segunda-feira, 28 de outubro de 2013

CRÍTICAS AO BOLSA-FAMÍLIA: DESINFORMAÇÃO OU MÁ-FÉ?

Chico Vigilante


Chico Vigilante.
Na época em que o programa Bolsa Família começou a ser desenhado, já existia a tese de que os beneficiários teriam mais filhos, gastariam mal o dinheiro, se acomodariam em não trabalhar ou ficariam intencionalmente na informalidade. Podemos dizer que estes críticos do mau agouro  inicial estavam mais mal informados do que mal intencionados.
Hoje, no entanto, o programa cresceu, apareceu e incomodou aos inimigos de plantão do Brasil. Suas críticas são claramente de má fé, tem objetivo e causa definidos.
Em abrangência e volume de investimentos governamentais, o Bolsa Família transformou-se no maior programa social do país. Exatamente por ser um dos mais bem sucedidos dos governos petistas, reconhecido nacional e internacionalmente, foi eleito agora como a bola da vez para ser atacado. Num ano pré eleitoral é parte da estratégia de desespero da oposição.
Por que será? a resposta é simples: na lógica deles é necessário desqualificar tudo de bom e de resultados que o governo fez para tirar milhões de brasileiros e brasileiras da linha da miséria, uma vez que a eles só importa os lucros dos banqueiros, dos grandes proprietários de terras, dos caciques do agronegócio, e dos representantes em geral das classes dominantes deste país.
O Programa Bolsa Família vem ampliando anualmente seu alcance e atende hoje mais de 13 milhões de famílias em todo o Brasil. Segundo o o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), isso representa mais que o dobro do número de famílias beneficiadas no primeiro ano de seu funcionamento, em 2003, em torno de 6,5 milhões.
Os críticos do programa de hoje continuam com a mesma ladainha: alegam que ele atua de forma negativa criando dependência e incentivando a inércia. Um dado demonstra de  forma incontesti que estão equivocados: passados 10 anos de funcionamento, cerca de 1,7 milhão de famílias deixaram de receber o benefício por terem conseguido elevar sua renda, de acordo com dados do MDS. 
O governo atua no sentido de que o programa represente apenas um primeiro passo na vida do beneficiário. Uma das políticas públicas implementadas pelo governo para incentivar a porta da saída do Bolsa Família é o ensino técnico, reconhecido por empresários de todos os setores como necessário para atender a uma crescente demanda de qualificação profissional no país.
Para isso criou uma versão do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego – Pronatec- voltada especificamente para os beneficiários do Brasil Sem Miséria.  O Brasil sem Miséria, tem como objetivo retirar da situação de pobreza extrema16,2 milhões de pessoas que vivem com menos de R$ 70 por mês. O Bolsa Família é parte dele.
No início de 2013, de acordo com dados do MDS, 267 mil pessoas beneficiárias do programa Bolsa Família se matricularam em 416 cursos técnicos do programa. A meta é que, até o final de 2014, o Pronatec atenda um milhão de beneficiários. 
Além dos cursos profissionalizantes, o governo tem se empenhado em identificar os beneficiários do Bolsa Família que acabam abrindo pequenos negócios por conta própria. 
Um estudo do Ipea cruzou dados do Bolsa Família com o cadastro dos Microempreendedores Individuais, política implantada em 2008, com o objetivo de tirar empreendedores da informalidade e sob o ponto de vista estatístico, derrubou a tese de que o Bolsa Família gera o chamado efeito preguiça.  
De acordo com o estudo, após dois anos de vigência, R$ 2,8 milhões de empreendedores aderiram ao programa. Desses, mais de 102.627 pessoas, ou seja 7,3% do total, eram beneficiários do Bolsa Família.
