domingo, 27 de março de 2011

O QUE ANTES ERA PARA POUCOS AGORA É PARA MUITOS


A semana que passou acabou marcada por uma importante mudança geométrica na sociedade brasileira: deixamos de constituir uma pirâmede social, com poucos ricos na ponta superior e uma legião de excluídos na base, e nos tornamos um losango,com a barriga inchada pelos mais de 100 milhões de conterrâneos da nova classe média.
Falando assim em números e figuras geométricas, talvez muitos ainda não se tenham dado conta ainda de que a paisagem humana mudou na última década, qualquer que seja o lugar onde a gente vá.
Aquele Brasil governado historicamente para os 30 milhões de eleitos com acesso ao consumo mais do que triplicou neste período e isto trouxe mais gente para viajar de avião, mais carros para congestionar as ruas, mais filas nos supermercados, novas obras de edifício por toda parte, hotéis superlotados, praias apinhadas de gente, falta de mesas para sentar nos botecos.
Neste sábado, em dois eventos musicais, pude constatar que mais uma barreira social se rompeu em nosso país: os mais pobres estão tendo acesso também à cultura.
À tarde, no 1º Santinha Cultural promovido no teatro do Colégio Santa Cruz, tradicional reduto da elite paulistana, encontrei 60 crianças da Comunidade do Jaguaré (a reurbanizada Favela do Jaguaré) para assistir ao show infantil apresnetado pelo grupo de Rita Rameh e Luiz Waack, que se apresentaram sem cobrar cachê.
Há mais de 50 anos, desde o tempo em que eu estudava lá, professores, pais e alunos do Santa Cruz dedicam-se a projetos sociais no Jaguaré, que atualmente beneficiam 800 crianças.
Na bagunça formada em frente ao palco com todas as crianças brincando ao final do show, ficava difícil saber quem era aluno do Santa Cruz e quem tinha vindo num ônibus fretado do Jaguaré: eram todas crianças bem cuidadas, bem vestidas, alegres na mesma medida. Creio que esta foi a maior revolução promovida no país neste meio século.

Para quem podia pagar, o ingresso custava R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia), com renda revertida para os projetos sociais. Alunos do Santa Cruz eram minoria. Contatos para quem quiser contratar o belho show musical infantil Rita e Luiz:

e-mail: rita.rameh@terra.com.br
fone: 3815 4653
***
À noite, na abertura oficial da temporada 2011 da Bachiana Filarmônica SESI SP, comandada pelo meu amigo maestro João Carlos Martins, na Sala São Paulo, reparei logo ao chegar que havia gente nova chegando a um ambiente tão fechado em que até pouco tempo atrás todos se conheciam.
Com roupas mais esportivas, mais jovens e falando falando mais alto, sem aquele ar de quem está entrando num templo sagrado, esta nova platéia da música clássica em São Paulo aplaudiu várias vezes de pé as Sinfonias de Beethoven e os tangos em homenagem aos 90 anos de astor Piazzolla.
O grande momento da noite foi a estréia do jovem solista Lucas Targino Farias, de 12 anos, apresentado-se no Concerto Para Violino em Lá menor. Nascido em Guarulhos, bolsista da Fundação Bachiana Filarmônica, Lucas estuda com a professora Elisa Fukuda.
A homenageada da noite foi a executiva Marluce Dias da Silva, ex-diretora-geral da Rede Globo. Ao final, apresentou-se com a orquestra o percussinista Bolão levando Bach na cuíca. A plaéia não queria mais que o espetáculo acabasse e Martins teve que voltar duas vezes ao palco. Mais tarde, ele e a sua fiel mulher escudeira Carmem, ainda ofereceram um belo risoto para os amigos.
Com o apoio do SESI, e grandes empresas como Bradesco, Gerdau, Petróleo Ipiranga, Honda e Ecom, Martins levou seu projeto de popularização da música clássica a 350 mil pessoas no ano passado.
Na Fundação Bachiana Filarmônica, João Carlos Martins e sua equipe cuidam do ensino musical de 1.165 crianças de comunidades carentes. Os que não se tornarem novos virtuoses da orquestra de adultos, como Lucas Farias, certamente formaram as novas platéias da melhor música clássica. O que era para poucos agora é para muitos.

domingo, 20 de março de 2011

O OBAMA QUE NOS VISITA É O DO 'TRABALHO INTERNO'


O Mino Carta já tinha chamado a atenção para o papel desmoralizador do documentário “Trabalho Interno”.

Desmoraliza jornalistas brasileiros, que praticam o pior jornalismo do Grupo dos 20 (fora a China e  Rússia, duas ditaduras).

