capacidade de coordenação dos vários ministérios e projetos, bem como traquejo em negociar com os mais diversos setores da sociedade. Enquanto a Marina ainda ficava na abstração de um ideal verde, a Dilma estava implementando na prática um projeto que significava inclusão social e transformação da realidade material dos diversos estados da República Federativa do Brasil. Assim, Dilma se faz co-responsável com o Lula pelo êxito das políticas públicas que tem mudado a face do país nesses últimos anos.
Dilma se manteve fiel e leal a um projeto de governo, mesmo em face das adversidades, por conta de uma visão de longo alcance onde o projeto mais amplo de transformação social é mais importante do que derrotas pontuais em negociações políticas. Dilma se apresenta como uma candidata que tem competência para coordenar diferentes grupos dentro de um governo, e sabe negociar com aqueles que representam interesses divergentes na sociedade. Dilma tem a experiência de governar com umacoalização política e faz parte de uma coligação que, mesmo contendo elementos conservadores, representa uma aliança progressista. Dilma encarna hoje a esquerda idealista e pragmática que defende um desenvolvimento que significa distribuição de renda, inclusão social, redução da desigualdade, restauração da dignidade dos brasileiros, e um protagonismo do Brasil no cenário internacional.
Eis porque Ela! *Joabe G Cavalcanti é teólogo e sacerdote anglicano.
Blog Ruminações de um Pastor Rabugento: http://pastorrabugento.blogspot.com
Este texto foi importado para o Brasil's News a partir do Blog da Dilma

RESPOSTA AOS BARÕES DA IMPRENSA PAULISTA




Dois dos maiores jornais do país tomaram uma decisão que, quando a história deste período for contada, explicará a decadência em que mergulharam aqueles que serão lembrados como “barões da imprensa”. Em 26 de setembro de 2010, os periódicos anunciaram, em editoriais, as suas respectivas posições políticas, ambas de confronto com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
Os jornais O Estado de São Paulo e Folha de São Paulo surgiram em um Brasil que não existe mais. Naquele país-fazenda, ribombavam as vozes das famílias que os fundaram e que os tornaram multimilionários à custa do Estado, dos favores de governos amigos, alguns alçados ao poder por meio de ruptura da ordem constitucional que esses veículos apoiaram.
O Estado de São Paulo nasceu em 1875, sendo batizado como A Província de São Paulo. O jornal foi impulsionado pela venda avulsa. Um imigrante francês chamado Bernard Gregoire saía a cavalo pelas ruas da capital paulista soprando uma corneta e vendendo exemplares. A imagem do vendedor trombeteando em seu cavalo tornar-se-ia símbolo do jornal.
Em 1964, o jornal paulista, agora rebatizado como O Estado de São Paulo, perfilou-se à União Democrática Nacional (UDN) de Carlos Lacerda, fazendo oposição cerrada ao então presidente João Goulart. Dois anos antes do golpe, o diretor do jornal, Júlio de Mesquita Filho, redigiu o “Roteiro da Revolução”, editorial em que exortava a oposição civil a se unir aos militares, então chamados de “partido fardado”, que desde o limiar da República interferia na política.
Em 1964, o jornal O Estado de São Paulo pediria e apoiaria o golpe militar e a eleição indireta de Castello Branco. Em 1º de abril daquele ano, publicou texto de apoio à derrubada de João Goulart fazendo uma relação entre aquele momento político e o da Revolução Constitucionalista de 1932.
O jornal paulista só romperia com a ditadura quatro anos depois do golpe. Em 1968, com a sua redação ocupada por censores do regime, publicou editorial que seria censurado por meio de apreensão de seus exemplares que chegavam às ruas. A família Mesquita descobriria, então, que quando se viola a democracia nem os que ajudaram a fazê-lo podem se considerar a salvo dos chefes violadores.
A Folha de São Paulo, por sua vez, nasceu em 1921, 46 anos depois do Estadão. Então batizada como “Folha da Noite”, era dirigida por Olival Costa e Pedro Cunha. Durante a revolução de 1930, foi fechada por reação popular, que empastelou o jornal.
Voltou a funcionar em 1931 com novos donos e nova linha editorial, sob o nome de Folha da Manhã. Era dirigida por Alves de Lima, Diógenes de Lemos Azevedo, Guilherme de Almeida e Rubens do Amaral. Em 1962, o jornal foi vendido a Carlos Caldeira Filho e Octavio Frias de Oliveira e rebatizado como Folha de São Paulo.