A pesquisa aponta as atividades mais exercidas pelos empreendedores do Bolsa Família:  comércio varejista de artigos do vestuário e acessórios. Quase 11 mil beneficiários do programa passaram a exercer essa atividade, o que representa 10,5 % do total. A segunda maior atividade é a de cabeleireiro com 7,5 mil pessoas nesta função. 
O amplo leque de atividades apontado demonstra claramente que os beneficiários do Bolsa Família são criativos na busca de alternativas. Estão atuando em  minimercados; obras de alvenaria; bares; lanchonetes; como ambulantes de alimentos; no fornecimento de alimentos para consumo domiciliar; na confecção de peças de vestuário sob medida;no comércio varejista de bebidas,entre outros.
Aconselho também aos críticos do Bolsa Família olhar para trás e analisar os indicadores de evasão escolar e mortalidade infantil no Brasil, antes e depois do programa. O Brasil de hoje é referência em políticas sociais, em tecnologias sociais, é considerado um país moderno e que enfrenta seus desafios. 
Com isso não quero dizer que acabamos com as desigualdades, mas sim que os governos petistas reconhecem sua existência e buscam minimizá-las por meio de políticas públicas. Elas são, no entanto, desigualdades históricas de cinco séculos. Não podemos pretender extingui-las em 10 anos. 
Parte das críticas ao programa ocorrem também devido ao preconceito e à desinformação a respeito dos reais objetivos e da amplitude do programa, por parte dos usuários assíduos de internet que pegam o bonde andando, ouvem e repetem sem analisar.Temos que entender que problemas na fiscalização são passíveis de ocorrer num universo de mais de 50 milhões de pessoas, que formam o cadastro do Bolsa Família. 
O governo mantém hoje uma complexa estrutura de controle que passa por cruzamentos regulares com outras bases de dados na tentativa de zerar o índice de irregularidade. 
A verdade que incomoda a muitos é que o Bolsa Família ajudou a transformar o Brasil em referência internacional na área social. Fez com que o país se tornasse um exportador de tecnologia para gerenciar iniciativas de transferência de renda e melhorou a imagem brasileira como um todo no exterior.
Inspirado no  Bolsa Família, por exemplo, o prefeito de Nova York, que visitou Brasília para obter informações a respeito,  implantou o Opportunity NYC, que hoje beneficia cinco mil famílias em bairros como Harlem e Bronx. Na ocasião ele afirmou que este é um inovador programa de transferência de renda com condicionalidades que visa auxiliar os novaiorquinos a romper o ciclo de pobreza. 
Além dos EUA, Honduras, El Salvador, Gana, Quênia, África do Sul, e Suiça criaram ou tentam implantar programas similares. Dados governamentais dão conta de que 63 países enviaram equipes para conhecer o Bolsa Família.
Depois de ser implantado em Nova York, com a colaboração de técnicos brasileiros, o Bolsa Família chega à Suíça nas próximas semanas, com votação marcada no congresso do país europeu, famoso pela riqueza. Aqui, os benefícios pagos variam de R$ 32 a R$ 306 por pessoa; lá, as transferências serão de até R$ 6 mil.
Além disso, o programa Bolsa Família recebeu, dia 15 último, o 1º prêmio Award for Outstanding Achievement in Social Security, espécie de Nobel concedido a cada três anos pela Associação Internacional de Seguridade Social (ISSA), entidade com sede na Suíça. É o mais importante reconhecimento de um programa responsável por ajudar a quebrar no país um ciclo histórico de fome e miséria. 
Gostem ou não, os críticos do Bolsa Família vão ter que engolir a verdade: o programa colabora efetivamente para que cidadãos em situação de vulnerabilidade, após um período de tempo recebendo o repasse, governamental, ultrapassem a linha da pobreza encontrando com esforços próprios, melhores trabalhos, rendimentos mais altos e, principalmente, recuperando a dignidade de cidadão, merecida por todos brasileiros sem distinção de raça, gênero, credo ou poder aquisitivo.
fonte:Brasil 247

