O artigo "Jovens vão as ruas e mostram que estamos desaprendendo a sonhar.", do nosso comentarista André Borges Lopes, entrará para a história do ativismo online brasileiro como um marco. Hoje de manhã bateu em 202 mil leituras. A divulgação se deu exclusivamente através das redes sociais e liberou o grito engasgado na garganta de milhares de jovens por todo o país.
Dei-me conta do fenômeno alertado por minha filha de 15 anos, que soube por colegas de várias partes do país, através de sua página do Facebook.
De lá para cá, pelo Twitter, Facebook e no espaço dos comentários do post, o texto inspirou os jovens a colocarem para fora sentimentos, expectativas, convicções, que permitem entender esse momento mágico, caótico, de transbordamento de energia que marcará, daqui para sempre, o nascimento de uma nova geração política.
Como o comentário da Ana Paula Cordeiro, colocado na 6a feira passada:
“Esse foi o elogio que meu pai nunca me fez e nunca me fará. Obrigada”.
A seguir, alguns dos comentários selecionados.
Camila Coutinho
Postado em: 14/06/2013 – 23:21
O texto é absolutamente brilhante e é quase a transcrição dos meus pensamentos.
Ontem, durante o acontecimento dos protestos, eu estava em casa assistindo a cobertura ao vivo dos canais de notícias e a única coisa na qual conseguia pensar era em como gostaria de estar lá, o que não daria pra ter me juntado a multidão. Uma coisa dentro de mim parecia querer sair pra fora, uma vontade que carrego desde muito cedo, quando comecei a ver o mundo como ele realmente é, a ver que temos neste país uma mídia extremamente tendenciosa e manipuladora, capaz de mudar os rumos do país, alienar o povo a ponto de enfiar-lhes guela a baixo uma porção de programas imbecis, enquanto programas com alguma opinião e conteúdo são transmitidos apenas nos horários em que quase ninguém assiste. Senti a necessidade de sair na rua e gritar pra todo mundo o que pouca gente enxerga.
Em um relato de um manifestante nas redes sociais, que falava sobre a repressão sofrida, sem motivo, um senhor comentava sobre levar o conhecimento científico e educação política para a periferia, ou algo parecido. Esse comentário fez sentir que minhas ideias não são tão malucas assim.
(...) Posso ser pessimista demais ao pensar que não importa quem estiver no poder nada vai mudar, mas acredito no que vejo nas ruas, acredito quando vejo um fio de esperança vindo de um comentário, seja ele nas redes sociais, no trem ou na porta da uma escola porque então eu sei que, se estiver maluca de acreditar que o povo pode mudar a realidade, pelo menos não estou sozinha.
Ana Paula Cordeiro
sex, 14/06/2013 - 21:28
Esse foi o elogio que meu pai nunca me fez e nunca me fará. Obrigada.
christiane
sex, 14/06/2013 - 18:19
Incrível que você escreveu!!! Você foi exato, claro e muito sensível na sua interpretação do momento que estamos vivendo. Estamos cansados de pensamentos conservadores com condutas inflexíveis e triste em ver uma sociedade oprimida e obrigada a ficar em uma situação de conformismo para toda a série de abusos que assola o nosso país.
Hugo C
sex, 14/06/2013 - 17:31
Certo ou errado, o seu texto reflete com perfeição o modo como eu vejo as coisas no atual cenário. Para mim foi um grande prazer e alívio poder lê-lo. Obrigado
Larissa Andrade
sex, 14/06/2013 - 00:44
Texto perfeito e completo. E tenho muito orgulho de ser uma jovem que vai a luta,que não desaprendeu a sonhar,apesar de tudo!
Maria Lua
sex, 14/06/2013 - 00:24
Tenho 17 anos e estudo História numa universidade estadual. Achei o texto genial e queria separar frases para colar na minha parede.
O que me chamou a atenção em primeiro lugar foi o título, porque a algum tempo eu notei que minha geração tem dificuldade de sonhar de verdade, afogada como é na criação voltada para o consumo e auto-promoção. E também porque eu estou escrevendo um livro chamado "O povo que não sabia sonhar", uma distopia que trata justamente dessa situação limite, que infelizmente ainda acontece no nosso país, mesmo depois de tantas ditaduras...