E vem Charles Ferguson e faz uma investigação impecável, irrefutável sobre a bandalheira que resultou no tsunami de 2008 (aquele que a urubóloga disse que ia afundar o Governo do Nunca Dantes).

O filme descreve como a indústria dos bancos desmontou a regulação criada por Roosevelt, na crise de 29.

A leniência dos governos republicanos – Reagan e Bush, pai – e, especialmente do Bill Clinton, aquele que desmoralizou o Farol de Alexandria em público e ele não se defendeu nem o Brasil.

Clinton, governador do Arkansas, foi almoçar no restaurante Club 21, em Nova York, com Roberto Rubin (*), do Citibank e seus pares.

Os banqueiros propuseram a Clinton: derruba a regulação do Roosevelt e nós te faremos presidente.

Fair deal.

Clinton revogou Roosevelt e instalou o livre-mercado no sistema financeiro mundial.

Transformou-o num aquário de tubarões.

Teve alguns cúmplices.

Um deles, o mais despudorado, Alan Greenspan, que afogou o “conflito de interesse” na ortodoxia neoliberal.

Ganhava dinheiro das empresas de caderneta de poupança quebradas, dizia que eram umas maravilhas, enquanto se “elegia” eterno presidente do Banco Central, como legítimo representante do “mercado”.

Ele impediu a regulação, sempre em nome da ideologia neoliberal: o mercado de derivativos é de uma indústria tecnicamente sofisticada que saberá,  para se preservar, evitar  uma crise sistêmica.

Ou seja, mercado livre se auto-regula.

Não precisa do Roosevelt.

Greenspan teve o apoio de Larry Summers, que, depois de Rubin, foi ser Secretário da Fazenda de Clinton.

Greenspan e Summers fulminaram todos os que alertavam para a iminência de uma catástrofe.

Jogaram o radar no lixo.

No Governo do Bush filho, Summers enriqueceu quando era reitor de Harvar (é isso mesmo, revisor, Harvar): dava expediente no conselho de administração de instituições financeiras mundialmente desreguladas.

O desastre caiu no colo do anão do neoliberalismo, Bush, filho.

Aquele que, de todos os antecessores, mais se aproximou do neo-Fascismo.

(Convém assistir também a “Jogo do Poder”, sobre o papel sórdido do Governo Bush, filho, na campanha das armas de destruição de massa do Iraque.)

Bush filho montou um plano neoliberalmente perfeito para sair da crise:

Salvar os bancos, os banqueiros e o povo que se lixe.

E encheu Wall Street de dinheiro – para os banqueiros e os bancos.

Os maestros dessa operação sem precedentes foram o Secretário do Tesouro de Bush, Paulson, que pode saber ganhar dinheiro, mas, ao falar, lembra um primata; e Timothy Garthner, que está no Brasil, na delegação de Obama.

Garthner era o presidente do Banco Central, seção Nova York, e fez vários Proeres – para salvar o “mercado”:  entregou bancos em crise a bancos menos em crise.

Por um punhado de dólares.

Garthner é o Secretário o Tesouro do Obama.

Garthner levou para o Governo Obama todos os amigos que trabalharam com ele na administração do “Trabalho Interno”.

Estão todos lá.

Outro que Obama levou para o Governo foi quem ?

Quem, amigo navegante ?

O Summers.

Para ser uma espécie de Grã-Vizir da Economia.

O que Obama mudou no Plano Bush para Salvar Bancos e Banqueiros ?

Nada.

Nadinha.

Os banqueiros continuaram – DEPOIS DA CRISE – a receber os bônus na casa das centenas de milhões de dólares.

Regulação ?

Regu – o quê ?

Que regulação, qual nada !

Obama mandou o Ministério da Justiça processar criminalmente algum banqueiro ?

Como ?

Pro – o quê ?

Estão todos soltos e dão gargalhadas quando olham para a fila de desempregados à base 10% da força de trabalho.

Os Estados Unidos têm a maior concentração de renda dos países ricos.

O aumento da renda dos últimos anos se concentrou no 1% mais rico da população.

O neoliberalismo realizou a sua obra: transformou uma República numa Oligarquia.

Os EUA têm o mercado financeiro menos regulado do Grupo dos 7 – é o paraíso dos neoliberais.

Obama mudou alguma coisa ?

Como, amigo navegante ?

Mudar o quê ?

Aí entram os economistas no “Trabalho Interno”.

(A tradução é um desastre. Mata o sentido pejorativo, criminoso do titulo do americano. Melhor seria se fosse “A História da Crise”, ou os  “Os Gangsters de Wall Street”.)

O filme conclui que a Economia  – como diz um entrevistado – é inútil.

Já os economistas são muito útei$$$ !

Eles criaram a ideologia da desregulamentação.