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

MARINA EMPURROU O PSB PARA A DIREITA





Wanderley Guilherme voltou mais afiado que nunca. Em seu artigo de hoje, o professor analisa a momentosa entrada de Marina Silva no partido de Eduardo Campos. E dispara:

“Marina pintou-se com as cores da reação (…). Abandonando a retórica melíflua a ex-senadora revela afinal a coerência entre suas posições políticas e as sociais. Empurrou o PSB para a direita de Aécio Neves, a um passo de José Serra.”

Coluna Cafezinho com Wanderley


MARINA, VOCÊ SE PINTOU


Por Wanderley Guilherme dos Santos

Em 48 horas de fulminante trajetória a ex-senadora Marina Silva provocou inesperados solavancos no panorama das eleições em 2014. Renegando o que há meses dizia professar aderiu ao sistema partidário que está aí, mencionou haver abrigado o PSB como Plano C, sem mencioná-lo a desapontados seguidores, e declarou guerra a um suposto chavismo petista. De quebra, prometeu enterrar a aniversariante república criada pela Constituição de 88, desprezando-a por ser “velha”. Haja água benta para tanta presunção.

Marina e seguidores não consideravam incoerente denunciar o excessivo número de legendas partidárias e ao mesmo tempo propor a criação de mais uma. Ademais, personalizada. O “Rede” sempre foi, e é, uma espécie de grife monopolizada pela ex-senadora. Faltando o registro legal, cada um tratou de si, segundo o depoimento de Alfredo Sirkis. Inclusive a própria Marina. Disse que informou por telefone ao governador Eduardo Campos que ingressaria no Partido Socialista Brasileiro para ser sua candidata a vice- presidente. Ainda segundo declaração de Marina, o governador ficou, inicialmente, mudo. Não era para menos. Em sua estratégia pública, Eduardo Campos nunca admitiu ser um potencial candidato à Presidência, deixando caminhos abertos a composições. Eis que, não mais que de repente, o governador é declarado candidato por sua auto-indicada companheira de chapa. Sorrindo embora, custa acreditar que Eduardo Campos esteja feliz com o papel subordinado que lhe coube no espetáculo precipitado pela ex-senadora.

Há mais. Não obstante a crítica às infidelidades de que padecem os partidos
que aí estão, Marina confessou sem meias palavras que ingressava no PSB, mas não era PSB, era “Rede”, e seria “Rede” dentro do PSB. Plagiando o estranho humor da ex-senadora, o “Rede” passava a ser, dali em diante, não o primeira partido clandestino da democracia, mas o primeiro clandestino confesso do Partido Socialista Brasileiro. Não deixa de ser compatível com a sutil ordem de preferência de Marina Silva. Em primeiro lugar vinha a criação da Rede, depois a pressão para que a legenda fosse isenta de exigências fundamentais para a constituição de um partido conforme manda a lei e, por fim, aceitar uma das legendas declaradamente à disposição.