Já estava achando tudo muito acertado, mas quando me deparei com "Vivemos uma grande ofensiva do coxismo: conservador nas ideias, conformado no dia-a-dia, revoltadinho no trânsito engarrafado e no teclado do Facebook." pensei: Esse cara sabe mesmo do que está falando! De que adianta reclamar todos os dias da corrupção se não consegue acreditar que pessoas comuns podem sair as ruas, não para vandalizar, mas para deixar claro que isso não é um mar de rosas, e não são só as "minorias" que sofrem. O cidadão médio sofre, os jovens sofrem, e não é porque tem casa e comida que não podem se manifestar.
Camila Pires
Ter, 11/06/2013 - 12:05
O melhor texto que li nos últimos tempos. São tantas as críticas que se fazem aos que se levantam contra o que está errado, seja protestando nas ruas, seja praticando ativismo via internet, que me pergunto se quem critica não está, na verdade, concordando com o que está imposto. Há uma cultura muito forte no Brasil de anti-politização. Reclamam que o brasileiro é acomodado, mas quando alguém se revolta, é comunista. Reclamam que o governo explora, mas quando alguém vai para a rua protestar, é um baderneiro vagabundo. No mundo todo, quem protesta tem direito de ser ouvido, e seu protesto é legitimado pelo restante da população. Porque aqui não pode ser assim também? A coxinhização é visível: cuidemos de nossas próprias vidas, e foda-se o resto. Como se fossemos ilhas, como se tudo não estivesse conectado. Este pensamento egoísta é o que causa todo nosso atraso. Enquanto não olharmos ao redor e compreendermos que não adianta nos fecharmos, seremos sempre terceiro mundo se for, piada no exterior.
Gabriela O. T.
ter, 11/06/2013 - 02:08
Texto bacana, infelizmente pecou no que diz respeito à luta das mulheres. Como jovem e inconformada que sou, preciso lembrar que - ressalvando o fato de, por nunca ter sofrido preconceito de gênero, ser realmente difícil para você se colocar no lugar das tantas "vadias" - as manifestantes feministas não lutam pelo direito de "serem prostitutas" ou "se vestirem como vadias". A ideia do movimento é justamente a de desprender rótulos aplicáveis unicamente a mulheres, tais como vadia, puta, biscate, entre outros, para tentar de alguma forma mudar o ideológico social que teima em julgar as mulheres pelo tamanho de suas saias e a culpá-las por qualquer violência sofrida por conta de sua aparência. Que fala que homens podem ter os seus mamilos expostos em cidades praianas, mas que mulheres que o façam estão "pedindo para ser estupradas", por exemplo. Não vou me aprofundar no assunto para não escrever outro texto do tamanho do seu, mas gostaria de fazer essa ressalva. Afora esses deslizes, o texto é realmente muito bom e inspirador.
Mari5555
seg, 10/06/2013 - 21:27
Primeiramente queria parabenizar o colunista e blogueiro André, pois além de escrever um texto muito bom, conseguiu tocar o ponto alto dessa questão:
"O fundamental é que estamos vivendo uma brutal ofensiva do pensamento conservador, que coloca em risco muitas décadas de conquistas civilizatórias da sociedade brasileira."
Antes de criticar, o que eu vi em vários comentários, por que vocês não vão as ruas lutar pelo que acham certo? Se querem saber onde eu estava nos outros acontecimentos eu digo a vocês, estava no meu berço, tenho 16 anos e esse foi o primeiro protesto que eu participei, antes que digam que fora 20 centavos, e sobre a inflação e várias baboseiras, e/ou que eu sou burguesa, eu moro numa comunidade onde demoro 1h e meia pra chegar a uma escola (onde para chegar uso um transporte coletivo que muitas vezes vai com a porta um palmo aberta por causa da superlotação), pois as que ficam perto da minha casa tem a média por sala de 50 a 60 alunos, eu gostaria de perguntar, o que o estudante é além do trabalhador do futuro?