Eles deram à roubalheira a justificação ideológica, quase teológica.

Rouba, mas faz !

O livre mercado é Deus !

Isso dito naquela linguagem bizantina, anglofilizada, inalcançável.

Eles disseram que a Islândia era uma maravilha – e a economia da Islândia se espatifou.

Eles deram cobertura teórica e matemática – como se sabe, na mão de um economista, a matemática serve para tudo, como o Óleo de Fígado de Bacalhau – aos produtos que a neoliberalidade concebeu e a desregulamentação permitiu.

CDOs, swaps, colateralização, derivativos, sub-prime, securitização, junk bonds, empréstimo predatório. AAA …

São todos a mesma coisa: tomar dinheiro dos trouxas e embolsar a grana.

A melhor coisa do  mundo é “o dinheiro dos outros” – “other’s people money”.

(Depois, claro, de pagar a prostituta com dinheiro da firma, no expense account, como se faz muito para agradar os clientes de um “Trabalho Interno”.)

E os economistas lá: firmes.

Isso é uma maravilha !

É a modernidade !

É o “avanço”, como costuma dizer o Farol de Alexandria ! 

E bota a grana no bolso.

Harvar (é isso mesmo, revisor, Harvar) e Columbia se sobressaem nesse papel recompensador: justificar o assalto e botar uma parte no bolso.

Os economistas – sem falar nas agências de risco, mas isso é a corrupção óbvia, visível a olho nu – são aquelas testemunhas do Poderoso Chefão que vêem da Sicília depor na CPI sobre a máfia e se calam.

É uma pequena variação.

Os economistas dizem o que os bancos precisam que eles digam.

São os “especialistas” do PiG(**).

São os colonistas (***) do PiG.

E o Obama ?

O Obama, amigo navegante ?

Bom, o Obama, segundo um entrevistado do filme, acha que a crise é passageira.

Quando passar, tudo volta ao que era.

Tomar dinheiro dos trouxas e botar no bolso.

E os economistas, lá, firmes: isso é a liberdade, o mercado, Adam Smith, a inovação financeira, o avanço …


Paulo Henrique Amorim


Fonte:  Conversa Afiada

DUAS OPINIÕES SOBRE O "NÃO" DO CARA AO ENCONTRO COM OBAMA, A DECEPÇÃO.

EM DOIS TEXTO, OPINIÕES DIFERENTES SOBRE A AUSÊNCIA DE LULA NO ENCONTRO COM OBAMA, A DECEPÇÃO. NO PRIMEIRO, EDUARDO GUIMARÃES DEFENDE QUE LULA DEVERIA TER IDO E EXPÕES AS RAZÕES; NO SEGUNDO, PAULO HENRIQUE AMORIM DIZ PORQUE LULA NÃO FOI E DEFENDE ESTA DECISÃO;  TIRE SUAS PRÓPRIAS CONCLUSÕES.


Aqui o texto de Eduardo Guimarães.

Sobre Lula recusar encontro com Obama

É comum e compreensível que em momentos simbólicos na política as pessoas tentem adivinhar o que provocou este ou aquele comportamento para além do que os fatos autorizam supor. E isso acontece quer se queira, quer não. Por exemplo: a visita de um chefe de Estado simboliza apoio e deferência ao anfitrião. Ninguém visita quem desaprova.
Por outro lado, a ausência de um ícone político como Lula em um encontro entre chefes de Estado, como acontece quando o ex-presidente abre mão de se encontrar com Obama no âmbito da agenda diplomática para a visita do presidente norte-americano, pode de ter mil significados.
A política, no entanto, é feita de simbolismos. A presença ou a ausência de políticos em eventos está entre os mais evidentes. A ausência de Lula no almoço com Obama, para o qual foi convidado pelo cerimonial juntamente a outros ex-presidentes, certamente será vista como “desfeita”.
A menos que houvesse explicação oficial mais convincente do que ir a festa de aniversário de um familiar. Como não houve outra explicação, a que foi dada soa como desculpa. É meramente lógico, portanto, extraírem desaprovação da hipótese, ainda por se confirmar, de Lula vir a ser o único ex-presidente a não se encontrar com Obama durante a sua visita ao país.
A hipótese de o ex-presidente não querer ofuscar Dilma, não cola. Apesar de ser mais popular do que os outros ex-presidentes, seria grosseria de Lula se diferenciar dos colegas achando que sua presença, diferentemente das dos outros, seria a única a ofuscar a anfitriã oficial. Por mais que essa seja a verdade.
Mesmo que exista alguma razão insuspeita, que não a de Lula desaprovar Obama ou a maior aproximação comercial do Brasil com os Estados Unidos, se a razão que não se imagina não for explicada, o simbolismo da ausência ilustre permitirá ao cidadão comum inferir desaprovação do gesto do ex-presidente.
A possibilidade de desaprovação de Lula é muito séria e sobre ela não pode pairar dúvida. Se existisse, denotaria um abalo nas relações com a sucessora – que parece pouco provável, no âmbito das conjecturas. Ou que deveria ser pouco provável…
Urge, pois, que seja oferecida ao público uma explicação convincente para Lula ter sido o único ex-presidente do período pós-redemocratização a não se reunir com o presidente dos Estados Unidos. Isso se realmente for o único, se todos outros comparecerem mesmo.
Este não é um juízo de valor, é uma constatação. Não importa o que pensa o blogueiro. Importa o que a ausência de Lula parecerá. Parece-me pouco provável que ele não saiba disso ou que ao menos alguém em seu entorno não lhe tenha dito. A menos que não contassem com a mídia ressaltar tanto o fato.
Seja como for, repito que agora há um fato inescapável com o qual haverá que lidar: a ausência de Lula, devido à publicidade que tal ausência está recebendo da mídia, deixa a impressão de que há uma desaprovação do ex-presidente não só ao visitante ilustre – ou ao que ele representa –, mas à decisão de recebê-lo daquela que governa o país.
Só para que se tenha uma idéia, o porteiro do prédio, o frentista do posto e uma enfermeira relataram que acham que Lula não gosta de Obama e que estaria “puto” com Dilma por recebê-lo. Se não foi essa a mensagem que se quis passar, a versão terá que ser desmentida e a mídia terá que repercutir.