Decidiu-se por uma quarta opção e impor-se a uma legenda que não é de conhecimento público lhe tenha sido oferecida. Enquanto políticos trocam de legenda para não se comprometerem com facções, a ex-senadora fez aberta propaganda de como se desmoraliza um partido: ingressar nele para criar uma facção. Deslealdade com companheiros de percurso, ultimatos e sabotagem de instituições estabelecidas (no caso, o PSB), não parecem comportamentos recomendáveis a quem se apresenta como regeneradora dos hábitos políticos.

O campo das oposições vai enfrentar momentosas batalhas. Adotando o reconhecido mote da direita de que o Partido dos Trabalhadores constitui uma ameaça “chavista”, Marina pintou-se com as cores da reação, as mesmas que usa em suas preferências sociais: contra o aborto legal, contra o reconhecimento das relações homoafetivas, contra as pesquisas com células tronco, enfim, contra todos os movimentos de progresso ou de remoção de preconceitos. Abandonando a retórica melíflua a ex-senadora revela afinal a coerência entre suas posições políticas e as sociais. Empurrou o PSB para a direita de Aécio Neves, a um passo de José Serra. É onde Eduardo Campos vai estar, queira ou não, liderado por Marina Silva. As oposições marcham para explosivo confronto interno pelo privilégio de representar o conservadorismo obscurantista.



Fonte:  Conversa Afiada

O VALE TUDO CONTRA O PT


Marina e Serra se igualam neste momento no desejo desenfreado de tirar o PT do poder, não importa que expedientes ou alianças espúrias sejam necessárias para alcançar o objetivo
Por razões diferentes, que o perfil e a história de cada um determinou, os ex-senadores Marina Silva e José Serra, querem derrotar o PT nas próximas eleições. Ele diz que o PT não tem projeto para o Brasil e ela afirma que sua luta atual é contra o PT e o chavismo que se instalou no país.
Obviamente que os dois gostariam de fazer essa tentativa encabeçando chapas presidenciais, mas, ao que tudo indica até agora, isso não está fácil de acontecer.
Serra cogitou abandonar o PSDB depois que a cúpula do partido colocou Aécio na presidência da legenda, como parte da estratégia de lançá-lo candidato a presidente. Serra não deixou a legenda mas ameaça pedir prévias para a escolha do candidato oficial do partido às eleições de 2014. Nada indica que sairia vencedor numa convenção do PSDB.
Ser vice de Aécio, ou o contrário, e fazer renascer a histórica dobradinha Café com Leite, é uma opção na qual ninguém crê. São dois egos muito grandes para aceitarem o cargo de vice.
Após a decisão de Serra, no último final de semana, de permanecer no ninho tucano, Aécio disse que Serra é figura indispensável ao PSDB mas que "ainda não é o momento de definir a candidatura presidencial do PSDB e do conjunto de forças que se dispuserem a marchar conosco". Ele sinalizou, ou não, que o vice por ele pretendido deve estar entre as forças que se dispuserem a marchar com o PSDB?
Marina por sua vez, viu abortar seu plano de presidenciável quando não conseguiu registrar seu partido junto à Justiça Eleitoral. Por atribuir o fato a uma ação coordenada do governo contra ela, enxergou na aliança com Eduardo Campos, do PSB, sua melhor vingança contra o PT.
Nenhuma surpresa a respeito do posicionamento de Serra em relação ao PT. Há muitos anos é clara sua opção pelo neoliberalismo e pela defesa dos interesses das elites. Marina Silva, no entanto, ex- seringueira, eleita deputada estadual e duas vezes senadora pelo PT, ex-ministra de Lula, não reconhecer as ações dos governos petistas de tirar da miséria 40 milhões de brasileiros, muitos deles analfabetos, como ela própria até os 16 anos de idade, é muita hipocrisia. O que fez foi iniciar um projeto individual, egoísta, abandonando os ideais coletivos.
O mundo dá voltas, e algumas surpreendem mais do que outras. Marina, que cresceu politicamente se elegendo vereadora com a ajuda da imagem do líder seringueiro Chico Mendes, conhecido internacionalmente por sua luta em defesa da Amazônia, é hoje candidata a vice numa chapa que tem recebido apoios de figuras de tendências não exatamente de esquerda ou socialistas.
Senão vejamos, Ronaldo Caiado, do DEM, um dos expoentes da União Democrática Ruralista –UDR, a mesma organização a qual pertencia o fazendeiro Darly Alves e seu filho Darcy Alves, que em 22 de dezembro de 1988, em Xapuri, mandaram assassinar covardemente Chico Mendes.
Nos últimos 20 anos, as mortes de mais de mil líderes camponeses, sacerdotes e sindicalistas na Amazônia são atribuídas em sua maioria à UDR, organização defensora dos latifundiários brasileiros.
O que pensarão seus eleitores ao ver a senadora ambientalista e ex-seringueira, Marina, no mesmo palanque do ex-deputado Paulo Bornhausen, filiado ao PSB e filho do cacique Jorge Bornhausen, um dos fundadores do PFL, atual DEM; ou ao lado do ex-senador piauiense Heráclito Fortes, que deixou o DEM e se filiou recentemente ao PSB, declarando apoio para a disputa presidencial de
Campos; ou ainda, próxima do ex-governador do Maranhão, Zé Reinaldo, preso por corrupção, também apoiando atualmente o PSB.
Além de se unir a figuras do DEM, Marina como vice de Eduardo Campos deve estar disposta a se unir a figuras também do PSDB, uma vez que já não é de hoje a aproximação da sigla com o PSB pelo país afora.