O problema é que como ele diz no final do texto:
"Esses moleques que tomam as ruas e dão a cara para bater incomodam porque quebram vidros, depredam ônibus e paralisam o trânsito. Mas incomodam muito mais porque nos obrigam a olhar para dentro das nossas próprias vidas e, nessa hora, descobrimos que desaprendemos a sonhar."
Parem de esperar atitudes dos outros, por que nenhum de vocês não está lutando pelo que acha certo sem se importar com que os outros pensam? NÃO CHEGA DE COVARDIA? Gritar e e ficar apertados em uma rua onde não passam carros não traria atenção, antes de julgar as coisas e pessoas, entendam, ''as vezes se é preciso fazer um mal para a conquista de um bem maior'', é uma frase muito triste e muito antiga, que pertence a uma história muito longa, que agora eu não vou contar, quem sabe um dia não? (...)
Tarsila Araújo
seg, 10/06/2013 - 11:21
Este é o texto mais LÚCIDO que li nos últimos meses.
Estou feliz de ter encontrado alguém que pensa e reflete dessa maneira... eu concordo com tudo que foi dito sobre esses tantos assuntos!
"Vivemos uma grande ofensiva do coxismo: conservador nas ideias, conformado no dia-a-dia, revoltadinho no trânsito engarrafado e no teclado do Facebook."
Isso diz tudo. To cansada de conviver com essas pessoas que só enxergam o próprio umbigo. Cansada de pessoas passando reto na frente de mendigos dormindo na rua e achar que aquilo é normal. Achar que você, que estudou e teve educação, você mereceu isso e seus pais 'deram duro' para vocês terem tudo que tiveram. A educação deveria ser gratuita e de qualidade para todos. E isso é um direito, simples, mas que é completamente ignorado. Você, conversador e da classe média alta e que está lendo isso com os dentes cerrando de raiva do que estou dizendo, saiba que na Europa, onde você viaja e elogia tanto a cultura e a civilização daqueles países, 'bem melhor que o Brasil onde tudo pode e é sem lei', há vários países em que a educação é gratuita e de qualidade para o povo, para todos os cidadãos. Há vários países onde a desigualdade praticamente não existe. Onde a faxineira, o garçom ganham tão bem quanto uma pessoa que fez ensino superior. Porque o trabalho, não importa qual, é importante. Precisamos de todos eles para a economia funcionar. Precisamos de todos eles para nossa vida funcionar. Precisamos de quem limpe nossa casa, sirva nossas bebidas, empacote nossas compras, traga nossos carros no estacionamento, nos atenda nas lojas, do gerente do banco para cuidar das nossas finanças, do taxista e do motorista de ônibus também, que seja para trazer sua faxineira lá da periferia até a sua casa.
Enfim, feliz com esse texto e espero que ajude alguns coxinhas a pensarem melhor e fora do umbigo.
Bruna Potenza
seg, 10/06/2013 - 11:17
Trata-se daquele texto que não apenas te toca, mas que toca em vários lugares diferentes... trata-se mesmo de um toque, nada muito profundo, doloroso como um beliscão, porque se fossem vários beliscões sairia doída da leitura, e não foi isso que aconteceu... Por serem vários toques, em vários lugares, e em alguns lugares que estavam adormecidos em mim, a leitura foi maravilhosa porque eu senti novamente esses lugares dentro de mim... obrigada!
Giovanna Angeline
seg, 10/06/2013 - 09:00
André,
Eu realmente precisava ler isso. Faço parte destes movimentos mas não por uma luta unificada dos transportes, mas estou na luta por justiça, por um mundo melhor, ou na medida do possível, onde tenhamos direitos! Sou jovem, trabalho, estudo, e nao me importo em não ser uma conformada mediocre!
Obrigada mesmo,
Leandro Romano
seg, 10/06/2013 - 00:58
Como seria bom se todas as revistas, jornais e mídias em geral, publicassem seu texto magnífico. Eu como jovem também concedo meu rosto a tapas em protestos, ver um texto tão belo quanto o seu, me concede mais ânimo para lutar e sonhar a cada dia.
Obrigado.
Fonte: Luis Nassif on Line.
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