E aqui o texto de Paulo Henrique Amorim.
        PORQUE OBAMA NÃO VAI VER O NUNCA DANTES. POR CAUSA DO IRÃ.


O Nunca Dantes disse que não ia.

Deu a desculpa de abrir espaço para a Presidenta.

Desculpa.

O Nunca Dantes não foi ao almoço do Obama, porque o Brasil e a Turquia convenceram o Irã a fazer um acordo sem precedentes em torno do programa nuclear, já que Obama tinha mandado uma carta que apoiava a negociação.

Clique aqui para ir ao site Vermelho e ver o que diz o grande chanceler Celso Amorim: EUA querem resolver tudo com “atitude de caubói”.

Na hora “H”, o Irã concorda.

O Brasil e a Turquia se instalaram de forma irreversível no centro do novo arranjo internacional.

Brasil e Turquia são atores proeminentes no mundo pós-EUA, à espera do mundo chinês.

Estão lá e ninguém – nem o PiG (*) – tira eles de lá.

Aí, Obama recua.

Recua, como recuou no programa de recuperação da economia e referendou a estratégia de Bush: salvou os banqueiros e deu uma banana para os americanos.

Recuou, quando desistiu de replicar o modelo canadense de saúde pública e contentou-se com uma solução tímida – ainda que muito melhor do que o sistema selvagem que prevalecia, antes.

Recuou, como recuou no Egito.

Segurou o Mubarak até minutos antes de Mubarak fugir para um resort – e as contas em paraísos fiscais.

Obama recuou e boicotou o acordo que o Brasil e a Turquia tinham negociado com sangue, suor e lágrimas com o Irã.

Venceu a Hillary, a face falcão do Obama, que aprovou sanções da ONU tão inúteis quanto desgastantes.

Deu-se que os sunitas estão em fuga no Oriente Médio e os xiitas do Irã estão mais fortes do que nunca.

E o Irã continua com seu programa nuclear, inabalável.

As sanções da ONU incomodam o Irã quanto os ratos que rugem. 

O Nunca Dantes é de outra estirpe do Farol de Alexandria.

O Farol aceitou o convite, pressuroso.

Ele sempre sonha em reproduzir a relação – subserviente – que manteve com Bill Clinton.

Foi Clinton quem empurrou um acordo para salvar o Brasil pela goela abaixo do FMI – e salvar a re-eleição do Farol.

O que não impediu que Clinton desmoralizasse o Farol em público, enquanto FHC estava na Presidência.

E o Farol foi incapaz de se defender – ou defender o Brasil.

O Nunca Dantes vai entrar para a História do Brasil num outro capítulo.

O da altivez.


P.S:  Os textos foram copiados dos respectivos blogs de seus autores:  Blog da Cidadania e Conversa Afiada.

sábado, 19 de março de 2011

OBAMA, A DECEPÇÃO, NÃO ENGANARÁ DILMA.