Com a saída do PSB do governo, essa tendência de aproximação do partido de Eduardo Campos com a oposição se acentuou, notadamente com o PSDB, que já articula coligações rivais, contra o PT, em cerca de 20 estados brasileiros, ou seja, o projeto político de Eduardo e Marina só deve fechar com o PT em muito poucos estados.
Um complicador ético para Marina Silva: será que o acordo no plano federal entre PSB e Rede se reproduzirá de forma fácil nos estados? Aliados de Marina Silva resistem a ficarem lado a lado com alguns dos quadros que já se engajaram no projeto de Eduardo Campos. A tendência é que os dois grupos não apoiem o mesmo candidato a governos estaduais.
Como se comportará ainda Marina diante da atuação do PSB em relação ao novo Código Florestal, proposta que a Rede incluiu até em regras de filiação como um dos motivos para rejeitar a adesão de quem votou de forma favorável à proposta? Será que a maioria dos deputados do PSB se aliará as causas ambientalistas defendidas pela Rede e por Marina?
Serra está cumprindo seu papel de defensor das elites, que nunca aceitaram o fato de um metalúrgico chegar à Presidência da República. Marina está cuspindo no prato que comeu e mudando radicalmente de rumo.
Ela critica os governos Lula e Dilma. Mas se esquece que eles desenvolveram um programa político de fazer inveja, destacando-se entre os Brics, com a construção de infraestrutura em estradas, hidrovias e portos para circulação e exportação de sua produção agrícola e industrial; investindo na agricultura familiar, responsável por 60% do alimento hoje na mesa do brasileiro; na educação básica, técnica e científica; em políticas públicas de melhoria da qualidade de vida da população carente, com garantia de água e luz para todos.
Para citar apenas alguns programas de importância estratégica para o desenvolvimento sustentável do Brasil, lembro o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego - Pronatec; o ProUni; o Bolsa Família; o Minha Casa Minha Vida; o Luz para Todos.
Em dois anos, 4,6 milhões de pessoas já fizeram ou estão fazendo um dos cursos oferecidos pelo Pronatec em todo o Brasil, e a meta do governo é matricular 8 milhões de alunos até o final de 2014. Até o próximo ano o governo está investindo R$ 14 bilhões no programa ofertando Ensino Técnico para quem está cursando o Ensino Médio; oportunidades de qualificação profissional para o jovem ou o adulto que deseja uma melhor formação profissional; e cursos para participantes do programa Brasil sem Miséria conseguirem uma profissão.
Um outro sucesso do governo, o Bolsa Família, considerado pela revista britânica The Economist um dos principais programas de combate à pobreza do mundo, foi reconhecido como um esquema anti-pobreza que está ganhando adeptos mundo afora. O jornal francês Le Monde afirmou que "o programa Bolsa Família amplia, sobretudo, o acesso à educação, que representa a melhor arma contra a pobreza, no Brasil ou em qualquer outro lugar do planeta".
Na área do ensino superior, o ProUni -Programa Universidade Para Todos, criado em 2004, no primeiro governo Lula, foi o maior programa de bolsas de estudo da história da educação brasileira, tendo beneficiado até 2012, um milhão de jovens com a concessão de bolsas de estudos, custeando parcial ou integralmente seu curso superior em uma universidade particular.Entre os beneficiados com bolsas, cerca de 46% eram autodeclarados afrodescendentes, o que resgata uma dívida histórica com a população negra deste país.
Além disso, 11 universidades públicas federais foram criadas apenas durante os governos do presidente Lula, superando o marco do presidente Juscelino Kubitschek.
O programa Luz para Todos, por sua vez, atendeu até marco de 2012 cerca de 14,4 milhões de moradores rurais de todo o país, com investimentos que chegam a R$ 20 bilhões, dos quais R$ 14,5 bilhões do Governo Federal.
Será que Marina Silva está ciente disso? O Luz para Todos utilizou cerca de 1,4 milhão de km de cabos elétricos e 7,3 milhões de postes, parte deles desenvolvida com uma nova tecnologia a base de resina de poliéster e fibra de vidro, facilitando seu transporte pelos rios, já que por serem leves flutuam, dispensando o uso de caminhões, em trechos intrafegáveis na região amazônica.Só no estado do Amazonas foram utilizados 28 mil metros de cabos elétricos colocados dentro dos rios.
A economia também se beneficia com a instalação da eletricidade no campo. Uma pesquisa de impacto realizada no ano de 2009 mostrou que 79,3% dos atendidos pelo programa adquiriram televisores, 73,3% passaram a ter geladeiras em suas casas e 24,1% compraram bombas d'água.
Outro programa do governo federal, o Minha Casa Minha Vida, transformou o sonho da casa própria em realidade para mais de 1 milhão de famílias, com renda bruta de até R$ 5 mil. Após esse sucesso, o programa pretende construir numa segunda fase, até 2014, cerca de 2 milhões de casas e apartamentos.
Agora, a pergunta que não quer se calar: quem é José Serra para falar mal do PT? Que programa político desenvolveu o PSDB durante os anos de governo neoliberal de FHC, além de privatizar estatais brasileiras a preço de banana e gerar para a história e para que nossos filhos saibam quem são, livros como a Privataria Tucana, do jornalista Amaury Ribeiro e o Príncipe da Privataria, do jornalista Palmério Dória?
Os dois livros contam em pormenores e com apresentação de farta documentação as falcatruas com o dinheiro público por parte de autoridades governamentais do período pré Lula, que, certamente envergonharão ainda por muitos anos este país.
O povo brasileiro não é idiota e sabe avaliar a trajetória e a mudança de rumos de cada um. A sociedade já está demonstrando há alguns anos de que lado está. Este é o desespero das elites: está cada vez mais difícil enganar o povo brasileiro. A hora é de mudança real, não apenas de retórica.

