domingo, 12 de setembro de 2010

PERDIDA NA POLÍTICA, MÍDIA VIRA POLÍCIA

    Ótimo texto do Brizola Neto.


Cada um de nós deve estar consciente que, nestas três semanas finais até as eleições, as editorias políticas dos grandes veículos de comunicação se transformarão – algumas já se transformaram – em delegacias de polícia. Não tendo como contestar os avanços e sucessos na economia, nas políticas socais, nos salários e na renda, a direita brasileira tenta, de todas as formas achar um caso de corrupção ou mesmo de tráfico de influência que substitua o programa que não tem para o país.
Os jornalistas converteram-se em detetives, o jornalismo em inquérito criminal e as reportagens em boletins de ocorrência. À disputa política, querem reduzi-la a isso, a questões policiais.
Todas as denúncias devem ser investigadas, quem delinquiu deve ser punido, mas não é justiça o que procura: o que se deseja é o linchamento moral e político da força que unificou a vontade brasileira de ser um povo e um país.
Não li ainda os jornais, sei que a Veja promete gravações, sei que a Ministra Elenice Guerra prepara-se para enfrentar judicialmente a revista – e, espero, os que a ela se associarem na campanha de acusações até agora improvadas.
É inevitável que tenhamos de acompanhar estes fatos e factóides, até porque eles são e serão o discurso da candidatura Serra, as capas dos jornais, o noticiário das televisões, o programa que a direita não tem a apresentar ao povo brasileiro.
Nosso papel, na internet, é informar, contestar o que deva ser contestado, publicar o que for escondido, não tem medo ou receio de expor a verdade.
Mas não são estes fatos – ou factóides – a razão de nenhum alvoroço. Os fatos já não importam à imprensa, o que importa é o uso político que possam ter, pouco se lhes dando se são ou não verdadeiros ou pontuais.
A razão que os move é a mudança de rumos do país.É isso o que não aceitam.
Por mais que seja importante, neste momento, esclarecer acontecimentos ou suposições de acontecimentos, mais importante é esclarecer a população dos interesses que os grupos de comunicação sustentam com eles. E não tem medo de dizer que a democracia, no Brasil, não pode conviver com a máfia de comunicação que, confessadamente, tenta substituir a legítima, mas desmoralizada, oposição política a este Governo.
É a retomada de uma história golpista que, meio século depois de 54 e de 64, se reedita, agora em papel e imagens coloridas.
O processo eleitoral, embora já pareça ter um resultado previsível, pode ter outro, imprevisto e positivo.
Se em matéria de desenvolvimento econômico, justiça social, salários, consumo, emprego, produção e soberania, o Brasil está se transformando e provando que é possível outro modelo – mais aberto, mais democrático, mais inclusivo – tornou-se evidente que é indispensável mudar, também, em matéria de comunicação e informação.
E esta batalha, ao contrário da eleitoral, não vai se encerrar a 3 de outubro. Prosseguirá e será dura, ao longo do próximo governo, o de Dilma.
Um combate se trava atento a cada golpe, mas uma batalha só se vence quando não se tira os olhos do horizonte.

Fonte: Tijolaço

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