A visita de Barack Obama

 
Os árabes insurm-se contra seus ditadores, o Japão sofre sua segunda maior tragédia de todos os tempos e Obama nos visita para fazer média e vender avião de guerra. É pouco? Quer mais? Ok: a malufista embalsamada, Hebe Camargo, e a “cansada” Ana Maria Braga entrevistaram a primeira mulher presidenta da história do Brasil. Dilma Rousseff saiu do programa das duas hipócritas muito maior do que entrou.

Os EUA financiaram e apoiaram muito ditador, mundo afora, durante os últimos 60 anos. Inclusive, é claro, a nossa ditadura militar de 21 anos. Hosni Mubarak do Egito, por exemplo, recebeu “ajuda” constante dos EUA ao longo dos 30 anos de seu reinado. Ajuda que sempre devolveu na base do toma-lá-dá-cá de dólar por arma. A indústria de armas, como outra qualquer – precisa testar e vender seus produtos no “mercado”. Não é à toa que os EUA não passam um dia sequer sem estarem envolvidos em alguma guerra, seja onde for, direta ou indiretamente. Antes de tornar-se o inimigo número um dos EUA, Sadam Hussein recebeu “ajuda” semelhante na guerra contra o Irã durante a década de 80. Naquela época, todos os machos da família Hussein tinham o “direito” legítimo de “catar” e estuprar mulheres atraentes no meio da rua, em plena luz do dia. E se maridos, pais ou irmãos ousassem socorrê-las, eram assassinados na hora. Agora é Kadafi, ex-aliado das multis do petróleo, que bombardeia seu povo para defender 40 anos de tirania. Ainda tem os Talibans do Afeganistão – hoje inimigos, ontem armados pelos EUA contra a URSS …

Ninguém ousa parar a máquina de guerra americana. Já houve épocas, como na década de 60, em que mandaram assassinar o presidente e assassinar seu assassino. Como se sabe, Kennedy pretendia retirar os EUA do Vietnã. E o Vietnã era o “mercado da vez” da indústria bélica americana.

Barack Obama jamais poderá se contrapor ao way-of-life americano. Não só por ser um presidente negro num país assumidamente racista; não só por ser indesejado pelas elites de todo o mundo e nem só porque tem a mão de ferro de Hillary Clinton exercendo marcação cerrada. Existem instituições nos EUA que são intocáveis. Se for preciso sacrificar hábitos deste way-of-life para proteger a camada de ozônio, por exemplo, esquece.

Quando foi eleito, tinha tudo para ser “o cara” – versão americana. Mas seu governo caminha para ser um dos mais medíocres da história dos EUA. Não por falta de preparo – que ele o tem de sobra. Bush filho, Clinton, Reagan e Bush pai… não chegam aos pés dele. Mas o homem mais poderoso do planeta é refém de um sistema dominado por banqueiros, magnatas do petróleo e uma classe média que não abre mão das montanhas de supérfluos industriais e poluidores que a TV lhes vende. Mal tomou posse e foi obrigado a assinar o socorro de bilhões de dólares a Wall Street para pagar a conta da farra imobiliária. Um verdadeiro estelionato financiado pelo contribuinte americano.

O Japão se desintegra na segunda maior tragédia já vista em sua história. A primeira, como todos sabem, foi o teste nuclear revestido de “ato de guerra legítimo” que os EUA impuseram ao país no final da Segunda Guerra Mundial. Mesmo os japoneses estando tecnicamente derrotados. As bombas de Hiroshima e Nagasaki foram armas de destruição em massa mais eficazes que o holocausto: 200 mil civis evaporaram em 1 minuto e dezenas de milhares ao longo das décadas seguintes.

Obama chegou hoje ao Brasil para tentar nos vender aviões e pedir para Dilma ser mais “liberal” que Lula. Pedirá que o Brasil volte a ser o principal comprador dos EUA. É a primeira vez que um presidente americano chega na defensiva em sua visita ao Brasil. Pois o Brasil que encontrará não é mais o vira-latas que foi durante praticamente todo o século passado. Precisamos, sim, modernizar nossa defesa reafirmando nossa soberania sobre as 200 milhas do nosso rico litoral. Precisamos, sim, acabar de vez com os tentáculos dos magnatas do petróleo que desejam abolir essa extensão fronteiriça para transformar o Pré-Sal em terra de ninguém. José Serra está com eles e para eles – como revelaram documentos divulgados pelo Wikileaks recentemente (leia aqui) sobre a armação com a Chevron durante a campanha eleitoral. E se estiver muito velho para 2014 ou 2018, a Chevron tentará outro boneco em seu lugar. O Pré-Sal é para o metade final desta década. Obama nem estaria mais em cena e o PSDB manteria a sala de suas visitas aberta a quem quiser entrar para negociar, mesmo contra os interesses do povo brasileiro.