Fonte:  Brasil 247

terça-feira, 8 de outubro de 2013

UNIÃO DUDARINA: DE QUEM FOI, DE FATO, O GOLPE DE MESTRE?

A megalomania sempre foi uma das características mais evidentes em Eduardo Campos, sendo transmitida por osmose a seus correligionários, que não cansam de utilizar adjetivações como o mais, o demais e o melhor, ao se referirem a seu líder. Ocorre que a megalomania, via de regra , finda por vir acompanhada por uma espécie de cegueira que acaba por embaçar ou até mesmo eliminar a visão da realidade. Ao final deste texto, isso restará mais que evidenciado.Blog Imagem
Por Noelia Brito
A recente união entre Eduardo Campos e Marina Silva, que nas Redes Sociais já está sendo chamada de união Dudarina, causou frisson em muitos partidários e admiradores do governador de Pernambuco e presidente do PSB. Chegaram a acusar um autêntico golpe de mestre da parte do pernambucano, por acreditarem que a aliança em questão, já garantiria Eduardo Campos no segundo turno contra a presidenta Dilma e mais, que isso já faria de Eduardo o novo presidente do Brasil.
Um dos políticos de maior visão de conjuntura no país é, sem dúvida, o ex-presidente Lula. Sei que a turminha que aprecia os artigos de Reynaldo Azevedo e do tal “Menino Maluquinho”, do Instituto Milenium, vão estrebuchar com essa afirmação, mas contra fatos não há argumentos. E a sabedoria política de Lula é um fato. Ninguém chega aonde ele chegou por incompetência. O ex-presidente pode ter todos os defeitos, mas é uma ave de rapina, quando o assunto é analisar a política que se pratica no país. Aprendeu isso ainda na época em que comandava greves gerais puxadas por seu sindicato e pela CUT.
A política brasileira tem toda uma herança advinda da política sindical e estudantil, grande parte dos políticos em atividade foram criados e formados nesse meio. Quem não veio daí, veio de outro tipo de herança, a que é passada pela via das oligarquias familiares, como é o caso, por exemplo, do próprio Eduardo Campos. Com toda a sua experiência política e rapinismo, custo a acreditar que Lula se deixou inebriar pela ilusão de que pessoas como Eduardo Campos, mesmo lhe devendo muito, do ponto de vista político, se manteriam gratas e fiéis a um projeto de poder que não fosse o seu próprio.
Lula viu e se beneficiou com a puxada de tapete que Eduardo Campos deu em Ciro Gomes, retirando sua candidatura à presidência, quando apresentava bons índices nas pesquisas de opinião, para poder embarcar na primeira candidatura de Dilma.
Será que não imaginava que quem puxa o tapete de um companheiro de partido não teria o menor pudor em puxar o tapete de outros companheiros, ainda mais se forem de outros partidos, ainda que esse companheiro seja o Lula? Custo a acreditar que Lula seja tão ingênuo. Até do domínio do fato, Lula escapou, não escaparia dos ardis de Eduardo?
Como a política tradicional se faz por meio de concessões de parte a parte, Lula abriu mão de algumas posições ocupadas por seu partido, em troca da conquista de uma posição fundamental para o PT, para a manutenção de seu projeto de poder, ou seja, a prefeitura de São Paulo e a reeleição de Dilma.
Em São Paulo, o PSB historicamente era muito próximo dos tucanos,  a ponto de ter cargos em seus governos. Lula abriu mão, por exemplo, das prefeituras do Recife e de Fortaleza, permitindo, por uma postura omissa no processo eleitoral, que fossem tomadas do PT por dois caciques do PSB. Em Fortaleza, a prefeitura foi entregue aos Ferreira Gomes, que já detinham o governo do Estado do Ceará. No Recife, foi entregue a Eduardo Campos, que, por sua vez, já detinha o governo de Pernambuco.
Passadas as eleições, Eduardo Campos, embalado por sua corte de marqueteiros que só dizem, como em qualquer corte, o que o monarca quer ouvir (o que se comenta a boca miúda é que, na intimidade, o presidente do PSB não suporta ser contrariado), acreditou que poderia, em razão dos espaços conquistados pelo PSB, grande parte em razão das concessões feitas por Lula,  alçar o tal “voo solo” e chegar aonde seu avô, Miguel Arraes, jamais esteve sequer perto de chegar: à presidência da República.
Ocorre que a realidade para além das fronteiras da capitania hereditária de Pernambuco é bem outra e Eduardo Campos não conseguiu decolar, por mais viagens que tenha feito nos jatinhos contratados por seu governo, no tão sonhado voo nacional.
A ganância, ou melhor seria dizer, a verdadeira obsessão de Eduardo Campos em chegar a presidência acabou por desidratar sua liderança dentro do Estado e de seu próprio Partido (vide a debandada dos Ferreira Gomes e de outras lideranças pessebistas, como o ex-presidente do PSB de Minas, Walfrido do Mares Guia, que preferiram continuar seguindo com Lula e Dilma), pois ao se focar num projeto maior, como a presidência da República, findou por abrir brechas para que aliados como o senador Armando Monteiro conseguisse avançar em seu próprio projeto pessoal de poder, que é o governo de Pernambuco, contando, inclusive, com acenos de apoio do PT de Lula, a quem, repita-se, Eduardo deve praticamente todas as conquistas de investimentos feitos em Pernambuco durante seu governo e a quem Eduardo devia não apenas seus altos índices de aprovação, mas a própria conquista da prefeitura do Recife.
Eduardo, de repente, viu-se numa situação em que poderia perder tudo. Ao mesmo tempo em que sua candidatura à presidência não avançava, a candidatura de Armando Monteiro ao governo de Pernambuco crescia a olhos vistos e, o que é pior, para Eduardo, à sua revelia e contra sua vontade. O patamar em que já se encontra a candidatura de Armando Monteiro foi, inclusive, registrado em foto emblemática de uma almoço político reunindo Armando Monteiro, o ex-prefeito João Paulo e o senador Humberto Costa, no tradicional restaurante “Leite”, da capital pernambucana. Uma coligação com Marina já era sua tábua de salvação.