Tal qual o Estadão, a Folha também apoiou o golpe militar de 1964 e a ditadura que estava sendo implantada no Brasil. Segundo o colunista Elio Gaspari, chegou a emprestar veículos para transporte de presos. Isso mesmo, o jornal que fala em censura à imprensa fez parte da estrutura de assassinato e tortura dos ditadores de plantão.
O apreço pela ditadura era tanto que em 1971, durante o governo do general-presidente Emílio Garrastasu Medici, o jornal publica editorial, assinado por Octavio Frias de Oliveira, que definia assim o governo ditatorial:
“(…)Um governo sério, responsável, respeitável e com indiscutível apoio popular, está levando o Brasil pelos seguros caminhos do desenvolvimento com justiça social – realidade que nenhum brasileiro lúcido pode negar, e que o mundo todo reconhece e proclama (…)”.
Hoje, sabe-se que a maior vítima da ditadura militar foi justamente a justiça social. Foi durante a ditadura, que Frias defendeu com tanto ardor, que o Brasil chegou a ser um dos cinco países com maior concentração de renda no mundo, perdendo a primeira colocação apenas para países africanos miseráveis.
A tomada de posição política em relação ao governo Lula que esses jornais publicaram em suas edições de 26 de setembro de 2010 – tendo a Folha publicado o texto em sua capa –, em pretensa resposta à crítica do presidente da República a uma conduta partidarizada desses veículos, vem sendo desprezada por uma maioria esmagadora da sociedade, como revelam as pesquisas de opinião sobre este governo e sua candidata.
Em todos os níveis de escolaridade, em todas as faixas etárias, em todas as regiões – com exceção, apenas, entre os mais ricos –, os brasileiros, em maioria avassaladora, ignoram as diatribes diárias desses jornais contra o governo mais respeitado – nacional e internacionalmente – e popular da história deste País. Suas denúncias contra um só lado são ignoradas, e o Brasil caminha para dar uma vitória histórica à candidata que rejeitam.
Todavia, há que fazer uma distinção entre as posturas adotadas pelo Estadão e pela Folha. Enquanto que o primeiro, como que atendendo a exortação do presidente da República, finalmente sai do armário, deixando claro, de forma tardia, que tem candidato, exatamente como o chefe da nação disse que tinha, o segundo continua tentando se esconder sob uma imparcialidade na qual só os seus controladores e empregados bajuladores dizem acreditar.
Por mais que os argumentos do Estadão para justificar que tenha se convertido em cabo eleitoral de José Serra sejam questionáveis e não resistam à menor exposição àquele contraditório que o jornal censura furiosamente, seus controladores não têm descido ao nível da família Frias.
Entre todas as barbaridades praticadas pela Folha, algumas das quais já lhe renderam sucessivas condenações na Justiça, uma delas jamais encontrou paralelo na dita “grande imprensa” nacional. O jornal publicou em sua primeira página a falsificação de uma ficha policial de Dilma Rousseff, adversária do candidato extra-oficial do veículo, José Serra.
A Folha publicou em sua primeira página o conteúdo de um e-mail apócrifo, sem ter verificado absolutamente nada sobre a veracidade do documento. Tanto é que, depois do malfeito, escreveu nota de esclarecimento dizendo que não tinha elementos para negar ou confirmar a veracidade de uma falsificação contra uma ministra de Estado que publicou em seu espaço de maior visibilidade, na primeira página.
Em seu editorial de 26 de setembro de 2010, em que reafirma ser “isenta”, a Folha chega a “advertir” o presidente da República e sua candidata de que não aceitará que tentem “censurar” a imprensa, esgrimindo com cláusula pétrea da Constituição que versa sobre liberdade de expressão. O Estadão vai pela mesma linha de confronto com este governo por ter as mesmas inclinações antidemocráticas que o seu congênere, ainda que tenha mais caráter.
Ambos, porém, carregam o suplício de inocentes em seus currículos fétidos. Sob essa trajetória conspurcada por um apreço patético e degenerado pelo estupro do Estado Democrático de Direito que Estadão e Folha agora se arvoram em sentinelas da democracia. E é por esse cinismo atroz que esses jornais terminarão na lata de lixo da história.
Este texto foi postado originalmente no Blog da Cidadania
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