A presidenta sabe de tudo isso e não vai se deixar seduzir justamente pelo representante da nação que planejou e deu apoio logístico aos golpistas de 64 dos quais foi prisioneira durante 3 anos e pelos quais foi torturada. Será gentil com o ser humano Barack Obama – que é merecedor pela sua história de vida. Quanto ao presidente dos EUA… Além disso, existe a questão da tecnologia. A França oferece o pacote completo que inclui know-how e autonomia para manutenção dos aviões. Já os bélicos americanos querem vender-nos a manutenção e tecnologia de seus aviões à parte, num negócio periódico. Existem também o Mercosul e a economia do todo o nosso continente que depende da liderança brasileira para crescer e se fortalecer – o que não agrada Hilary Clinton e os seus.

Dilma não será apenas a meiga e bela senhora que foi ao programa das duas bruxinhas malufe-serristas para mostrar às donas de casa de todo o país que não é assaltante de banco nem assassina. Brasil e EUA não são mais os mesmos depois de Lula e Obama.Fonte:O que será que me dá?

EM POLÍTICA, O QUE DIABOS SIGNIFICA "DEMONSTRAR APREÇO"?! RESPOSTA: NADA

MAIS UMA DE OBAMA, A DECEPÇÃO.



GOZAÇÃO DOS EUA COM OS BRASILEIROS


[EUA PENSAM QUE ENGANAM OS BRASILEIROS

A “EMBROMATION” DE OBAMA SOBRE VAGA NO CONSELHO DA ONU

GOZADOR FINO E SUTIL, OBAMA DIZ SOMENTE TER "APREÇO PELA ASPIRAÇÃO" [sic] POR VAGA PERMANENTE DO BRASIL NO CONSELHO DE SEGURANÇA DA ONU...

ISSO NÃO É APOIO ABERTO AO PLEITO BRASILEIRO. NADA COMPARÁVEL AO APOIO FORMAL EXPRESSO PELOS EUA À ENTRADA DA ÍNDIA NO ÓRGÃO. O FATO DE A ÍNDIA TER DESENVOLVIDO SECRETAMENTE BOMBAS ATÔMICAS, COMO OS DEMAIS MEMBROS DO CONSELHO, FEZ A DIFERENÇA.

EM RESUMO, QUEREM NOS EMBROMAR COM INÓCUAS E BONITAS PALAVRAS GENÉRICAS. 

Da americanófila (tucana) “Folha” e UOL]:

“O comunicado conjunto que será assinado hoje (19) entre os presidentes Dilma Rousseff e Barack Obama trará uma menção ‘específica’ à necessidade de reforma do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) e uma referência ‘direta’ [sic] ao Brasil, que faz campanha por um assento permanente no órgão. 

A declaração do presidente deve conter a frase: “os EUA demonstram ‘apreço pela aspiração' [sic] do Brasil a se tornar membro permanente do Conselho de Segurança da ONU". 

Segundo a Folha apurou, a referência é um apoio "mais forte" [sic] que o anteriormente esperado [nenhum], mas não contém apoio aberto ao pleito brasileiro. No ano passado, em visita à índia, Obama deu apoio formal à entrada do país asiático no órgão. 

A conquista de uma vaga permanente no Conselho de Segurança é ambição antiga da diplomacia brasileira, sob argumento de que a atual composição não reflete a realidade geopolítica. O Brasil ocupa atualmente uma vaga rotativa no órgão, que tem apenas cinco membros permanentes e com direito a veto --EUA, Reino Unido, França, Rússia e China. 

O governo brasileiro tem buscado consolidar diplomacia independente e participar mais ativamente em questões globais, e um apoio público de Obama a uma vaga permanente no Conselho é vista como a consolidação desse novo papel [porém, será somente embromação, não ocorrerá formalmente]. 

FONTE: reportagem de Natuza Nery e Patrícia Campos Mello da Folha de São Paulo publicada no portal UOL/Folha (http://www1.folha.uol.com.br/mundo/891064-obama-diz-ter-apreco-por-vaga-do-brasil-no-conselho-de-seguranca.shtml) [título, imagem e trechos entre colchetes adicionados por este blog].

Postagem copiada, com exceção do título e da frase "mais uma de obama, a decepção" do Democracia & Política

terça-feira, 8 de março de 2011

UM POEMA PARA OS SOBERBOS, "ON LINE" OU NÃO

Narciso, um blogueiro, se olha no lago


de pó
Deus o fez.
Mas ele, em vez
de se conformar,
quis ser sol, e ser mar,
e ser céu... Ser tudo, enfim.
Mas nada pôde! E foi assim
que se pôs a chorar de furor...
Mas ah! foi sobre sua própria dor
que as lágrimas tristes rolaram. E o pó,
molhado, ficou sendo lodo - e lodo só!