É claro que Eduardo Campos, político experiente que é, vinha tentando agregar, aqui e ali, forças políticas em torno de sua candidatura à presidência e isso incluía, por certo, à própria Marina Silva, cortejada por intermédio do secretário de Maio Ambiente de Eduardo e um dos escudeiros de Marina, em Pernambuco, o empresário Sérgio Xavier. Mas não era só Marina, Eduardo cortejou e conquistou o apoio de personalidades como Ronaldo Caiado, da UDR, da família Bornhausen, do DEM, do ex-senador Heráclito Fortes, ligado ao banqueiro Daniel Dantas, todos, não por coincidência, antigos inimigos do lulismo, à exceção da própria Marina, cria deste. Sem falar nas reuniões que teve com o pastor Silas Malafaia, um dos primeiros, aliás, a tecer rasgados elogios à aliança Dudarina.
Eduardo Campos cortejava Marina de longas datas. Foi seu partido quem ingressou com ações contra o projeto de lei acusado por Marina de casuísmo legislativo, cujo intuito único seria o de prejudicá-la, por reduzir tempo de TV e repasses do Fundo Partidário para os novos partidos.
A partir desse projeto de lei casuístico, Marina passou a nutrir a ideia de que o PT estaria por trás da decisão do TSE de não registrar seu Partido, por problemas nas assinaturas de apoiamento. Mas a verdade é que a ex-ministra  foi quem cometeu o pecado da soberba, ao deixar para iniciar o processo de coleta de assinaturas faltando apenas 5 meses para se esgotarem os prazos para o registro do seu partido, ainda a tempo de disputar as próximas eleições.
Marina teve três anos para fazê-lo e não fez. Apoiadores de primeira hora do projeto político de Marina Silva, como a ex-senadora Heloisa Helena, alertaram-na, já em seguida às eleições de 2010, onde conquistara mais de 19 milhões de votos, que deveria iniciar logo a fundação de um partido onde pudesse abrigar os que pensavam como ela.
Mas Marina, diferentemente do que apregoa, é extremamente personalista e autoritária, só faz o que quer e a ida para o PSB, à revelia de seus “sonháticos” seguidores e apoiadores, é a maior prova disso. Aliás, se tem um ponto de semelhança entre Eduardo e Marina, não tenham dúvidas de que é esse: só fazem o que seu personalismo quer.
Naufragada a arca de Marina, que se propunha a salvar da extinção, pelo dilúvio chavista que inundou a América Latina, os espécimes mais variados da política nacional, espécimes de origem que vão do PSDB, do PPS, do PV ao PSOL, incluindo alguns do próprio PT, (a ex-ministra de Lula justificou sua adesão ao PSB à uma missão messiânica de combater o chavismo do PT), Marina, mais que rapidamente, “cedeu” ao chamado de Eduardo e se “aliou” ao seu projeto presidencial, passando para os aliados de governador de Pernambuco, a imagem de pessoa desprendida e humilde.
Marina, porém, é sabedora da natureza megalomaníaca de Eduardo Campos, a quem deve conhecer muito bem por intermédio de relatos feitos por seu fiel escudeiro, Sérgio Xavier, homem tão poderoso dentro do governo Eduardo Campos que acumula a presidência da CPRH, responsável pelos cobiçados licenciamentos ambientais de SUAPE, por exemplo, com a Secretaria de Meio Ambiente. Mas pelo visto, Eduardo é quem não conhece bem Marina.
Ocorre que por trás da suposta adesão de Marina ao projeto presidencial de Eduardo Campos está o próprio projeto de poder da ex-seringueira Marina Silva. Quisesse mesmo aderir ao projeto de poder de Eduardo Campos, abrindo mão do seu próprio, mesmo que temporariamente, Marina teria se filiado a um outro Partido e, assim, garantiria uma coligação que desse mais tempo de TV e rádio para o candidato Eduardo Campos.
Eduardo Campos nunca esperou que Marina e seu grupo fossem para o PSB, inclusive por pragmatismo eleitoral e é por isso que colocou o PSB a serviço de viabilizar a criação do Rede Sustentabilidade, chegando até a assinar como um de seus apoiadores. Sonhava Eduardo, do alto de sua megalomania, com uma coligação, onde ele seria o presidente e Marina, a vice.
Inviabilizada a Rede, repita-se, por culpa exclusivamente de Marina, o que esta fez? Foi para um dos 10 partidos que a cortejavam por causa dos seus 19 milhões de votos na eleição passada e por onde poderia, aí sim, numa coligação, ser a vice de Eduardo, agregando tempo na propaganda eleitoral à essa candidatura?
Não, de jeito nenhum. Marina Silva, que não foi criada em berço de ouro como Eduardo Campos e que, tem muito da sagacidade do próprio Lula, emparedou Eduardo dentro de seu próprio Partido e se imporá, ela mesma, como candidata à presidência. Aliás, quem imporá a candidatura de Marina a Eduardo será o “clamor das ruas”, esse mesmo que tornara uma aliança com Marina tão atrativa a Eduardo. Também as pesquisas de opinião, por motivos óbvios, seguirão apontando Marina como a candidata melhor aquinhoada na preferência popular, se comparada ao próprio Eduardo.
Lula, evidentemente, não está surpreso com a traição de Eduardo, pois essa era de se esperar, sendo Eduardo quem é. Também não está surpreso com a jogada de Marina, pois melhor do que ninguém conhece do que a ex-companheira é capaz, seja porque é um mago quando o assunto é política, seja porque a conhece profundamente, pois formaram juntos o que hoje é o PT. Lula anda dizendo que quem ganhou com a união Dudarina foi Eduardo Campos.
Segundo Lula, Eduardo cresceu, enquanto Marina teria se apequenado. Lula está tranquilo agora. Sabe que se alguém ganhou com essa união foi o próprio PT e sem nem precisar de muito esforço. Numa tacada só viu dizimada a candidatura de Eduardo e desmascarada a verdadeira Nova Política de Marina Silva, movida pelo personalismo e pelo ranço do anti-petismo (petismo do qual Marina, contraditoriamente, é criatura), mas como bom político que é, Lula nunca fala o que realmente pensa.
Noelia Brito é advogada e procuradora do Município 