Guilherme de Almeida (1860-1969)

Comentário do teacher:  Aprendi nas aulas de literatura, que além da        beleza este poema se caracteriza por começar com uma sílaba métrica e ir aumentando até terminar com doze. 

DISPENSO ESTA ROSA

terça-feira, 8 de março de 2011

 DIA INTERNACIONAL DA MULHER 

Dia 8 de março seria um dia como qualquer outro, não fosse pela rosa e os parabéns. Toda mulher sabe como é. Ao chegar ao trabalho e dar bom dia aos colegas, algum deles vai soltar: ”parabéns”.
Por alguns segundos, a gente tenta entender por que raios estamos recebendo parabéns se não é nosso aniversário (exceção, claro, à minoria que, de fato, faz aniversário neste dia). Depois de ficar com cara de bestas, num estalo a gente se lembra da data, dá um sorriso
amarelo e responde “obrigada”, pensando: “mas por que eu deveria receber parabéns por ser mulher?”.
Mais tarde, chega um funcionário distribuindo rosas. Novamente, sorriso amarelo e obrigada. É assim todos os anos. Quando não é no trabalho, é em alguma loja. Quando não é numa loja, é no supermercado. Todos os anos, todo 8 de março: é sempre a maldita rosa.
Dizem que a rosa simboliza a “feminilidade”, a delicadeza. É a mesma metáfora que usam para coibir nossa sexualidade — da supervalorização da virgindidade é que saiu o verbo “deflorar” (como se o homem, ao romper o hímen de uma mulher, arrancasse a flor do solo, tomando-a para si e condenando-a – afinal, depois de arrancada da terra, a flor está fadada à morte). É da metáfora da flor, portanto, que vem a ideia de que mulheres sexualmente ativas são “putas”, inferiores, menos respeitáveis.
A delicadeza da flor também é sua fraqueza. Qualquer movimento mais brusco lhe arranca as pétalas. Dizem o mesmo de nós: que somos o “sexo frágil” e que, por isso, devemos ser protegidas. Mas protegidas do quê? De quem? A julgar pelo número de estupros, precisamos de proteção contra os homens. Ah, mas os homens que estupram são psicopatas, dizem. São loucos. Não é com estes homens que nós namoramos e casamos, não é a eles que confiamos a tarefa de nos proteger. Mas, bem, segundo pesquisa Ibope/Instituto Patricia Galvão, 51% dos brasileiros dizem conhecer alguma mulher que é agredida por seu parceiro. No resto do mundo, em 40 a 70 por cento dos assassinatos de mulheres, o autor é o próprio marido ou companheiro. Este tipo de crime também aparece com frequência na mídia. No entanto, são tratados como crimes “passionais” – o que dá a errônea impressão de que homens e mulheres os cometem com a mesma frequência, já que a paixão é algo que acomete ambos os sexos. Tratam os homens autores destes crimes como “românticos” exagerados, príncipes encantados que foram longe demais. No entanto, são as mulheres as neuróticas nos filmes e novelas. São elas que “amam demais”, não os homens.
Mas a rosa também tem espinhos, o que a torna ainda mais simbólica dos mitos que o patriarcado atribuiu às mulheres. Somos ardilosas, traiçoeiras, manipuladoras, castradoras. Nós é que fomos nos meter com a serpente e tiramos o pobre Adão do paraíso (como se Eva lhe tivesse enfiado a maçã goela abaixo, como se ele não a tivesse comido de livre e espontânea vontade). Várias culturas têm a lenda da vagina dentata. Em Hollywood, as mulheres usam a “sedução” para prejudicar os homens e conseguir o que querem. Nos intervalos do canal Sony, os machos são de “respeito” e as mulheres têm “mentes perigosas”. A mensagem subliminar é: “cuidado, meninos, as mulheres são o capeta disfarçado”. E, foi com medo do capeta que a sociedade, ao longo dos séculos, prendeu as mulheres dentro de casa. Como se isso não fosse suficiente, limitaram seus movimentos com espartilhos, sapatos minúsculos (na China), saltos altos. Impediram-na que estudasse, que trabalhasse, que tivesse vida própria. Ela era uma propriedade do pai, depois do marido. Tinha sempre de estar sob a tutela de alguém, senão sua “mente perigosa” causaria coisas terríveis.
Mas dizem que a rosa serve para mostrar que, hoje, nos valorizam.
Hoje, sim. Vivemos num mundo “pós-feminista” afinal. Todas essas discriminações acabaram! As mulheres votam e trabalham! Não há mais nada para conquistar! Será mesmo? Nos últimos anos, as diferenças salariais entre homens e mulheres (que seguem as mesmas profissões) têm crescido no Brasil, em vez de diminuir. Nos centros urbanos, onde a estrutura ocupacional é mais complexa, a disparidade tende a ser pior. Considerando que recebo menos para desempenhar o mesmo serviço, não parece irônico que o meu colega de trabalho me dê os parabéns por ser mulher?