FONTE:   Blog do Jamildo

sábado, 5 de outubro de 2013

AS FLORES MURCHAS DE MARINA SILVA


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Foi uma lavada. Uma goleada de 6 a 1. Sendo que o 1 é o Gilmar Mendes, que vale menos que um décimo de juiz. Então digamos que o placar ficou em 6 X 0,1. É um resultado que blinda o TSE contra qualquer crítica oportunista dos marineiros à lisura da votação.
Assim como o voto de Celso de Mello, mais uma vez tivemos uma vitória da racionalidade e da lei sobre o casuísmo e a pressão política. A lírica e esverdeada agremiação de Marina não reuniu o número de assinaturas certificadas necessárias para se fundar um partido no país. Ponto final.
O procurador eleitoral Eugênio Aragão já tinha deixado bem claro, há duas semanas, o que estava em jogo. “Não tem conversa, a lei é peremptória. Não há como fazer concessão nesse tipo de coisa”, disse Aragão.
São profundos os desdobramentos políticos dessa derrota de Marina Silva junto ao TSE. Vamos analisá-los à luz do artigo que a própria publicou hoje na Folha. Segundo ela, foi escrito antes de saber o resultado; mas o tom derrotista já o antecipava.
O texto encerra com poesia ruim. Não é a tôa que Ayres Britto é tão fã de Marina. Ambos são maus poetas metidos a entenderem de política, e falham miseravelmente em ambos os temas.
“De nada adianta criar obstáculos e dificuldades, os organismos vivos de um novo tempo já surgem para substituir as estruturas que se fossilizaram com o tempo. Como dizíamos em nossa juventude, mesmo que matem milhares de flores não poderão impedir a chegada da primavera.”
Deixemos de lado o tom messiânico, que nada mais é do que um disfarce para demagogia. Relevemos também a contradição botânico, visto que as flores só aparecem após a chegada da primavera – portanto não podem ser “mortas” antes de sua vinda.
O que sobra desse parágrafo? A seguinte frase:
“Organismos vivos de um novo tempo já surgem para substituir as estruturas que se fossilizaram com o tempo?”
Esqueçamos as firulas literárias e fechemos os olhos para a feia repetição da palavra tempo. Quem são os “organismos vivos”? A Rede? Que estruturas se fossilizaram com o tempo? Os partidos, a democracia, o TSE?
Entre os cientistas políticos progressistas que eu conheço, Marina Silva é considerada o elemento mais pernicioso, talvez porque seja a que tem menos escrúpulos para usar as contradições (infelizmente inevitáveis) da democracia contra a própria democracia.
A campanha da Rede para que o TSE desse um “jeitinho” e registrasse a legenda mesmo sem o número correto de assinaturas certificadas representou um insulto à lei, à democracia, à república e, sobretudo, à inteligência e boa fé de todos os brasileiros.
Já falei e repito. Sou favorável a criação da Rede e considero que seria um crime hediondo contra o espírito da democracia se houvesse, por parte do TSE ou dos cartórios eleitorais, qualquer iniciativa clandestina ou desonesta para prejudicar a agremiação.
Mas a reação de Marina Silva, culpando o TSE pela monstruosa incompetência de sua legenda, que não conseguiu fazer o beabá, reunir uma quantidade confortável de assinaturas, mostra pequenez política e irresponsabilidade republicana. A Justiça Eleitoral brasileira é reconhecida mundialmente por sua lisura, competência e uso inteligente da tecnologia. A conferição de assinaturas, todavia, é um processo naturalmente lento, porque a legislação eleitoral brasileira não aceita assinatura “eletrônica”, de forma que os servidores têm de checar uma quantidade covarde de papéis. Exigir que eles o façam isto em poucos dias é simplesmente falta de noção. Mais falta de noção ainda é pedir mais rapidez nesse processo e ao mesmo tempo exigir que todas as recusas venham acompanhadas de justificativas, sendo que não há esta exigência para o devido processo legal.
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Marina Silva ainda não disse se vai aderir a algum partido. O PPS, legenda mais oferecida do que prostituta com aluguel em atraso, já começou a cercar a ex-ministra com mesma falta de pudor que mostrou quando tentava atrair José Serra. Mas Roberto Freire fez questão de pontuar: a única exigência do partido é que Marina se enquadre no antipetismo sectário e radical do PPS.
O que, naturalmente, será uma violência para a história de Marina Silva, cuja carreira política se deu inteiramente às custas do Partido dos Trabalhadores. E ela mantém relações de amizade com muitos integrantes do partido. E, lembrem-se: ao contrário de Roberto Freire, que alimenta um ódio patético e doentio a Lula, Marina jamais ofendeu o ex-presidente, a quem deve sua notoriedade, visto que foi Lula quem a nomeou para o Ministério do Meio Ambiente.
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Marina e os marineiros não devem esquecer que ela se elegeu senador com recursos financeiros, humanos e partidários do PT, e tornou-se ministra por escolha de Lula. Escolher uma “terceira via”, aproveitando a brecha no fla-flu partidário nacional, tudo bem. Aderir ao PPS, que se tornou, assumidamente, bucha de canhão do PSDB, resignando-se inclusive a um processo acelerado de esvaziamento e fuga de aliados, é não só incoerência, mas um suicídio político.
Aliás, para Marina, uma filiação às pressas em qualquer partido, apenas acentuaria a impressão de que ela tentava montar a Rede exclusivamente para si própria, e com fim exclusivo de se candidatar a presidente da república em 2014.
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De qualquer forma, nada é mais ridículo do que reclamar das “dificuldades burocrática” para se criar um partido no Brasil. O problema é o oposto. É fácil demais fazê-lo. A prova é esse PEN, uma legenda absolutamente caricatural, dirigida por uma figura com a inteligência política de um leão-marinho.
Existe liberdade política no Brasil! Quantas dificuldades não enfrentou o partido comunista, para nascer e crescer? Décadas de perseguição! Tortura, morte, sabotagem. O PT foi forjado ao longo de décadas de luta sindical, com seus primeiros fundadores sofrendo risco de vida. Que riscos e obstáculos sofreu a Rede? Nenhum, a não ser o risco de não colher um número suficiente de assinaturas…
Não, Marina. Ninguém está tentando matar flor nenhuma, até porque é ridículo comparar o duro processo da política a um campo de flores. As flores, se existem, brotam no espírito de cada um, e elas morrem vítimas da nossa própria covardia, desilusão, cansaço e fraqueza, estes sim os verdadeiros obstáculos que, diariamente, tentam corromper nossos ideais.
A metáfora da primavera, por sua vez, não me parece adequada à política, porque menospreza as outras estações, todas essenciais à vida. Você, como ambientalista, deveria saber disso.
O rigor do inverno, a melancolia do outono, o calor desesperante de nosso verão tropical, todas as etapas precisam ser cumpridas e respeitadas, e só aí virão as flores. Se elas murcharão antes de dar frutos, por desrespeito às instituições democráticas, açodamento eleitoreiro e messianismo, aí é outra história…
 fonte: http://www.ocafezinho.com


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