Dizem que a rosa é um sinal de reconhecimento das nossas capacidades.
Mas, no ranking de igualdade política do Fórum Econômico Mundial de 2008, o Brasil está em 100º lugar entre 130 países. As mulheres têm 11% dos cargos ministeriais e 9% dos assentos no Congresso — onde, das 513 cadeiras, apenas 46 são ocupadas por elas. Do total de prefeitos eleitos no ano passado*, apenas 9,08% são mulheres. E nós somos 52% da população.
A rosa também simboliza beleza. Ah, o sexo belo. Mas é só passar em frente a uma banca de revistas para descobrir que é exatamente o contrário. Você nunca está bonita o suficiente, bobinha. Não pode ser feliz enquanto não emagrecer. Não pode envelhecer. Não pode ter celulite (embora até bebês tenham furinhos na bunda). Você só terá valor quando for igual a uma modelo de 18 anos (as modelos têm 17 ou 18 anos até quando a propaganda é de creme rejuvenescedor… ). Mas mesmo ela não é perfeita: tem de ser photoshopada. Sua pele é alterada a ponto de parecer de plástico: ela não tem espinhas nem estrias nem olheiras nem cicatrizes nem hematomas, nenhuma dessas coisas que a gente tem quando vive. Ela sorri, mas não tem linhas ao lado da boca.
Faz cara de brava, mas sua testa não se franze. É magérrima (às vezes, anoréxica), mas não tem nenhum osso saltando. É a beleza impossível, mas você deve persegui-la mesmo assim, se quiser ser “feminina”. Porque, sim, feminilidade é isso: é “se cuidar”. Você não pode relaxar. Não pode se abandonar (em inglês, a expressão usada é exatamente esta: “let yourself go”). Usar uma porrada de cosméticos e fazer plásticas é a maneira (a única maneira, segundo os publicitários) de mostrar a si mesma e aos outros que você se ama.
“Você se ama? Então corrija-se”. Por mais contraditória que pareça, é esta a mensagem.
Todo dia 8 de março, nos dão uma rosa como sinal de respeito. No entanto, a misoginia está em toda parte. Os anúncios e ensaios de moda glamurizam a violência contra a mulher. Nas propagandas de cerveja e programas humorísticos, as mulheres são bundas ambulantes, meros objetos sexuais. A pornografia mainstream (feita pela Hollywood pornô, uma indústira multibilionária) tem cada vez mais cenas de violência, estupro e simulação de atos sexuais feitos contra a vontade da mulher. Nos videogames, ganha pontos quem atropelar prostitutas.
Todo dia 8 de março, volto para casa e vejo um monte de mulheres com rosas vermelhas na mão, no metrô. É um sinal de cavalheirismo, dizem.
Mas, no mesmo metrô, muitas mulheres são encoxadas todos os dias. Tanto que o Rio criou um vagão exclusivo para as mulheres, para que elas fujam de quem as assedia. Pois é, eles não punem os responsáveis. Acham difícil. Preferem isolar as vítimas. Enquanto não combatermos a ideia de que as mulheres que andam sozinhas por aí são “convidativas”, propriedade pública, isso nunca vai deixar de existir. Enquanto acharem que cantar uma mulher na rua é elogio , isso nunca vai deixar de existir. Atualmente, a propaganda da NET mostra um pinguim (?) dizendo “ê lá em casa” para uma enfermeira. Em outro comercial, o russo garoto-propaganda puxa três mulheres para perto de si, para que os telespectadores entendam que o “combo” da NET engloba três serviços. Aparentemente, temos de rir disso. Aparentemente, isso ajuda a vender TV por assinatura. Muito provavelmente, os publicitários criadores desta peça não sabem o que é andar pela rua sem ser interrompida por um completo desconhecido ameaçando “chupá-la todinha”.
Então, dá licença, mas eu dispenso esta rosa. Não preciso dela. Não a aceito. Não me sinto elogiada com ela. Não quero rosas. Eu quero igualdade de salários, mais representação política, mais respeito, menos violência e menos amarras. Eu quero, de fato, ser igual na sociedade. Eu quero, de fato, caminhar em direção a um mundo em que o feminismo não seja mais necessário.
…Enquanto isso não acontecer, meu querido, enfia esta rosa no dignissímo senhor seu cu.
Marjorie Rodrigues
*Texto de 2009.

 Copiado do   Com Texto Livre  em 08/03/2011
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